Quarta-feira, 3 de junho de 2020 - 06h05
Bagé, 03.06.2020
A
Cerâmica de Santarém, notável pelo bom gosto e difícil estilização, caracteriza-se
também pela abundância e variedade dos motivos plásticos supostamente filiados
às civilizações do continente centro-americano. (CAPUCCI)
A arqueologia evita
chamar de “Tapajônicos” ou “Tapajoaras” os vestígios culturais
encontrados nas proximidades da Bacia do Rio Tapajós, preferindo considerá-los
parte de um complexo cultural maior, denominado “Santarém” ou “Santareno”.
Apesar de não desfrutar do mesmo interesse dedicado à cultura Marajoara é,
certamente, a Cerâmica mais antiga da Amazônia e uma das mais belas do mundo,
apresentando detalhes refinados e ornamentos análogos à chinesa. A Cerâmica de
Santarém ainda se recente de pesquisas baseadas em escavações estratigráficas ([1]).
Datação
– Carbono-14
A quantidade de carbono-14
dos tecidos orgânicos mortos diminui num ritmo constante com o passar do tempo.
A medição do carbono-14 de um fóssil fornece elementos que permitem mensurar
quantos anos decorreram desde sua morte.
Esta técnica é
aplicável somente a material que conteve carbono em alguma de suas formas ou o
absorveu e só pode ser usada para datar amostras que tenham, no máximo, 70 mil
anos de idade. Embora este tipo de datação seja a mais conhecida e utilizada
existem, na atualidade, métodos mais modernos de datação absoluta.
Termoluminescência
A termoluminescência
avalia a luminescência provocada pelo aquecimento de sedimentos e objetos
arqueológicos. É especialmente utilizada para datar objetos que contêm
minerais, como o quartzo (SiO2) e a calcita (CaCO3). Podem ser datados
fragmentos de cerâmicas, materiais líticos queimados e cinzas de fogueira de
até duzentos mil anos, sendo que a imprecisão deste método gira em torno de 7%
a 10%.
Arqueomagnetismo
Outro método moderno é
o do arqueomagnetismo que analisa as variações seculares ou alterações do
campo magnético terrestre. O estudo da magnetização remanescente de uma rocha
sedimentar permite que se determine o campo magnético terrestre no momento de
sua formação. O método é especialmente indicado para a datação de fornos e de
algumas cerâmicas que guardem certa magnetização.
Terras
Pretas
Narra-nos Frederico Barata,
membro do Instituto de Antropologia e Etnologia de Belém, no seu livro “A Arte Oleira dos Tapajó III”:
Conta-nos
Bates que, quando pela segunda vez chegou a Santarém, em novembro de 1851, o
Bairro da cidade hoje conhecido como “Aldeia”
era ainda habitado pelos Índios que, uma vez por ano, desciam ao quarteirão dos
brancos para executar suas danças, espontaneamente e com o fito exclusivo de
divertir o povo da localidade.
Coincide
a informação com a de Ferreira Penna que, descrevendo Santarém, divide a povoação
em duas partes distintas: “a cidade
própria que fica muito aconchegada ao Morro da Fortaleza e a Aldeia, que se
estende para Oeste”, acrescentando que esta, há 15 anos [escrevia em 1869
e, portanto, se referia a 1854] ainda exclusivamente habitada por descendentes
dos Índios, começava a ser invadida pela cidade´
Já aparecendo aí algumas casas bem construídas que
contrastavam com as cabanas dos velhos indígenas.
Esses Índios,
todavia, não eram mais os Tapajó, cujos últimos representantes tinham sido
exterminados pelos portugueses, em aliança com os Mundurucu, após o ataque a
Santarém de 1835-1836, onde tão poucos escaparam da carnificina que, em 1852,
Bates proclamava não se encontrar um velho ou homem de meia idade no lugar [segundo
Bates].
Hoje,
cem anos decorridos, a cidade de Santarém estendeu suas ruas por toda a antiga
Aldeia e entre os habitantes desapareceu por completo a recordação dos
moradores Índios.
Pessoas
idosas, por mim interpeladas, apenas se referem ao tempo deles como coisa de um
passado muito remoto e quase olvidado.
