Sexta-feira, 13 de março de 2020 - 09h29
Bagé, RS, 13.03.2020
A
Batalha, N° 4.425
Rio de
Janeiro, RJ ‒ Terça-feira, 14.01.1941
Atacados
e Cercados Pelos Índios
os Membros da Comissão de Limites
Surpreendidos
e Cercados Quando Dormiam Foram Todos Feridos por Flechas Envenenadas
BELÉM, 13
[Agência Nacional] – Confirma-se o ataque dos índios aos membros da Comissão de
Limites do Setor Norte, atualmente em operações na fronteira da Venezuela. Informações
radiotelegráficas transmitidas diretamente dizem que o destacamento brasileiro
encontra-se cercado há 24 horas.
O grupo
composto do radiotelegrafista, o médico e mais três membros, e o único do qual
chegam notícias, avisou que foi atacado pela madrugada do dia doze, por cerca
de cem índios. Surpreendidos quando dormiam, foram todos feridos por flechas
envenenadas, mas, mesmo assim, conseguiram repelir a bala, chefiados pelo
médico Armando Morelli, o ataque dos selvagens, que recuaram, mantendo o cerco.
Essa situação ainda perdura, constando, sem confirmação até agora, que dois
elementos do grupo morreram, estando os outros em estado gravíssimo.
O Médico Morelli faz uma
Narrativa do Ataque, em Radiograma Dirigido ao
Chefe da Comissão de Limites
Comunica-nos
a Agência Nacional: No dia 9 do corrente mês, uma Turma da Comissão Brasileira
Demarcadora de Limites ‒ 1ª Divisão, empenhada, nos trabalhos de levantamento
do curso, do Rio Demini, afluente do Rio Negro, no Estado do Amazonas, foi
atacada por índios selvagens. Quando se realizou o ataque, estavam apenas no
acampamento o Médico Morelli, o telegrafista Jovino, Sargento da Marinha, e
mais três homens. O grosso da turma achava-se distante do local, procedendo a
trabalhos de campo.
Todos os
cinco homens foram feridos gravemente; apenas o telegrafista pode locomover-se.
O seguinte radiograma, passado pelo Médico Morelli ao Chefe da Comissão de
Limites, CMG Braz Dias de Aguiar, para a sede da Comissão, em Belém, Pará,
permite que se faça uma ideia não só da gravidade da ocorrência como da bravura
de que deram provas os sitiados:
O ataque
começou às 05h30, com duas saraivadas de flechas premeditadas, em cada rede.
Consegui alcançar meu rifle e atirei no rumo dos agressores, afugentando-os do
local, porém, eles se mantêm nos arredores, anunciados pelos latidos dos cães,
que não cessam. Todos nós ficamos avariados, com mais de três ferimentos, cada
um, exceto o Sargento da Marinha, Jovino que recebeu uma flecha na axila esquerda,
ficando atravessada, e eu com sete, duas das quais atravessaram o pulmão
direito e outra que se alojou na região renal, fixando-se na coluna vertebral,
sendo, com muita dificuldade, tirada. Apresento quatro hemorragias internas,
mas meu organismo está suportando regularmente, apesar das dores lancinantes.
Acredito que serão vinte ou trinta os atacantes, pois já se contam quarenta
flechas, na maioria envenenadas. Nosso único recurso, agora, é de nos
entrincheirarmos aqui e esperarmos socorro, de Leônidas ou de Nilar, que baixou
ao depósito. Nenhum dos homens pode andar e eu nem me mexer na rede.
Mesmo a
baixada por canoa é muito perigosa, porque os índios andam nos arredores. Pelo
sim e pelo não, envio a todos muitos abraços, que peço a Vossa Excelência
transmitir. Cordiais saudações – Morelli.
Novo Ataque
Outros
radiogramas informavam que os índios continuavam a rondar o acampamento,
durante a noite, impossibilitando, os atacados a sair das trincheiras e que,
por causa dos latidos dos cães, tinham a impressão que o resto da Turma também
fora atacada. No dia 10, os índios voltaram a atacar o acampamento. Apesar da
gravidade de seus ferimentos, os homens pretenderam descer o Rio, quando os
índios cortaram-lhes a retirada, sendo o grupo obrigado a voltar às
trincheiras. Em vista da situação crítica em que se encontram esses membros da
Comissão de Limites, o Ministro das Relações Exteriores deu autorização ampla
ao seu chefe, Comandante Braz Dias de Aguiar, para agir em seu socorro.
