Quinta-feira, 4 de junho de 2020 - 11h20
Bagé, 04.06.2020
Charles
Frederick Hartt (1870)
O
material arqueológico tem sido tão rico que tem sido difícil de analisar. Novas
coleções têm chegado constantemente, e o que eu pretendia que fosse um breve
relato das antiguidades do Baixo Amazonas, evoluiu para um grande volume sobre
as antiguidades de todo o Império. Nesse trabalho, agora bem avançado em
direção à finalização, eu proponho não só retratar e descrever os objetos que
chegaram às minhas mãos, como artefatos de pedra, Cerâmica, vestígios humanos,
etc., mas dar descrições dos sambaquis, cemitérios, inscrições rupestres, etc.
(HARTT).
Hartt, nos anos de 1870
e 1871, escavou o sambaqui de Taperinha a 40km de Santarém. A profundidade da escavação
foi de seis metros, e além de conchas, foram encontrados ossos humanos, de
peixes e Cerâmica. A Cerâmica, segundo Hartt, era:
Fabricada
de argila, contendo proporção considerável de areia muito grossa, sem caripé e
tendo a superfície relativamente lisa. Os fragmentos indicam que as vasilhas
tiveram pela maior parte a forma de taça com fundo bem arredondado. A margem é
muito simples, chanfrada do lado interno e um pouco virada para fora. Não são
lustrados nem pintados, e pela maior parte mostram-se inteiramente despidos de
ornamentações. Alguns pedaços, porém, apresentam riscos toscos do lado
exterior, logo abaixo da margem e indicando aparentemente tentativas de
decoração. (HARTT)
Hartt considerou que
enorme quantidade de conchas encontradas sugeria que a alimentação básica dos
nativos de Taperinha era feita de moluscos que, naquela época, eram abundantes
e de fácil aquisição, o que não ocorria no ano de sua viagem. Segundo ele:
Parece,
portanto, que, depois de formado o sambaqui, tenha havido uma importante
mudança física na Bacia do Amazonas. A própria posição do depósito torna mais
provável esta hipótese. Em vez de estar situado em terrenos de aluvião nas
margens do Paraná-mirim, este depósito acha-se à uma distância considerável do
Rio, atrás de uma zona pantanosa de travessia difícil e numa altura
considerável acima do maior nível das enchentes. (HARTT)
Hartt encontrou,
também, a presença de vestígios em Itaituba, Diamantina e em Pá-Pixuna, onde
encontrou fragmentos de Cerâmica em até 2 metros de profundidade. Considerou
que a grande fertilidade do solo nestas áreas motivou a vinda de grupos humanos
para estes locais. Em Pá-Pixuna, suas escavações encontraram fragmentos de
estatuetas e instrumentos de pedra. Hartt compara o material encontrado nestes
sítios com a Arte Marajoara, afirmando que são muito diferentes e que a
pintura:
[...] é
frequentemente lustrada com barro branco e pintada, mas não vi ornatos em
linhas pintadas ou gravadas como as de Marajó. (HARTT)
Hartt atribuiu a
autoria dos objetos encontrados aos Tapajó:
[...]
tribo foi encontrada pelos brancos na posse desta região, na época da primeira
descoberta, e que deu nome ao Rio. (HARTT)
João
Barbosa Rodrigues (1872)
A
arqueologia é hoje uma ciência, por isso nela tudo deve ser exato e preciso; os
nomes criados para seus monumentos devem perfeitamente caracterizá-los.
(Barbosa Rodrigues)
Barbosa Rodrigues foi
designado pelo Império para explorar as Bacias dos Rios Tapajós, Trombetas e
Nhamundá onde recolheu amostras e catalogou dados etnográficos. Em 1872,
percorreu o Rio Tapajós, elaborando o mais completo histórico até então, no
qual mesclava suas próprias pesquisas e observações com a de outros cronistas.
Barbosa Rodrigues encontrou machados, estatuetas, fragmentos de Cerâmica,
trilhas escavadas nas Serras e sambaquis.
Barbosa Rodrigues
afirmava que os artefatos líticos formavam um conjunto de “instrumentos e armas de pedra”, e que ele era “o primeiro que os estuda e descreve no Brasil”. Considerava-os como
verdadeiros “guias arqueológicos, que só
dão luz à etnografia” e classificou-os em “armas de guerra, utensílios de uso agrícola e doméstico e enfeites.
