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Gente de Opinião

Hiram Reis e Silva

Antropologia Oportunista e Enganosa


Antropologia Oportunista e Enganosa - Gente de Opinião

“Os Recursos Naturais nas mãos de nações que não os querem ou não podem explorar deixam de se constituir em bens e passam a ser
ameaças aos povos que os possuem”. (Otto von Bismarck)

 

No artigo anterior fiz um pequeno relato de uma ocorrência, na BR-174, que teve participação direta do meu caro Comandante do 6° BEC Cel Ornélio da Costa Machado. Contatei, sem sucesso, amigos de longa data da arma de engenharia, com a finalidade de encontrá-lo para que ele reportasse, com suas próprias palavras, a sua versão sobre o fato e fiquei muitíssimo chocado ao ler em um jornal de Santa Catarina a triste notícia do seu passamento para o Oriente Eterno.

 

Hora de Santa Catarina
Florianópolis, SC – Terça-feira, 08.11.2016





Idoso Desaparecido há mais de uma Semana é Encontrado Morto na Cachoeira do Bom Jesus

[Leonardo Thomé]

 

Oito dias depois de sair para caminhar e não ser mais visto, o aposentado Ornélio da Costa Machado, 81 anos, foi encontrado morto na tarde desta terça-feira, próximo a uma região de mangue, na Cachoeira do Bom Jesus, quase no limite com Ponta das Canas, no norte da Ilha. [...] (HSC, 08.11.2016)

 

O Coronel Machado foi um dos “trecheiros” dos mais notáveis de nossa Engenharia Militar. A sua grande experiência aliada a um profundo conhecimento técnico e liderança invulgar transmitiam aos seus subordina­dos uma tranquilidade e confiança nas suas próprias capacidades permi­tindo que dessem o melhor de si para o cumprimento de tão augusta missão. Essa pesquisa tão específica permitiu que acessássemos um artigo do já mencionado antropólogo (?) Stephen G. Baines (nas páginas 42 a 45 do livro Descendo o Rio Branco – Tomo II), que reproduzimos novamente, em ordem cronológica:

 

O Território dos Waimiri-Atroari e
o Indigenismo Empresarial (pgs 17 e 18)
UNB – Brasília, DF –1993

[Stephen Grant Baines]



Um militar, capitão do 6º BEC ([1]), que acompanhava o General Euclydes de Oliveira Figueiredo e representantes da Paranapanema em suas visitas a esta área indígena, organizou reuniões em Manaus em 1983, apoiando a proposta da Paranapanema de financiar a implantação de fazendas modelo em troca de autorização para realizar pesquisa e lavra de mineração dentro da área indígena através de acordos diretos entre a empresa e os capitães Waimiri-Atroari com o pagamento de royalties. (BAINES, S. G. UNB, 1993)

 

 

Minhas reportagem a respeito do tema, sob o título “Resgates Históricos? Por quê?”, foi publicada no jornal digital ClicNews em 08.08.2011, reproduzida no FAPESP, no Blog Póstumo do Giulio Sanmartini no dia 15.08.2011 dentre outros, e sob cabeçalho “Indígenas e o Direito de Mineração” no jornal Gente de Opinião de 02.10.2011 e outros... foi também repercutido no meu livro “Desafiando o Rio-Mar – Descendo o Negro” editado pela AMZ Editora, em 2015.

 

Desafiando o Rio-Mar
Descendo o Negro
Caxias do Sul, RS – 2015

[Hiram Reis e Silva]

 

Os antropólogos de hoje, ideologicamente comprometidos, fundamentam suas “teses” e “laudos antropológicos” em posicionamentos ideológicos carregados de posturas pré-conce­bidas e não em fatos e comprovações científicas. O Dr. Stephen Grant Baines é apenas um exemplo destes famigerados antropólogos estrangeiros que são acolhidos pelas hostes entreguistas que vicejam neste país a soldo de interesses estrangeiros. [...] A inspeção, em julho de 1983, do Gen Euclydes de Oliveira Figueiredo, Comandante do Comando Militar da Amazônia (CMA), foi uma inspeção de rotina a uma Unidade Militar sob seu comando e só faziam parte da comitiva os militares do comando do CMA, 2° Grupamento de Engenharia de Construção e do 6° BEC.