E menos
do que a tradição oral, o que ocorre para manter viva a lembrança de terem Índios
outrora vivido na Aldeia, é o constante aparecimento à superfície de diminutos
cacos da velha Cerâmica indígena, no próspero Bairro santareno dos nossos dias,
que o povo conhece pela designação de “caretas”
ou como “panelas de Índio”, se são
vasos de forma definida ou menos fragmentados. Já Nimuendaju, ocupando-se das
terras pretas como moradas antigas dos Tapajó e estranhando que Hart [1870-1871]
e Smith [1874], ao fazerem o levantamento geológico do Rio Tapajós, tenham
citado tantas e desconhecido a maior de todas que é a de Santarém-Aldeia,
aponta a Rua da Alegria e suas travessas como as mais ricas do que chama “restos de Cerâmica velha”.
Robert
e Rose Brown, muito mais tarde, em 1944, demoraram-se meses em trabalho na
Aldeia, onde lograram reunir a grande coleção museológica hoje pertencente à
Fundação Brasil Central, no Rio de Janeiro. Informaram-me, posteriormente, que
o principal achadouro [“the best source
of caretas”] era o quintal de uma gorda mulher, cega de um olho e com cerca
de seis filhos, na parte alta e bem junto da casa em que viviam duas velhas
fabricantes das características bonecas tão apreciadas pelos turistas.
Com
esses dados, identifiquei a casa, na rua Benjamim Constant, e foram as duas
referências de Nimuendaju e Robert Brown que orientaram as minhas primeiras
pesquisas em Santarém-Aldeia. Resultaram elas completamente infrutíferas,
porém, e em 11 quintais de terras-pretas, escavados nas travessas da Alegria e
na Benjamim Constant, inclusive o terreno assinalado por Brown, não encontrei
senão fragmentos esparsos e minúsculos da Cerâmica dos Tapajó.
O
primeiro local em que obtive êxito foi num quintal à Rua Galdino Veloso, da
casa de D. Olívia, já em 1951. Posteriormente, consegui magnífico material de
dois outros quintais, fundos das casas de um barbeiro, à Rua 24 de Outubro e de
um ferreiro, à Av. Rui Barbosa, 1.408.
Em
todos os três – e aí está talvez a razão de terem Nimuendaju e Brown dado como
cheios de Cerâmica terrenos onde nada mais se pôde encontrar – verifiquei que a
maioria dos vasos estava depositada numa espécie de bolsão, espaço diminuto que,
em geral, não excedia de 2,5 a 4 metros quadrados, amontoados os fragmentos até
o nível da terra amarela que se segue à preta, numa profundidade variável de 30
a 80 centímetros.
A
explicação da existência desses bolsões, reunindo em um só ponto toda a Cerâmica,
está em que, ao se estender a cidade para a velha Aldeia, deparavam-se os novos
moradores com o terreno coberto de vasos e fragmentos, abandonados outrora
pelos Índios.
Para
limparem os seus quintais, fosse por uma questão simplesmente de asseio, fosse
por um certo temor supersticioso em relação aos objetos indígenas, que sabiam
sempre ligados ao culto dos mortos, cavavam um grande buraco e varriam para ele
a Cerâmica espalhada na superfície.
Por
isso, não raro se encontra assim concentrado, num mesmo ponto, o material
arqueológico; e por isso, em geral, já são os vasos achados completamente
fragmentados, embora se possam selecionar os pedaços capazes de permitir a
reconstituição de muitos deles. Fora desses bolsões, é sempre difícil se
encontrar alguma coisa.
Tive a
atenção primeiro despertada para isso quando, achando-me em Santarém, chegou-me
a notícia de que, no terreno ao fundo da barbearia, na rua 24 de Outubro,
haviam sido retirados alguns bonitos vasos de gargalo e cariátides. Fui
imediatamente até lá em companhia do meu amigo Paulo Rodrigues dos Santos, que
conhecia o barbeiro mas, infelizmente a dona da casa e as crianças, sem cuidado
algum, já tinham revolvido o bolsão e reduzido a cacos minúsculos e inúteis uma
boa dezena de peças, preocupadas que se achavam em retirar inteiras apenas as
de dois tipos – de gargalo e de cariátides – para as quais, pela sua beleza e
popularidade, sempre há compradores a bons preços.
Adquiri
os fragmentos e vasos encontrados e consegui licença para escavar o resto do
terreno. Fora do espaço limitado do bolsão que se situava num pequeno quadrado
entre a casa e o cercado do vizinho, não havia, entretanto, mais nada.
Um
filão desses é que Robert Brown deve ter explorado no terreno a que se refere,
na Rua Benjamin Constant. Se tivesse tido de inspecionar a área total,
verificaria não haver nem mais uma careta sequer.
