Quarta-feira, 24 de março de 2021 - 12h20
Bagé, 24.03.2021
Foz do
Breu, AC/ Manaus, AM ‒ Parte LV
Em Manacapuru costumam
dizer que:
“Quem
bebe a água do Meriti
nunca mais sai daqui”.
07.03.2013
– Partida para Manacapuru
Acordamos mais tarde,
às 05h00, o Braço do Lago Anamã que permite acessar o Rio Solimões precisava
ser abordado com um mínimo de luz para podermos enxergar as curvas e optar por
remar pela parte interna das mesmas evitando a correnteza forte que iríamos
encontrar por aproximadamente 4,5 km. Não solicitamos apoio motorizado da PM
tendo em vista que a distância do hotel até nossas embarcações era
relativamente curta. Às 05h40min, partimos enfrentando uma considerável
correnteza contra, mantendo uma média de apenas 4,0 km/h, levamos quase uma
hora para atingir o Solimões. A chuva intermitente da tarde anterior
intensificou-se durante a madrugada e nos acompanhou durante todo o trajeto.
Avistamos uma grande Ilha defronte a Manacapuru por volta das 11h00,
antigamente conhecida pelo nome de Ilha de Manacapuru, que foi engolida e
levada pelas águas na década de 60. Vinte anos depois, o Rio iniciou sua
reconstrução com banco de areia e, mais tarde, com uma grande praia, hoje
conhecida pelo nome de Ilha de Santo Antônio.
Eu havia locado a Boca
do Lago Miriti no meu GPS mas, acostumado com as ações tumultuárias do
Solimões, enviei o Mário à minha frente para confirmar com os moradores a
localização exata. Chegamos juntos à Boca do Miriti confirmando a posição exata
obtida no Google Earth. Notamos a pujança do Lago depois de remarmos algumas
centenas de metros ao observar que as águas se tornavam cada vez mais negras,
mostrando que o belo Lago não havia se deixado contaminar pelas barrentas águas
do Solimões. Navegamos lentamente admirando essa pérola de Lago que atrai
tantos turistas à região. Nosso destino final era o Complexo Turístico Paraíso
D’Ângelo.
Manacapuru
Manacapuru é uma
palavra de origem indígena derivada das expressões Manacá e Puru. “Manacá” ([1]) é
uma planta e, em Tupi, quer dizer – Flor e “Puru”,
da mesma origem significa – enfeitado, matizado, logo, Manacapuru = “Flor Matizada”.
Paraíso
D’Ângelo
Dentre as várias opções
de ecoturismo, ou locais agradáveis que existem na nossa imensa Amazônia, um,
dentre todos, se destaca que é o “Complexo
Turístico Paraíso D’Ângelo”, às
margens do Miriti, com uma infraestrutura que inclui hotel, restaurante,
cabanas, toboágua, dentre outras.
O ponto alto do
Complexo e que mais chama a atenção é a serenidade de cada um de seus
integrantes a começar pelo amigo D’Ângelo. Conversar com o senhor João Saraiva
D’Ângelo, que se caracteriza como um “italiano-cearense-amazonense”
(Itaceam) é um privilégio. Os entalhes do hotel “Itaceam”, o bom gosto da decoração do restaurante são realmente
encantadores e em cada um destes lugares a marca D’Ângelo está presente. Quando
entrei em contato com o amigo D’Ângelo para dizer da nossa intenção de
conseguir que a Prefeitura de Manacapuru patrocinasse nosso pernoite e
alimentação nas suas instalações, ele se ofendeu dizendo que eu e minha equipe
éramos convidados pessoais dele. À noite, em entrevista à AmazonSat, eles me
perguntaram onde a minha Expedição se encontrava e eu respondi – no Paraíso – e
não estava faltando com a verdade.