Os primeiros compõem-se de massas, de pontas de flecha
e de uma espécie folha de alabardes, e os outros, de machados, enxós, cunhas,
mãos de pilão, mós, etc, e os últimos, de Muiraquitãs”.
Ainda
hoje, para muitos, o Muiraquitã é uma pedra sagrada, tanto que o indivíduo que
o traz no pescoço, entrando em casa de algum tapuio, se disser: muyrakitan
katu, é logo muito bem recebido, respeitado e consegue tudo o que quer.
(Barbosa Rodrigues)
No Rio Tapajós, próximo
à Cachoeira do Buburé, encontrou um sítio que teria servido de oficina lítica;
comparando os sulcos nas pedras ao formato do corte dos machados, deduziu como
eram manufaturados estes objetos. Em relação aos artefatos “votivos” e enfeites como os Muiraquitãs,
ele afirma que tinham a finalidade de proteger os indígenas nos seus afazeres
diários e nos combates.
Maurício
de Heriarte (1874)
O historiador Heriarte
menciona a adoração de corpos mumificados e destaca o apreço que os indígenas
devotavam aos Muiraquitãs, que era usado como elemento de troca e de dote
matrimonial.
[...]
pedras verdes, que os Índios chamam de Muiraquitãs e os estrangeiros do norte
estimam muito; e comumente se diz que estas pedras se lavram, neste Rio dos
Tapajós, de um barro verde, que se cria debaixo da água, e debaixo dela fazem
contas redondas e compridas, vasos para beber, assentos, pássaros, rãs e outras
figuras; e, tirando-o feito debaixo da água, ao ar, se endurece tal barro de
tal maneira que fica convertido em mui duríssima pedra verde; e é o melhor
contrato destes Índios e deles estimado. (HERIARTE)
Curt
Nimuendaju (1923)
Curt Nimuendaju nasceu
em Jena, Alemanha, no dia 17.04.1883, naturalizou-se brasileiro, em 1922, e
morreu em 1945, em uma aldeia Tikuna, no Alto Solimões. Conviveu com um grande
número de culturas nativas de todas as regiões do Brasil e, a respeito de sua
formação ele afirmava:
[...]
não tive instrução universitária de espécie alguma, vim ao Brasil em 1903,
tinha como residência permanente, até 1913, São Paulo, e depois Belém do Pará,
e em todo o resto foi, até hoje [1939], uma série ininterrupta de explorações (NIMUENDAJU).
Foi batizado pelos
Guaranis em 1906, e com este nome, ganhava uma causa à qual dedicou-se
intensamente como indigenista e pesquisador privilegiado. No seu artigo “Nimongaraí”, deixou registrada a
cerimônia de seu batismo indígena, realizada em uma fria madrugada de dezembro
e firmava um compromisso:
Avacauju,
que aliás também é médico-feiticeiro, levantou-se lentamente da rede, trocando
algumas palavras em voz baixa com Poñochi e a mulher deste. Em seguida, Poñochi
trouxe um banquinho com altura de apenas uma mão, encostou-o na parede e então
disse, apontando para mim: Eju eguapy! [Venha e sente-se]. Saí do poncho e fiz
como mandou. Poñochi tirou a canoa do seu esteio, pondo-se com isto ele do meu
lado direito e sua mulher do meu lado esquerdo. Avacauju ficou com o chocalho
na mão, calado por um momento na minha frente, como se tentasse lembrar em vão
do início, depois começou subitamente com seu canto, e imediatamente os demais
presentes entraram. Tremendo de frio, tive que aguentar o mesmo cantarejo.
Avacauju,
infelizmente, era muito meticuloso. Ele me chocalhou deslocando-se por todos os
lados, cuidadosamente de um pé ao outro, parecendo querer me magnetizar com as pontas
de seus dedos esticados.
Manteve
seus olhos fixos em mim e o feitio do seu rosto assumiu aquela expressão
atormentada, estranhamente medrosa tão própria dos médicos-feiticeiros
indígenas, e que dá a impressão de que ele age meio contra sua vontade, sob uma
força sobrenatural.
De
repente, meteu as mãos dentro da canoa e me umedeceu com água no peito e na
testa, do mesmo modo como fizera pouco antes com meu pequeno irmão. Avacauju também
disse, nesse momento, algumas palavras incompreensíveis, na maneira de falar,
tanto no aspirar quanto no expirar, que os médicos-feiticeiros usam nos seus
procedimentos. Gravei daquilo apenas a palavra carairamo ([1]).
