Sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021 - 06h00
Bagé, 19.02.2021
Foz do Breu, AC/ Manaus, AM ‒ Parte XXXII
Felizmente o carinho e apoio irrestrito
de familiares e amigos “de outras eras” nos animaram diante de todas as
adversidades impostas pelos fariseus hodiernos. Um deles prefaciou nosso
segundo Tomo do Descendo o Juruá:
Por
General-de-Divisão Jorge Ernesto Pinto Fraxe
Remar 3.950 km no coração da Amazônia nos faz navegar por cerca de
quatro séculos de história, com sentimento de que pouco mudou naquele universo
verde, regado por inquietos e caudalosos Rios, onde o ribeirinho, generoso e
paciente, apresenta-se fidalgo na sua simplicidade de quem sabe esperar e
conviver com o “ir e vir” do ciclo
das águas no grande espetáculo da vida selvagem.
Juruá, narrativa instigante de uma Expedição arrojada, revela-nos o
quanto é complexa e desafiadora a Amazônia, particularmente no que concerne à
logística em seu significado mais abrangente, que vai desde itens básicos de
suprimento que fazem o cotidiano das cidades, como combustível, grãos, legumes,
verduras, sal, açúcar, medicamentos e vestuário, até serviços de primeira
necessidade como atenção médica e odontológica, radiografias e tomografias,
entre tantos outros serviços corriqueiros disponíveis nos centros urbanos das
demais regiões do Brasil, a milhares de quilômetros da realidade daqueles
ribeirinhos carentes, onde as distâncias são medidas por tempo de viagem
fluvial.
Hiram Reis, canoeiro perseverante e corajoso, singrou com seu caiaque
30 municípios amazônicos, desde a Foz do Breu até Manaus, unindo sua
inquebrantável vontade à força da natureza, durante 83 dias, remando mais de
oito horas diárias. Nesse tempo, revelou-nos cartas náuticas e mapas da região
desatualizados e, mais ainda, vazio de ações e de planos futuros a serem
executados em prol dos ribeirinhos, ávidos por um futuro melhor que lhes
ofereça acesso ao conhecimento de como viver bem e prosperar no bioma
amazônico.
Não se trata de desenhar projetos grandiosos, mas inexequíveis,
bonitos no papel e no “Power Point”,
sendo ineficazes para o ambiente amazônico, com suas fortalezas e
vulnerabilidades, enquanto detentor de uma das maiores riquezas da
biodiversidade do Planeta Terra, onde a vida pulsa nas atividades pesqueira,
extrativista, turística, folclórica, de manejo da terra e dos indivíduos que
compõem a fauna e a flora regional, projetando sua influência no clima e na
meteorologia do continente. A eficiência e eficácia desses projetos devem
buscar simplicidade de entendimento e de execução pelos ribeirinhos.
Desenvolver projetos para a micro região percorrida pelo canoeiro
Hiram Reis na calha do Juruá deve, prioritariamente, focar o ribeirinho com sua
realidade cultural, tendo em seu entorno bioma rico em oportunidades, mas
interagindo com o desafio das grandes distâncias e seus imensos vazios
demográficos. A Expedição de apenas três homens, liderada por Hiram Reis, é um
exemplo da simplicidade a que me refiro, bastante diferente da Expedição
comandada por Pedro Teixeira, que contou com cerca de 2.000 integrantes entre
soldados portugueses e indígenas remadores e flecheiros, ainda na primeira
metade do século XVII, na expansão de nossas fronteiras para o Oeste.
A gestão e o gerenciamento de qualquer projeto de desenvolvimento para
a região em pauta, deve partir da premissa que o Fator Crítico de Sucesso
consiste na presença de pesquisadores, técnicos, orientadores e facilitadores
nas comunidades ribeirinhas para, no prazo que se fizer necessário, implementar
nessas comunidades novos procedimentos e até mesmo novos comportamentos que
proporcionem sustentabilidade nas atividades socioeconômicas, assegurando às
gerações do amanhã, o patrimônio natural e cultural com qualidade de vida.
