Segunda-feira, 17 de agosto de 2015 - 00h21
Hiram Reis e Silva (*), Bagé, RS, 27 de abril de 2015
Luís Vaz de Camões
Os Lusíadas - Canto Segundo, I
[...] A luz celeste às gentes encobrindo,
E da casa marítima secreta
Lhe estava o Deus Noturno a porta abrindo,
Quando as infidas gentes se chegaram
As naus, que pouco havia que ancoraram.
22.03.2015 (domingo) – Almeirim, PA – Prainha, PA
Partimos de Almeirim, depois do café da manhã, por volta das 08h00, não havia muita pressa tendo em vista de que o percurso a ser vencido, até Prainha, era de apenas 113 km. Passamos novamente pelo belo Morro da Velha e pelas duas torres monumentais do Linhão Tucuruí-Macapá-Manaus.
O Mário resolveu atalhar pelo Paraná Chicáia em vez de enfrentar a forte correnteza do Amazonas. Tínhamos agora a oportunidade de avistar ambas as margens e admirar, de perto, a paisagem, a flora, a fauna, as palafitas e as cenas do cotidiano ribeirinho. As brincadeiras de dois bezerros bubalinos chamaram minha atenção e, em especial, por ser um deles albino (foto abaixo). Foi a primeira vez que tive a oportunidade de apreciar uma raridade destas.
Chegamos em Prainha, por volta das 17h00 e a nossa querida amiga Maria do Socorro Lima de Souza, Diretora de Cultura do Município já tinha reservado dois quartos no Hotel Ágape e realizado um reconhecimento prévio de petroglifos da Serra de São Roque para visitarmos.
23.03.2015 (segunda-feira) – Prainha, PA
O dia estava chuvoso e acompanhamos a Socorro numa extensa visitação que teve início nas diversas Secretarias do Governo de Prainha, onde tivemos a oportunidade de conhecer cada um de seus titulares. Mais tarde a Socorro levou-nos para conhecer cada um dos estabelecimentos de ensino e saúde de Prainha. A agradável surpresa ficou por conta dos disciplinados alunos da rede pública em seus uniformes imaculados.
Negrinho do Pastoreio
(Jayme Caetano Braun)
[...] o meu peito de índio vago
também sofreu igual sorte,
e hoje vagueia, sem norte,
sem fugir, por mais que ande,
deste formigueiro grande (grande conglomerado urbano)
onde costumes malditos
tentam matar aos pouquitos
as tradições do Rio Grande!
No período de 17 a 22 de junho de 2013, a convite dos Poderes Executivos Municipais de Frederico Westphalen e Alpestre, cumpri uma intensa pauta de 11 palestras tratando de assuntos relativos à Hiléia Amazônica. Protagonizei palestras na UFSM (Campus de Frederico Westphalen) e diversos estabelecimentos de ensino das cidades anfitriãs, para um público direto superior a 1.000 pessoas, além de conceder uma entrevista na Rádio Luz e Alegria AM-FM. Em cada sala de aula ou auditório pude sentir o interesse, o clima de respeito e educação de todo o corpo Discente.
Nas grandes cidades o ser humano perde sua individualidade e acaba transformando-se apenas em mais um número. As ações e manifestações coletivas por sua vez, não raramente, perdem o foco e acabam sendo manipulados por lideranças espúrias que representam apenas a vontade dos mais exaltados e mais radicais.
24.03.2015 (terça-feira) – Prainha, PA (Almeirim, PA)
A Socorro tinha informações de que no Projeto de Manejo Florestal Sustentado da Fazenda Pica-pau, localizado em Almeirim, PA, havia uma caverna onde poderíamos encontrar inscrições rupestres. Foi uma viagem longa, por estradas ruins, passamos por Jatuarana e Vista Alegre do Cupim, nossas velhas conhecidas, e quando estávamos chegando ao nosso destino encontramos a porteira fechada. Tivemos de fazer uma longa caminhada até o acampamento da Fazenda Pica-pau onde encontramos a engenheira florestal Silvia Maria Alves da Silva que nos ofereceu um bem-vindo almoço. A Silvia nos informou, porém, que precisaríamos dormir no acampamento para, no dia seguinte, irmos até a caverna, a caminhada para a caverna demandava uma jornada inteira. Descartamos esta alternativa e para não perder a viagem fomos com ela e sua equipe visitar as cachoeiras do Rio Águas Brancas. Chegamos à noite em Prainha e fomos direto para o hotel.
25.03.2015 (quarta-feira) – Prainha, PA (Rio Outeiro)
Partimos, depois das 09h00, com destino ao Rio Outeiro (antes denominado Rio Urubaquara) com o objetivo de conhecer a belezas naturais da Serra de São Roque e as inscrições rupestres da Pedra do Padre. Depois de alguns contratempos como a troca de guias chegamos ao nosso destino às 14h00, e visitamos pequenas cavernas e a Pedra do Padre cujas inscrições se encontram bastante deterioradas pela ação do tempo.
26.03.2015 (quinta-feira) – Prainha, PA – Santarém, PA
Pôr do sol em Cajazeiras
(Constantino Cartaxo)
O anoitecer é bem tranquilo em minha terra.
