Quinta-feira, 31 de dezembro de 2020 - 10h01
Bagé, 31.12.2020
Porto Velho, RO/ Santarém, PA ‒ Parte XC
Descendo o Rio Madeira ‒ XXI
Partida de Itacoatiara (30.01.2012)
Partimos,
João Paulo e eu, por volta das cinco horas, antes do amanhecer. Esta jornada
seria a mais curta e mais fácil de todas as quatro até Parintins, um trajeto de
apenas 55 km relativamente abrigado dos fortes banzeiros, mas o destino final
era o mais adequado para aportar o Piquiatuba, nosso Barco de Apoio. As luzes
da Cidade e das embarcações ao longo da margem esquerda do Amazonas balizavam
nosso trajeto, progredíamos, sem pressa, aproveitando a escuridão para aquecer,
lentamente, a musculatura, preparando-a para um esforço maior quando o dia
clareasse.
O
alvorecer trouxe consigo o prenúncio de tempestade vindo de Uricurituba que se
confirmou tão logo penetramos no Paraná do Serpa, ao Norte da Ilha do Risco.
Mais que o banzeiro, que formava ondas de até 60 cm, foram os ventos de través
que prejudicavam a progressão. Aproamos em direção à Ilha do Risco buscando
refúgio das fortes rajadas, que deveriam beirar os 45 km/h, protegidos pelo
barranco e pelas árvores. Como não tínhamos colocado as saias nos caiaques,
precisei pedir à tripulação do Piquiatuba que improvisassem uma vasilha feita
de garrafa de refrigerante para que o João Paulo retirasse a água que entrara
no seu caiaque.
Mais
uma vez a superioridade do caiaque “Cabo
Horn”, da Opium, ficou patente, as águas que atingiam a proa eram desviadas
do “cockpit” graças ao “alto volume” do convés. Ultrapassando a
Ilha do Risco, aproamos para a margem direita; ano passado, em virtude da
vazante, eu rumara para jusante da Ilha Panumã e dali rumara, Rio acima, para a
Foz do Ramos; agora, em virtude da cheia, podíamos, juntamente com a embarcação
de apoio, acessar o Paraná do Ramos diretamente de montante. Chegamos cedo,
apenas cinco horas de navegação. O Marçal foi passear, em terra, com a
tripulação canina formada pelo “cochinha”,
reforçada agora pela cadelinha “chocolate”,
adotada em Manaus.
Fui
ao encontro do Marçal e trouxemos uma enorme cabaça que o Mário preparou,
retirando toda a polpa, para que a Rosângela a transformasse em peça de
artesanato. Colocamos nossa pequena malhadeira para pescar o “peixe nosso de cada dia” e, mais tarde,
incrementamos nossa refeição com pescado fresco. À tarde, iniciei a leitura da
obra de Theodor Koch-Grünberg, “Dois anos
entre os Indígenas”, que adquirira em Itacoatiara. Milhares de minúsculas
moscas importunavam a todos e resolvi passar o óleo de andiroba no corpo e nas
proximidades dos pontos de luz para onde eram atraídas. Depois de algum tempo,
centenas delas estavam coladas no óleo e não importunavam mais ninguém.
Partida da Foz do Paraná do Ramos (31.01.2012)
Partimos
cedo e, novamente, o trajeto abrigado do Paraná do Ramos e a tênue brisa da
madrugada permitiram que gradualmente fôssemos aumentando nosso ritmo.
Ao
longe, enormes armazéns flutuantes, carregados de peças automotivas eram
impulsionados preguiçosamente pelos poderosos empurradores em direção a Manaus.
Fizemos uma pequena parada na margem esquerda onde, por coincidência, parara,
em janeiro do ano passado, nosso amigo Ângelo Corso na sua trajetória de
Santarém a Manaus. Desta parada, decidi buscar a margem esquerda, enfrentando
os banzeiros, de ondas de até 70 cm, característicos dessa região.
Fizemos
uma segunda e última parada em um enorme banco de areia nas proximidades de
Uricurituba. Tivemos de margear o areal, durante um bom tempo, até achar um
lugar seguro para aportar. O grande número de troncos, em diversas linhas
paralelas, formava um verdadeiro bastião que impedia o acesso à Praia.