Depois
ele recomeçou com outra melodia e devagar andamos em fila indiana em volta da
choupana: em frente Avacauju com o chocalho, depois Poñochi com a canoa, em
seguida eu e, por fim, a mulher de Poñochi que me segurava pelo pulso.
Chegando
novamente ao nosso antigo lugar, assumimos a mesma posição, com a cena toda se
repetindo mais uma vez. Impacientemente, espiei através da parede de estacas,
reparando no Leste já os primeiros sinais do novo dia.
Passada
uma segunda volta, Avacauju se pôs bem diante de mim e exclamou, hesitante e
excitado, mas em voz bem alta e clara:
Mundaú ma nderey! Nandereyigua nde! Nandéva nderenoi Nimuendaju!
[Muendaju é teu nome! Tu fazes parte da nossa tribo! Os Guarani te chamam Nimuendaju!].
E
então, apontando para Poñochi e sua mulher: Cova-ma ndeangá! [Eis teus
parentes, quer dizer padrinhos de batizado]. Depois recomeçou, para meu pavor,
a cantar de cabeça erguida diante de mim, mantendo as mãos sobre a minha
cabeça, abençoando-me. Ainda demorou um bom tempo até que ele, deixando os
braços caírem, desse um passo atrás, ao que o canto cessou e a cerimônia foi
encerrada. (NIMUENDAJU)
Ele relata, fascinado,
o achado de um ídolo esculpido em uma pedra verde (nefrite):
A terra
preta em Cariacá produziu bons achados. Cariacá é uma pequena vila às margens
de um estreito Lago que conecta o Rio Amazonas e o Rio Tapajós. Durante minha
curta permanência nesta vila, eu coletei alguns artefatos arqueológicos da
superfície e, quando eu estava deixando a vila, Joaquim Motta, o homem que me
hospedou, saiu e foi para próximo do engenho perto de sua casa. Lá ele remexeu
em uma pilha de lixo e trouxe um vil e sujo pedaço de pedra [...].
Era um
ídolo extrema bonito, mas lamentavelmente fragmentado feito em uma pedra verde.
Ele tinha a forma de uma figura humana agachada, tendo as mãos sobre as
orelhas, com um pássaro apresando-o por trás e por cima. A cabeça do pássaro
foi quebrada e em toda a peça há arranhões feitos por alguma ferramenta. Se
minhas informações estiverem corretas, esse é o décimo ídolo já encontrado.
Barbosa Rodrigues ([2])
em seu trabalho “O Muyrakytã”,
desenhou e descreveu seis deles.
Mais três foram descritos pelo Goeldi no “Congress of Americanists em Stuttgart”, fotografando-os, juntamente
com um mencionado por Barbosa Rodrigues, para as suas não publicadas pranchas
arqueológicas [Goeldi]. Todos esses ídolos conhecidos até hoje foram feitos em
steatite e serpentina; o que eu encontrei é o primeiro e único feito de
nephrite. (NIMUENDAJU)
Frederico
Barata (1950–1954)
Frederico Barata nasceu
no ano de 1900 em Manaus, onde permaneceu até concluir o curso primário. Em
Belém, cursou o secundário no Colégio Paes de Carvalho. Em 1922, mudou-se para a
Cidade do Rio de Janeiro a fim de cursar a Faculdade de Medicina, a qual
abandonou no quinto ano para dedicar-se ao jornalismo. Iniciou sua carreira de
jornalista trabalhando no Rio Jornal, Brasil Matutino e Jornal do Povo.
Em 1925, passou a
trabalhar na redação de “O Jornal”,
onde cobria os acontecimentos da Câmara e Senado. Segundo Carlos Alberto
Rocque, conhecido como o “Repórter da
História”, Barata possuía perspicácia e agudeza na sua interpretação dos
fatos políticos. Neste jornal, tornou-se secretário e depois diretor. A
carreira jornalística de Frederico Barata está ligada à expansão dos Diários
Associados, construído por Assis Chateaubriand a partir de 1921 com a aquisição
de “O Jornal”. Em 1924, Barata
participou da criação do jornal “Diário
da Noite” e, em 1928, integrou a equipe fundadora da revista “O Cruzeiro”, ambos empreendimentos dos “Diários Associados”.
Como um dos
diretores desta empresa, recebeu a incumbência de dinamizar vários jornais do
país, como o “Diário de Pernambuco”,
em Recife, e “O Estado de Minas”, em
Belo Horizonte. É em uma destas missões que retorna a Belém, em 1947, para
fundar e depois assumir a direção do jornal “A Província do Pará”. A seguir, foi nomeado Superintendente dos
Diários e Rádios Associados em toda a Amazônia. Além da “Província”, criou as emissoras de rádio e “TV Marajoara”.
