Sexta-feira, 11 de novembro de 2022 - 08h10
Bagé, 11.11.2022
TIRSS na Mídia Nacional –
Parte XI
Correio
Braziliense - n° 16.426
Brasília, DF – Quinta-Feira, 08.05.2008
PF
Intensifica Desarmamento
[Leonel Rocha – da Equipe do Correio]
Ministro da Justiça Orienta Polícia Federal e
Força de Segurança Pública a Evitarem
Novos Confrontos Entre Índios da Reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima.
Medida Atinge Todo o Estado, Inclusive a Capital.
A Polícia Federal e a Força Nacional de
Segurança Pública vão intensificar a operação de desarmamento, deflagrada na
segunda-feira em Roraima quando seguranças da fazenda Depósito atiraram e
feriram pelo menos 10 índios. O objetivo da determinação do ministro da
Justiça, Tarso Genro, é evitar novos confrontos entre índios da reserva Raposa
Serra do Sol e fazendeiros.
O dono da fazenda, Paulo Cezar
Quartiero, que também é prefeito de Pacaraima, foi preso com mais sete
funcionários e transferidos para a prisão da PF em Brasília. O grupo foi
indiciado pela polícia por formação de quadrilha e porte ilegal de armas.
TARSO: “ESTOU
CONVENCIDO DE QUE NÃO VAI HAVER CONFLITO. SÃO DOIS ARROZEIROS QUE FAZEM
SABOTAGEM E USAM A PISTOLAGEM”
O ministro ressaltou que a medida
repressiva não é apenas para evitar confronto entre fazendeiros e indígenas.
Mas vai atingir todas as regiões do estado, inclusive a capital Boa Vista.
Genro não acredita no agravamento do conflito que já deixou feridos e
equipamentos públicos como pontes e estradas destruídos por funcionários dos
produtores rurais. “Estou convencido de
que não vai haver conflito. São dois arrozeiros que fazem sabotagem e usam a
pistolagem”, comentou Tarso. O ministro reforçou o efetivo da Polícia
Federal no local.
Tarso Genro não quis definir a
posição do governo no conflito. Mas ressaltou que a definição do perímetro da
reserva Raposa Serra do Sol e sua demarcação em terras contínuas é uma demanda
histórica dos índios. Ele admitiu, no entanto, que o governo vai cumprir
rigidamente o que for determinando pelo Supremo Tribunal Federal [STF] que está
julgando ação questionando a área demarcada para os indígenas.
A Advocacia-Geral da União defendeu no
Supremo a demarcação das reservas em áreas contínuas e na fronteira do Brasil
com a Venezuela e Guiana. O ministro sobrevoou anteontem a área da reserva
Raposa Serra do Sol acompanhado do diretor-geral da PF Luiz Fernando Corrêa.
Ontem, ele disse que somente poucos indígenas que são empregados dos
fazendeiros discordam da demarcação das terras como foi feita. Depois da visita
do ministro, o grupo de quase 100 índios que tinha entrado na fazenda Depósito
para instalar novas malocas deixou o local para aguardar a definição do
Supremo, que só deve julgar a questão em junho. Depois de se reunir com o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro da Justiça anunciou que o governo vai
acelerar a implantação de pelotões em toda a fronteira Amazônica.
Junto com o ministro da Defesa, Nelson Jobim,
Tarso vai apresentar ao presidente Lula um decreto de programação para a
instalação de mais postos militares na fronteira Essa, aliás, é uma das mais
antigas reivindicações dos comandantes militares que consideram a fronteira
Norte desguarnecida e carente de representações de outros ministérios para o
atendimento de índios e ribeirinhos.
Supremo
O ministro Carlos Ayres Brito, relator no
Supremo das ações que questionam a demarcação contínua da reserva Raposa Serra
do Sol, classificou de preocupantes os confrontos armados na região. Ele
ressaltou que o papel do STF será apenas o de julgar a legitimidade do sistema
demarcatório. “Estamos apenas discutindo
a legitimidade do sistema demarcatório. Se ele é formal e válido ou não”,
ponderou.
Britto disse ainda que, pela complexidade do
caso, está empenhado em concluir seu voto até o final da semana liberando o
processo para entrar na pauta de julgamento do plenário. “Estou focado nesse trabalho. A questão não é simples, é complexa”,
ressaltou. Ao todo, já foram ajuizados 33 processos tratando do tema no
tribunal.
O ministro disse que pretende proferir um
voto que resolva todas as pendências e anunciou que deseja concluir o trabalho
para que o caso seja julgado ainda este mês. [...]