Devidamente hidratados e alimentados (bananas e cápsulas de guaraná),
atravessamos para a margem direita na altura de Uricurituba, enfrentando os
fortes banzeiros incentivados por um verdadeiro séquito de botos tucuxis e
vermelhos que evoluíam graciosamente num nado extremamente sincronizado. Eu já
observara, por diversas vezes, sincronismos deste tipo com dois botos, mas
raramente, como agora, de três.
Chegamos,
por volta do meio-dia, depois de remar 75 km, na Ponta Grossa (Ponta dos
Mundurucus), e estacionamos em frente à residência do Sr. Sebastião, onde dei
prosseguimento à leitura da obra de Koch-Grünberg. O Sr. Sebastião divide seu
dia a dia entre o entreposto de combustível e as plantações, onde cultiva
milho, macaxeira, coco, banana, graviola e vende o cacau e cupuaçu “in natura”.
Ao
anoitecer, fomos assaltados por enormes hordas de Carapanãs que só deram certa
trégua depois do anoitecer e do Mário ter improvisado um defumador com ervas
verdes.
Partida da Com. da Ponta Grossa (01.02.2012)
Partimos
antes da alvorada, e na altura da Costa do Giba, em frente à Ilha das Garças,
juntamente com os primeiros raios de Sol, teve início uma apresentação de um
formidável e soturno coral de guaribas acompanhado, ao fundo, por um desafinado
bando de aves preguiçosas que pareciam ter sido acordadas pelos rugidos dos
grandes monos. Fizemos uma primeira parada para o João Paulo colocar a saia no
caiaque e, logo em seguida, antes de adentrar no Furo do Albano, avistamos as
enormes e belas Barreiras do Carauaçu (erosões), moldadas pacientemente pelas
águas do Grande Rio que contra elas inflete diretamente ao fazer uma
pronunciada curva à direita. As Barreiras multicoloridas, situadas na margem
esquerda do Rio Amazonas, variam dos 70 a 120 metros de altura e emprestam um
novo e extraordinário visual ao itinerário.
No
Furo do Albano, fizemos mais uma parada num grande areal e mostrei ao João
Paulo qual seria nossa futura rota. Fizemos a terceira e derradeira parada no
mesmo local do ano passado. Nele existe uma frondosa árvore coberta de
bromélias, a diferença é que a pequena Praia onde havia aportado já não existe
mais, levada que foi pela força das águas.
Chegamos
ao nosso destino na Ilha do Bispo pouco antes das treze horas depois de
percorrer 77 km.
À
tarde, eu e a Rosângela, acompanhados do Mário, Marçal e a tripulação canina
fomos fazer um passeio de voadeira e conhecemos o Sr. Álvaro, um pequeno
agricultor que sobrevive do beneficiamento da Malva ([1])
e da Juta ([2])
assim como outras 30 famílias que tiram seu sustento da Ilha do Bispo, de
propriedade da Diocese de Parintins. Alegre, educado e muito conformado com seu
destino, o Sr. Álvaro vive sozinho no seu casebre na Ilha, sustentando, a duras
penas, os familiares que residem em Parintins.
A
produção, curiosamente, é vendida para uma empresa de Belém, gerando divisas
para o Estado vizinho. Algumas medidas governamentais esporádicas apontam para
uma tentativa de tornar este comércio novamente lucrativo, mas seu sucesso
esbarra em um competidor desleal, as fibras sintéticas e a juta mais barata
ofertada pela Índia. O Polo Industrial de Manaus inaugurou, no dia 09.11.2011,
a Bras Juta, fábrica de beneficiamento de juta e malva. A iniciativa tem como
objetivo retomar a indústria de fibras no Estado do Amazonas, reduzindo as importações
da juta indiana.
A
nova fábrica vai gerar cerca de 600 empregos diretos e fomentar a cadeia
produtiva do segmento, incentivando o setor primário e beneficiando,
principalmente, os agricultores dos municípios de Manacapuru, Codajás, Anori e
Anamã.
O
Governo Federal deveria fazer a sua parte propondo e sancionando uma lei determinando
o emprego obrigatório de sacos de fibra vegetal na embalagem de determinadas
produtos e sementes, como era feito no passado com o café exportado. Esta
atitude estaria plenamente de acordo com o desenvolvimento sustentável,
diferentemente dos produtos que se encontram no mercado atual.
