“(...) Ardes, num holocausto de ternura...
E abres, piedosa, a solidão bravia
Para as águias e as nuvens, a acolhê-las;
E invades, como um sonho, a imensa altura,
Última a receber o adeus do dia,
Primeira a ter a bênção das estrelas!
(Olavo Bilac - A Montanha)
- Cucuí
Cucuí é uma pequena e bela cidade, às margens do rio Negro, encravada aos pés de uma magnífica montanha de pedra na tríplice fronteira entre Brasil, Colômbia e Venezuela. Distrito do município de São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, dista, em linha reta, 150 quilômetros da sede do município e a 850 quilômetros de Manaus.
- Serra de Cucuí
A Pedra de Cucuí é uma elevação de 462 m e, do alto da pedra, é possível avistar o Pico da Neblina e a Serra do Imeri. Observando-se a Serra, do lado brasileiro, ela se assemelha a um rosto fitando o céu. Os indígenas barés brasileiros vêem a serra como chuva de flores, enquanto seus irmãos venezuelanos vêem nela a boca do Criador.
- A Lenda
Na face norte da serra do Cucuí, existem cavernas naturais e, em uma delas, teria morado o cacique Cucuí. O cacique tinha várias esposas e, à medida que elas envelheciam, eram engordadas e sacrificadas para servirem de repasto ao cacique canibal. Cucuí buscava, imediatamente, uma substituta que era escolhida dentre as mais belas da aldeia.
- Colônia Penal
No dia 23 de abril de 1892, o STF nega habeas corpus impetrado por Rui Barbosa em favor de políticos, militares e cidadãos, presos ou desterrados para Tabatinga e Cucuí, em virtude de decretos expedidos pelo vice-presidente da República Floriano Peixoto. Tais decretos foram expedidos em decorrência dos protestos que aconteceram na Capital e determinaram a declaração do estado de sítio e a suspensão das garantias constitucionais.
José Carlos do Patrocínio: após a Proclamação da República, passou 18 meses na Europa e, ao retornar, escreveu um manifesto contra Floriano Peixoto que resultou na sua deportação para Cucuí.
José Joaquim Seabra: como deputado constituinte foi preso e exilado em Cucuí. Governou o estado da Bahia no quadriênio 1912/1916.
- Relatos da região
Reproduziremos as impressões de alguns dos pesquisadores e militares que percorreram a região. O objetivo desta dileção histórica é identificar nestes registros o que há de importante a ser observado e, principalmente, verificar as mudanças que ocorreram nestes mais de dois séculos que se passaram desde a expedição de Wallace.
- Alfred Russel Wallace
“No dia 1º de Fevereiro de 1851, alcançamos a Serra de Cucuí, que determina o limite entre o Brasil e a Venezuela. Trata-se de uma rocha granítica muito escarpada, formando como que um tronco de um prisma quadrilátero de cerca de mil pés de altura. O monte ergue-se bruscamente do solo plano recoberto pela mata, sendo ele próprio, no seu cume nas partes menos alcantiladas dos flancos, recoberto por densa vegetação florestal. Nesse ponto fomos atacados pelos piuns, umas mosquinhas que nos encheram o corpo de picadas, não nos permitindo descansar em paz”. (Wallace)
- Major Boanerges Lopes de Sousa
“Pousamos neste dia (23 Setembro de 1928) no sítio Floresta, já no estirão de Cucuí, onde reside uma velha paraguaia de nome Maria de Jesus, que tem diversas filhas casadas com praças do destacamento de Cucuí. No povoado deste nome, desembarcamos às oito horas da manhã, onde fomos recebidos pelo cabo comandante interino do destacamento. Cucuí ou Fronteira, nome por que é mais conhecido na região, compõe-se de 23 casas, inclusive a do comando e o barracão que serve de alojamento às praças solteiras. As casas são espaçadas uma das outras e em uma só fila acompanhando o barranco, todas de pau a pique, barreadas, caiadas a tabatinga, piso de chão batido e cobertura de palha. Foram construídas pelas próprias praças do destacamento e constituem propriedade delas. (...)