Um documento pericial chegou a ser elaborado
e apontou falhas processuais e formais na elaboração do laudo antropológico.
Ontem a comissão de Defesa Nacional da Câmara criou um grupo especial para
visitar a área do conflito. (CBRAZ, N° 16.426)
Correio
Braziliense - n° 16.429
Brasília, DF – Domingo, 11.05.2008
Governador
de Roraima Aponta Interesses Internacionais na Questão da
Demarcação de Reservas
Indígenas e Também Critica o Planalto
[Leonel Rocha – Enviado
Especial]
Boa Vista – O governador de Roraima, o
engenheiro civil José de Anchieta Júnior [PSDB], foi eleito como vice, mas assumiu
o cargo em dezembro com a morte do titular Ottomar Pinto, o brigadeiro que
dirigiu o estado por três vezes, uma delas como administrador do antigo
território.
Ex-secretário de Obras, aos 43 anos o
cearense Anchieta está no meio de uma guerra que envolve os fazendeiros
instalados na região e as comunidades indígenas que exigem a desocupação de
suas terras já demarcadas. Ele identifica interesses de corporações
internacionais, nos minerais estratégicos do subsolo do estado, como pano de
fundo dessa guerra. “Não podemos permitir
que organizações internacionais e interesses estrangeiros venham dizer o que
temos que fazer com nossa riqueza”, reclama. O governo de Roraima só tem o
domínio sobre menos de 10% de suas terras.
O restante é da União, definidos como
reservas indígenas e áreas de preservação ambiental. Depois dos últimos
confrontos entre índios e seguranças dos fazendeiros, na segunda-feira da
semana passada, que resultou na prisão do rizicultor e prefeito de Pacaraima,
Paulo Cezar Quartiero, Anchieta esteve em Brasília e impetrou ação no Supremo
Tribunal Federal [STF] pedindo a revisão da demarcação da reserva Raposa Serra
do Sol e ajuda política para resolver o impasse. Aproveitou para interceder
junto a autoridades em favor do amigo preso. Aborrecido com o governo Lula, que
apoia a demarcação da reserva indígena em áreas contínuas, foi o único
governador do Norte ausente na solenidade no Palácio do Planalto que lançou o
Plano Amazônia Sustentável [PAS] na quinta-feira. Leia abaixo, a entrevista que
concedeu ao Correio em Boa Vista.
É Soberania Nacional Sim
Repórter: O senhor
considera que o maior problema de Roraima é de indefinição fundiária e não
apenas uma questão ambiental ou de demarcação de áreas indígenas?
Anchieta: É um
somatório de fatos. A questão indígena é um problema, a questão fundiária é
outro. Eles estão sobrepostos. É preciso definir claramente o que seria a área
ideal para as comunidades indígenas. Na realidade, o que o índio quer hoje não
é terra, ele não precisa de mais terra. Eles precisam é de dignidade, de
cidadania. Considerando todas as reservas já demarcadas no estado, cada índio
terá direito a uma área média de 250 hectares. O que um índio sozinho vai fazer
com 250 hectares?
Repórter: Mas não é
comum que isso aconteça, já que as dimensões das fazendas na Amazônia são
gigantescas?
Anchieta: E por que
essa relação desses benefícios vai priorizar os índios?
Repórter: Mas os
índios alegam que também podem ser grandes fazendeiros, como empresários do
setor os são.
Anchieta: Eu acredito
que possam ser. Mas integrados dentro de uma convivência com os não índios. Se
a comunidade não índia já requer um apoio institucional para se desenvolver,
imagine os indígenas. Não é o governo federal que dá sobrevivência para os
índios das áreas demarcadas. É o governo estadual que leva educação, saúde,
manutenção de estradas, energia. Das 406 escolas estaduais, 200 estão nas
reservas. Nós levamos energia a mais de 100 comunidades e isso gera um déficit
na companhia energética de Roraima porque os índios não são obrigados a pagar.
O governo federal não ajuda com um centavo.
Repórter: Roraima
tem condições de adotar programas de desenvolvimento com tanta área de
preservação e reserva indígena?
Anchieta: Não. Nós
já temos aí cerca de 50% do nosso estado comprometido com as reservas. O que
estamos lutando, especificamente com relação à TIRSS, é por uma revisão dessa
demarcação. Na visão do estado, o ideal seria aquela área proposta pelo então
ministro Jobim na época do presidente Fernando Henrique, com a demarcação em
ilhas. Da forma que foram feitas, as demarcações comprometem nosso
desenvolvimento.