Chegaram
alguns amigos de Álvaro trazendo carne comprada em Parintins. Deixamos em paz
mais este herói anônimo esquecido pela sorte e pelos governos na imensidão da
nossa Amazônia. Da Ilha do Bispo, partimos para uma visita ao Paraná do Mocambo
(Arari), Distrito de Parintins.
O
Paraná está inserido em uma enorme área de várzea e é cortado por pequenos
canais. Fizemos uma parada para contemplar algumas Vitórias Amazônicas em flor
enquanto uma pequena Jaçanã (macho) esbravejava nas proximidades.
Descobrimos
a razão de sua fúria, quatro pequenos ovos chocavam no meio de um bagunçado
ninho de capim-memeca.O “Cochinha”
olhava extasiado a estranha vegetação aquática enquanto a impulsiva “Chocolate” tentava pular sobre as
superfícies arredondadas das Vitórias Amazônicas.
A
Jaçanã macho ([3]),
cuidando dos 4 pequenos ovinhos deitados sobre a superfície da Vitória
Amazônica ([4]),
fizeram-me recordar a lenda da Jaçanã e da Ipuna-Caá reportada pelo meu querido
Mestre e amigo Coronel Berthier no seu livro “Amazônia Legendária”.
Lenda da Ipuna-Caá e da Jaçanã
Fonte: Altino Berthier Brasil.
Os Aimarás ([5])
constituíam uma tribo de Índios que se espalhava pela região do Lago Titicaca,
compreendendo territórios hoje pertencentes à Bolívia e ao Peru. Havia
terminado a festa das águas. Sisa [flor], uma formosa virgem daquela raça,
tomou-se de paixão por Kittzi [veloz], um dos vencedores das provas esportivas,
e com ele combinou casamento para o próximo plenilúnio ([6]). As
famílias dos futuros cônjuges de há muito acompanhavam satisfeitas o evoluir
daquele afeto que vinha se pronunciando na ayllu [Aldeia], pela ternura
demonstrada e pelos frequentes mimos de flores e frutos trocados pelos jovens.
Entre os ameríndios as flores representavam a maior demonstração de amor, e era
corrente a versão de que “depois das
flores vinham os frutos”. Sisa, na exuberância juvenil de seus quinze anos,
jurou amor eterno ao seu pretendente, em ato que o curaca ([7])
oficializou para todo o modesto “pueblito”.
A esse tempo, Francisco Pizarro já havia se apoderado de Cuzco. Seus
embaixadores, amparados na respeitosa imunidade que a superstição indígena lhes
oferecia, espalharam-se em pequenos contingentes pelas Províncias que
constituíam o legendário império do Tahuantinsuyo, na cata de toda riqueza que
encontrassem. Don Garcia de Peralta, um desses emissários, surgiu
inopinadamente no “pueblo” aonde
vivia o jovem casal de noivos.
Com ares de conquistador, o guerreiro espanhol desfilou garboso, montado
em seu corcel branco, pelas ruas da “ayllu”,
num exibicionismo de quem se julga dono de tudo e de todos. Ao cruzar por Sisa,
manhoso como um leopardo, lançou seu olhar de fera sobre a bela jovem, marcando
bem aquela que designou para sua presa. Cabeça baixa, a índia notou o olhar
penetrante e o sorriso petulante daquele cínico cavaleiro barbudo. À noite,
contou tudo ao pai e ao noivo, os quais, tristemente alarmados, ficaram
pensando como se defender do atrevido impostor. Na mesma noite, D. Peralta
envia a Sisa um ramo de flores de ishpingo [cinamomo] e uma bandeja com mishki
[favos de mel].
Ao tempo em que entrega os presentes, o mensageiro intima Kittzi e Sisa a
irem ter, incontinente, com o Chefe, sob pena de serem condenados por crime de
desobediência. Sisa, pelo mesmo portador, devolve os presentes, e Kittzi segue
sozinho, escoltado por dois irmãos, até a casa onde estava hospedado D.
