Quinta-feira, 8 de abril de 2021 - 10h02
Bagé, 07.04.2021
Navegando o Tapajós ‒ Parte VII
O Sequestro da Hevea Brasiliensis I
Perdido
na mata exuberante e farta, com o intento exclusivo de explorar a Hevea
apetecida, o seringueiro compreende, de pronto, que a sua atividade se debaterá
inútil na inextricável trama das folhagens, se não vingar norteá-la em roteiros
seguros, normalizando-lhe o esforço e ritmando-lhe o trabalho tão aparentemente
desordenado e rude.
(CUNHA, 1906)
Hevea brasiliensis (Seringueira)
É
planta tropical de ciclo perene cultivada com a finalidade de produção de
borracha natural. A seringueira é encontrada nas margens dos Rios e terrenos
sujeitos à inundação da terra firme, podendo atingir, em condições ideais,
trinta metros de altura. A produção de sementes inicia aos quatro anos e, pouco
antes dos sete anos, a produção de látex.
O
diâmetro do tronco varia entre trinta e sessenta centímetros e a sua casca é
responsável pela produção da seringa. Submetida a um manejo adequado, poderá
produzir, economicamente, por um período de vinte a trinta anos. A Hevea,
nativa, tem como área de ocorrência toda a Amazônia Brasileira, Bolívia,
Colômbia, Peru, Venezuela, Equador, Suriname e Guiana, sendo que a espécie
Brasileira é a que apresenta maior produtividade.
Dentre
as diversas doenças e pragas que atacam a espécie, o “mal-das-folhas”, causado pelo fungo “Microcylus ulei”, é o mais conhecido e temido, e um dos principais
fatores que restringem a expansão da heiveicultura no Brasil.
A Árvore da Borracha – Seringueira
A
borracha já era conhecida pelos indígenas antes do descobrimento da América. O
Padre d’Anghieria, em 1525, observou Índios mexicanos fazendo uso de bolas
elásticas em seus jogos. O missionário Carmelita Frei Manuel da Esperança, em
1720, verificou que os Índios Cambebas faziam uso da borracha para fabricar
garrafas e bolas em forma de seringa. O Frei Manuel resolveu, então, dar à
substância o mesmo nome do objeto fabricado com ela – seringa. O nome foi
consagrado e, desde então, chamam-se de seringueiros aqueles que extraem o sumo
leitoso da “Hevea” e a de seringais
às plantações de onde ele é extraído.
Viagem na América Meridional – Descendo o Rio das
Amazonas
La
Condamine tinha vindo à América com a missão de medir um grau do meridiano e,
ao retornar à França, levou uma amostra da goma elástica obtida na Amazônia
Peruana, em 1736, para ser examinada. Na sua apresentação aos cientistas da
Academia de Ciências de Paris, em 1745, informou que os Índios Omáguas davam o
nome de “cahuchu” à resina retirada
da “Hevea”. Na oportunidade, os
membros da Academia não lhe deram a devida atenção, pois os produtos
manufaturados com a substância tornavam-se pegajosos no calor e esfarelavam-se
quando resfriados.
Graças
a Condamine, a seiva da “Hevea” ficou
conhecida, na França, como “caoutchouc”.
A resina chamada “caucho” nos países da Província de Quito, vizinhos do Mar, é também
comuníssima nas margens do Maranhão, e tem a mesma utilidade. Quando ela está
fresca, dá-se-lhe com moldes a forma que se quer; ela é impenetrável à chuva,
mas o que a torna digna de nota é a sua grande elasticidade. Fazem-se com elas
garrafas que não são friáveis, e botas, e bolas ocas, que se achatam quando se
apertam, mas que retornam a sua primitiva forma desde que livres.
Os portugueses do Pará aprenderam com os
Omáguas a fazer com essa substância umas bombas ou seringas que não necessitam
de pistão: têm a forma de peras ocas, com um pequeno buraco em uma das
extremidades a que se adapta uma cânula. Enchem-se d’água e, apertando-se
quando estão cheias, fazem o efeito de uma seringa ordinária. (CONDAMINE)
O
látex produzido pelo caucho ([1]),
citado por Condamine, é de qualidade bastante inferior ao do produzido pela “Hevea” e a sua extração extremamente
predatória. O caucheiro, após identificar a árvore, limpa um local, próximo a
ela, e escava um buraco no chão para coletar o leite. Derruba a árvore e, em
seguida, faz cortes profundos para extrair o leite que escorre para dentro do
buraco. Quando o produto solidifica, ele o retira e dá algumas pancadas para
limpar a areia e o barro aderido.
Solicito Publicação
(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de
Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;
· Campeão do II
Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989)
· Ex-Professor
do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA) (2000 a 2012);
· Ex-Pesquisador
do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);
· Ex-Presidente
do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);
· Ex-Membro do
4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS)
· Presidente da
Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);
· Membro da
Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);
· Membro do
Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);
· Membro da
Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO)
· Membro da
Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
· Comendador da
Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS)
· Colaborador
Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG).
· Colaborador
Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).
· E-mail: hiramrsilva@gmail.com.
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