Repórter: Como?
Anchieta:
Principalmente porque há uma coincidência que nos deixa uma interrogação muito
grande, que é a superposição dos mapas nessas demarcações indígenas com as
incidências das maiores riquezas naturais e minerais. Se já começamos limitando
uma área onde você proíbe e coíbe a presença do estado, que são exatamente as
áreas do subsolo, as maiores riquezas, já compromete nosso desenvolvimento.
Repórter: O senhor
acredita que a verdadeira disputa aqui no estado seja essa, e não apenas por
áreas de preservação ambiental ou reservas indígenas?
Anchieta: Eu não
tenho dúvidas. Esse interesse internacional em preservar essas áreas aqui é por
uma reserva mineral para o futuro. Se nós, brasileiros, tivéssemos essa
consciência de explorarmos nossas riquezas minerais, iríamos desestabilizar a
economia do mundo, lastreada na cotação do ouro.
Repórter: Então, as
autoridades da região acreditam que há, de fato, interesses inconfessáveis de
nações estrangeiras sobre essas áreas estratégicas da Amazônia?
Anchieta: Isso é um
consenso. Estamos buscando a união dos governadores e parlamentares da Amazônia
para debater esse assunto. Nós já propusemos lá na Inglaterra, na semana
passada, a criação de um fórum dos governadores da Amazônia para tratar do
tema. Primeiro, temos que unificar nosso discurso. Também precisamos do apoio
do governo federal, porque ele, de fato, é quem tem legitimidade para
representar esses interesses e definir uma legislação ambiental que nos dê
segurança.
Repórter: Há o tal
risco à soberania nacional com as demarcações de terras indígenas do jeito que
foram feitos?
Anchieta: O risco
existe e é grande. As Forças Armadas tiveram um posicionamento claro. O General
Heleno [Comandante Militar da Amazônia] não brincou quando falou daquela forma
[ele afirmou em discurso no Clube Militar que havia risco à soberania com a
demarcação de terras indígenas em áreas contínuas na fronteira norte do país e
classificou a política indigenista do governo de “caótica”]. O General teve todo o apoio do comando do Exército e dos
representantes da região. É evidente que a gente não pode aceitar essa maneira
equivocada de demarcações do governo federal, que sofre pressões internacionais
para agir assim.
Repórter: Então, não
é lenda essa história de que os estrangeiros estão de olho nos minerais
estratégicos da Amazônia, não só de Roraima?
Anchieta: Não tenho
dúvidas disso. Uma área com cerca de 6 milhões de km2 de terras
indígenas, não só as riquezas naturais, mas em função de toda a biodiversidade
que temos aí como matéria-prima para as indústrias química e farmacêutica. Com
certeza nós teremos aqui a solução medicinal de todas as doenças do mundo. No
momento, o caminho para solução é o da Justiça. Mas o que se precisa no segundo
momento é de uma conscientização política da população brasileira para defender
o seu patrimônio, sua terra, sem deixar que os interesses internacionais, as
grandes potências, venham dizer o que nós devemos ou não fazer com o nosso
patrimônio. Isso seria o caso de o seu vizinho dizer o que você tem que fazer
com sua casa.
Repórter: O senhor
acha que, tanto o governo federal quanto os governos estaduais da Amazônia,
deixaram na mão de setores privados, como ONGs, a aplicação da política
indigenista?
Anchieta: Isso começou há muitos anos, quando havia
uma dependência muito grande do Brasil com o Fundo Monetário Internacional, com
os bancos de desenvolvimento e da comunidade europeia. A dependência econômica
provocou uma subserviência do governo em relação aos organismos internacionais.
A partir do momento em que o Brasil passou a crescer, começamos a dar um basta
nisso. Está começando esse momento de nós revisarmos isso. E o que a gente precisa
é uma conscientização política e, consequentemente, esse sentimento de
civilidade, de brasilidade, tem que se estender a todo mundo. Nós não podemos
mais permitir que as organizações internacionais, que o estrangeiro venha dizer
o que a gente tem que fazer. [...]. (CBRAZ, N° 16.429)
Correio
Braziliense - n° 16.431
Brasília, DF – Terça-feira, 13.05.2008
O
Ofício de Insultar
[Jarbas Passarinho – Foi
Ministro de Estado,
Governador e Senador da República]
[...] O Exército [e falo nele porque é a ele
que se pretende injuriar] teria dado todo apoio ao grande General Rondon se
dele discordasse por não gostar de índio? Em exemplo pessoal, perdi um colega
de turma que foi servir, nos idos de 1940, no então Território Federal do
Oiapoque.