A largura do rio em frente ao destacamento é de 740 metros, à jusante da ilha São José é de 1.020 metros e na foz do Xié é de 1.230 metros. Mandamos chamar dois venezuelanos empregados na firma Bustos&Fontes, com barracão à margem direita do rio Negro, em frente aos marcos fronteiriços e que serviram de guias à expedição Melo Nunes, para nos acompanharem na excursão que projetávamos no dia 26 (Setembro de 1928) ao Cerro Cucuí. Ao amanhecer deste dia, parti em companhia do Dr. Luetzelburg, do fotógrafo Louro, dos práticos referidos, Soldados Bruno e Neto e uma praça do destacamento de Cucuí. Subimos o rio no nosso motogodile, passando já em território venezuelano para as ubás que nos aguardavam à boca do igarapé donde atingimos o caminho por terra que iniciamos às nove horas da manhã, alcançando com uma hora e meia de marcha, por entre mata de igapós, o sopé da montanha.
Às 13h30min, alcançamos o cume do cerro cuja altitude, determinamos por observações barométricas simultâneas com o auxílio do Dr. Glicon, encontrando 440 metros. Os dois picos que lhe ficam ao lado, para Sul e para Norte, como se fossem agulhas que apontassem para o céu tem aproximadamente 35 e 50 metros, respectivamente, o que eleva para 473 e 488 metros as altitudes dos dois citados picos.
Extraio do meu diário as seguintes notas. ‘Começamos a subir o cerro. Uma formidável rocha granítica de 50º de aclive. Os homens sobem descalços. Mando colocar o cabo (corda de ¼’ com 60 metros) de que me preveni. Os dois práticos escolhem um ponto da rocha em que se apóiam e atiram para baixo uma das pontas do cabo, firmando a outra. Subo pelo cabo que vou colhendo até o fim. Mais um lance, outro, mais outro. Marchamos agora pelo cerro acima, amparando-nos nos galhos, ramos e arbustos que encontramos. Às 12 horas, iniciamos a marcha por entre pedras e desvãos do mais difícil e complicado acesso. A todo momento é preciso recorrer ao cabo ou a ajuda dos práticos para se passar de uma pedra para outra. O granito úmido, coberto de musgo, escorrega como sabão! Às 12h30min, atingimos uma gruta que nos forneceu água fresca e cristalina. Descansamos meia hora, dividindo entre os 11 excursionistas uma lata de goiabada que levávamos.
Prosseguindo, fomos assaltados por dezenas de morcegos que irrompiam da escuridão por onde nos arrastávamos às apalpadelas. Meia hora após estávamos no dorso da montanha, contemplando o belíssimo panorama que de lá se descortina: o rio Negro espalhando-se, para o Sul e para o Norte na planície verde e indefinida que irmana os três países lindeiros. Para o Sul, as serras de Curicuari e de Dimiti. As de Tunuí no Içana para Sudeste, o serro Caparro para Este e para Nordeste, azulando no horizonte, as serras do Cabori e a Tapirapicó, da cordilheira Parima. Às 14h20min, iniciamos o regresso, alcançando às 18h40, o igarapé onde retomamos as ubás. Às 20h20min, aportávamos, sem novidade, ao nosso acantonamento de Cucuí.
No dia 27 (Setembro de 1928), visitamos a Coletoria Estadual instalada em uma modesta casa na linha de fronteira. É seu encarregado o Sr. João Carneiro da Cunha, funcionário zeloso e competente. Encontramos sua repartição em boa ordem. O Sr. Carneiro nos acompanhou na visita que então fizemos aos dois marcos existentes - um, colocado à margem esquerda do Rio Negro e o outro para o interior, distante 100 metros do primeiro. De regresso, fizemos em nosso motogodile uma volta em torno da ilha de São José vértice da fronteira dos três países limítrofes. Para Leste, a Venezuela; para oeste, a Colômbia; para o Sul o Brasil”. (Sousa)
- General Cândido Mariano da Silva Rondon
“Era minha intenção seguir, desta vez, pelo interior do Brasil, para ganhar em Belém do Pará a navegação do Amazonas, em demanda da fronteira da Venezuela, em Cucuí, de onde iniciaria a inspeção das fronteiras de Oeste e Sul, ainda não percorridas por mim. (...)
A 16 (16 de janeiro de 1930) chegamos a Cucuí. Receberam-nos os Chefes da Comissão Mista de Limites: Comandante Braz de Aguiar, por parte do Brasil, Dr. Duarte, por parte da Venezuela e Dr. Braulino de Carvalho, médico da Comissão. Diversas providências a tomar. Deveria a Comissão de Limites prover a todas as necessidades da fiscalização da fronteira; não existia, porém, uma só embarcação que pudesse reprimir qualquer desacato à soberania nacional, por parte dos bandoleiros que frequentavam a linha limítrofe.
