Sexta-feira, 12 de junho de 2020 - 09h50
Bagé, 12.06.2020
Clãs
Precisamos analisar
outro aspecto antes de esboçar qualquer tipo de hipótese sobre o simbolismo dos
vasos rituais dos Tapajós (cariátides e gargalo). Considerando que sua cultura
se perdeu nas brumas do passado, precisamos recorrer à sofisticada organização
social e aos rituais fúnebres de outras etnias indígenas cujos costumes
lembram, um pouco, a dos Tapajó.
Os animais
reverenciados pelos Tapajó e aqueles que simbolizavam o clã ou mesmo a
genealogia do morto eram, sem dúvida, reproduzidos na Cerâmica ritual.
Tikuna
Ao descer o Solimões,
em 2008, conheci os formidáveis Tikuna. Através de textos de conhecidos
antropólogos e do Cacique João Farias Filho, da Comunidade Feijoal, conheci
suas Lendas, Costumes e Organização Social.
A sociedade Tikuna está
dividida em Metades exogâmicas ([1]),
cada qual composta por Clãs patrilineares ([2]). Para ser
reconhecido como Tikuna é necessário falar a língua Tikuna, pertencer a um Clã
e casar obedecendo às regras dos Clãs.
Yo’i fez um caniço e usou como isca para pescar o
caroço do tucumã maduro, os peixes quando caíam na terra, se transformavam em
animais, novamente o herói experimentou outra isca, dessa vez, usou a
macaxeira, com essa comida os peixinhos começaram a se transformar em seres
humanos. Yo’i pescou muita gente, mas seu irmão não estava entre essas pessoas.
A mulher pegou o caniço e pescou Ipi, este saltou para a terra e pescou os
peruanos e outros povos que acompanharam o herói e foram embora na direção do
poente. Da gente pescada por Yo’i descendem os Tikuna e também outros povos que
rumaram para a direção do nascente, inclusive brancos e negros, daí vem a
autodenominação dos Tikuna que se chamam Maguta, o povo pescado. (GRUBER)
Mas Yo’i separou-as, colocando as suas a Este e as de
Ipi a Oeste. Então ele ordenou que cozinhassem um jacururu e obrigou todo mundo
a provar o caldo. E assim cada um ficou sabendo a que Clã pertencia, e Yo’i
ordenou aos membros dos dois grupos que se casassem entre si. (NIMUENDAJÚ)
Curt Nimuendaju estudou
os Costumes e Organização Social dos Ticuna na década de quarenta e, na
oportunidade, identificou quinze Clãs para a “Metade Plantas” e vinte e um para a “Metade Aves”.
Os Ticuna identificam
esses grupos através do nome de árvores, animais terrestres e insetos (“Metade Plantas”) e aves (“Metade Aves”). O fato da “Metade Plantas” ser composta por elementos tão distintos, segundo
Nimuendaju, encontra amparo na mitologia Tikuna que acredita que a alma de
algumas árvores vagueiam à noite, assumindo a forma do animal com o qual mais
se identificam.
Segundo os Tikunas, as
formigas saúvas pertencem, também, a “Metade
Plantas” simplesmente porque elas têm o costume de subir nas árvores.
|
Metades |
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Plantas |
Aves |
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Subclãs |
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Subclãs |
C l ã s |
Auaí |
Auaí grande, Auaí pequeno, Jenipapo do Igapó. |
Arara |
Canindé, Vermelha, Maracanã, Maracanã grande,
Maracanã pequeno. |
Saúva |
Açaí, Saúva. |
Mutum |
Mutum cavalo, Urumutum. |
|
Buriti |
Buriti, Buriti fino. |
Tucano |
Tucano. |
|
Onça |
Seringarana, Pau mulato, Acapu, Caraná, Maracajá. |
Urubu-Rei |
Urubu-Rei. |
Alguns pesquisadores,
no entanto, defendem que os critérios para pertencer a este ou àquele Clã era
baseado apenas entre os grupos de animais de “Pena” e dos grupos “Sem Pena”
o que simplificaria muito a classificação, mas que, ingenuamente, deixaria de
levar em conta o misticismo Tikuna.
A origem dos Clãs está
intimamente ligada ao mito da criação do mundo segundo a versão Tikuna. Os
irmãos e Ipi são os personagens centrais da Criação da Humanidade. Yo’i
resolveu, um dia, pescar seu povo usando como isca uma fruta de tucumã, os
peixes logo que saíam da água se transformavam em queixadas, porcos do mato e
outros animais. Yo’i resolveu trocar a isca para a macaxeira e os peixes se transformaram
no povo Maguta (povo pescado do Rio). Os Maguta pertenciam a um único Clã e as
pessoas, consequentemente, não podiam casar-se.