Peralta. Por mais que fosse esperado de volta, o jovem não retornou. Ao
amanhecer do dia seguinte, soube-se que ele estava preso incomunicável porque
se negara a renunciar ao amor de Sisa.
A seguir, correu a notícia de que à tarde, o temível cão Bezerril,
tratado exclusivamente com carne humana, iria devorar na “plaza de armas” o “herege
subversivo”. Kittzi, indignado com a injustiça e com a cruel discriminação
feita em nome da Igreja cristã, permaneceu firme, como guerreiro que era.
Foi untado com banha de vicunha ([8]) para
melhor despertar o apetite do Cérbero ([9])
esfaimado, em jejum há 24 horas.
Sisa concerta então com seu pai um plano desesperado. Veste-se com suas
melhores roupas, cobre-se de ouro, perfuma-se, e depois unta os lábios com uma
tintura gelatinosa, que também passa na ponta das unhas. Pressurosa e
exuberante, parte ao encontro de D. Peralta. Vitorioso e radiante, o espanhol
corre receber sua musa indígena. Sisa pede-lhe por Inti [o Sol] e pela “mama” Huira-Cocha [a mãe Natureza] a
liberdade de Kittzi, que, metido a ferros, espera resignado e altivo, a um
canto da sala, a hora do suplício. D. Peralta tem pendurada ao cinto a chave
dos grilhões. Abre os braços vigorosos e recebe palpitante a jovem Aimará, a
qual, alucinada de ódio coloca os lábios virginais na boca impudica do fidalgo,
simulando estar vencida pelo amor. Com fúria selvagem enlaça o aventureiro pelo
pescoço, beijando freneticamente e mordendo-o nos lábios e no rosto. D.
Peralta, emocionado com aquela súbita e inesperada demonstração de carinho,
sente ter dominado o orgulho da jovem. De repente, porém, desfalece e cai
agonizando para o lado. Sem perda de tempo, Sisa pega as chaves e põe Kittzi em
liberdade, dizendo-lhe:
– Foge, meu querido; és
livre... D. Peralta está morto, mas também eu não vou escapar. Ele me retribuiu
as pequenas dentadas que lhe dei para injetar em seu sangue o curare que portei
nos lábio e nas unhas...
Kittzi, que conhecia bem o efeito daquele terrível jambi [veneno] toma
sua amada nos braços e diz:
– Sisa, morreremos
juntos, já que não poderei viver sem ti... E colocando a boca sobre os lábios
da moça, beija-a apaixonadamente. Sisa, apesar de já quase expirando, enlaça-se
ao noivo, beija-o ardentemente e morde os lábios daquele que será seu
companheiro no Reino de Pachacámac, o Criador do mundo.
Essa desgraça produziu um grande alarme na ayllu e entre os Soldados
ibéricos. D. Bobadilia, subcomandante do grupamento, chorando, recolhe o corpo
inerte de seu chefe para as cerimônias fúnebres. O Padre não teve tempo sequer
de ministrar-lhe o sacramento da extrema-unção.
Indignados, os Soldados arrastam bruscamente os Corpos de Kittzi e Sisa
até a borda de um abismo daquela gélida Cordilheira dos Andes. Balançam os
Corpos daqueles pagãos, e, com asco, os atiram ao leito de um Rio que corre no
fundo do vale. É o Apurímac [o sussurrante], que se lança no Ene e no Tambo
para tomar o nome de Ucayáli, o mais legítimo formador do Amazonas. Os
castelhanos observam, ao longe, os Corpos sumirem nas águas barrentas, para
boiarem logo depois, vivos, fortes e belos. Por toda a imensidão do vale ecoou,
então, uma frase que foi logo traduzida pelos Índios:
– Nosso amor é maior que
a morte!
Em seguida, os noivos mergulharam e desapareceram. Desde então se tem
notícia do aparecimento de uma bela planta de folha arredondada, com a forma de
tabuleiro. À noite, ao lado da folha, aparece uma flor bela e perfumada,
inexistente em qualquer outro lugar do mundo. Essa planta espalhou-se pelo Rio
Solimões abaixo, adotando o nome de “IPUNA-CAÁ”,
dado pelos Índios do Pindorama [Brasil].
Séculos mais tarde, os ingleses a denominaram Vitória-Régia. Dizem os
velhos que é a alma de Sisa transformada em planta. A mais bela de todas.