Inspecionando o equipamento do Contingente, examinando o arquivo, encontrei-os nas condições dos destacamentos das fronteiras das Guianas, mergulhados no caos do abandono, sem tradições militares, sem condições que lhes permitissem funcionar com eficácia. Havia uma turma estudando a linha ‘Marco da margem esquerda do rio Negro - Salto Huá do Criaboi’.
A 17 (17 de janeiro de 1930), Pedra de Cucuí, onde poderíamos obter fotografias da formidável planície Amazônica e da linha da fronteira assinalada pela crista da Cordilheira Parimã. Penosíssima, porém indispensável façanha alpinista. Tais foram as dificuldades vencidas, que nos convencemos não ser essa ascensão menos perigosa e de palpitante interesse do que as mais afamadas. O patamar mais alto fora, até então, considerado inacessível.
Foi proveitosíssima a exploração sob todos os aspectos e voltamos com rica messe de observações, fotografias, filmes. O Major Reis abriu, a buril, no como do mamelão superior, a seguinte inscrição: ‘Inspeção de Fronteiras - General Rondon - 1930’ (17.1.1930)”. (Viveiros)
- Dr. José Cândido de Melo Carvalho
“Chegamos a Cucuí esta manhã (10 de Julho de 1949), um domingo do qual não tínhamos conhecimento. Às oito horas da manhã, atracamos no barranco em frente ao destacamento, sob os olhares indiferentes de um grupo de soldados que ali descansavam. Ao perguntar pelo tenente, um soldado levou-me ao cabo da guarda e este a um sargento que dava ordens no momento, o qual, por fim, me levou ao tenente. Achei interessante essa série de tabelas aqui neste mato, onde tudo poderia ser simplificado, porém a disciplina militar não conhece clima e não posso censurá-los. Fui bem recebido pelo segundo-tenente Pedro Everdoza Bastos, um brilhante e esforçado jovem, filho do Pará. Já havia tido ótimas referencias suas desde Uaupés. Alojaram-me numa casa onde residiam um cabo e um soldado. Serviram-me, a seguir, café com biscoitos. Pude reabastecer-me, em seguida, comprando arroz, carne enlatada, um pouco de feijão e tabaco para meus companheiros. (...)
Cucuí foi criada no governo de Floriano para servir como colônia de reclusão para os políticos conspiradores. Hoje, somente resta a lembrança e algumas histórias, não existindo, no local, pessoa alguma ligada a isso. Funciona aqui um posto de fronteira de nosso exército, no momento com 18 homens. Nestes últimos anos parece que o destacamento tem passado por muitas agruras, estando, atualmente, atravessando um período de reconstrução.
Fica o lugarejo um pouco abaixo da linha de fronteira, do lado esquerdo do Rio Negro, ao sul da serra de Cucuí, um pouco acima, já em território Venezuelano. Numa ilha bem no meio do rio, existe um marco delimitando as fronteiras do Brasil com a Colômbia e a Venezuela. Dali para cima, a Colômbia fica à direita e a Venezuela à esquerda. A serra é muito visível, tendo em grande parte de sua sessão mais elevada, nua ou apenas recoberta por vegetação crescente sobre a pedra.
Acabamos de regressar ao destacamento (11 de julho de 1949), após uma excursão à serra, onde quase perco a vida por duas vezes, tendo da última estado muito perto de ir apresentar-me a São Pedro.
De canoa rumamos para a fronteira. Dali, após conseguirmos que dois práticos da região nos seguissem, embrenhamo-nos por um igarapé, já em território Venezuelano, pelo qual se vai até quase o pé da serra. Deixando o igarapé, tivemos de andar uma hora pela mata, passando por igapós, onde só mesmo descalço era possível andar. O sapato, que comprara em Manaus, molhou-se e rompeu a sola. Com isso, meus pés ficaram doloridos de pisar nas raízes dentro d’água. Mesmo assim caminhamos rapidamente, até atingir a rocha do lado sul da serra.