Yo’i fez, então, um
caldo de jacururu e distribuíram ao povo para que o provassem.
Os primeiros que
provaram a mistura passaram a ser reconhecidos como “Clã da Onça”, depois o “Clã da Saúva”, e desta maneira foram
criados os diversos Clãs.
Apinagé
Arthur Ramos de Araújo
Pereira, médico psiquiatra, psicólogo social, etnólogo, folclorista,
considerado o pai da Antropologia Brasileira escreveu uma obra monumental – “Introdução à Antropologia Brasileira” –
que deveria ser o livro de cabeceira dos que se candidatam, nos dias de hoje,
ao estudo da antropologia.
Reportaremos suas
considerações sobre a organização social dos Apinagé, um dos ramos do povo Gê.
O
estudo mais recente e mais completo sobre a organização social dos Gê se deve a
Curt Nimuendaju. No seu trabalho citado sobre os Apinagé, vemos que são
Matrilocais ([3])
e organizados em Metades. Matrilineares ([4]),
cada uma das quais ocupa inicialmente uma determinada parte da Aldeia.
O todo
é disposto em círculo, sendo a metade superior (Kol-Ti) localizada ao Norte e a
metade inferior (Kol-Re) ao Sul. Os Apinagé de hoje, embora topograficamente
não mais obedeçam àquela localização, ainda se referem a Kol-Ti e Kol-Re, como
sendo a “Aldeia de Cima” e a “Aldeia de Baixo”,
respectivamente.
De
acordo com a lenda, Kol-Ti foi criado pelo Sol e Kol-Re pela Lua. As cores são
o vermelho para os primeiros e preto para os segundos. Os chefes são sempre
Kol-Ti tendo esta “metade” a primazia
na vida social de todo o grupo, embora nos grandes festivais, cada “metade” tenha o seu próprio chefe. As
metades Apinagé não são exogâmicas, sendo o casamento regulado por um sistema
diferente.
Cada “metade” possui uma série de nomes
pessoais “grandes” e “pequenos”, masculinos e femininos. Esses
nomes são transferidos do tio materno ao filho da irmã, e da tia materna à
filha da irmã. A avó materna ou sua irmã podem tomar o lugar da tia, enquanto
que o avô materno pode tomar o lugar do tio. Acontece que, impacientes, o tio
ou a tia materna se apressem a transferir o nome, antes de a criança nascer e
podendo suceder que a menina fique com o nome masculino e vice-versa.
Os
portadores de nomes gozam de privilégios de acordo com a sua categoria. E há
festas com dança e música especiais, não só nas cerimônias
de transferência dos nomes, como em ocasiões futuras quando o portador do
nome se obriga a certas tarefas.
Independentemente
da organização dual, em “metades”, a
tribo Apinagé é dividida em quatro Kiyé, nome que significa “lado” ou “partido”. Estes Kiyé não são Sibs unilaterais, mas unidades
bilaterais, constituídas no modelo familiar, isto é, os filhos seguem o pai, as
filhas seguem a mãe. São exógamos, os homens de um Kiyé só podem desposar as
mulheres de outro Kiyé. Suponhamos os quatro Kiyé, A, B, C, D; os homens de A
só podem se casar com as mulheres de B; os homens de B com as mulheres de C,
etc.
As
mulheres seguem o caminho inverso: as de B só podem casar com os homens de A;
as de C com os homens de B; as de D com os homens de C. (RAMOS)
Ritos
Fúnebres
Novamente Arthur Ramos,
na obra já citada, faz referência ao rito fúnebre dos Bororo e da importância
do clã neste momento em que cada membro utiliza as cores e ornamentações
especiais de cada clã e, logicamente, estes mesmos cuidados são levados em
conta em relação ao clã a que pertencia o morto.
Os
Ritos Funerários, a avaliar pelas descrições de Karl von den Steinen e do Padre
Colbacchini, são bem complexos entre os Bororo. Quando um Índio está muito mal,
o Bari [feiticeiro da tribo] é chamado e prediz a sua morte. Daí em diante, o
Índio não toma nenhum alimento. Se a morte não chega no dia previsto, o Bari
encarrega-se de mostrar a exatidão da sua profecia, sufocando o moribundo.
