Quinta-feira, 13 de abril de 2023 - 06h25
Bagé, 13.04.2023
Temos a honra de continuar a repercutir o artigo do
Advogado, Escritor e Consultor Jurídico Jacinto Sousa Neto.
A História Secreta e Real
da Revolução de 1964
(Jacinto Sousa Neto - jus.com.br,
10.08.2022)
III -
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nos termos das preliminares precitadas, concernentes
as diversas interpretações controversas apontadas por historiadores,
cientistas políticos, sociólogos e pela imprensa marrom, dão conta de que houve
um “golpe de Estado no Brasil” no ano
de 1964, mais precisamente no período de 31 de março a 1º de abril de 1964, por
meio da deposição do então presidente, João Goulart, determinando o fim à 4ª
República (1946-1964), com o início do Regime Militar ou “ditadura militar brasileira” como mencionada pela imprensa
(1964-1985), que tomou forma de uma rebelião militar; a declaração da vacância
da Presidência pelo Congresso Nacional em 2 de abril; a criação de uma junta
militar, considerada como o Comando Supremo da Revolução e finalmente no dia 4
de abril o exílio do então presidente da República. Em seguida, assumiu o
presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzili, permanecendo no cargo até
a eleição pelo Congresso Nacional do General, Humberto de Alencar Castelo
Branco, considerado como um dos principais líderes do golpe militar.
Discorre o historiador que João Goulart foi eleito
vice-presidente, democraticamente, assumindo o poder logo após a renúncia do
então presidente, Jânio Quadros em 1961 e, a campanha da legalidade, derrotando
uma tentativa de “golpe militar”,
para impedir sua posse.
No governo de Jango, eclodiu uma crise econômica,
enquanto aprofundaram-se os conflitos sociais, nos meios políticos, sindical,
camponês, estudantil, além de soldados praças militares de baixa patente, que
militavam pelas reformas de base, propostas pelo então presidente João Goulart.
Presidente Jango, diante de suas ideias, obteve
crescente oposição da elite, classe média urbana, grande parte do oficialato,
da igreja e da imprensa, acusado de ameaçar a ordem legal e de ser conivente
com o comunismo, caos social e a quebra da hierarquia militar. Porquanto,
durante o seu governo esforços foram impulsionados, objetivando a desestabilização
do seu governo e conspirações para destituí-lo do cargo. No campo das relações
exteriores, desentendeu-se com os Estados Unidos da América, ocasionando a
filiação deste com as forças oposicionistas, apoiando o “golpe”. Consequentemente, Jango perdeu o apoio do Centro, não
conseguindo aprovar as reformas no Congresso e no final do mandato, contou com
a pressão dos movimentos reformistas, visando superar a resistência do Poder
Legislativo, aumentando a crise política em março de 1964.
Com a eclosão da rebelião em 31 de março em Minas
Gerais, por meio dos militares e governadores, militares legalistas e
rebelados, deslocaram-se para o combate, no entanto Jango não desejava a guerra
civil.
No início, os legalistas eram superiores, porém, em
face de adesões em massa, a situação militar do presidente decaiu, oportunidade
em que Jango viajou sucessivamente para o Rio de Janeiro, Brasília, Porto
Alegre, para o interior do Rio Grande do Sul e finalmente para o Uruguai. No
dia 1º de abril os “golpistas” passaram a controlar a maior
parte do país, e no dia 2 de abril no Rio Grande do Sul. Na madrugada do dia 2
de abril, o Congresso declarou a vacância do cargo de presidente, mesmo Jango
encontrando-se no território nacional. Nesse interim ocorreram ações visando
defender o seu mandato, a exemplo da convocação de greve geral, mas foram
improdutivas. Destarte, uma parte da população brasileira saudava a revolução,
a outra foi alvo de forte repressão, enquanto a classe política desejava um
breve retorno a um governo civil, porém foi consolidado o regime militar de
caráter nacionalista e politicamente alinhado aos Estados Unidos da América.
Embora os historiadores, principalmente a mídia,
pouco ou quase nada discorre sobre as gestões dos presidentes militares.
(Imagem 42) Por conseguinte, é cediço ([1]) que o
regime militar investiu em grandes obras no País, empregando um modelo
totalmente desenvolvimentista, por meios de empresas estatais e de obras
públicas fantásticas, nas áreas de transporte, energia e estratégia militar,
buscando a soberania nacional brasileira. Nesse passo, foram construídas a
Rodovia Transamazônica [BR-230], as Hidrelétricas de Tucuruí, Balbina e Itaipu
(considerada a maior do Brasil), a Ponte Rio-Niterói, as Usinas Nucleares de
Angra, a Ferrovia do Aço e o Projeto de Minério de Ferro de Carajás e de
Celulose de Jari.