Frederico Barata
interessava-se por arte, ciência e literatura. Era um profundo conhecedor das
artes plásticas, tanto que, em 1944, publicou o livro Elizeu Visconti e sua
época. É dentro desse espectro cultural que surgiu seu interesse pela Arqueologia.
No Rio de Janeiro, ainda em 1944, publicou “Os
Maravilhosos Cachimbos de Santarém” em Estudos Brasileiros. Em Belém,
tornou-se membro do Instituto de Antropologia e Etnologia, que reunia
intelectuais interessados em Antropologia, Folclore, Etnologia e Arqueologia e
tinha como sede provisória o Museu Paraense Emílio Goeldi. Em 1949, conquistou
o título de sócio efetivo deste Instituto com a publicação do artigo “A língua dos Tapajó” no jornal Província
do Pará.
Mais tarde foi um dos Presidentes
e “seu maior impulsionador”. Era em
suas viagens de navio de Belém a Manaus, para supervisionar um dos jornais
integrantes dos Diários, que Barata passava pela Cidade de Santarém. Permanecia
lá um ou dois dias, cavando os quintais das casas no Bairro de Aldeia, em busca
de material arqueológico, ou comprava objetos já retirados pela população
local.
O material era trazido
para Belém, onde ele o lavava e tentava fazer a reconstituição dos objetos
fragmentados. Foi dessa maneira que Barata formou a coleção, a qual, em 1959,
veio a vender ao CNPq que a depositou no Museu Goeldi para guarda e
conservação. A observação e a pesquisa intensiva deste material resultou nas
seguintes publicações:
– A Arte Oleira dos Tapajó I: Considerações sobre a Cerâmica e
dois tipos de Vasos Característicos, Revista do Instituto de Antropologia e
Etnologia do Pará em 1950;
– A Arte Oleira dos Tapajó II: Os Cachimbos de Santarém, Revista
do Museu Paulista em 1951;
– Arqueologia Brasileira e Cerâmica Santarena: um capítulo do livro “As Artes Plásticas no Brasil” de Rodrigo
Mello de Andrade, publicado em 1952.
– Uma Análise Estilística da Cerâmica de Santarém: Revista Cultura em
1952;
– A Arte Oleira dos Tapajó III: Alguns Elementos novos para a Tipologia
de Santarém, Revista do Instituto de Antropologia e Etnografia do Pará em 1953;
– O Muiraquitã e as Contas dos Tapajó:
Revista do Museu Paulista em 1954.
Além da intensa
produção escrita sobre o assunto, Frederico Barata divulgava seus conhecimentos
através de aulas práticas na disciplina Etnologia do Brasil na Faculdade de
Filosofia, Ciências e Letras da Universidade do Pará.
O trabalho
pioneiro desenvolvido por Barata, na década de 1950, a respeito da Cerâmica de
Santarém, tem reconhecimento nacional e internacional e estabeleceu conceitos
que ainda hoje são largamente usados por todos aqueles que desejam estudar o
assunto.
Ele não foi um mero
colecionador de objetos, mas a sua maneira e com os recursos de sua época, foi
um pesquisador de visão científica apurada. Resumindo: é impossível falar da Cerâmica
de Santarém sem citar Frederico Barata. Frederico Barata faleceu em 08.05.1962
no Rio de Janeiro. Frederico Barata em uma de suas publicações, “A Arte Oleira dos Tapajós: I” faz a
seguinte citação:
A Cerâmica
dos Tapajó era tão pouco conhecida, mesmo em tempos recentes, que até 1823 não
se tinha a menor ideia da forma completa de qualquer dos seus vasos típicos. O
Volume VI dos “Anais do Museu Nacional [1895]”
quase todo dedicado à Cerâmica amazônica, é paupérrimo de informações sobre a
de Santarém à qual fazem vagas referências apenas Hartt que a denomina “Louça de Taperinha” ou “dos moradores do alto”, Ferreira Pena e
Ladislau Neto, este último reproduzindo equivocadamente um fragmento santarense
que descreve e classifica como de Marajó. A coleção Rhome, incorporada ao Museu
Nacional, é fraquíssima e mal dá noção da monumental variedade de formas da
louça dos Tapajó, pois não possui uma única peça inteira característica. Foi em
1923 que Curt Nimuendaju, trabalhando para o Museu de Gottenborg, revelou ao
mundo científico, coletando peças completas e grandes fragmentos, o ineditismo
e a beleza dessa soberba arte primitiva.
