Quinta-feira, 7 de janeiro de 2021 - 10h23
Bagé, 07.01.2021
Foz do Breu, AC/ Manaus,
AM ‒ Parte I
Descendo o Juruá ‒ I
Prefácio do Tomo I
Por General-de-Exército Ítalo Fortes Avena
A Região Amazônica sempre me despertou uma enorme
admiração. Criança ainda, minha imaginação navegava pelas águas de seus
impetuosos Rios e penetrava floresta adentro na busca de uma aventura cujos
perigos eram mitigados pela inexperiência de uma vida ainda nos primórdios de
sua existência. Incontáveis vezes a gurizada se reunia para planejar uma
aventura amazônica, uma incursão à imensidão verde para conhecer seus mistérios
e desvendar suas lendas. Apesar de nunca concretizada, permaneceu latente em
nossas mentes, como chamariz para futuros passos.
Quando ingressei no Exército, pensava que minha
vocação seria para a Artilharia. Em Cachoeira do Sul – RS, minha cidade natal,
admirava os tiros das armas pesadas do então 3° Grupo de Obuses 155.
Entretanto, no momento da escolha de arma, foi fundamental o trabalho
desenvolvido pelo 5° Batalhão de Engenharia de Construção, “Pioneiro da
Amazônia”, para que eu marchasse, sem hesitação, para a mesa onde se
encontrava o estandarte da Engenharia, escolha da qual jamais me arrependi.
Meses antes, o então Capitão Lauro Pastor passara pela AMAN recrutando os
futuros Aspirantes para servirem na Unidade que estava se instalando em
Rondônia.
Esta se destinava a escrever uma grandiosa
história na Amazônia, inflamando os corações dos jovens Cadetes que ansiavam em
participar ativamente de um projeto pioneiro e patriótico de conquista e
desenvolvimento desta instigante região do território nacional.
Ao ser declarado Aspirante-a-oficial, fui
impedido de servir na Amazônia pelos que me antecederam na escolha. Devido a
isso, decidi preencher uma vaga no Nordeste, mais precisamente no 3° BEC, onde
aprendi os fundamentos básicos para a implantação e pavimentação de rodovias.
Lá fiquei até cursar a EsAO. Após este curso, chegou o momento de concretizar o
sonho amazônico, região onde viria a servir durante quatorze anos, seis deles
às margens do Juruá, Rio que teria uma presença fundamental na minha vida.
Incontáveis vezes singrei, em embarcações toscas,
suas barrentas águas e planejei inúmeras expedições das mais diversas naturezas
– logísticas, operacionais, humanitárias – tanto no curso principal quanto nos
afluentes de sua extensa Bacia.
Faço esta digressão para afirmar que, por
conhecer bem o Juruá, posso avaliar a grandiosidade desta Expedição realizada pelo
Coronel Hiram. Arrisco a dizer que talvez tenha sido a mais difícil realizada
em seu périplo amazônico. Não pela dificuldade de navegação, porque já
enfrentou Rios mais caudalosos e mais acidentados, mas principalmente pelas
características da região que teve de atravessar, pela complexa missão que se
propôs a cumprir. Engana-se quem pensa que a Amazônia é uma região uniforme,
com os mesmos parâmetros em toda a sua extensão. Ao contrário, cada lugar
envolve características específicas e peculiaridades que o distingue dos
demais.
Ao ler os seus escritos, percebo claramente que
se houve magnificamente bem. Seu relato, claro e fluente, é uma lição de
história em um espaço geográfico que foi palco de muitas operações heroicas,
nas quais se sobressaíram homens de vontade férrea, de caráter pétreo, que
permitiram a incorporação de uma extensa e opulenta região ao território
brasileiro.
A Bacia do Juruá foi testemunha de um período
épico de nossa história, de intenso sacrifício, no qual patriotas venceram
inclusive a incompreensão daqueles que não conseguiam entender a importância
de lutar por uma região que poderia ter-se transformado em um enclave britânico
em nossa fronteira Ocidental.
Da mesma forma, o Cel Hiram tem enfrentado um cipoal de dificuldades para realizar suas
históricas Expedições.
Muitas
vezes fico sem entender o porquê de não receber o merecido apoio oficial para a
realização voluntária de um trabalho que deveria ser incentivado pelos órgãos
que executam ações institucionais na região.
Fico
pasmo ao ver seus apelos para completar um orçamento enxuto, no qual constam apenas os custos
essenciais.
Por outro lado, há um valor imenso naquela lista
de contribuintes espontâneos que se cotizam para apoiar seus empreendimentos,
proporcionando um caráter exclusivo em relação a outras iniciativas da mesma
natureza. O trabalho desenvolvido por este destemido explorador não é para
qualquer um. Ouso dizer que é para poucos, porque envolve minucioso
planejamento, desprendimento, coragem e habilidade pessoal.
Tenho certeza de que, ao apreciar o conjunto de
sua obra, as gerações atuais e futuras vão render a devida homenagem a este
intrépido desbravador, ao corajoso pioneiro, ao nobre cidadão, que não hesita
em enfrentar as enormes limitações que se antepõem à realização de seus
projetos. Estes não envolvem qualquer interesse pessoal mas a rija determinação
de deixar para a posteridade um trabalho que só pode ser feito por pessoas
especiais como ele.
Portanto, caros leitores, passem a partir de
agora, a absorver o conteúdo deste importante livro, que vem a acrescentar
relevantes conhecimentos sobre uma região pouco conhecida da maioria dos
brasileiros.
Ao autor, deixo o meu incentivo, lembrando o
brado de honra da nossa Engenharia de Selva:
Avante... remar... SEEELVA!!!
Solicito Publicação
(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de
Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;
· Campeão do II
Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989)
· Ex-Professor
do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);
· Ex-Pesquisador
do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);
· Ex-Presidente
do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);
· Ex-Membro do
4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS)
· Presidente da
Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);
· Membro da
Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);
· Membro do
Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);
· Membro da
Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO)
· Membro da
Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
· Comendador da
Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS)
· Colaborador
Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG).
· Colaborador
Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).
· E-mail: hiramrsilva@gmail.com.
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