O Genl Cmt
da 8ª Região Militar, com sede em Belém, pôs à disposição do Comandante Braz
Dias de Aguiar um avião “Comodoro”
para seguir até Manaus. De Manaus, o Chefe da Comissão de Limites seguiu em
lancha, cedida pelo Interventor Federal no Amazonas, pelo Rio Negro, em direção
ao Rio Demini, levando consigo dois médicos e ambulância, esperando chegar a
tempo de prestar socorro aos membros da Comissão que se encontram sitiados. Até
o presente momento, o Ministério das Relações Exteriores, ao qual está
subordinada a Comissão Brasileira Demarcadora de Limites, não tem conhecimento
da morte de nenhum dos homens que compõem a turma encarregada dos trabalhos de
levantamento do curso do referido Rio. (A BATALHA, N°. 4.425)
A
Noite, N° 11.599
Rio de
Janeiro, RJ ‒ Segunda-feira, 29.05.1944
Encerrando
uma Divergência Secular
O
Acordo Final de Limites Entre
o Peru e o Equador
LIMA, 28
(A. P.) ‒ O Presidente Prado, em mensagem irradiada à noite passada, sobre a
solução definitiva da questão de fronteiras com o Equador, elogiou e agradeceu
a intervenção do chanceler brasileiro Oswaldo Aranha e declarou:
Concluída
a divergência que durou mais de um século, entre os dois países unidos e
chamados, pela geografia e pela história, a viver vinculados um ao outro,
reafirmo o sincero propósito de estreitar os vínculos de leal amizade com o
povo e o governo equatorianos. Declaro, enfaticamente, que de nossa parte nada
ficará por fazer nestas nobres e cordiais relações.
QUITO 28
(A. P.) ‒ Foi recebido ontem em audiência especial pelo Presidente da República
o Comandante Braz Dias de Aguiar, da Marinha de Guerra do Brasil, que se acha investido das faculdades de árbitro da questão de
fronteiras entre o Peru e o Equador, na Zona Oriental, de acordo com a
fórmula sugerida pelo Chanceler Oswaldo Aranha. O ilustre oficial brasileiro
declinou de fazer declarações aos jornalistas sobre a sua entrevista com o
Presidente, limitando-se a informar que embarcará na próxima semana para a
região em que deverá realizar a missão especial de que se acha incumbido. (A
NOITE, N° 11.599)
A
Noite, N° 11.876
Rio de
Janeiro, RJ ‒ Quarta-feira, 07.03.1945
A
Questão de Limites Entre o
Peru e o Equador
O
Ministro José Roberto de Macedo Soares, que responde pelo expediente do
Ministério das Relações Exteriores, recebeu do 1° Vice-presidente, em exercício
da presidência, da Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro, Ministro, J. S. da
Fonseca Hermes, o ofício a seguir transcrito, a propósito da aceitação pelo
Equador e do Peru de uma proposta brasileira para serem submetidas a
arbitramento as questões pendentes da demarcação de limites entre os dois
Países:
Rio de
Janeiro, 26.02.1945. Senhor Ministro. – Tenho a honra e o prazer de levar ao
alto conhecimento de Vossa Excelência haver a Assembleia Geral da Sociedade de
Geografia do Rio de Janeiro aprovado, hoje, sob unânimes aplausos, a seguinte
moção:
Um
acontecimento digno de registro em nossos anais acaba de ocorrer, e que merece
tornemo-lo saliente porque põe em relevo o espírito pacifista, de concórdia e
amizade que sempre orientou a nossa política exterior e americanista. A grave,
secular e intrincada questão de limites entre o Peru e o Equador, por
intermédio do nosso benemérito consócio, o Cmt Braz de Aguiar. E essa solução
obedeceu às normas e aos princípios que o Brasil sempre sustentou como os mais
dignos para solver as questões que se suscitassem entre povos irmãos e amigos;
normas e princípios que sempre aplicou aos litígios surgidos com os seus
vizinhos.
A solução
da questão de limites entre o Equador e o Peru acaba de ser resolvida
pacificamente, dignamente, honradamente, à satisfação de ambas as partes. Este
fato merece o nosso aplauso não só pelo que encerra de nobre e elevado enquanto
se refere à mentalidade e aos sentimentos dos dois povos e governos amigos, mas
ainda porque essa solução foi obra da diplomacia brasileira, executada
tecnicamente por um consócio nosso. [...] (A NOITE, N° 11.876)
O
Acre, n° 855
Rio
Branco, AC ‒ Domingo, 18.01.1948
Introdução à História das Bandeiras
Morre um Bandeirante
O Cmt Braz de Aguiar faleceu há 2 dias, mas já pertence à
história. Não é daqueles cujo nome se afaga no túmulo, com os despojos mortais.