Deduz-se
do exposto que, em Santarém-Aldeia, se torna impossível ou, pelo menos inútil
qualquer estratigrafia. O material, assim arrastado para os bolsões, acha-se
arbitrariamente misturado e comumente reúne, num mesmo nível, Cerâmica típica
dos Tapajó e outras também antigas mas dela bem diferenciadas pelo estilo, a
fragmentos de alguidares e bilhas de moderna olaria e até a cacos de pratos e
xícaras de porcelanas ou de garrafas de cerveja.
Da mesma
maneira, o que se encontra fora dos bolsões é sempre em terras pretas
secularmente revolvidas por serem consideradas preferenciais para a lavoura. Pesquisas
estratigráficas terão de ser orientadas com êxito, possivelmente, para regiões
adjacentes de Santarém, onde a vida civilizada ainda não se desenvolveu tanto e
onde as terras pretas, cobertas de árvores antigas, como, no planalto,
constatou Nimuendaju, talvez tenham sido menos trabalhadas para as roças e
conservem a Cerâmica nas camadas em que foi deixada pelos Índios.
É
inegável, contudo, que o abundante material recolhido em Santarém-Aldeia
oferece inestimável interesse para a tipologia e para melhor apreciação do
estilo tapajônico.
E foi
por assim pensar que resolvi destacar o conjunto de peças extraídas dos bolsões
referidos algumas que, pelo seu ineditismo, podem contribuir para aumentar os
elementos tipológicos, até aqui disponíveis, para o estudo de uma Cerâmica
ainda tão pouco divulgada e conhecida como é a de Santarém. (BARATA, 1954)
A maioria das peças e
fragmentos de Cerâmica santarena encontrados nos museus e coleções particulares
têm sua origem nas zonas de “terra preta”,
ou nos “bolsões”. A população, ainda
hoje, encontra e retira, sem qualquer cuidado, estes artefatos para vendê-los.
É a história e a cultura maravilhosa de um povo que, aos poucos, vai se
perdendo.
Comércio
Irregular de Relíquias Históricas
As relíquias
arqueológicas de Santarém correm perigo real e imediato.
Comerciantes
desonestos, donos das maiores lojas de artesanato da Cidade e arredores,
vendem, sem qualquer tipo de controle, antiguidades aos turistas interessados.
O comprador é conduzido até os fundos das lojas onde tem acesso a um sem número
de peças e fragmentos de Cerâmica da cultura tapajônica.
O comércio ilegal é
abastecido sobretudo por achados fortuitos em comunidades rurais ao redor de
Santarém, na sua maioria pequenos fragmentos, embora exista um tipo de tráfico,
mais sofisticado, envolvendo peças inteiras, como vasos, estatuetas de Cerâmica
e os raríssimos Muiraquitãs. Em reportagem, de 17.10.2005, a Folha de São Paulo
flagrou venda de material arqueológico nas lojas: “Muiraquitã” e “Atmosphera
Amazonica”. Os comerciantes ofereceram ao repórter, na oportunidade,
machados de pedra pré-históricos de origem não-especificada.
Essas
peças passaram muito tempo na minha casa, sendo restauradas. Acabei vendo-as
anos depois na televisão.
(Laurimar Leal)
Em 2002, um casal
identificado apenas como Glória e Kiko, comprou em Santarém e revendeu duas
estatuetas para a Cid Collection, coleção arqueológica de Edemar Cid Ferreira,
dono do Banco Santos. A Cid Collection chegou a contar com 1.200 peças pré-históricas,
incluindo diversos Muiraquitãs. O material foi confiscado após a quebra do
Banco Santos e está armazenado no galpão que ele mantém no Jaguaré, na Zona Oeste
de SP. A diferença entre o estado atual da coleção e a época em que ela
pertencia ao banqueiro é que agora parte das peças correm risco de
deterioração.
Edemar deixou de pagar
as contas de luz do depósito e o ar condicionado parou de funcionar, colocando
em risco a arte plumária e os documentos que necessitam de climatização
adequada. Por decisão judicial, as obras deveriam estar no MAE (Museu de
Arqueologia e Etnologia) da Universidade de SP. O galpão abriga cerca de 2.000
peças; uma outra parte da coleção está guardada na casa do banqueiro. A Cid
Collection foi legalizada pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional), em 2002, após um acordo com Cid Ferreira. O IPHAN, que
deveria zelar pelo patrimônio arqueológico, tornou-se um aliado de Edemar,
permitindo que as obras corressem risco. O comércio ilegal e a destruição de
sítios arqueológicos na região são fortalecidos pela pobreza e ignorância da
população e pelo descaso do poder público.