Como é bonito o sol cair lá no horizonte,
descer, qual tocha em fogo aceso atrás do monte,
dando a impressão de que mergulha em plena serra!
Quanta beleza junta a natureza encerra!
Eleve, amigo, o olhar e soerga a sua fronte
e conte a todo mundo e ao mundo inteiro conte
que é muito lindo o pôr do sol na minha terra.
Cenários a florir nós vemos desenhados,
embelezando os céus, no açude refletindo,
e, embaixo d'água, o sol, talvez vendo outro sol,
com raios a jorrar uns tons avermelhados
trazendo ao nosso olhar um panorama lindo:
o rosicler também formoso no arrebol.
Partimos cedo, tínhamos uma longa jornada pela frente até Santarém. Novamente o Mário optou por navegar em águas mais calmas adentrando no Paraná de Monte Alegre. No Paraná fiz contato com nosso caríssimo amigo Sargento PM Edilson Antônio Bezerra do Nascimento e com a Dona Jesuína, Secretária do Tenente-Coronel de Engenharia Cláudio José dos Santos Menezes. Informei ao Bezerra o horário de nossa chegada em Monte Alegre e à Dona Jesuína nossa previsão de chegada em Santarém bem como a solicitação de uma viatura de apoio, para às 10h00 de 27.03.2015, para me conduzir até a Casa de Hóspedes (CHO) do 8° BEC.
Quando chegamos em Monte Alegre o nosso querido amigo Bezerra nos esperava para o almoço com uma caldeirada em sua casa mas, como o Coronel Teixeira tinha marcado sua passagem aérea para o dia seguinte, fomos obrigados a declinar do convite. Fomos até a residência do Bezerra nos despedir de sua amável família onde a dona Branca, sua esposa, brindou-nos com uma porção generosa de bombons de sabores típicos da região.
Partimos dando continuidade à nossa empreitada com muita saudade dos queridos amigos que deixávamos em Monte Alegre. O Mário optou por retornar pelo Lago Grande de Monte Alegre. Iniciamos a navegação pelas calmas águas do Lago Grande, por volta das 14h25, e , às 17h10, passamos pela Comunidade Cueiras antes de adentrar no Rio das Amazonas.
Para afastar o desânimo que tentava se apossar de meu ser, o Grande Arquiteto do Universo providenciou um Pôr do Sol apoteótico. As nuvens apresentavam uma fantástica variedade de cores, que ao se refletir nas águas do grande Rio formavam um conjunto harmônico singular, capaz de estimular o coral de passarinhos a reverenciar com mais primor a jornada que ora se encerrava.
Nos últimos lampejos o G\A\D\U\ mostrou-me, nitidamente que minha missão na Amazônia não se encerrara e apontou-me um novo objetivo que se encontrava à Oeste. Meus pensamentos voltaram-se imediatamente para a Foz do Rio Jau, afluente do Rio Negro – Velho Airão, onde eu encontrara, na minha descida pelo Rio Negro (2009-2010), os mais belos petroglifos que avistara nos meus 11.500 km de navegação pela Amazônia Brasileira.
Aportamos em Santarém à meia noite e pernoitamos na Delta. De manhã o Coronel Teixeira foi para o aeroporto e eu aguardei a viatura que me conduziria até a CHO, por volta das 10h00. Mais uma vez contamos com o apoio irrestrito e cavalheiresco do Comandante do 8° BEC, Tenente-Coronel de Engenharia Cláudio José dos Santos Menezes. A cortesia característica da arma azul turquesa mais uma vez me maravilhava. Dia 30 de março de 2015, despedi-me dos irmãos de arma e retornei a Porto Alegre, RS.
Coletânea Desafiando o Rio-Mar – Santarém, PA
Em julho de 2014, o diretor da Editora da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (EDIPUCRS) prometeu-me que publicariam uma edição bilíngue da Coletânea do “Projeto Desafiando o Rio-mar” em papel “couchê” e sem qualquer ônus.
Entusiasmado com a proposta informei, antes de realizar a descidas do Rio Roosevelt (em outubro de 2014) e do Amazonas II (Santarém, PA a Macapá, AP), às Prefeituras, Instituições de Ensino e Polícias Militares dos Estados do Acre, Amazonas, Pará e Rondônia, amigos, investidores e apoiadores, de todo o Brasil que lhes enviaria gratuitamente a coletânea.
Ao aportar em Porto Alegre, RS, depois de concluir a 8° e última etapa do meu Projeto, contatei a EDIPUCRS para informar que estava prestes a concluir o 8° livro e, só então, fui informado de que a edição fora abortada e a justificativa apresentada era de que o cancelamento ocorrera em virtude de mudanças na direção das editoras do Paraná e do Rio Grande do Sul. Fiquei sabendo, portando, da anulação do contrato apenas porque tomei a iniciativa de contatá-los, uma falta de respeito total.
Continuamos na estaca ZERO, novamente, e procurando uma editora séria e RESPONSÁVEL para publicar nossa obra. Abrimos mão de quaisquer direitos autorais, nosso intuito foi e sempre será o de divulgar a história e assuntos relativos à Amazônia Brasileira.
(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;
Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);
Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);
Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);
Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM - RS);
Sócio Correspondente da Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER)
Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);
Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS);
Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG).
Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).
E-mail: hiramrsilva@gmail.com;
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