Quinta-feira, 6 de abril de 2023 - 06h00
Temos a honra
de continuar a repercutir o artigo do Advogado, Escritor e Consultor Jurídico Jacinto
Sousa Neto.
A História Secreta e
Real
da Revolução de 1964
(Jacinto
Sousa Neto - jus.com.br, 10.08.2022)
O General
José Lopes Bragança, cujo irmão foi assassinado pelos comunistas na intentona
de 35, instalou o Quartel-General do voluntariado no Pandiá Calógeras, em Belo
Horizonte. Os voluntários chegaram pouco antes da meia-noite da terça-feira e
dezesseis horas mais tarde o seu número cresceu devidos aos diferentes graus de
instrução militar, os voluntários foram divididos pelo Departamento de
Instrução em dois grupos: um operacional e outro chamado especial. (Imagem 10)
O povo de
Minas Gerais atendeu em massa à chamada de voluntários para defender o regime,
num movimento que emocionou o país. Estes homens já retornaram aos seus
trabalhos, protegidos por uma Constituição soberana.
Os
Generais Carlos Guedes e Mourão Filho receberam a gratidão dos mineiros. O
primeiro declarou: “Compreendam os
pregoeiros da indisciplina que o povo brasileiro já não se presta a manobras
escusas e que o nosso operário sabe distinguir seus líderes”. (Imagem 11)
Estudantes
universitários Mackenzie, empunhando bandeiras do Brasil, de São Paulo e de sua
faculdade, atravessaram o centro da cidade em ruidosa passeata, rumo à sede do
II Exército, onde aplaudiram os soldados em prontidão. (Imagem 12 e 13)
Após a
proclamação da vitória, os arames farpados estendidos nas ruas foram
substituídos por extensos fios de serpentina.
Na manhã
de quarta-feira, foram interditadas as vias que dão acesso à Rua Brig Tobias,
onde está situado a polícia estadual de São Paulo. (Imagem 14)
A eclosão
do movimento revolucionário havia saído às ruas para promover memorável marcha
da família, voltou a percorrer, desta vez, com explosões sob chuva de confete,
serpentina e papel picado, além da própria chuva. Milhares de pessoas
comemoravam festivamente a vitória da revolução. (Imagem 15)
Cerca das
quatro horas da tarde de quarta-feira, alto-falantes situados no Palácio da
Polícia, que transmitiam emissões da “Rede da Democracia”, anunciaram a
destituição do presidente da República. A notícia caricia de confirmação, mas o
povo paulista acreditava na vitória do movimento revolucionário e começou desde
logo a comemorá-lo. Foguetes especaram no céu, nuvens de papel picado. De
qualquer maneira, a tropa permaneceu de prontidão. Uma vez ratificada a
presença de Jango em Brasília, praticamente deposto. São Paulo tornou a vibrar.
(Imagem 16)
Depois de
dois dias nas barricadas do Palácio da Guanabara, o Governador Carlos Lacerda
viu, por fim, o campo livre. Tinham desaparecido as últimas resistência do
governo federal, e o Sr. João Goulart, desiludido de encontrar apoio, deixara o
Rio. Durante essas quarenta e oito horas dramáticas, Lacerda contou com a firme
solidariedade de seus colaboradores e de amigos decididos a enfrentar quaisquer
riscos. Todos permaneceram ao seu lado para festejar a vitória, alcançada
graças a coesão das Forças Armadas. (Imagem 19)
A maior
emoção de Lacerda, durante os dramáticos acontecimentos, foi presenciar a
chegada de tanques para defender seu palácio.
O governo
da Guanabara não fez qualquer apelo no sentido de recrutar voluntários, mas,
mesmo assim, centenas de pessoas compareceram armadas ao Palácio da Guanabara,
espontaneamente, dispostas a defender à sede do Executivo carioca. Repetidas
vezes correram boatos de que as tropas de fuzileiros estavam na iminência de
atacar, fazendo o Guanabara viver momentos angustiantes. O sistema de segurança
do Palácio foi coordenado pelo General Salvador Mandim, sob a supervisão direta
do Governador Carlos Lacerda. Durante a vigília houve racionamento de água e de
mantimentos. (Imagem 20)
Dezenas
de senhoras que nunca provavelmente jamais lidaram com armas de fogo,
empunharam metralhadoras para garantir a defesa do Palácio Guanabara.