Acompanhando os guias, subimos um pequeno trecho, agarrando-nos em troncos de árvores e arbustos, até que vimos à nossa frente um longo trecho de rocha nua muito escarpada. Ao tentarmos escalar essa rocha, quase na vertical, com uns 60 metros de extensão, deparamos com uma séria barreira, devido ao limo escorregadio que cobria a pedra. O sol não fora bastante para secar a superfície da pedra. Somente após ter subido uns 30 metros é que reconhecemos a impossibilidade de ir além. Meus guias resolveram, então, soltar a língua e dizer que, nesta época, ninguém sobe a serra e já houve quem subisse por lá ficasse preso, devido às chuvas no período da tarde.
Fiquei bastante revoltado com aquela declaração tardia, que, se demorasse mais um pouco, poderia ter-nos custado a vida. Meus pés começaram a sangrar devido às muitas arestas cortantes da pedra e mal conseguíamos manter sentados sobre a rocha, com pés, mãos e nádegas colados à superfície.
Passei o primeiro susto após uns 20 metros de escalagem, quando perdi o contato das mãos com a pedra. Não fosse ter um dos pés bem firme ter-me-ia precipitado no abismo. Um dos meus companheiros, o Graciliano, viu-se, também em má situação, ao tentar segurar-se numa moita de bromélias, que se desgarrou.
Por sugestão de um dos guias decidimos não ir adiante. Já podíamos descortinar, muito além do local onde nos achávamos, e o tempo continuava ameaçador. Estaríamos arriscados a não poder descer e apenas tínhamos conosco algumas bananas e uma cuia de farinha, que ficara sob os cuidados do Plácido, nas fraldas da serra.
Nesse local ficamos algum tempo, tendo eu obtido algumas fotografias e observado a região em torno, uma mata pujante e sem limites. A nossa descida, pelo menos a minha, foi trágica. Meus pés já doíam bastante e se fora difícil subir, como descer agora? O menor deslize, e iríamos parar no abismo. Nesse momento é que se podia ter noção exata da gravitação dos corpos.
Chegando a uma pequena depressão parei para descansar, para depois continuar a descida, deslizando para a direita. Ao atingir um pequeno trecho de limo mais forte, senti que as coisas iriam complicar-se e, por mais força que fizesse para me manter no lugar, senti que ia começando a deslizar pela rocha. Foi só então, num esforço sobre-humano, com o coração batendo mais apressado, que pude associar pés, mãos e nádegas de tal forma, que progredi um pouco à esquerda, onde havia uma pequena depressão deixada pelo desgaste da rocha. Desse ponto em diante cada movimento era estudado, e não foi sem muito trabalho que nos agarramos aos primeiros arbustos da mata.
Ao pé da serra a mata é magnífica, muito alta e rica em espécies vegetais. Existe um sem número de orquídeas de rara beleza. Existem, junto às primeiras elevações, gigantescos blocos de granito, dispostos sobre o solo, com faixas ou sulcos verticais uniformes dos lados, como se fossem talhados pela mão do homem.(...)
Notei que os soldados recentemente chegados a Cucuí, estão com feridas, devido às constantes picadas dos piuns. Nos primeiros dias estas picadas coçam muito e tendem, por esse motivo, a se transformarem em feridas. Depois de algumas semanas o organismo já tem reação diferente, não persistindo mais esse perigo. Wallace parece ter sofrido com esses insetos, pois ao chegar a Cucuí disse: ‘aqui os piuns, mosquitos pequenos que dão picadas dolorosas, e que eram em grande quantidade, atormentaram-nos bastante o resto do dia’.
As hortas de Cucuí são todas suspensas em caixas feitas com paus roliços ou caixotes, algumas diretamente sobre o rio. Disseram-me que a pobreza do solo e o grande número de saúvas eram responsáveis por tal medida. Aliás já venho observando isso desde Barcelos acima. Nestas caixas, colocam apenas solo mais humoso, retirado do subosque da mata. Aqui em Cucuí até as bananeiras são cercadas, e no seu pé também é amontoada terra do subosque.
