Quarta-feira, 7 de abril de 2021 - 06h02
Bagé, 06.04.2021
Navegando o Tapajós ‒ Parte VI
Complexo Hidrelétrico do Rio Tapajós
Foi
publicado, no dia 25.05.2009, no Diário Oficial da União, o Estudo de
Inventário Hidrelétrico do Rio Tapajós (Pará), que identifica 14,2 mil MW de
capacidade instalada no Rio. Isso significa que poderão ser construídas “até 7 pequenas” hidrelétricas no
Tapajós. O próximo passo para a implantação das hidrelétricas é a elaboração
dos estudos de viabilidade dos sete aproveitamentos indicados no inventário,
que também deverão ser aprovados pela ANEEL.
Diário
Oficial da União
N° 97, segunda–feira, 25.05.2009
Superintendência de Gestão e Estudos Hidroenergéticos
Despachos do Superintendente
Em 22.05.2009
.............................................................................................................................
N° 1.887 – O
Superintendente de Gestão e Estudos Hidroenergéticos da Agência Nacional de
Energia Elétrica – ANEEL, no uso das atribuições estabelecidas [...] resolve:
I – Aprovar
os Estudos de Inventário Hidrelétrico do Rio Tapajós, no trecho entre a
confluência de seus formadores Juruena e Teles Pires e sua Foz, no Rio
Amazonas, com uma área de drenagem total de 492.481km², incluindo também seu
afluente pela margem direita, Rio Jamanxim, com área de drenagem de 58.633km²,
localizados na sub-bacia 17, Bacia Hidrográfica do Rio Amazonas, nos Estados do
Pará e Amazonas, apresentados pelas empresas Centrais Elétricas do Norte do
Brasil S.A. – Eletronorte e Construções Camargo Corrêa S.A., inscritas no CNPJ
sob os nos 00.357.038/0001-16 e 01.098.905/0001-09;
II – Os
estudos identificaram um potencial total de 14.245 MW, distribuídos em 3
aproveitamentos no Rio Tapajós e 4 no Rio Jamanxim, conforme quadro abaixo:
|
INFORMAÇÕES DE REFERÊNCIA |
||||||
Coordenadas Geográficas |
Dist.
da Foz |
Área
de |
N.A.
de |
N.A.
de |
Potência (MW) |
Área
do |
|
TAPAJÓS |
|
|
|||||
S. Luiz do |
04°34’10”S |
321 |
452.783 |
50,0 |
14,2 |
6.133 |
722,25 |
Jatobá |
05°11’48”S |
456 |
386.711 |
66,0 |
50,0 |
2.338 |
646,30 |
Chacorão |
06°30’08”S |
699 |
346.861 |
96,0 |
71,9 |
3.336 |
616,23 |
Subtotal |
|
1.186.355 |
|
11.807 |
1.984,78 |
||
JAMANXIM |
|
||||||
Cachoeira do Caí |
05°05’05”S |
44 |
56.661 |
85,0 |
50,5 |
802 |
420,00 |
Jamanxim |
05°38’48”S |
171 |
39.888 |
143,0 |
85,5 |
881 |
74,45 |
Cachoeira dos Patos |
05°54’59”S |
212 |
38.758 |
176,0 |
143,0 |
528 |
116,50 |
Jardim do |
06°15’49”S |
259 |
37.456 |
190,0 |
176,0 |
227 |
426,06 |
Subotal |
|
172.763 |
|
2.438 |
1.037,01 |
III – As
recomendações contidas na Nota Técnica que subsidiou a aprovação do inventário hidrelétrico
em tela devem obrigatoriamente ser atendidas na etapa subsequente de estudo.
IV – A
presente aprovação não exime os autores dos estudos de suas responsabilidades
técnicas e correspondente registro perante o CREA, bem como não assegura
qualquer direito quanto à obtenção da concessão ou autorização do
aproveitamento dos potenciais hidráulicos identificados, devendo as mesmas
atenderem às disposições da legislação vigente. (DOU N° 97)
Hidroeletricidade
O
Brasil utiliza, preferencialmente, a fonte hidrelétrica para geração de
energia. Aproximadamente, 70% de nossa matriz energética provém dessas fontes.