O
Deputado Danilo Nunes, que também é militar, tomou parte ativa das providências
relativas ao sistema de segurança do Palácio, enquanto que o governador Lacerda
não descansou um só momento, durante as 48 horas da vigília, falando ao
telefone com diversos Estados.
Horas da
tarde de quarta-feira, tanques do Exército subiram a rua das Laranjeiras,
aproximaram-se do Palácio Guanabara. A população pensou inconsciente que
haveria ataque à sede do Governo, mas tratava-se de viaturas comandadas pelos
filhos do General Exchegoyen, que foram hipotecar solidariedade ao governo
Carlos Lacerda. A passagem de um avião da FAB sobre Copacabana, sem intensões
belicosas, provocou curiosidade, muitos olharam para cima ao mesmo tempo que
batiam palmas. O Governador Carlos Lacerda, ainda no Palácio da Guanabara,
viu-se cercado de correligionários que foram felicita-lo pela vitória.
Poucos
minutos depois de anunciada a vitória, as ruas do Rio eram uma torrente de
delírio e emoção. Milhares de cariocas, que acompanhavam com apreensão o desenrolar
dos acontecimentos, sentiram-se desoprimidos, por ver que tudo terminava bem,
sem o derramamento de sangue entre irmãos. Quando tornou conhecida a notícia de
que a Revolução triunfara, houve verdadeiras explosões de alegria em vários
bairros do Rio, principalmente em Copacabana, que tem os seus limites extremos
marcados por dois fortes, o do Leme e o da Igrejinha, este célebre pelo 5 de
julho.
Passeata
da vitória foi improvisada por voluntários que se encontravam no Palácio
Guanabara e em suas imediações, dispostos a lutar em defesa do Governador
Carlos Lacerda. Em todo o percurso foram dados vivas às Forças Armadas e à
Democracia. (Imagem 22)
Cabendo-lhe,
como presidente da Câmara assumir a presidência da República, com o afastamento
de João Goulart pela revolução vitoriosa, o Sr. Ranieri Mazzili tomou posse
perante o Congresso e fez um apelo à concórdia, ao respeito a ordem e a
hierarquia. O ilustre Deputado paulista permanecerá por 30 dias à frente do
Governo Federal. Ao fim desse período, o Congresso elegerá o mandatário que
presidirá o país até janeiro de 66. É provável que o próprio Sr. Ranieri
Mazzili, tantas vezes eleito para presidente da Câmara, seja escolhido e,
assim, permanecerá no Palácio da Alvorada. (Imagem 23)
O
Governador de Minas Gerais, Sr. Magalhães Pinto, grande chefe civil do
movimento nunca duvidou da vitória, e não teve um momento de vacilação, ou de
dúvida, desde que se colocou na liderança do movimento revolucionário,
deflagrado no último dia de março. Uma de suas providências foi a abertura de
voluntariado, com milhares de mineiros acorrendo ao seu chamado. “Nossa luta, disse ele, foi uma luta para
preservar a civilização cristã e para restaurar a Constituição em nosso país.
Nossos objetivos foram altos e nobres, como altos e nobres foram sempre que
inspiraram os homens públicos de Minas Gerais”. (Imagem 24) (Continua...)
(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia,
Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e
Colunista;
Campeão do II Circuito
de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989)
Ex-Professor do Colégio
Militar de Porto Alegre (CMPA);
Ex-Pesquisador do
Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);
Ex-Presidente do
Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);
Ex-Membro do 4°
Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS)
Presidente da Sociedade
de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);
Membro da Academia de
História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);
Membro do Instituto de
História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);
Membro da Academia de
Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO)
Membro da Academia Vilhenense
de Letras (AVL – RO);
Comendador da Academia
Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS)
Colaborador Emérito da
Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG).
Colaborador Emérito da
Liga de Defesa Nacional (LDN).
E-mail: hiramrsilva@gmail.com.
Galeria de Imagens
* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – X
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