Sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021 - 06h02
Bagé, 12.02.2021
Foz do Breu, AC/ Manaus, AM ‒ Parte XXVII
A morte é um fenômeno tão natural como a vida, e quem tem sabido viver,
melhor saberá morrer. Eu só lamento é que, havendo tanta ocasião gloriosa de
morrer e esses cavalheiros me matam pelas costas! Enfim, em Canudos fizeram
pior. Logo que puderes, retira daqui os meus ossos, reúne-os aos de Brandão e
Baptista, meus dois leais amigos da revolução, e leva-os para Petrópolis. Direi
como aquele General africano: “Esta terra que tão mal pagou a liberdade que lhe
dei, é indigna de possuí-los”. Ah, meus amigos, estão manchadas de lodo e de
sangue as páginas da história do Acre! (José Plácido de Castro)
01.12.2012 – Partida do Porto dos Casais
Mais uma vez parto, como diz um querido mestre e amigo, grande
incentivador do projeto, Luiz Carlos Bado Bittencourt, para cumprir outra etapa
de minha difícil, mas altamente gratificante “Missão Auto-atribuída”. Levantamos voo eu e minha cara parceira
Rosângela, do Aeroporto Internacional Salgado Filho, às 06h30, depois de me
despedir de minhas queridas filhas Vanessa e Danielle e de meu genro Samure.
Felizmente os três puderam acompanhar-nos ao aeroporto e nos ajudaram guardando
lugar na interminável fila até que realizássemos o chek-in. O caos era geral,
filas quilométricas, informações conflitantes e atendentes mal-humorados, é
difícil crer que estes problemas estejam resolvidos até a Copa do Mundo.
Partindo para minha 5ª jornada em quatro anos verifico, constrito, que
nada mudou.
Em Rio Branco, recebemos apoio irrestrito dos nossos irmãos engenheiros.
O Tenente-Coronel José Luís Araújo dos Santos, Comandante do 7° BEC, foi
incansável em nos apoiar.
Município de Rio Branco
A bela capital acreana é cortada pelo Rio Acre. Sua população é de
342.298 habitantes (IBGE, 2011), colocando-a como a sexta maior Cidade da
Região Norte. A população ordeira e simpática é muito prestativa e sabe receber
os visitantes com uma cortesia de fazer inveja aos meus conterrâneos gaúchos. O
Ciclo da Borracha e as secas motivaram uma intensa migração de nordestinos. A
grande maioria destes sertanejos era de cearenses, estado que mais sofreu os
efeitos das estiagens. Estes valentes desbravadores estimularam o
desenvolvimento do Município e promoveram uma intensa miscigenação com nativos
locais dando origem a “raça acreana”,
que carrega nos seus genes tanto o potencial de sobreviver à inclemência da
árida caatinga como aos obstáculos da hileia indomada.
Seja de Bronze a Sombra dos Heróis!
(Quintino Cunha)
Não basta
adoração, amor não basta,
Vênias augustas,
méritos reais,
Para a grandeza
imensamente vasta
Dos belicosos
seres imortais.
O ferro, o
bronze, que a Ciência gasta
Nos vultos dos
heróis que a vida faz,
Ah! nunca mais
que, tu, morte nefasta,
Nunca mais o
consomes, nunca mais!
Escreva pois a
Pátria esta sentença,
Grande na forma,
de pensar extensa,
Escreva a
Pátria, em tímidos alardes,
Em nossa
História ‒ espaço de mil sóis:
– Seja de lodo a sombra dos covardes,
Seja de bronze a sombra dos heróis!
O herói rio-grandense foi covardemente assassinado aos 35 anos de idade,
permanecendo esse crime eternamente impune. Próximo à propriedade do seu
assassino, os fiéis amigos de Plácido de Castro ergueram uma lápide de mármore,
assinalando o local da emboscada. Seus ossos, porém, foram sepultados no
Cemitério da Santa Casa de Misericórdia, em Porto Alegre. Na fronte do
pedestal, a família fez gravar o nome de seus 14 algozes. (MEIRA)
Plagas Acreanas
A capital acreana presta uma justa homenagem a José Maria da Silva
Paranhos Júnior ‒ o Barão do Rio Branco. A história, porém, não pode olvidar,
jamais, que os esforços diplomáticos só alcançaram sucesso porque muito antes
deles um punhado de heróis defendeu a ferro e a fogo esta valorosa terra. Muitos
pesquisadores divagaram, ao longo dos tempos, sobre a origem da palavra “Acre”. Se consultarmos o Volume II,
página 87, da Enciclopédia Mirador Internacional uma publicação da “Encyclopædia Britannica do Brasil”
Publicações, de 1987, vamos encontrar um texto da autoria de Fernando
Moretzsohn de Andrade e André Passos Guimarães que argumentam que:
O nome, que passou do Rio ao território, em 1904, e ao estado, em 1962, origina-se,
talvez, do tupi a’kirü “Rio verde” ou
da forma a’kir, de ker, “dormir, sossegar”,
mas é quase certo que seja uma deformação de Aquiri, modo pelo qual os
exploradores da região grafaram Umákürü, Uakiry, vocábulo do dialeto Ipurinã.