Além de possuirmos Bacias passíveis de serem aproveitadas, de se tratar de um
recurso renovável, o parque industrial nacional é capaz de atender com mais de
90% a necessidade de bens e serviços para a construção de complexos
hidrelétricos. O país é detentor de uma das mais exigentes legislações
ambientais do mundo e é capaz fazer com que as hidrelétricas sejam construídas
atendendo aos ditames do desenvolvimento sustentável. Evidentemente todo tipo
de empreendimento doméstico, industrial, ou de qualquer gênero causará impacto
ao meio ambiente. O que as legislações vigentes pretendem é minimizá-los já que
o aproveitamento destes recursos é inevitável frente ao desenvolvimento e ao
crescimento populacional. Volta e meia surgem “ecologistas” estrangeiros apresentando soluções mágicas, menos
impactantes, como alternativas para a Amazônia baseadas em energia nuclear.
Logicamente
os países de origem destes “mercenários
ecologistas” teriam muito a lucrar considerando a venda de produtos e
tecnologia para implantação deste tipo de usina, sem considerar os riscos que
as mesmas podem trazer, além da insolucionável questão do transporte e depósito
de seus rejeitos nucleares.
Recursos Hidrelétricos
O
Plano Nacional de Energia Elétrica 1987/2010 avaliou que nosso Potencial
Hidrelétrico era de 213 mil MW. O inventário hidrelétrico brasileiro evoluiu
consideravelmente, não somente do ponto de vista da identificação do potencial,
mas também no que diz respeito à metodologia de trabalho, graças a uma nova
geração de engenheiros que tem como meta aproveitar esse patrimônio da melhor
forma e com o menor impacto possível. A maior parte dos grandes aproveitamentos
de potencial hidrelétrico estão na Amazônia. Os aproveitamentos hidrológicos
localizados na Bacia Amazônia têm um Potencial Hidrelétrico avaliado em 104 mil
MW. Este potencial hídrico se encontra, fundamentalmente, nas Sub-Bacias dos
Rios Madeira, Tapajós e Xingu.
As Usinas “Verdes”
de Zimmermann
O Rio Tapajós tem um aproveitamento hidrelétrico
muito bom, mas a região ainda é de mata virgem, de difícil acesso, e
a intenção de erguer usinas lá gera forte resistência dos
ambientalistas. Agora, com o conceito de usina-plataforma, os impactos
logísticos causados por uma obra deste tamanho não existirão. O projeto prevê a
abertura do canteiro de obras em meio à mata e a concentração dos trabalhos
apenas naquele local específico. (João C. Mello)
O
engenheiro eletricista Márcio Zimmermann assumiu o Ministério das Minas e
Energia dia 31.03.2010 e logo enfrentou o polêmico leilão da Hidrelétrica de
Belo Monte, no Xingu. Zimmermann, à frente de uma das mais poderosas pastas do
governo, que envolve energia elétrica, petróleo e gás, dedica atenção especial
tanto às ações de curto prazo, quanto aos investimentos para as próximas três
décadas. Zimmermann deverá adotar, para novas hidrelétricas da região
amazônica, um conceito que ele próprio criou, o de “usina plataforma”. Segundo o Ministro, o Brasil precisa continuar
investindo em hidrelétricas e na Amazônia, onde está o seu grande potencial, e
afirma que:
a região não precisa de
grandes reservatórios, podemos usar usinas mais de fluxo, a fio d’água. E para
evitar que nasçam cidades onde são feitas as usinas, eu desenvolvi o modelo
plataforma. Quando estão prontas, elas funcionam como uma plataforma de
petróleo. Hoje as usinas têm telecontrole e, depois de implantadas, é preciso
pouca gente para operar. Então, é possível ter trocas de turno, como se faz nas
plataformas. Terminada a implantação da usina, você não deixou nascer uma
Cidade, transforma tudo aquilo em reserva florestal. Vamos usar esse conceito
em Tapajós. De uma área que vamos inundar, cerca de 2 mil quilômetros
quadrados, vão ficar protegidos em torno de 100 mil quilômetros quadrados.
Os
benefícios ambientais gerados pelo novo conceito aumentarão, substancialmente,
o preço de obra das usinas. A polêmica usina de Belo Monte, que terá potência
de 11 mil megawatts, semelhante ao do Complexo Energético do Tapajós, irá
custar, segundo estimativas do governo federal, R$ 16 bilhões.
Hidrelétricas do Bem
O conceito das usinas-plataforma harmoniza
a construção e a operação de hidrelétricas com a conservação do meio ambiente.
Na sua implantação, a população do entorno é 2/3 menor que a de uma
hidrelétrica comum. Principais etapas desse projeto:
1. Desmatamento Cirúrgico: a
preparação da obra começa com a intervenção mínima na natureza, restrita à área
da usina. Não haverá grandes canteiros de obras associados às vilas
residenciais para os trabalhadores, como no método tradicional.
