Contrarrevolução de 64 – Parte I - Bagé, 13.05.2024

A livre expressão de ideias sujeitava-se a um eloquente silêncio. O direito de opinião fora escriturado em nome dos grandes meios de comunicação, seus teleguiados formadores de opinião, palpiteiros e consultores filtrados a dedo.

Os cursos de jornalismo, adequadamente instrumentalizados, desovavam todos os anos levas de militantes preparados para cumprir sua missão.
(Percival Puggina – Em Defesa da Liberdade de Expressão)

Vamos repercutir, a partir de hoje, uma série de reportagens de jornais, do ano de 1964, iniciando com o “Diário de Notícias”, do Rio de Janeiro, mostrando os desmandos do desditoso ex-presidente (com letra minúscula mesmo) João Goulart e seus infelizes asseclas que culminaram com Redentora Contrarrevolução de 1964.

Desde então, o vil clã derrotado pelo povo brasileiro, pelos cidadãos de bem, políticos leais e religiosos comprometidos com o nosso País, deu início a uma ardilosa manobra visando mobiliar os meios de comunicação e estabelecimentos de ensino com noticiaristas e docentes que deturpam e reescrevem os fatos de maneira a exaltar os seus prosélitos e denegrir a imagem dos adversários a qualquer custo.

Diário de Notícias n° 12.628, Rio de Janeiro, RJ

Domingo, 19 e Segunda-feira, 20.01.1964

Cardeal Denuncia uma Conspiração!

Exibindo ao “Diário de Notícias” o manifesto da “Revolução Popular Brasileira”, que chegou às suas mãos por intermédio de uma fonte oficial, Dom Jaime de Barros Câmara afirmou que é indispensável “que as autoridades competentes façam as investigações que forem necessárias para averiguar a autenticidade do documento, conhecer quem está por trás do movimento e denunciar à Nação os seus responsáveis, pois o perigo está a vista do todos”. Eis a íntegra do comunicado que está com o Cardeal Arcebispo:

Comunicação aos Sindicatos. Sr. Presidente. Comunicamos a V. Sª e pedimos que transmita à classe que representa o seguinte:

a)   organizamos um “grupo de guerrilhas” com a. finalidade de:

1)   estabelecer um governo popular revolucionário;

2)   acabar com n exploração do povo e do Brasil;

3)   dar condições de vida digna do homem;

4)   reforma agrária total das terias [todo território passará ao Estado];

5)   formação de um partido único representado pelos sindicatos, eleitos de Baixo para Cima;

b)  está marcado o início das atividades para o dia 24.02.1964.

Negromonte: os Comunistas se Impõem no Governo Federal

“A situação nacional é gravíssima, pois, enquanto de um lado os democratas estão divididos, do outro os comunistas agitam o operariado da cidade e do campo, dominando os sindicatos, impondo-se no governo federal e em governos estaduais, escolhendo e demitindo ministros, ameaçando e cerceando os mais líquidos direitos dos cidadãos” – declarou ao “DN”, ontem o  Monsenhor Álvaro Negromonte.

Citando denúncia publicada pela “Revista Eclesiástica Brasileira”, o escritor e sacerdote afirmou que “há um pavoroso “Programa de Ação” traçado pelo comunismo chinês para a América Latina, que não sei como tem passado despercebido ao clero e, sobretudo, aos bispos do Brasil”, acrescentando que “algumas etapas desse programa já estão vencidas, o que só cegos não conseguiram enxergar”.

Diário de Notícias n° 12.630, Rio de Janeiro, RJ

Quarta-feira, 22.01.1964

Primaz Revela que Episcopado
Está Apreensivo
Com a Situação do País

A Catástrofe

Adiante, revelou que o comunismo justifica o horror, o assombro que a tantos causa porque é uma forma de ateísmo e intrinsecamente mau. Frisou o Cardeal que “o Brasil sempre esteve ameaçado”. Dos púlpitos de Salvador foi revelada a horrível perspectiva que bem poderia ser parodiada, mas finjamos o que é ver o Brasil nas mãos dos comunistas; o que há de suceder em tal caso? Entrarão com fúria de vencedores e de hereges, não perdoarão o estado, sexo, nem idade. E com os fios da mesma foice medirão a todos.

Corrupção

“O comunismo faria no Brasil” – continuou – “o que já fez em corrupção, abominação e desolação nos outros países que conseguiu dominar. Não são conhecidos os ‘expurgos’ de tantos chamados ‘camaradas’, até mesmo gente de prol entre eles, na Rússia Soviética? Não é sabido que o comunismo ali já fez morrer de fome, ou de mil outros modos, mais de 20 mil criaturas humanas? Stalin não sacrificou mais de 15 milhões em campos de concentração? Não foram de 46 mil as vidas por ele sacrificadas? Na China não foram mortos pelo comunismo chinês mais de 50 mil? Na Espanha não foram martirizados 11 bispos, religiosos e inúmeras famílias só por serem fiéis à Igreja?”

Ameaça Sobre Nós

Referindo-se à hipótese de o comunismo vir, a triunfar no Brasil, disse Dom Augusto que “é certo o assassínio dos sacerdotes e o incêndio nas Igrejas. Arrasará conventos, fuzilara líderes católicos, atacará famílias, confiscará propriedades, ferirá, matará, martirizará com requinteis de barbaridade e fereza bestiais; renovará os tiros na nuca, as lavagens do cerebrais, os paredões, de fuzilamento e os campos de concentração”.

Situação Grave

Voltando a falar sobre a atual situação do País, disse o Cardeal da Bahia que “os bispos estão realmente angustiados com o momento gravíssimo que atravessa o País”. De qualquer forma acentua – “não há, por isso mesmo, motivo para desânimo, porque o Brasil saberá resistir à pressão comunista e impedirá, de uma vez por todas, a sua infiltração”.

Diário de Notícias n° 12.633, Rio de Janeiro, RJ

Sábado, 25.01.1964

Cardeal Jaime Câmara: Uma Onda Vermelha Avassaladora se Precipita Sobre o País

Depois de citar, pela “Voz do Pastor”, palavras do Cardeal-Primaz, segundo as quais “vozes credenciadas afirmam que há presença de forças dirigidas pelo comunismo internacional nas, altas funções administrativas do País” e de afirmar que “uma onda vermelha avassaladora se precipita sabre o País”, o Cardeal Jaime de Barros Câmara indagou, ontem, o que estava fazendo o Conselho de Segurança Nacional.

Disse o Cardeal-Arcebispo que “hoje, graças à política tolerante e culposa, o imprevisível, já se estadeia bem previsto, programado e em franca execução”, acrescentando que “já se chegou à pregação revolucionária”, pois, “no último domingo, estava sendo distribuída uma folha volante nestes termos: Ajuda a fundar o Comitê de Mobilização Popular de teu bairro, de tua rua, de tua fábrica ou de tua escola”.

(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;

Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989);

Ex-Vice-Presidente da Federação de Canoagem de Mato Grosso do Sul;

Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);

Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);

Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);

Ex-Vice-Presidente da Federação de Canoagem de Mato Grosso do Sul;

Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS);

Ex-Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);

Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);

Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);

Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO);

Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);

Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS);

Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG);

Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN);

Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós (IHGTAP)

E-mail: hiramrsilva@gmail.com.