Márcio
Amaral o “Arqueólogo” Santareno
Ele
sabe mais sobre Cerâmica Santarena do que qualquer pessoa. Poucos dos meus
estudantes de pós têm o treinamento que ele tem. (Anna Roosevelt)
Márcio Amaral trabalha
como jardineiro e como vigia de um depósito mantido em Santarém pela arqueóloga
Anna Roosevelt. Amaral foi treinado por Roosevelt e chegou a ser coautor em um
dos trabalhos científicos da americana. A equipe de Roosevelt é a única a
realizar escavações sistemáticas na Cidade, embora seus membros não residam em
Santarém.
Você
vai perguntar: Poxa, mas isso não é ilegal? Mas, já que o Estado não tem
capacidade, eu, como cidadão, tenho o dever de zelar pelo patrimônio.
(Márcio Amaral)
Amaral possui uma
coleção particular de fazer inveja ao pequeno Museu da Prefeitura de Santarém:
fragmentos de Cerâmica, ídolos de barro e até mesmo Muiraquitãs. A ausência de
extensões do IPHAN ou do Museu Paraense Emílio Goeldi, na Cidade, permitem que
estas irregularidades se perpetuem.
Relatos
Pretéritos
Henry
Walter Bates (1851)
Bates chegou a
Santarém, pela segunda vez, em novembro de 1851 onde permaneceu por quase um
ano. Em junho de 1852, subiu o Rio Tapajós e penetrou, em 03.08.1852, no Rio
Cupari, nosso velho conhecido. O naturalista dedicou pouco de seu tempo aos
artefatos de Cerâmica e, mesmo assim, apenas aos relacionados à Cerâmica
produzida pelos nativos atuais.
Nas
terras baixas da mata, à beira do Rio, o solo é coberto por uma argila branca e
dura, que fornece ao povo de Santarém a matéria-prima para a feitura de potes
de barro e toscos utensílios de cozinha. Todo o vasilhame usado pelas classes
mais pobres da região, tais como chaleiras, frigideiras, cafeteiras, tachos,
etc., bem como os fornos para torrar mandioca, são feitos dessa mesma argila, que
é encontrada regularmente em todo o Vale do Amazonas, desde os arredores do
Pará até as fronteiras do Peru, formando parte dos vastos lençóis de tabatinga.
Para os potes suportarem o calor do fogo, é misturada à argila a casca de uma
árvore chamada caripé, depois de queimada, o que dá resistência à Cerâmica. A
casca dessa árvore é encontrada à venda nas lojas da maioria das cidades,
acondicionada em cestos. (BATES)
Bibliografia:
BARATA,
Frederico. A Arte Oleira dos Tapajó III – Brasil – São Paulo – Revista do Museu
Paulista, 1954.
BATES,
Henry Walter Bates. Um Naturalista no Rio Amazonas – Brasil – São Paulo –
Livraria Itatiaia Editora Ltda – Editora da Universidade de São Paulo, 1979.
Solicito
Publicação
(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de
Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor
e Colunista;
· Campeão do II
Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989)
· Ex-Professor
do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);
· Ex-Pesquisador
do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);
· Ex-Presidente
do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);
· Ex-Membro do
4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS);
· Presidente da
Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);
· Membro da
Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);
· Membro do
Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);
· Membro da
Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO);
· Membro da
Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
· Comendador da
Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS);
· Colaborador
Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG);
· Colaborador
Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN);
· E-mail: hiramrsilva@gmail.com.
[1] Estratigrafia: a estratigrafia baseia-se nos
princípios de sobreposição dos sedimentos em que as camadas mais profundas são
as mais antigas e as superficiais mais novas aplicando esta relação aos objetos
aí encontrados.
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – X
Bagé, 20.12.2024 Continuando engarupado na memória: Tribuna da Imprensa n° 3.184, Rio, RJSexta-feira, 25.10.1963 Sindicâncias do Sequestro dão e
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – VI
Silva, Bagé, 11.12.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 224, Rio de Janeiro, RJ Quarta-feira, 25.09.1963 Lei das Selvas T
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – IV
Bagé, 06.12.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 186, Rio de Janeiro, RJSábado, 10.08.1963 Lacerda diz na CPI que Pressõessã
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – III
Bagé, 02.12.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 177, Rio de Janeiro, RJQuarta-feira, 31.07.1963 JB na Mira O jornalista H