Quando
o Índio morre, seu corpo é ungido de urucu e imediatamente coberto a fim de que
as mulheres e as crianças não o vejam. Começam então os altos lamentos das
mulheres. Os parentes demonstram a sua dor, talhando o corpo profundamente com
conchas cortadiças, de maneira a fazer correr profusamente o sangue. O número
dos ferimentos é proporcional ao afeto que se tributava ao morto.
Os
ferimentos são depois tratados com a polpa do fruto do jenipapo. Começam os
cânticos fúnebres, cadenciados ao ritmo do Babo, instrumento feito de uma
cabaça elíptica oca, contendo no seu interior algumas sementes duras, e um cabo
de madeira.
Enquanto
isso, o morto é envolvido numa esteira com os objetos que lhe pertenciam,
inclusive o arco e as flechas quebrados.
O
cadáver é em seguida transportado ao Baimannageggeu, espaço de terreno, no
centro da Aldeia, onde se iniciam os funerais oficiais, que duram toda a noite.
Os cânticos são dirigidos pelo chefe da Aldeia, ornado com o Pariko. O cântico
principal é depois seguido dos cânticos de cada
Clã. A sepultura, de 30 a 40 centímetros de profundidade, é cavada próximo
ao Baimannageggeu. Nela é depositado temporariamente o morto, e coberto de
terra e água, enquanto que os parentes novamente retalham o próprio corpo, em
altos gritos.
Diariamente
os parentes vêm lançar água à sepultura, para apressar a putrefação do corpo e
poderem retirar os ossos. O luto é observado pelos parentes, da maneira
seguinte: arrancam ou cortam os cabelos e depois, à medida que vão crescendo,
não os cortam na fronte e ao nível das orelhas, enquanto dura o luto. Abstêm-se
de pintar o corpo com urucu. A duração do luto é de alguns meses a um ano e
mais.
Na
mesma tarde do enterramento, o Aroettowarari [médium] evoca as almas para saber
a localidade onde se encontra a caça. Partem então todos os Índios para essa
caça religioso-mágica em honra do morto. Os animais mortos são levados aos
parentes do defunto e são comidos numa refeição comum.
Duas
semanas depois do enterramento, recomeçam os cânticos e as danças especiais –
Mariddo, Aige e Aroe Maiwo – e por fim, ao som de um cântico especial, o morto
é desenterrado, ainda putrefeito, e os ossos são extraídos e lavados no Rio
próximo.
É
organizada uma refeição social, para a qual são convidadas as almas dos mortos.
As mulheres não tomam parte nesta refeição. Os ossos são então pintados de
urucu e ornados com as cores do Clã do morto.
O crânio é também adornado cuidadosamente com penas. Tudo é colocado num cesto, também
ornado com as cores do Clã, e na manhã seguinte, os ossos, dentro do cesto,
são entregues à sua sepultura definitiva, no Rio próximo ou num Lago, mas
sempre num lugar determinado, o Aroe Gari, ou “morada das almas”. Durante todo o tempo dos funerais, os Índios
adotam as ornamentações especiais, já descritas,
e que variam para cada Clã. (RAMOS)
Contextos
Deposicionais
As escavações
realizadas no entorno de Santarém, mencionadas na Parte III, identificaram
dois tipos de descarte relativos à Cerâmica cerimonial dos Tapajó: os bolsões e
a Cerâmica associada ao lixo comum. Nestas modalidades é difícil inferir
qualquer tipo de ritual fúnebre já que os vestígios foram removidos e as peças
misturadas sem qualquer tipo de cuidado.
A Noroeste do sítio
Carapanari, porém, num local em que se pode descortinar o Rio Tapajós, foi
realizada, sem dúvida, a descoberta mais importante.
Foi localizado um vaso
inteiro, com capacidade para armazenar em torno de 5 litros de bebida, e ao seu
redor foram detectadas cinzas, o que nos leva a crer que o artefato foi
enterrado e, ao redor dele, acesas pequenas fogueiras. No seu interior foi
encontrada uma faca confeccionada em arenito, indicando um ritual funerário.
Este modo de descarte,
de deposição “in situ”, indica,
evidentemente, a ocorrência de um ritual funerário. Nos grandes vasos de
bebida, como o encontrado no sítio Carapanari, se misturavam as cinzas do morto
que eram bebidas pelos participantes do rito.