Festival
das Cirandas
A Ciranda é uma dança
em que os participantes, de mãos dadas, imitam o ondulado suave das ondas do
Mar. De origem portuguesa, é dançada em rodas e a música e a letra,
originalmente lusitanas, foram totalmente abrasileiradas. A Ciranda chegou ao
Brasil-Colônia pelas praias pernambucanas e, no final do século XIX, a Ciranda
nordestina foi incorporada às manifestações culturais do Amazonas por Antônio
Felício, na Cidade de Tefé. No início da década de 80, o senhor José Silvestre
do Nascimento e Souza e a professora Perpétuo Socorro, organizaram a primeira
Ciranda no Colégio Nossa Senhora de Nazaré, em Manacapuru. Com o passar dos
anos, a pequena manifestação local ganhou notoriedade no cenário folclórico
regional e nacional e, em decorrência disso, foi criado, em 1997, o Parque do
Ingá, destinado exclusivamente à apresentação das Cirandas. A criação do
anfiteatro, com capacidade para vinte mil pessoas, precipitou a idealização de
um festival próprio, dirigido unicamente à apresentação das Cirandas. No mesmo
ano da criação do Parque do Ingá, foi realizado o “I Festival de Cirandas de Manacapuru”, contando com as Cirandas
Flor Matizada, Tradicional e Guerreiros Mura, quando então foi estabelecida uma
data fixa para a realização do mesmo, o último final de semana do mês de
agosto, sendo destinada uma noite para a apresentação de cada Ciranda.
Há mais pessoas que desistem do que pessoas que
fracassam. (Henry Ford)
Estava fotografando e filmando
do alto da escadaria que conduz ao toboágua do Paraíso D’Ângelo quando fui
surpreendido com o irritante ruído de um jet-ski que cruzava o Lago velozmente.
É impressionante notar a omissão e mesmo a conivência das autoridades ligadas
ao meio-ambiente em relação a estes rapinantes motorizados.
09.03.2013
– Partida para Iranduba
Como Iranduba ficava a
pouco mais de quatro horas de remo desde o Lago Miriti, resolvemos tomar o café
no Paraíso D’Ângelo antes de partir, não havia pressa em deixar as confortáveis
instalações do Paraíso D’Ângelo. Aprontamos as embarcações para partir logo
após o café e ficamos aguardando o café que foi servido pontualmente às 07h30.
O amigo D’Ângelo e seu
secretário foram gentilmente se despedir dos expedicionários. O Mestre João
Saraiva D’Ângelo é um destes homens à frente de seu tempo, capaz de planejar
e/ou executar os mais diversos projetos das mais diversas áreas
simultaneamente. Partimos, sem pressa, admirando a beleza natural do Lago
Miriti, que infelizmente tem sofrido, ao longo dos anos, com as investidas
humanas e descaso das autoridades. Depois de quatro horas de remo, aportamos em
Iranduba.
Ao lado do Porto
construído pelo DNIT, telefonei para meu amigo e irmão General Fraxe para lhe
expressar meu apoio. O General Fraxe, agora Diretor Geral do DNIT, não foi
promovido a General de Exército, Disse-lhe, então, que o Exército Brasileiro
perdia a oportunidade de ter em seus quadros um Oficial General da mais alta
estirpe, mas que, em contrapartida, ganhava o Brasil por poder continuar
contando com seus serviços ligados à nossa sofrível infraestrutura de
transportes.
A Polícia Militar nos
alojou no seu aquartelamento e, depois de instalados, fomos almoçar no
restaurante “O Canoeiro”, escolhido
não por seu sugestivo nome, mas pela proximidade física do quartel da PM.
Fizemos contato com o
senhor José Raimundo, conhecido como “J.
Raí”, que nos entrevistou na Praça principal da Cidade e, mais tarde, nos
acompanhou até a farmácia do Levenílson Mendonça da Silva, o “Lei” que, na descida do Solimões, nos
acompanhara numa visita ao sítio Hatahara onde estavam realizando escavações
arqueológicas.
Solicito Publicação
(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de
Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor
e Colunista;
· Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul
(1989)
· Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA)
(2000 a 2012);
· Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura do
Exército (DECEx);
· Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério
Militar – RS (IDMM – RS);
· Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar
do Sul (CMS)
· Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira
(SAMBRAS);
· Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil
– RS (AHIMTB – RS);
· Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande
do Sul (IHTRGS – RS);
· Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER –
RO)
· Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
· Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do
Sul (AMLERS)
· Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da Escola
Superior de Guerra (ADESG).
· Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).
· E-mail: hiramrsilva@gmail.com.
[1] Manacá-de-cheiro (Brunfelsia hopeana) – é
extremamente perfumado e suas flores mudam de cor. Inicialmente elas são
azul-arroxeadas e vão, lentamente, com o tempo, clareando até tornarem-se brancas.
Durante a floração, que ocorre na primavera e verão, as flores apresentam um
colorido de diversos matizes. É um arbusto que pode atingir três metros de
altura.
Galeria de Imagens
* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – X
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