Porquanto, as Forças Armadas
são reconhecidas por suas grandes construções de elevada importância
estratégica. A maior prova disso é que não é exagero afirmar que foram os
militares que realizaram a Revolução Industrial, construindo grande obras, conhecidas
como “Faraônicas”, tais como:
PONTE RIO-NITERÓI
A
Ponte Rio-Niterói é a décima terceira maior do mundo em extensão, construída
por meio de uma empreitada desafiadora, uma vez que tem o maior vão em viga
reta já construída pela humanidade. Essa magnifica obra possui 13 km de tráfego
de mais de 150 veículos diariamente, tornando-a a mais longa ponte do
Hemisfério Sul, ou seja, ela atravessa a Baia da Guanabara ligando a cidade do
Rio de Janeiro a Niterói.
Ressalte-se que a construção
dessa ponte era um grande sonho antigo, mas somente os Militares tiveram a
audácia e coragem de empreender e concretizá-la. A ponte é de altíssima
complexidade, uma vez que a sua concretização exigiu a perfuração do subsolo
oceânico, com o fim de localizar o terreno rochoso. A referida obra foi criada
no governo do Presidente Costa e Silva, razão pela qual o nome dado é de Ponte
Presidente Costa e Silva, cuja idealização partiu do Ministério de Transporte,
sob a gestão do Ministro Mário Andreazza. (Imagem 43)
ITAIPU E TUCURUÍ
As duas Hidrelétricas respondem por ¼ da geração de energia em todos o
território brasileiro, porquanto, essas duas colossais obras surpreenderam o
mundo. A Hidrelétrica de Itaipu é a maior geradora de energia do mundo,
abastecendo mais de 50 milhões de imóveis.
No pertinente ao Hidrelétrica de Tucuruí, construída
no Estado do Pará, uma central hidrelétrica localizada no Rio Tocantins,
considerada a quarta maior geradora de energia do mundo, cuja construção visou
atender o polo mineral e metalúrgico paraense, uma vez que cerca de dois terços
da energia produzida está direcionada para a indústria extrativista. (Imagem
44)
TRANSAMAZÔNICA
Obra considerada como uma gigante rodovia, em
torno de 4.300 Km, percorrendo 7 Estados, e 3 ecossistemas diferenciados, tais
como caatinga, cerrado e floresta. Esta obra foi construída com o esteio de
levar 4 milhões de nordestinos, que sofriam com a seca, para outras regiões com
menor índice de habitação no Brasil.
Esta gigantesca obra foi criada durante o
governo do Presidente Emílio Garrastazu Médici, entre os anos de 1969 e 1974,
sendo considerada a maior rodovia do Brasil, ligando os territórios de Cabedelo
na Paraíba à Lábrea no Amazonas.
Visando o desenvolvimento da obra, o governo federal
conduziu para a região 4.000 trabalhadores no período de 1970 e 1973, com o
escopo de abrir estradas e estabelecer a comunicação entre as cidades.
A
execução do projeto ocorreu durante o regime militar no Brasil, tornando a
rodovia a 3ª maior do país, com 4.000 km, percorrendo os Estados da Paraíba,
Piauí, Maranhão, Pará e Amazônia. Destarte, a Transamazônica corta o Brasil no
sentido Leste-Oeste, razão pela qual é considerada uma rodovia transversal.
Contudo, grande parte, ainda, não está pavimentada.
Na
atualidade, o Governo Federal vem tentando viabilizar o projeto de reconstrução
da BR-319, junto ao IBAMA, que vem se arrastando desde 2005, por meio de idas e
vindas, atinentes mormente aos impasses criados por supostos defensores do meio
ambiente. Por outro lado, foi realizado um estudo encomendado pelo DNIT,
reconhecendo a existência de efeitos negativos da pavimentação da BR-316, como
um impacto imediato na fauna e na flora da região que, além do enfrentamento
das obras durante alguns anos, passaria a contar com o maior tráfego de
veículos. No entanto, em razão da carência de trafegabilidade crescem os níveis
de pobreza, daqueles que vivem nos municípios da região, além de prejudicar o
desenvolvimento econômico do Amazonas. Ademais, com o asfaltamento da rodovia,
haveria a possibilidade de maior fiscalização contra o desmatamento, da
grilagem e de maior controle da fauna e da flora. A grande expectativa do
Governo Jair Bolsonaro é receber o aval do IBAMA, para a reconstrução da
BR-319, iniciando a obra durante o seu mandato, logo no primeiro semestre de
2022, cuja reconstrução teria a duração de 5 anos.
Ao
ser entrevista pela imprensa, o antropólogo, Diogo Oliveira, que se diz
conhecedor da região Amazônica, inclusive já atravessou a BR-319, declarou que,
“a população é extremamente a favor, e
quem está lá se desloca naquela estrada, e eu mesmo já atravessei aquela
estrada uma vez. Sabe que, apesar de a estrada ser o meio mais rápido, você tem
o risco de ficar atolado. Ou você corre esse risco, ou vai de barco, que é uma
viagem muito longa, ou você vai de avião, que é uma viagem muito cara. A
população que mora lá tem um anseio muito grande por essa estrada, para não
ficar dependente de transporte fluvial e nem dependente de avião comercial, que
é caro”.
