Segunda-feira, 27 de maio de 2024 - 14h05
Bagé,
27.05.2024
Diário de Notícias n° 12.686, Rio de Janeiro, RJ
Terça-feira,
31.03.1964
“Che” Guevara Anuncia:
Vitória do Brasil Está Por Pouco
Minas Gerais Levanta-se: Está em
Causa a Democracia
Goulart: o meu Governo Jamais
Pretendeu Fechar o Congresso
O presidente da República, que ontem
mesmo embarcou para Brasília, declarou, à noite, no Automóvel Clube, que “o Golpe que desejamos é o golpe democrático
das reformas”, acrescentando que “não
queremos o Congresso fechado; ao contrário, queremo-lo de portas abertas, e
deputados sensíveis às reivindicações do povo brasileiro, que eles representam
e tem o dever de defender”.
O sr. João Goulart falou durante uma
hora e cinquenta minutos, demorando-se em explicações religiosas, em citações
dos Papas e no panegírico de Dom Helder Câmara e de Dom Carmelo de Vasconcelos
Mota.
No seu ataque aos que lhe fazem
oposição, externou a preocupação de tudo fazer para esvaziar a “Marcha da Família com Deus pela Liberdade”,
localizando as áreas de resistência ao golpe contra as instituições nos grandes
proprietários, nos donos de refinarias, no IBAD, etc. A certa altura, afirmou
que políticos que pregavam o ódio, unidos a governantes os mais corruptos da
história política do País, estão infringindo o segundo mandamento da Lei de
Deus.
O “Diário
de Notícias”, logo depois do discurso, cerca das 24 horas procurou ouvir Dom
Helder Câmara sobre a referência que lhe fizera o sr. João Goulart, mas o novo Arcebispo
de Olinda e Recife não foi encontrado nem em casa, nem nas residências das
pessoas de sua amizade.
Hora
de Decisão
Está vivendo o País uma hora decisiva.
Ou soçobra, de vez, a democracia, com a derrocada do que ainda resta por
salvar, ou reage a Nação e faz valer a Lei e a Ordem, dentro das regras
constitucionais. É a própria Constituição que está em jogo e está rudemente
ameaçada.
O presidente da República coloca-se em
posição frontalmente contrária a que lhe compete, como autoridade suprema do
Executivo e, nessa qualidade, guardião dos princípios básicos sobre os quais se
alicerçam as instituições democráticas. Afasta-se deliberadamente de seus deveres
legais, acobertando movimentos conduzidos pela liderança comunista numa
aventura que poderá levar o País ao imprevisível.
A decisão é portanto, impositiva, inadiável.
A opção é definitiva.
YYY
Mais uma vez, faz-se ouvir a voz do Senador
Magalhães Pinto, figura infensa a radicalizações, contra as quais se manifestou
recentemente com o equilíbrio e senso de medida que o marcam singularmente no
cenário da vida pública brasileira.
E o que diz agora o Governador de Minas
Gerais, em face dos acontecimentos atuais? O mesmo que, em coro, numa unanimidade
que não admite dúvidas nem reservas, dizem e pensam todos quantos não integram
a ínfima minoria empenhada na subversão do regime.
Os fatos que abalaram a Marinha não podem
ser encarados simplesmente como um episódio interno da disciplina que precisa
ser mantida no seio das Forças Armadas. Neles estão em causa os fundamentos do
regime democrático, que tem no respeito à disciplina e à hierarquia militares
os elementos específicos de sua segurança.
O protesto do Almirantado, secundado
pela esmagadora maioria da oficialidade naval, não pode de modo algum neste
momento ser considerado como manifestação de indisciplina e rebeldia. Se o
presidente da República coonesta e se cumplicia com a insubordinação, então o
que esperar das mais altas autoridades responsáveis da Marinha senão essa manifestação
que objetiva a repor a ordem onde ela foi duramente ofendida?
YYY
Já não podem ser aceitas, a esta altura,
medidas de termo médio.
Não basta, absolutamente, que o presidente
da República, como foi anunciado, retire o Almirante Aragão, temporariamente,
das funções que ele vem de há muito deslustrando. Trata-se de uma figura
inteiramente comprometida com a subversão e a baderna disciplinar.
Para reconstituir a Marinha na integridade
hierárquica, para repô-la onde lhe compete, no conjunto das Forças Ramadas, com
seus brios salvaguardados, terá o governo de alterar substancialmente tudo o
que fez até agora, não apenas no caso de motim de quinta-feira, mas também na política
de desmoralização dos escalões superiores da hierarquia.
Não se porte sob forma nenhuma pactuar
com a inversão de todas as normas e princípios que dão sentido e base à ordem
institucional. Ainda há uma porta de saída aberta para o presidente. Não vá ele
por insensato ou temerário expor mais longe o País e seu povo já tão castigados
pela inépcia, pela incompetência, a cupidez e o divisionisme do seu governo. Já
não engana a ninguém. É inútil continuar jogando areia nos olhos do público. O
que há de bom é dele, de mau é das estruturas que o Congresso quer reformar.
Pois as reformas virão, hão de vir,
não podem deixar de vir. E então, já sem o biombo da mistificação e do empulhamento.
O sr. João Goulart ficará diante de todos tal como ele é, na sua verdadeira
dimensão como chefe de Governo, na sua exata proporção de estadista e homem
público, na sua efetiva estatura de político e como tal passará à história – o
homem que infelicitou o Brasil, que tirou o sorriso e a verve do seu povo e quase
lhe tira a esperança.
(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de
Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor
e Colunista;
Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do
Sul (1989);
Ex-Vice-Presidente da Federação de Canoagem de Mato
Grosso do Sul;
Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre
(CMPA);
Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura
do Exército (DECEx);
Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério
Militar – RS (IDMM – RS);
Ex-Vice-Presidente da Federação de Canoagem de Mato
Grosso do Sul;
Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando
Militar do Sul (CMS);
Ex-Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia
Brasileira (SAMBRAS);
Membro da Academia de História Militar Terrestre do
Brasil – RS (AHIMTB – RS);
Membro do Instituto de História e Tradições do Rio
Grande do Sul (IHTRGS – RS);
Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia
(ACLER – RO);
Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio
Grande do Sul (AMLERS);
Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da
Escola Superior de Guerra (ADESG);
Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN);
Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós
(IHGTAP)
E-mail: hiramrsilva@gmail.com.
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – XXIII
Bagé, 17.01.2025 Continuando engarupado na memória: Tribuna da Imprensa n° 4.259, Rio, RJSexta-feira, 24.01.1964 Petrobras em Crise: Negociata Uma
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – XXII
15.01.2025 Continuando engarupado na memória: Tribuna da Imprensa n° 4.257, Rio, RJQuarta-feira, 22.01.1964 Subversão da Ordem é Etapa da Revoluç
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – XXI
Bagé, 13.01.2025 Continuando engarupado na memória: Tribuna da Imprensa n° 4.255, Rio, RJSegunda-feira, 20.01.1964 Bilac dá as Provas do Golpe O D
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – XX
Bagé, 10.01.2025 Continuando engarupado na memória: Tribuna da Imprensa n° 4.253, Rio, RJSábado e Domingo, 18 e 19.01.1964 Lacerda: Intervenção Imi