Segunda-feira, 20 de julho de 2020 - 11h58
Bagé, 20.07.2020
O Despertar de um Canoeiro
CPOR/PA
(1986) – Penas Brancas
A “Ordem da Pena Branca” foi
criada no início da Primeira Guerra Mundial com o objetivo forçar os cidadãos ingleses
a se alistarem no Exército. A Ordem persuadia as mulheres a presentear com uma
pena branca aqueles que não estivessem envergando um uniforme militar. A pena
branca foi adotada como símbolo de covardia pelo exército britânico desde o
século XVIII. Este símbolo nasceu da crença de que os galos-de-rinha que
apresentassem uma pena branca na sua cauda seriam perdedores natos, lutadores
medíocres e de que uma raça pura de galos-de-rinha não portaria, jamais, nas
suas caudas as famigeradas penas brancas, demonstrando com isso pertencer a uma
raça superior e aguerrida de galináceos.
Nos idos de agosto de 1914, primórdios da Primeira Guerra Mundial, o
Vice-Almirante Charles Cooper Penrose-Fitzgerald (1841 - 1921) fundou a “Ordem da Pena Branca” com o apoio do
grande escritor e jornalista inglês Thomas Humphry Ward (1845 - 1926).
Fitzgerald organizou um grupo de trinta mulheres em Folkestone para distribuir
penas brancas aos homens adultos em trajes civis. O fato repercutiu
bombasticamente na mídia e rapidamente alastrou-se pelo país e pelas demais
nações do Império Britânico. O secretário do Interior, Reginald McKenna (1863 ‒
1943), preocupado com injustiças e a possibilidade dos servidores públicos e
empregados das indústrias estatais virem-se constrangidos a se alistar, criou
um distintivo, com o dístico “King and
Country” e “On War Service” para
indicar que eles também estavam servindo o esforço de guerra.
Da mesma forma, a partir de setembro de 1916, foi criada a insígnia “Silver War Badge”, para ser usada pelos
combatentes que tinham sido dispensados em decorrência de ferimentos ou doenças
evitando possíveis constrangimentos aos veteranos de guerra. A campanha das
penas brancas foi novamente retomada durante a Segunda Guerra Mundial. A Ordem
inspirou o filme “The Four Feathers”
cujas versões foram exibidas em 1921, 1929, 1939 e 2000.
The Four Feathers
Inspirado
no clássico romance de Alfred Edward Woodley Mason, o filme começa em 1875, dez
anos antes da queda de Khartoum pelas mãos dos guerreiros de Mahdi. Esta é a
extraordinária história das corajosas tropas de reforço incumbidas de acabar
com a revolta em Khartoum, ressaltando o orgulho daqueles jovens soldados assim
como sua vulnerabilidade perante um inimigo que não temia a morte. A história
do filme é sobre Harry Feversham, admirado por seus camaradas como um dos
melhores soldados de seu regimento.
Apaixonadamente
devotado à sua linda futura esposa, Ethne, Harry tem um futuro promissor como
militar e uma vida feliz o aguarda ao lado da mulher que ama. Mas quando um
exército de rebeldes sudaneses ataca uma fortaleza colonial britânica em
Khartoum e seu regimento é enviado para o Norte da África, Harry se vê dominado
por inseguranças e incertezas e renuncia à carreira quando seu regimento
embarca para a guerra. Chocado pela atitude de seu filho, o pai de Harry o
repudia. Assumindo que ele tem medo, três dos amigos de Harry ‒ e até mesmo sua
noiva Ethne ‒ lhe enviam cada um uma pena branca, um símbolo de covardia, já
que ninguém consegue entender o que ele fez. (www.nostalgiabr.com)
As Cores
no Idiomatismo
“White featcher”, pena branca, é o
símbolo da covardia. Provém da lenda de que uma pena branca na cauda de um galo
de briga é sinal de degenerescência e fraqueza. (SILVA)
Ideais Traídos
Generais
do “complot” Geisel, depois dos
acontecimentos de 12.10.1977, começaram a receber, por certo tempo, envelopes
com “penas brancas”, correspondência
que visava a acusá-los de traidores. (FROTA)
Apenas uma Singela Pena Branca
Neste
caso são traidores. Mais provavelmente o fazem por covardia, escudando-se, em
nome da disciplina, numa distorcida lealdade que deveria ser primeiro para com
a Pátria. Para estes ofereço simbolicamente uma pena branca. Eles sabem o que
isto significa. (FREGAPANI)
Um Pôster na Latrina
Como vimos, nos parágrafos anteriores, desde o século XVIII, as penas
brancas representam qualquer ato covarde, espúrio, inconfesso, daqueles que na
surdina, acobertados pelo anonimato atentam contra a honra e a dignidade de um
camarada ou de toda uma coletividade. Eu cumpria minha punição quando o
Comandante do CPOR/PA nos repassou um quadro com a fotografia da Companhia de
Engenharia de Combate ‒ comandada pelo Capitão Eng “OJF”, para ser fixada nas instalações do Curso de Engenharia. Foi
então que surgiu a ideia das “Quatro Penas”. O Sargento Lima criava galinhas em
casa e trouxe quatro belas e alvas penas que eu e três de meus subordinados
fixamos no quadro do “companheiro”
que o ST Deocildo remeteu pelo correio.
O “bochincho” estava formado,
o quadro retornou e o Comandante do CPOR/PA, indignado determinou que eu
fixasse-o nas instalações do Curso de Engenharia. Ordem dada, ordem cumprida,
consultei meus comandados e fixamos, com toda a “pompa e circunstância”, o quadro enviado gentilmente pelo “companheiro Fulano” na entrada da
latrina dos alunos.
Como podem notar nada de muito sério para que “o colega de turma”, que acendeu ao mais alto posto na hierarquia
militar, guarde tanto rancor até hoje. O “sangue
nas guelras” do Capitão de antanho parece irracionalmente ter-se irradiado
para o cérebro inibindo-lhe o discernimento e o bom-senso que deveria
caracterizar alguém que ocupou cargos de tanta relevância.
Bibliografia
FREGAPANI,
Gélio. Orgulho e Vergonha ‒ Brasil ‒
Porto Alegre, RS ‒ Defesa Net, 2011.
FROTA,
Sylvio. Ideais Traídos ‒ Brasil ‒
Rio de Janeiro, RJ ‒ Jorge Zahar Editor, 2006.
SILVA A.
Casemiro da. As Cores no Idiomatismo
‒ Brasil ‒ Rio de Janeiro, RJ ‒ Correio da Manhã, 30.05.1950.
Solicito
Publicação
(*) Hiram Reis e Silva
é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas, Professor,
Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;
· Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul
(1989)
· Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);
· Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura do
Exército (DECEx);
· Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério
Militar – RS (IDMM – RS);
· Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar
do Sul (CMS)
· Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira
(SAMBRAS);
· Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil
– RS (AHIMTB – RS);
· Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande
do Sul (IHTRGS – RS);
· Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER –
RO)
· Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
· Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do
Sul (AMLERS)
· Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da Escola
Superior de Guerra (ADESG).
· Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).
· E-mail: hiramrsilva@gmail.com.
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