Terça-feira, 7 de julho de 2020 - 10h46
Bagé, 08.07.2020
O Coronel de Engenharia Higino Veiga Macedo, meu Caro
Amigo e Mentor (com letras maiúsculas mesmo), enviou-me outro texto de sua
autoria que faço questão de compartilhar com os leitores.
As Estrelas e
a Ciência Médica
Por Higino Veiga Macedo (*)
Nada tem significado que não seja uma defesa
intransigente da vida, do SUS e da ciência [...] A ciência é a luz, é o
iluminismo [...] É através dela que vamos sair dessa.
(Luiz Henrique Mandetta [1])
Tempos de COVID-19.
O ocidente está assustado. O BRASIL se arma com o Decreto Legislativo N° 6, de
20 de março de 2020. Reconhece-se a ocorrência do estado de calamidade pública.
Em cascata, os Estados e Municípios seguem no “efeito manado”.
A mídia televisiva
arranca especialistas de todos os lugares. A China alimenta o ocidente a
conta-gotas sobre o que sabem da doença. Aliás, ninguém sabe nada sobre ela na
superfície da deusa romana TELO. O empirismo impera. Empirismo bem próximo de
George Berkeley, mas não muito longe da tentativa e erro. Entretanto, as “estrelas médicas” iluminam os céus da
COVID-19 com discursos inflamados a favor da ciência. Qualquer novidade salta
uma “estrela” e arrota: não há
comprovação científica.
Claro, não houve
tempo ainda. Nada além da técnica “erística”:
debate como combate; controvérsia sofista, para passar o tempo. E por não ter
comprovação científica, não se tenta nada... Volta a humanidade no tempo. Como
não se tentou nada com: a “peste de
Atenas” (430-427 A.C); a “peste negra”
na Europa (1347-1353) e a “gripe
espanhola” (1918-1919).
O COVID-19 veio para
baixar os brilhos das estrelas mal iluminadas que se sentem de primeira
grandeza. Veio para mostrar aos médicos, que suas formações profissionais estão
deficientes. Veio para mostrar que as faculdades de medicina, “pagou, passou”, só vendem incompetência
e o povo colhe “sofrencia”.
A definição
elementar de ciência, a de escola de segundo grau é: se provocado um fenômeno,
o cientista é capaz de dirigi-lo, no tempo e no espaço, e saber seu resultado
com medidas. Há o conceito “pré”
entre início e o fim. Sem desconsiderar inteligências: o cientista sabe a causa
e o efeito, mensurados.
Mas, sobre a COVID-19
não se sabe nada, como as estrelas confessam. Onde estão as ciências? O
fenômeno está controlado? Como então a solução será por ciência? O resultado
tem que ser agora e não esperar pesquisa científica. “É meglio un uovo oggi di una gallina domani” ([2]) como diz o italiano. As
exigências aos milhares, na área de saúde, para as pesquisas, é que elas,
pesquisas, nunca são conduzidas por entes estatais ou públicos. E sim por
laboratórios particulares apostando no lucro futuro, o que é ético.
Então, partamos e
aceitemos como iniciativa proativa as tentativas e erros. Se não há ciência,
resultado científico, cientista conduzindo o fenômeno acreditamos na
inteligência dos milhares de médicos em busca de soluções. Morrer, mas morrer
peleando, diz a música gaúcha. Se haverá insucesso, pelo menos tentou. Não pode
é “ficar sentado à beira do caminho”
esperando a morte de seu paciente chegar.
Que tal aplicar a
Segunda máxima da Moral Provisória do Discurso do Método de Descartes: “não estando em nosso poder discernir as
opiniões mais verdadeiras, devemos seguir as mais prováveis” ([3]).
Resta assistir na
pandemia um pandemônio de orientações discordantes, mas todas “fazendo ciência”. Novo socorro de
Descarte “decidir por algumas... não mais
considerá-las duvidosas... mas como verdadeira e corrigi-las na experiência”.
Isto, modernamente, se chama coragem de decisão.
E onde está a
deficiência da formação profissional da medicina claramente demonstrada pelo
COVID-19?
Começa na ciência.
Onde está a ciência? Ou, se faz apenas aplicar tecnologia de ciências alheias?
Medicina não faz
ciência. A medicina apenas identifica o mal. Aplica ciência, vinda da química.
Medicina no Brasil é muito ruim de conhecimento bioquímico e de conhecimento
farmacológico. O remédio para qualquer mal é puramente química. Um exercício
mental com química: dosagem, período, frequência.
Daí as enormes
inseguranças em aplicar alguma droga que não esteja tabulada em algum lugar. Se
der erro, a culpa é do “PAPER” do
laboratório XY. Há uma covardia profissional disseminada. Ninguém arrisca. Ora
se há o risco da morte, este é o maior risco. Nem precisa de medicina para
entender que até água mata: por excesso ou por falta.
Quando chegam a
aplicar o remédio, os laboratórios já lhes estabeleceram a dosagem, os efeitos
colaterais, os impedidos de usar... Apenas ajustam a dosagem à química de cada
corpo, que é único.
O que mais mostrou o
COVID-19? O completo despreparo de médicos novos nos trânsitos pelo TRATAMENTO
INTENSIVO. É compreensível tratar-se de especialidade complexa, desgastante,
que requer resistência física e psicológica. Se é conhecimento importante, como
demonstrou ser, há que ser de grande relevância na formação. É a “Linha de Frente” como muito repetem. Um
militar diria: é a “linha de contato”.
Por isso, tem de ser jovem: como na guerra o são o tenente, o sargento, o cabo
e o soldado. Todos com elevada capacidade física, resistência à fadiga,
resistência ao desconforto, sublimação da dor...
Há algo mais que o COVID-19
DENUNCIOU? Houve outro muito relevante. O número de Agentes de Saúde
contaminados. Do alto de suas autoconcedidas importâncias, os usos de
equipamentos de segurança são para subordinados. Há uma observação, no renomado
Hospital Albert Einstein: o departamento de Segurança do Trabalho tem enormes
desgastes com os figurões; eles estabelecem critérios, mas nunca obedecem.
São donos de
equipes. Os mais novos seguem os exemplos e se autoconcedem mais importância
que tem.
O COVID-19 está
sendo uma lástima no mundo. Tomara que, as lições deixadas, sejam notadas,
aprendidas e correções aplicadas. Que se faça a correção nas formações: que
sejam em universidades estruturadas; que o intensivismo seja valorizado à
exaustão; que a bioquímica e farmácia sejam exaltadas.
As
estrelas tiveram suas luzes atenuadas. A ciência médica, como ciência,
desmascarada.
Solicito Publicação
(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de
Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor
e Colunista;
· Campeão do II
Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989)
· Ex-Professor
do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);
· Ex-Pesquisador
do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);
· Ex-Presidente
do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);
· Ex-Membro do
4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS)
· Presidente da
Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);
· Membro da
Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);
· Membro do
Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);
· Membro da
Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO)
· Membro da
Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
· Comendador da
Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS)
· Colaborador
Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG).
· Colaborador
Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).
· E-mail: hiramrsilva@gmail.com.
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