Vasos
de Cariátides
Para os seres
superiores, a bebida era colocada no vaso de cariátides considerando sua
pequena capacidade e a dificuldade que se teria para alcançar o líquido em
decorrência dos inúmeros artefatos aplicados em suas bordas. Os urubus-reis que
adornavam, invariavelmente, a peça de Cerâmica destinavam-se a conduzir o
homenageado para sua derradeira morada. Observamos em algumas peças que estes
animais, invariavelmente, quando voltados para a borda do vaso, tinham suas
asas fechadas e para fora abertas sugerindo um rito de passagem.
Vasos
de gargalo
Os vasos de gargalo
serviam de urnas mortuárias onde eram depositadas parte das cinzas do defunto.
Estes vasos eram decorados com o animal que representava o clã do defunto e
alguns de seus animais místicos.
O fato de as aves se
apresentarem com as asas abertas ou fechadas e os grandes sauros serem
representados com a boca aberta ou fechada pode sugerir que o falecido tenha
morrido em ação, no combate ou na caça, ou simplesmente de velhice na segurança
de sua Aldeia.
Outros animais que
compõem as peças representavam, seguramente, alguma façanha heroica, na guerra
ou na caça que muitas vezes, pela sua relevância, era motivo, inclusive, para
mudar até o nome do homenageado. As figuras antropomorfas que, eventualmente,
faziam parte dos ornamentos representando adultos ou crianças indicavam,
eventualmente, a idade do finado. A presença constante dos batráquios nos vasos
rituais reverencia o animal que garantia a supremacia bélica dos Tapajó no
combate.
(Augusto dos Anjos)
A Santos Neto
[...]
A passagem dos séculos me assombra.
Para
onde irá correndo minha sombra
Nesse
cavalo de eletricidade?!
Caminho,
e a mim pergunto, na vertigem:
‒
Quem sou? Para onde vou? Qual minha origem?
E
parece-me um sonho a realidade. [...]
Chegou
a tua vez, oh! Natureza!
Eu
desafio agora essa grandeza,
Perante
a qual meus olhos se extasiam...
Eu
desafio, desta cova escura,
No
histerismo danado da tortura
Todos
os monstros que os teus peitos criam.
[...]
Semeadora terrível de defuntos,
Contra
a agressão dos teus contrastes juntos
A
besta, que em mim dorme, acorda em berros
Acorda,
e após gritar a última injúria,
Chocalha
os dentes com medonha fúria
Como
se fosse o atrito de dois ferros! [...]
Bibliografia:
GRUBER, Maria
Jussara Gomes. Os Índios Ticuna como Agentes de um Processo de Educação
Integrada – Brasil – Rio de Janeiro – Pré Conferência do XXV Congresso Mundial
da INSEA, 1984.
NIMUENDAJÚ, Curt.
Nimongaraí: o Batismo Ritual de Nimuendajú – Brasil – Revista Brasileira de
Linguística Antropológica ‒ Volume 2, julho de 2010.
RAMOS, Arthur.
Introdução à Antropologia Brasileira – Brasil – Rio de Janeiro – Livraria
Editora da Casa, 1961.
Solicito Publicação
(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de
Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor
e Colunista;
· Campeão do II
Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989)
· Ex-Professor
do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);
· Ex-Pesquisador
do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);
· Ex-Presidente
do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);
· Ex-Membro do
4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS);
· Presidente da
Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);
· Membro da
Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);
· Membro do
Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);
· Membro da
Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO);
· Membro da
Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
· Comendador da
Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS);
· Colaborador
Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG);
· Colaborador
Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN);
· E-mail: hiramrsilva@gmail.com.
[1] Exogâmicas: Metade Plantas e Metade Aves. Exogâmica: regime social
no qual os casamentos só se podem realizar com membros de outras tribos ou
Clãs.
[2] Patrilinear: sucessão por linha paterna
[3] Matrilocal: o marido, depois do casamento, é obrigado a seguir a
mulher, passando a morar na localidade dela.
[4] Matrilinear: sucessão por linha materna.
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – X
Bagé, 20.12.2024 Continuando engarupado na memória: Tribuna da Imprensa n° 3.184, Rio, RJSexta-feira, 25.10.1963 Sindicâncias do Sequestro dão e
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – VI
Silva, Bagé, 11.12.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 224, Rio de Janeiro, RJ Quarta-feira, 25.09.1963 Lei das Selvas T
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – IV
Bagé, 06.12.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 186, Rio de Janeiro, RJSábado, 10.08.1963 Lacerda diz na CPI que Pressõessã
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – III
Bagé, 02.12.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 177, Rio de Janeiro, RJQuarta-feira, 31.07.1963 JB na Mira O jornalista H