 

A verdade é que o Ministro Extraordinário para Assuntos Fundiários General Danilo Venturini, em agosto de 1983, determinou ao Comandante do 6° BEC, Coronel de Engenharia Ornélio da Costa Machado, que realizasse estudos junto às Comunidades nativas para verificar da possibilidade de exploração de minérios em terras indígenas por empresas privadas.

 

Depois de ouvir primeiramente as lideranças UA, suas reivindicações e aspirações [elas é que solicitaram a criação de 100 cabeças de gado em pequenas fazendas-modelo], iniciei, junto com meu “convidado” o pseudo-antropólogo Baines, uma série de reuniões, com a FUNAI e representantes da Paranapanema.

 

Ao final, apresentei um relatório em que mostrava as pretensões das lideranças caso sua terra fosse objeto de exploração mineral, as colocações da FUNAI, do Baines e do Grupo Minerador Paranapanema. Minha conclusão era de que a exploração era viável desde que respeitadas e ouvidas as Comunidades envolvidas, a FUNAI, e que os nativos tivessem uma contrapartida da extração. (REIS E SILVA, HIRAM, 2015)

 

 

Parece que o resultado do meu relatório, meses depois transformado em Decreto Presidencial e, mais tarde, referendado pela constituição de 1988 não estava tão distante do que pensam nossos representantes legais. Qual não foi minha surpresa encontrar um documento mais atual do Baines em que ele usa as mesmas palavras de meus artigos e livro, alterando radicalmente o seu texto de 1993, sem mencionar a autoria de sua fonte.

 


Mineração e Usinas Hidrelétricas em Territórios de Povos Indígenas e de Outras Populações Tradicionais na Região Amazônica: A Necessidade de Novas Críticas Epistêmicas


29ª Reunião Brasileira de Antropologia
Natal, RN – 03 a 06.08.2014

[Stephen Grant Baines]




Em reuniões realizadas em Manaus, entre representantes (?) do 6º Batalhão de Engenharia de Construção [6° BEC] do Exército ([2]), representantes do Grupo Paranapanema e da FUNAI, organizadas


por um capitão do ([3]), o mesmo afirmou que o Ministro Extraordinário para Assuntos Fundiários General Danilo Venturini, em agosto de 1983, determinou ao Comandante do 6° BEC, Coronel de Engenharia Ornélio da Costa Machado, que realizasse estudos junto às comunidades indígenas ([4]) para verificar da possibilidade de exploração de minérios em terras indígenas por empresas privadas.


([5])

 

 

Esse pseudo-antropólogo continua fazendo a cabeça dos nossos jovens, fabricando teses e minando a presença nacional na Amazônia impunemente.

 

Fontes:

 

BAINES, 1993. O Território dos Waimiri-Atroari e o Indigenismo Empresarial – Brasil – Brasília – UNB, 1993.

 

BAINES, 2014. Mineração e Usinas Hidrelétricas em Territórios de Povos Indígenas... – Brasil – Natal – 29ª Reunião Brasileira de Antropologia, 03 a 06.08.2014.

 

HSC, 08.11.2016. Idoso Desaparecido... – Brasil – Florianópolis – Hora de Santa Catarina, 08.11.2016

 

REIS E SILVA, HIRAM, 2015. Desafiando o Rio-Mar – Descendo o Negro – Brasil – Caxias do Sul, RS – AMZ Editora, 2015.

 

 

Solicito publicação:

 

(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;

Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989)

Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);

Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);

Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);

Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS)

Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);

Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);

Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);

Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO)

Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);

Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS)

Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG).

Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).

E-mail: hiramrsilva@gmail.com;

Blog: desafiandooriomar.blogspot.com.br



[1]    Eu, Capitão de Engenharia Hiram Reis e Silva, não acompanhava a comitiva, recebia-a na Aldeia Uaimiri-Atroari, chamada Terraplenagem, comandada pelo Tuxaua Viana.

[2]    Havia apenas um representante do 6° BEC, eu, o Capitão de Engenharia Hiram Reis e Silva, responsável pela presença do Baines na tal reunião.

[3]    Faltou 6° BEC no original.

[4]    Trocou a palavra “nativas” por “indígenas” do texto original por mim redigido.

[5]    Mais adiante o Baines falta com a verdade novamente. Ao omitir meu nome mesmo usando informações retiradas de artigos de minha lavra mostrando quão tendencioso é. Omite, também, intencionalmente, que a primeira reunião realizada foi com as lideranças Uaimiri-Atroari.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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