Aquela que se tornou a rainha dos Lagos encantados. O curioso é que sempre,
junto à planta, é vista uma ave chamada jaçanã. Os curacas mais antigos afirmam
ser Kittzi, transformado em pássaro, que jamais deixou de acompanhar sua amada.
Sem dúvida, era grande a paixão dos jovens aimarás. Era “um amor maior que a morte”. (BRASIL, 1999)
Partida da Ilha do Bispo (02.02.2012)
O
sono foi interrompido, à noite, pelo calor e pelo movimento incessante de
embarcações que passavam ao largo e miravam seus possantes holofotes para nossa
embarcação. Partimos cedo, como de costume, o tempo estava razoavelmente calmo
até a uns 30 km de Parintins. Os ventos fortes provocavam banzeiros com ondas
superiores a 60 cm nas proximidades da margem. Eu tinha duas opções: continuar
margeando a uma velocidade de 9 km/h enfrentando pequenas ondas em um percurso
mais longo ou procurar o talvegue e enfrentar ondas maiores e encurta-lo.
Como
o João Paulo já me reclamara que as ondas amazônicas eram muito fracas, decidi
adotar a 2ª linha de ação, com muito mais emoção, e partimos em linha reta para
o Porto de Parintins. As ondas ultrapassavam 1,5 m, volta e meia eu observava
como estava se saindo meu parceiro e achei que ele daria conta do recado. O
Mário, por medida de segurança, diminuiu sua distância para uns 50 m. A
Rosângela conseguiu tirar diversas fotos deste percurso em que os caiaques mais
pareciam potros xucros corcoveando sobre as ondas.
Quando
chegamos ao Porto, depois de percorrer 68 km, por volta das 12h30, lá estava
nosso caro amigo Major PM Túlio nos aguardando. Como no ano passado, ele
conseguiu um maravilhoso Hotel para pernoitarmos, o Hotel do Boi Ariaú Tower,
cujas instalações primorosas, as melhores que encontramos nestas quatro
descidas, muito nos agradaram. Durante o almoço, contando com o testemunho da
Rosângela, Comandante Túlio e a tripulação do Piquiatuba, apresentei a moção de
nomear, a partir de agora, o João Paulo como canoísta, tendo em vista o seu
desempenho frente às turbulentas águas das cercanias de Parintins.
Bibliografia
BRASIL, Altino Berthier. Amazônia Legendária ‒ Brasil ‒ Porto
Alegre, RS ‒ Editora Posenato Arte & Cultura, 1999.
Solicito Publicação
(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de
Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;
· Campeão do II
Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989)
· Ex-Professor
do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);
· Ex-Pesquisador
do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);
· Ex-Presidente
do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);
· Ex-Membro do
4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS)
· Presidente da
Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);
· Membro da
Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);
· Membro do
Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);
· Membro da
Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO)
· Membro da
Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
· Comendador da
Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS)
· Colaborador
Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG).
· Colaborador
Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).
· E-mail: hiramrsilva@gmail.com.
[1] Malva (Urena lobata): pertence à família das Malváceas, nativa da
Amazônia, adaptando-se muito bem às terras firmes e várzeas altas dos estados
do Pará e Amazonas. Seu cultivo desenvolveu-se naturalmente em solo paraense a
partir dos anos 30, sendo introduzida nas várzeas altas do baixo Amazonas a
partir de 1971. Hoje representa quase 90% da produção de fibras vegetais da
região.
[2] Juta (Corchorus capsularis): planta herbácea cultivada para a
obtenção de fibras têxteis com as quais se fabrica o tecido do mesmo nome. Ela
deve ser cortada logo que a flor murcha. As partes cortadas são amolecidas em
água estagnada e, ao fim de um período de 12 a 25 dias, facilitando a retirada
da casca das hastes sem que se rompam as fibras. São, então, novamente
submetidas à imersão para lavagem e, em seguida, postas a secar. Em 1929, os
colonos japoneses tentaram introduzir a juta na Amazônia, mas, somente cinco
anos mais tarde, o senhor Ryoto Oyama conseguiu produzir uma variedade de juta
adaptada às condições amazônicas.