2. Trabalhos por Turnos: ao
longo da construção, as equipes de funcionários se revezarão em turnos longos,
a exemplo das plataformas de petróleo. O pessoal que estiver no turno ficará
acomodado em alojamentos temporários no local da obra.
3. Recomposição do local: na
conclusão da hidrelétrica, o canteiro de obras será totalmente desmontado.
Todos os equipamentos, construções e trabalhadores que não forem essenciais e
indispensáveis à operação da usina serão retirados do local.
4. Reflorestamento Radical:
paralelamente, será iniciada a recuperação do ambiente. A área será
reflorestada, voltando quase a ser como era antes. Na operação da usina, o
trabalho por turnos continua, com o transporte do pessoal feito,
prioritariamente, por helicóptero. (Fonte: www.complexotapajos.com.br)
Nova Fronteira Energética
O Complexo do Tapajós terá 10.682 MW de
potência instalada e irá produzir 50,9 milhões de MW/ano, valor superior ao da
energia pertencente ao Brasil gerada pela Usina de Itaipu.
A Bacia do Tapajós está localizada,
predominantemente, no Estado do Pará e é formada pelos Rios Tapajós e Jamanxim.
Os Lagos das usinas do Complexo têm uma relação área alagada/capacidade
instalada de 0,18 km²/MW instalado, ante uma média nacional de 0,56 km²/MW
instalado. As cinco usinas do Complexo do Tapajós serão equipadas com turbinas
de diferentes modelos e potências. A explicação para isso é simples: a escolha
do equipamento depende de vários fatores, sendo o principal deles a eficiência
da turbina com a combinação às variáveis queda-d’água e vazão do Rio. As
turbinas que serão empregadas no Complexo Tapajós são:
1. Bulbo: operam em
quedas abaixo de 20 m. Possui a turbina similar a uma turbina Kaplan
horizontal, porém devido à baixa queda, o gerador hidráulico encontra-se em um
bulbo por onde a água flui antes de chegar às pás da Turbina.
2. Kaplan: adequadas
para operar entre quedas de 20 m até 50 m. A única diferença entre as turbinas
Kaplan e a Francis é o rotor. Este assemelha-se a um propulsor de navio
[similar a uma hélice] com duas a seis pás móveis. Um sistema de êmbolo e
manivelas montado dentro do cubo do rotor é responsável pela variação do ângulo
de inclinação das pás. O óleo é injetado por um sistema de bombeamento
localizado fora da turbina, e conduzido até o rotor por um conjunto de
tubulações rotativas que passam por dentro do eixo. O acionamento das pás é acoplado
ao das palhetas do distribuidor, de modo que, para uma determinada abertura do
distribuidor, corresponde um determinado valor de inclinação das pás do rotor.
3. Francis: adequadas
para operar entre quedas de 40 m até 400 m. A Usina hidrelétrica de Itaipu,
assim como a Usina hidrelétrica de Tucuruí, Furnas e outras no Brasil funcionam
com turbinas tipo Francis, com cerca de 100 m de queda d’água. (Fonte:
www.complexotapajos.com.br)
Cuidado com a Natureza
É um conceito técnico que visa mitigar os impactos
socioambientais. (Nivalde de Castro)
O Complexo Tapajós está inserido em
200.480 km² de áreas de preservação ambiental, comparados a apenas 1.979 km² de
intervenção, 0,99% da área total. Juntas, as áreas conservadas correspondem aos
Estados de Pernambuco, Paraíba, Alagoas e Sergipe e incluem terras indígenas e
22 unidades de preservação. Outra preocupação ecológica do projeto é com os
peixes que sobem o Rio para se alimentar ou reproduzir no período da piracema.
Por isso, canais artificiais serão
construídos junto às hidrelétricas do complexo, ligando o reservatório ao leito
do Rio e, assim, permitindo a migração dos peixes. A energia gerada pelo
Complexo é suficiente para abastecer duas cidades como São Paulo ou três como o
Rio de Janeiro, substituir a queima de 30,5 milhões de barris de petróleo por
ano e economizar R$ 9 bilhões de reais por ano com a compra de petróleo.
(Fonte: www.complexotapajos.com.br)
Solicito Publicação
(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de
Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;
· Campeão do II
Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989)
· Ex-Professor
do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA) (2000 a 2012);
· Ex-Pesquisador
do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);
· Ex-Presidente
do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);
· Ex-Membro do
4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS)
· Presidente da
Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);
· Membro da
Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);
· Membro do
Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);
· Membro da
Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO)
· Membro da
Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
· Comendador da
Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS)
· Colaborador
Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG).
· Colaborador
Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).
· E-mail: hiramrsilva@gmail.com.
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