Helen
Constance Palmatary, repetindo Linné, descreve a descoberta da Cerâmica de
Santarém por Nimuendaju como meramente casual. Segundo esses autores, em
consequência da chuva, com forte poder erosivo, deixou a descoberto
considerável porção de terrenos altos, pondo à mostra fragmentos estilizados e
às vezes lindamente desenhados. Afortunadamente – acrescentam – estava em
Santarém, no momento, Curt Nimuendaju e, graças aos seus esforços, muito desse
material foi salvo.
Tal
versão não é rigorosamente exata. Desmentiu-a em palestra comigo, em agosto de
1945, no Rio de Janeiro, o próprio Curt Nimuendaju. Tivera ele notícia, por um Padre
alemão, seu amigo [do qual infelizmente não guardei o nome], de que em Santarém
as crianças apareciam frequentemente brincando com pedaços de Cerâmica
indígena, aos quais chamavam “caretas”
e que encontravam na Cidade. Ficou interessado e, logo que lhe foi possível,
dirigiu-se a Santarém, especialmente para estudar a Cerâmica que lhe fora
descrita como originalíssima e diferente de todas as conhecidas. Verificou logo
sua importância e iniciou pesquisas para as quais, entretanto, não encontrou o
menor apoio.
Contou-me
na mesma ocasião Curt Nimuendaju que, certo dia, tendo localizado na Aldeia um
terreno cheio de fragmentos, começou uma escavação e achou indícios de boa Cerâmica.
Na manhã imediata, voltando ao local para prosseguir no trabalho, encontrou lá
um português, residente nas vizinhanças, que tudo inutilizara cavando
ativamente. Irritado, perguntou-lhe por que estava fazendo aquilo e obteve esta
resposta: – “Estou procurando o tesouro;
se o senhor pode achá-lo eu também posso!”
O buraco estava enorme e a Cerâmica perdida. Com esse exemplo, quis
Nimuendaju demonstrar-me o quanto é difícil preservar as nossas riquezas
arqueológicas, dada a incompreensão absoluta do homem do interior, que, ou tem
medo dos objetos dos Índios e os destrói, ou por eles tem desprezo. (BARATA,
1950)
Em relação à falta de
apoio ao trabalho de Nimuendaju apontado por Frederico Barata, podemos afirmar
que o governo do Município destacou um funcionário para negociar com os
proprietários dos terrenos a serem escavados.
Bibliografia:
BARATA, Frederico. A Arte Oleira dos Tapajó: I – Brasil –
Pará – Revista do Instituto de Antropologia e Etnologia do Pará, 1950.
HARTT, Carlos
Frederico. A Origem da Arte ou a
Evolução da Ornamentação – Brasil – Rio de Janeiro – Arquivos do Museu
Nacional – Volume VI, 1885.
HERIARTE, Maurício
de. Descrição do Estado do Maranhão,
Pará, Corupá e Rio das Amazonas (1662–1667) – Brasil ‒ São Paulo ‒ Editora
Melhoramentos, 1946.
NIMUENDAJÚ, Curt. Nimongaraí: o Batismo Ritual de Nimuendajú –
Brasil – Revista Brasileira de Linguística Antropológica ‒ Volume 2, julho de
2010.
Solicito
Publicação
(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de
Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor
e Colunista;
· Campeão do II
Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989)
· Ex-Professor
do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);
· Ex-Pesquisador
do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);
· Ex-Presidente
do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);
· Ex-Membro do
4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS);
· Presidente da
Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);
· Membro da
Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);
· Membro do
Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);
· Membro da
Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO);
· Membro da
Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
· Comendador da
Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS);
· Colaborador
Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG);
· Colaborador
Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN);
E-mail: hiramrsilva@gmail.com
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – X
Bagé, 20.12.2024 Continuando engarupado na memória: Tribuna da Imprensa n° 3.184, Rio, RJSexta-feira, 25.10.1963 Sindicâncias do Sequestro dão e
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – VI
Silva, Bagé, 11.12.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 224, Rio de Janeiro, RJ Quarta-feira, 25.09.1963 Lei das Selvas T
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – IV
Bagé, 06.12.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 186, Rio de Janeiro, RJSábado, 10.08.1963 Lacerda diz na CPI que Pressõessã
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – III
Bagé, 02.12.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 177, Rio de Janeiro, RJQuarta-feira, 31.07.1963 JB na Mira O jornalista H