PERIMETRAL NORTE
Trata-se
de uma grandiosa estrada que atravéssa a Amazônia, partindo do Estado do Amapá
na direção à fronteira colombiana. Uma rodovia federal que liga as cidades de
Caroebe, São João da Baliza, São Luiz e Caracaí, cujo planejamento foi criado
no auge do desenvolvimento econômico do Regime Militar, como parte do Plano de
Integração Nacional (PIN). A Perimetral Norte, na BR-210 é uma rodovia federal
transversal brasileira, que foi projetada para atender aos Estados de Amazonas,
Pará, Amapá e Roraima, porém na atualidade somente forma implantados trechos
nos dois últimos precitados Estados. Em Roraima, a BR-210 possui atualmente
411,7 km abertos, saindo do Rio Jatapu à Missão Catrimani, cujo trecho
encontra-se asfaltado, porém em estado crítico de conservação. Conecta as
cidades de Caroebe, São João da Baliza, São Luiz e Caracaraí, inclusive de
diversas vilas. No seu trajeto roraimense intercepta as estradas federais
BR-174 e BR-432, as estaduais RR-460 e RR-344, além de diversas estradas
vicinais de gestão municipal. No Estado do Amapá, a estrada foi iniciada em
1973, com o aproveitamento dos 102 km já construídos pela ICOMI para exploração
da Serra do Navio, saindo da cidade de Macapá, cujo projeto foi suspenso em
1977, após 170 km construídos e que hoje terminam dentro da Terra Indígena
Waiãpi. (Imagem 45)
CENTRAL NUCLEAR ALMIRANTE
ÁLVARO ROBERTO (ANGRAS 1, 2, 2)
Essa Central Nuclear Almirante Álvaro Roberto,
representando as Angras 1, 2 e 3, que constituem um famoso e polêmico projeto
nuclear que criado pelo Presidente Costa e Silva. A Angra 3 teve a sua
construção retomada em 2008 e quando e quando da sua conclusão deverá dobrar a
capacidade do país.
Nesse
contexto, é sabido que há muita polêmica sobre os custos e benefícios dessas
enormes empreitadas. Porquanto, é sabido que de fato essas grandes obras, foram
originadas de grande ousadia e tentativa de uma evolução da geração energética
do Brasil. No concernente a potência total geral de todas essas usinas é de
2007 MW, em Angra 1, é de 1.350 MW, enquanto que em Angra 2 e Angra 3, há uma
previsão de superar o potencial de ambas, as primeiras obras. A precitada
Central Nuclear é operada pela Eletronuclear, tendo como geração total de
empregos em torno de 2.000 ocupações diretas somadas a mais de 10.000 indiretas
com o impacto grandioso na economia e na vida da população do Estado do Rio de
Janeiro.
IMPACTOS E
ALTERCAÇÕES
É
cediço que as grandes obras de investimentos em infraestrutura foram praticadas
nas gestões de Militares, embora há quem muito se discute em torno de impactos
socioambientais havidos. No entanto, é sabido que essas grandes obras de
construções foram empreitadas objetivando o progresso da Nação Brasileira.
Ressalte-se que, diante do tudo que foi
exposicionado, a partir dos dados secretos guardados e ora divulgados pela
Revista Manchete, em sua edição histórica de abril de 1964, necessário se faz
que haja uma mudança na avaliação em torno da história dos feitos Militares,
cujas atitudes buscaram a evolução do nosso Brasil, afastando as regras degradantes
do socialismo/comunismo, em prol de uma sociedade que, quando chamada, soube
atender aos apelos dos verdadeiros diligentes brasileiros, como acima ficou
plenamente divulgado.
Na perquirição sobre a comparação entre os
Presidentes Militares e dos demais Presidentes Civis eleitos após o Regime
Militar, não há como equiparar, bastando para tanto proceder uma avaliação do
que foi instituído, em prol da sociedade brasileira, pelos ex-presidentes
civis, até a presente data. (Continua...)
(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de
Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor
e Colunista;
Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do
Sul (1989)
Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre
(CMPA);
Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura
do Exército (DECEx);
Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério
Militar – RS (IDMM – RS);
Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando
Militar do Sul (CMS)
Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia
Brasileira (SAMBRAS);
Membro da Academia de História Militar Terrestre do
Brasil – RS (AHIMTB – RS);
Membro do Instituto de História e Tradições do Rio
Grande do Sul (IHTRGS – RS);
Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia
(ACLER – RO)
Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio
Grande do Sul (AMLERS)
Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da
Escola Superior de Guerra (ADESG).
Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).
E-mail: hiramrsilva@gmail.com.
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – X
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Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – III
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