Foi sequestrado pelos índios, próximo a Porto
Velho, e desde então nunca mais dele se soube. Houve alguma expedição da sua
unidade militar em represália? Nunca, porque entendíamos que os índios estavam
defendendo sua terra e não tinham a mesma concepção nossa de costumes e tradições.
Onde se encontraram, da
modernidade à contemporaneidade, razias ([1]) de militares contra aldeias indígenas? O
exemplo de Rondon fortificava-se.
Quando
tivemos militares, até recentemente prestando serviços
à FUNAI, deles nunca se soube – mesmo porque não houve –
a degradação que supera a dignidade humana de depravarem caciques, de usarem o poder
para desfrutar de suas filhas e os recompensarem monetariamente.
Nenhum representante
do Exército está sendo julgado nas cortes de Justiça por vender madeira de lei de terras indígenas, ao mesmo
tempo em que obtêm, por outros meios indecorosos, a aquiescência dos índios para tão miserável comportamento
moral.
Sei, no entanto, de muitos civis que acham o
Exército opressor dos índios – tidos e havidos como responsáveis quando
negociam com tribos –, mas que se enriquecem e enriquecem
caciques que, levados à condição de donos de aviões e automóveis caríssimos,
mantêm os companheiros em malocas dominadas pela
doença e pela corrupção.
Quem fala mal dos militares, apelidando-os de
inimigos dos índios, não conhece a história do país em que
infelizmente nasceram. A questão existe e não é devido ao Exército, mas à
população como um todo. Ao Congresso, por exemplo, onde se encontra há décadas
o Instituto do índio.
É nele que saberemos quem é inimigo dos
índios e patriotas por mero oportunismo.
O desamor
ao Exército dá chance, a um intrigante, de aproveitar
o que o Gen Heleno disse, sem cometer o menor equívoco, para
envenenar as relações que, entre
militares e índios, tem sido, se não exemplares
no passado colonial, irrepreensíveis
no momento em que, certo ou errado, competente General expressa sua apreensão pela
demarcação de uma terra indígena em linha contínua.
E isso porque viu, do ponto vista
estratégico, como é de sua responsabilidade, que tal demarcação pode abalar a
segurança do Estado no local sob controvérsia.
Do lado do Exército está a
integridade da Pátria, não as borras dos intrigantes, porque não sabem que mais
de 20% do território brasileiro constam de reservas votadas sem a menor
discrepância do Exército. (CBRAZ, N° 16.431)
Bibliografia
CBRAZ, N°
16.426. PF Intensifica Desarmamento
– Brasil – Brasília, DF – Correio Braziliense, n° 16.426, 08.05.2008.
CBRAZ, N° 16.429. Governador de Roraima Aponta Interesses Internacionais na Questão da
Demarcação de Reservas Indígenas e Também Critica o Planalto – Brasil – Brasília,
DF – Correio Braziliense, n° 16.429, 11.05.2008.
CBRAZ, N° 16.431. O Ofício de Insultar – Brasil – Brasília, DF – Correio Braziliense,
n° 16.431,
13.05.2008.
(*)
Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas,
Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;
Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do
Sul (1989)
Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre
(CMPA);
Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura
do Exército (DECEx);
Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério
Militar – RS (IDMM – RS);
Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando
Militar do Sul (CMS)
Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira
(SAMBRAS);
Membro da Academia de História Militar Terrestre do
Brasil – RS (AHIMTB – RS);
Membro do Instituto de História e Tradições do Rio
Grande do Sul (IHTRGS – RS);
Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia
(ACLER – RO)
Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio
Grande do Sul (AMLERS)
Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da
Escola Superior de Guerra (ADESG).
Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).
E-mail: hiramrsilva@gmail.com.
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – X
Bagé, 20.12.2024 Continuando engarupado na memória: Tribuna da Imprensa n° 3.184, Rio, RJSexta-feira, 25.10.1963 Sindicâncias do Sequestro dão e
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – VI
Silva, Bagé, 11.12.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 224, Rio de Janeiro, RJ Quarta-feira, 25.09.1963 Lei das Selvas T
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – IV
Bagé, 06.12.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 186, Rio de Janeiro, RJSábado, 10.08.1963 Lacerda diz na CPI que Pressõessã
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – III
Bagé, 02.12.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 177, Rio de Janeiro, RJQuarta-feira, 31.07.1963 JB na Mira O jornalista H