Pelo que me foi dado observar em relação à agricultura, nesta região, acredito que uma parcela de seu fracasso é devido à falta de sementes, ou de melhor, de plantas adaptadas ao meio. Parece haver um desequilíbrio muito grande entre crescimento e produção, gastando a planta, em pouco tempo, toda sua força no primeiro desses misteres, isto é, na fase de crescimento. Assim é que um pé de feijão germina e cresce assustadoramente em poucos dias. Daí em diante, qualquer sol ou chuva mais forte, causa queima de suas folhas ou tombamento de sua haste. Chegado o momento de produzir, a planta já exauriu grande parte de suas reservas, sendo, dessa forma exígua a produção. Pensei também nessa lei natural tantas vezes observada na fazenda de meu pai, quando criança. Uma planta em solo muito favorável a seu cultivo, nem sempre era a que produzia mais. Assim é que nos arrozais plantados em terreno virgem cresciam assustadoramente e, na época do cacheamento, soltavam apenas uns poucos cachos raquíticos aqui e acolá, logo tostados pelo sol ou mantidos sem granar por efeito das chuvas. Acredito que, no Amazonas, o fenômeno seja o mesmo, não tanto em relação ao adubo, porém em se considerando, sobretudo, a umidade e o calor”. (Carvalho)
- O Correio da Fronteira
“Não se trata de história, mas registros de memória, de mais de meio século, de como ocorria a vida na então 8ª Região Militar (8ª RM), que englobava, àquela época, toda a área da atual 12ª RM e do Comando Militar da Amazônia (CMA), inclusive suas fronteiras, transportes, abastecimento, vida social, após o advento do avião militar da FAB - o Catalina.
Os ‘Catalinas’ – aviões anfíbios usados na 2ª Grande Guerra na ação anti-submarina – operavam na Amazônia, fazendo o patrulhamento do mar territorial, a cargo da 1ª Zona Aérea, isto é, voando mar a dentro, onde também eram adestrados seus pilotos, em sua iniciação militar. (...)
1º Vôo Cucuí - Vila Bitencourt
Encontrando-se inspecionando o Pelotão de Fronteira Cucuí, em 1952, O Gen Cmt da 8ª RM - Gen Eudoro Barcelos de Morais - deliberou permitir, para os nativos residentes na região da fronteira, a não observância da estatura mínima de 1,60m, para sentarem praça (situação de familiares Caixeiro, de pequena estatura) (...)
Ocorre que àquela época os Catalinas, devido à falta de proteção ao vôo, voavam sempre seguindo o curso do rio, aquatizando em caso de perigo ou necessidade, sendo comum em mau tempo, fazerem vôo rasante, em cima do rio, dado que a navegação era a olho nu. (...)
Vôos rasantes
(...) O Catalina tem na parte traseira duas bolhas de Observação, por onde se entra para o interior do avião. Dali, se observa bem a rota do vôo, a paisagem e se tinha a sensação – tão baixo e acoplado às copas das árvores se voava – que se estivesse numa prova de hipismo a todo galope, por cima da mata, subindo e descendo conforme seu traçado. Impressionante também, ver o esforço do piloto e co-piloto na condução do avião enfrentando os obstáculos que se sucediam, empunhando os manchos ...
(...) No Catalina, existem duas camas de lona em seu interior e como estávamos cansados, assim que decolamos, nos deitamos e dormimos, só acordando ao chegarmos em Manaus, Esperando o Comandante e o copiloto saírem primeiro, surpreende-nos os dois, molhados de suor, como se estivessem numa sauna, diz o Cmt: bom é não saber e vir dormindo... Acabamos de enfrentar dois CB’s fechando a entrada de Manaus, quase em cima do escurecer e felizmente conseguimos chegar antes...” (Sá)
Fontes:
BOANERGES, Lopes de Sousa - Do Rio Negro ao Orenoco - Brasil, Rio de Janeiro, 1959 - Ministério da Agricultura - Conselho Nacional de Proteção aos Índios.
CARVALHO, José Cândido de Melo - Notas de viagem ao Rio Negro - Brasil, São Paulo, 1983 - Edições GRD.
SÁ, Petronio Naia Vieira do Nascimento e - e-mail de 13 de mai0 de 2009.
VIVEIROS, Esther de - Rondon conta sua vida - Brasil, Rio de Janeiro, 1958 - Livraria São José.
WALLACE, Alfred Russel - Viagens pelos rios Amazonas e Negro - Brasil, São Paulo, 1979 - Editora da Universidade de São Paulo
Fonte: Coronel de Engenharia Hiram Reis e Silva
Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA)
Acadêmico da Academia de História Militar Terrestre do Brasil (AHIMTB)
Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS)
Site: http://www.amazoniaenossaselva.com.br