Há também a hipótese de Aquiri derivar de Yasi’ri, Ysi’ri, “água corrente, veloz”.
Na viagem que fez ao Rio Purus, em 1878, o colonizador João Gabriel de
Carvalho Melo escreveu de lá ao comerciante paraense Visconde de Santo Elias,
pedindo-lhe mercadorias destinadas à “Boca
do Rio Aquiri”.
Como em Belém, o dono e os empregados do estabelecimento comercial não
conseguissem entender a letra de João Gabriel ou porque este, apressadamente,
tivesse grafado Acri ou Aqri, em vez de Aquiri, as mercadorias e faturas
chegaram ao colonizador como destinadas ao Rio Acre. (ANDRADE & GUIMARÃES)
Afirmo, porém, sem sombra de dúvida, que a melhor explicação, se deve ao
pesquisador, historiador e juiz José Moreira Brandão Castello Branco Sobrinho
que publicou, em 1954, um artigo denominado “O Rio Acre”, no Volume 225 (páginas 294 a 298), da Revista do
Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
O
RIO ACRE
Havendo divergência sobre a origem do nome desse famoso Rio e quanto à
data do início do seu povoamento por João Gabriel de Carvalho Melo, procurei
explicar o que havia a respeito, num artigo Intitulado “O Nome do Rio Acre” e na monografia “Caminhos do Acre”.
Quanto ao primeiro [O Nome do Rio Acre], historiando o que havia a
respeito, aludi às versões de José Carvalho, Napoleão Ribeiro e Soares Bulcão,
aqueles achando que, devido a uma carta de João Gabriel de Carvalho Melo
dirigida ao Visconde de Santo Elias [Elias José Nunes da Silva], negociante em
Belém do Pará, datada da Boca do Acre, logo após ao seu reconhecimento, em 1878,
pedindo mercadorias para esse lugar, fez tais garatujas que ou empregados da
casa, inclusive o chefe, não puderam decifrar o nome do Rio, porém, como se
aproximasse muito de “acre” adotou-se
esta palavra que foi pincelada nos volumes e grafado nas faturas e
conhecimentos enviados ao referido João Gabriel.
No segundo [Caminhos do Acre], procurando demonstrar não ser João
Gabriel tão ignorante a ponto de só fazer garatujas indecifráveis, acha que
essa deturpação só podia ser obra de algum dos seus companheiros, como
Alexandre de Oliveira Lima, o decantado Barão da Boca do Acre que ferrava seu
nome “Lixandre Liveira Lima”, pelo
que também o alcunharam de “Barão dos
Três Eles”.
Acrescentava eu que os primeiros exploradores do Rio Acre, como o
amazonense Manuel Urbano da Encarnação e o inglês William Chandless que o
sulcaram na sétima década do XIX século, percorrendo aquele grande trecho do
mesmo e este indo até as proximidades dos seus manadeiros, trouxeram-nos o nome
de Aquiry. (SOBRINHO, 1954)
Bibliografia
SOBRINHO, Dr. José Moreira Brandão Castello Branco. O Rio Acre –
Brasil – Rio de Janeiro, RJ – Revista do Instituto Histórico e Geográfico
Brasileiro – Volume 225 – Departamento de Imprensa Nacional, 1954.
Solicito Publicação
(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de
Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;
· Campeão do II
Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989)
· Ex-Professor
do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);
· Ex-Pesquisador
do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);
· Ex-Presidente
do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);
· Ex-Membro do
4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS)
· Presidente da
Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);
· Membro da
Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);
· Membro do
Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);
· Membro da
Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO)
· Membro da
Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
· Comendador da
Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS)
· Colaborador
Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG).
· Colaborador
Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).
· E-mail: hiramrsilva@gmail.com.
Galeria de Imagens
* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – X
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