Terça-feira, 3 de novembro de 2020 - 08h21
Bagé, 03.11.2020
Porto Velho, RO/ Santarém, PA ‒ Parte XLVIII
Real Forte do Príncipe da Beira - XVI
A República
Em 1776, a monumental Fortificação fora construída para defender o Estado
do Brasil, dos espanhóis.
Agora, cento e treze anos depois – em 1889 – era abandonada à pilhagem
dos bolivianos. Dezesseis anos após a Proclamação da República, a obra de saque
estava concluída.
Por isso, pouco antes de 1906, ao visitar o Real Forte do Príncipe da
Beira, escreveu um ilustre político mato-grossense, o Engenheiro Manoel
Esperidião da Costa Marques:
Nas povoações bolivianas de Madalena, de Baurés, de São Joaquim, há telhas,
há portadas, há tijolos das casas da Fortaleza, como há também imagens de sua
Capela na Igreja desta última Povoação! No Porto de Antofogasta, no Pacífico,
já uma vez um cruzador inglês comprou um dos pequenos canhões de bronze, que
tem as armas de Portugal, do tempo de D. Maria I e o levou para o Museu
Histórico de Londres!
E continua Costa Marques:
E assim as sólidas casarias de dentro da Fortaleza, que formavam duas
ruas e que eram nobres moradas dos Comandantes do Forte e dos oficiais; Capela,
armazéns, depósitos, têm apenas hoje as suas paredes, que, sendo de pedra e
cal, hão de ficar de pé e hão de atestar por muitos séculos a nossa incúria
[...]
Essas palavras foram escritas pouco antes de 1906, por um ilustre
mato-grossense, que chegou a Presidente do seu Estado. São atualíssimas.
(FERREIRA, 1961)
Conclusão
Concluímos
este capítulo com alguns parágrafos da obra “Real Forte Príncipe da Beira”, de José Maria de Souza Nunes,
publicada pela Editora Spala, em 1985.
A crônica secular das Fortificações luso-brasileiras compõem memorável
capítulo da história colonial. Primorosa linha de defesa, que delineou as
remotas lindes do território, não representava mero produto do engenho
diplomático e do descortino estratégico, expressivos componentes de uma perene
política de Estado. Avultava, sobretudo, como resultante da vitalidade da raça,
do rijo caráter nacional, da épica obstinação e do ancestral desassombro que,
desde o limiar dos tempos, impeliram os portugueses a portentosos empreendimentos
na realização de seu destino histórico.
A nacionalidade é a herança secular das ingentes lutas, dos penosos
sacrifícios e das soberbas conquistas de nossos maiores, de que os antigos
redutos coloniais prestam indelével testemunho no litoral, nas selvas, nas
fronteiras longínquas, na vastidão enfim do continente brasileiro.
Ali, na agrestia indomada dos sertões do Guaporé, sobranceiras na
barranca do Rio, as venerandas muralhas do Forte Príncipe da Beira entestam os
séculos, indiferentes às intempéries tropicais, insensíveis à agressiva mataria
que busca ocultar-lhes o simétrico perfil.
O Forte Príncipe da Beira, no silêncio de seus dias, revela a grandiosa
lição de fé, de coragem moral, de inequívoca determinação e de admirável amor à
terra natal que legaram às presentes gerações seus intrépidos construtores.
Reminiscência de pedra, marco do passado, o Forte Príncipe da Beira expressa a
mensagem histórica de nossa formação nacional. (NUNES)
(José de Mesquita)
Ao lento e doce fluir das águas do Madeira
Que te embala e te viu o berço e o crescimento,
Te estendes, do Mocambo ao Caiarí, faceira,
Aos céu; erguendo o porte altivo e cismarento.
Tua paisagem traz-me sempre ao pensamento
Teu passado viril, a tua História inteira,
E vejo-te enquadrada, entre o teu céu nevoento,
Entre a hevea, o açaí e a esbelta castanheira.
Porto Velho... de quando ao teu porto chegavam
Os arigós de outrora os que te desbravavam
A selva, aqui lançando um marco promissor,
Tu serás, dentro em breve, o Porto Novo, abrindo
O seio a quantos vêm teu futuro construindo,
Na epopeia sem par do mais nobre labor.
Bibliografia
FERREIRA, Manoel Rodrigues. Nas
Selvas Amazônicas – Brasil – São Paulo, SP – Editora Gráfica Biblos Ltdª,
1961.
NUNES, José Maria de Souza. Real
Forte Príncipe da Beira – Brasil – Rio de Janeiro, RJ – Editora Spala,
1985.
Solicito Publicação
(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de
Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;
· Campeão do II
Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989)
· Ex-Professor
do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);
· Ex-Pesquisador
do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);
· Ex-Presidente
do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);
· Ex-Membro do
4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS)
· Presidente da
Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);
· Membro da
Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);
· Membro do
Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);
· Membro da
Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO)
· Membro da
Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
· Comendador da
Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS)
· Colaborador
Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG).
· Colaborador
Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).
· E-mail: hiramrsilva@gmail.com.
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