Trata-se, portanto, de Ações Estratégicas que devem constar das
Políticas de Governo a serem definidas com clareza e exatidão, assegurando
implementação e manutenção das ações, independentemente de mandatos eleitorais,
a médio e longo prazo.
A iniciativa do canoeiro Hiram Reis deve, pelo menos, instigar e
motivar líderes de organizações governamentais, inclusive de Universidades e
Fundações, para que eles se aproximem dessa desafiadora região, a Amazônia
Brasileira, munindo-se de perseverança, vontade e coragem, a fim de desenvolver
e implementar projetos compatíveis com o cenário ora vivenciado e com a
estatura do ambiente amazônico, que abrange os anseios de nossa gente
ribeirinha, os povos da floresta, forças e interesses divergentes dos objetivos
nacionais que conformam nossa soberania.
Em síntese, “Descendo o Rio Juruá I e II” é um convite irrecusável às lideranças brasileiras para que reflitam e ajam na busca de projetos e programas que proporcionem soluções simples e duradouras, para os ribeirinhos da Amazônia alcançarem nível de qualidade de vida compatível com a dos nossos compatriotas das demais regiões do país, onde usufruem dos recursos e facilidades tecnológicas disponíveis em pleno século XXI.
Jorge Ernesto Pinto Fraxe: o meu caro amigo, irmão e
colega de turma (AMAN, 75) nasceu em 1953, em Boa Vista, RR, é General de
Divisão Combatente do Exército, oriundo da arma de Engenharia, tendo ingressado
nas fileiras do Exército em 1972, na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN),
onde se diplomou Oficial de Engenharia no ano de 1975. Durante sua carreira,
serviu em diversos locais da Amazônia, do Nordeste e da Região Centro Sul.
Entre outras funções, exerceu a de Comandante de
Destacamentos de Engenharia de Construção, Comandante de Companhia de
Engenharia de Combate, Comandante de Batalhão de Engenharia de Construção,
Chefe de Estado-Maior e Comandante de Grupamento de Engenharia, e Diretor de
Obras de Cooperação do Exército. No exterior, comandou a missão internacional
de remoção de minas na América Central sob a égide da Organização dos Estados
Americanos (OEA).
Exerceu também o cargo de Adido do Exército e Naval junto
à Embaixada do Brasil do Equador. Fala, lê e traduz em espanhol, e possui os
cursos de Mestrado e Doutorado na área Militar, pós-graduação na área de
educação e curso de “Master of Business
Administracion” em gerenciamento de projetos realizados na Fundação Getúlio
Vargas. Possui vinte e duas condecorações nacionais e estrangeiras, entre as
quais a de Mérito Militar, Serviço Amazônico, Corpo de Tropa e Defesa Civil
Nacional.
Solicito Publicação
(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de
Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;
· Campeão do II
Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989)
· Ex-Professor
do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);
· Ex-Pesquisador
do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);
· Ex-Presidente
do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);
· Ex-Membro do
4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS)
· Presidente da
Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);
· Membro da
Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);
· Membro do
Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);
· Membro da
Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO)
· Membro da
Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
· Comendador da
Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS)
· Colaborador
Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG).
· Colaborador
Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).
· E-mail: hiramrsilva@gmail.com.
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – X
Bagé, 20.12.2024 Continuando engarupado na memória: Tribuna da Imprensa n° 3.184, Rio, RJSexta-feira, 25.10.1963 Sindicâncias do Sequestro dão e
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – VI
Silva, Bagé, 11.12.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 224, Rio de Janeiro, RJ Quarta-feira, 25.09.1963 Lei das Selvas T
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – IV
Bagé, 06.12.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 186, Rio de Janeiro, RJSábado, 10.08.1963 Lacerda diz na CPI que Pressõessã
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – III
Bagé, 02.12.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 177, Rio de Janeiro, RJQuarta-feira, 31.07.1963 JB na Mira O jornalista H