[3] Jaçanã: pássaro
da família: jacanidae e da espécie: jacana jacana. Comprimento: 25 cm; peso:
macho 70 g; fêmea 160 g. Presente em todo o Brasil, e também do Panamá à
Argentina e Uruguai. Comum em pântanos, Lagos com vegetação aquática e em poças
d’água com bordas vegetadas. Raramente nada. Alimenta-se de insetos, caramujos,
peixinhos e sementes. Faz ninho em capinzais ou em vegetação aquática flutuante
ou emergente. Põe em média 4 ovos marrom-oliváceos estriados de preto. Uma
mesma fêmea costuma pôr ovos para dois ou mais machos, os quais a expulsam e se
encarregam de chocá-los durante 21 a 28 dias. Quando ameaçado, o pai foge
correndo, às vezes agarrando os filhotes e levando-os sob as asas. Fora do
período reprodutivo é migratório, associando-se em bandos. Conhecido também
como cafezinho, menininho-do-banhado [Rio Grande do Sul], enxofre,
casaca-de-couro [Minas Gerais], marrequinha [Bahia] e jaçanã-preta. O nome
piaçoca é utilizado na Amazônia.
Outros nomes:
irupé [guarani], uapé, aguapé [tupi], aguapé-assú, jaçanã, nampé,
forno-de-jaçanã, rainha-dos-Lagos, milho-d’água e cará-d’água. Os ingleses que
deram o nome Vitória Régia em homenagem à rainha, quando o explorador alemão a
serviço da Coroa Britânica Robert Hermann Schomburgk levou suas sementes para
os jardins do palácio inglês. O suco extraído de suas raízes é utilizado pelos
Índios como tintura negra para os cabelos. Também utilizada como folha sagrada
nos rituais da cultura afro brasileira e denominado como Oxibata. (José Flávio
Pessoa de Barros)
[4] Vitória
Amazônica: a Ipuna-Caá é uma planta aquática da família das Nymphaeaceae,
típica da região amazônica. Ela possui uma grande folha em formato círcular,
que fica sobre a superfície da água, e pode chegar a ter até 2,5 m de diâmetro
e suportar até 40 kg se forem bem distribuídos em sua superfície. Sua flor [a
floração ocorre desde o início de março até julho] é branca e abre-se apenas à
noite, a partir das seis horas da tarde, e expelem uma divina fragrância
noturna adocicado do abricó, chamada pelos europeus de “rosa lacustre”, mantêm-se aberta até aproximadamente as nove horas
da manhã do dia seguinte. No segundo dia, o da polinização, a flor é cor de
rosa. Assim que as flores se abrem, seu forte odor atrai os besouros
polinizadores [cyclocefalo casteneaea], que nela adentram ficando prisioneiros.
[5] Aimarás: indivíduo dos aimaras, povo indígena dos Andes peruanos e
bolivianos, de língua do filo andino-equatorial, atualmente restrita à Bolívia
e ao Peru, outrora falada em toda a área dos Andes centrais.
[6] Plenilúnio: Lua Cheia.
[7] Curaca: chefe temporal das tribos indígenas.
[8] Vicunha: mamífero ruminante (Lama vicugna) distribuído nos Andes,
do Equador à Bolívia, de pelame marrom-claro, esbranquiçada no ventre. São
sociais, vivendo em pequenos bandos, e produzem lã finíssima; taruca, taruga.
[9] Cérbero: cão monstruoso de três cabeças e cauda em forma de
serpente que guardava a entrada do inferno e tolerava a entrada de todos, mas
não permitia que ninguém saísse.
Galeria de Imagens
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Bagé, 20.12.2024 Continuando engarupado na memória: Tribuna da Imprensa n° 3.184, Rio, RJSexta-feira, 25.10.1963 Sindicâncias do Sequestro dão e
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Silva, Bagé, 11.12.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 224, Rio de Janeiro, RJ Quarta-feira, 25.09.1963 Lei das Selvas T
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – IV
Bagé, 06.12.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 186, Rio de Janeiro, RJSábado, 10.08.1963 Lacerda diz na CPI que Pressõessã
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – III
Bagé, 02.12.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 177, Rio de Janeiro, RJQuarta-feira, 31.07.1963 JB na Mira O jornalista H