Uma vida inteira dedicada ao serviço do Brasil, no desbravamento das suas
zonas fronteiriças mais ásperas e desconhecidas, dá-lhe um lugar eminente no
Pantheon dos Bandeirantes. Daqueles grandes exploradores que se extremaram
pelas virtudes e pela ação. Demarcador de limites, durante quase quarenta anos,
ele possuía as virtudes ideais dessa espécie de servidores: a elevada
compreensão política das suas funções; um ardente patriotismo, que não excluía
o sentido dos direitos alheios; o amor da aventura geográfica no coração da
Natureza ignota; a fraternidade humana aliada à curiosidade científica pelo
indígena; e esse poder de simpatia irradiante que dá a certos chefes a
possibilidade de fazer aceitar aos subordinados o cumprimento das mais difíceis
tarefas com o mesmo espírito de comunhão na grandeza do dever.
Poderemos afirmar, em obediência estrita à verdade, que Braz de Aguiar pertence à mesma família de um
Ricardo Franco de Almeida Serra e de um Couto de Magalhães, no passado;
ou de um Cândido Rondon, no presente. Os
homens desta rara estirpe servem às nações de espelho, em que podem mirar-se na
sua continuidade histórica: contemplar-se na sua imagem mais perfeita; haurindo
nessa visão a consciência e a certeza da sua força moral. Aquelas velhas
qualidades de energia, zelo inato e devotamento ao serviço que assinalaram
tantos pioneiros do período colonial, encontravam-se com a mesma pujança neste
homem dos nossos dias. Ele era um dos elos últimos duma cadeia que vai do
presente até ao fundo dos séculos. E se o compreendemos melhor à luz da
história, de que foi o transunto ([1]), também
a evocação de certas figuras do passado ganha e se pode completar, quando
aferidas por esse padrão, que a todas realiza e define, no mais substancial das
virtudes herdadas.
Eis as razões que nos levam a incluir nesta série de
artigos uma referência histórica a esse Bandeirante contemporâneo. Tivemos a
felicidade de o conhecer e de o tratar com a espécie de camaradagem fraternal
que une os homens apaixonados pelas mesmas buscas. Muitas vezes esse grande
Chefe nos deu a honra do procurar-nos em nosso gabinete do trabalho no
Ministério em que servia, para nos comunicar com alvoroço os últimos
descobrimentos geográficos da Comissão, cujos trabalhos dirigia. Debruçados
sobre os mapas e tomados do mesmo entusiasmo, eu ouvia a sua lição inédita.
Deu-me igualmente a honra de me ler, antes de ser oficializado, o laudo que
escreveu, como árbitro na velha, debatida e apaixonada questão dos territórios,
conjuntamente disputados pelo Peru e o Equador.
Guardo dessa leitura, ou melhor, dessa audição, a
impressão de uma obra prima do equilíbrio e de serena justiça, baseada numa
sólida cultura das ciências geográficas e históricas. A maior parte da sua obra
escrita consta do relatórios inéditos, que se guardam no Arquivo do Ministério
das Relações Exteriores. Mas alguns: dos seus trabalhos estão publicados.
Nomeado, em 1929, Chefe da Comissão Brasileira Demarcadora
de Limites para a Região Setentrional, apresentou, nessa qualidade, ao
Congresso Brasileiro de Geografia, realizado em setembro de 1940, com o título
“Nas fronteiras da Venezuela e Guianas
Britânica e Neerlandesa”, uma comunicação muito notável sobre os trabalhos
da equipe, dos anos de 1930 a 1940, a que presidia. Esse volume corre impressão
em separata dos “Anais” daquele
Congresso.
Páginas escritas com uma perfeita objetividade e estilo
científico, abrangendo os múltiplos aspectos que podem, no terreno, interessar
um demarcador de fronteiras em País como o Brasil, desde a geografia até à
etnografia uma viva surpresa colhe o leitor, que as folheia atentamente.
Esse Chefe, que foi um grande animador e que animava ao
modo dos lutadores leais, pondo-se à frente da Batalha, ao descrever um decênio
de trabalhos por vezes em regiões aspérrimas nunca fala na primeira pessoa.
Apaga-se inteiramente para atribuir todas as fadigas e
glórias, coletivamente, à Comissão. Dir-se-ia que essa longa e
substancialíssima comunicação foi apenas obra do gabinete, em que ele houvesse
reunido as observações colhidas por outrem nos trabalhos do campo.
Mas, lendo-se com atenção surpreendem-se no flagrante das
coisas vividas os testemunhos da experiência pessoal. Ainda que rapidamente,
em notas muito sóbrias, sente-se pulsar o esforço do explorador sobre alguns
trechos duríssimos do terreno. É o que sucede ao referir-se às alturas de cerca
de 3.000 metros do gigantesco Roraima, onde se encontram as fronteiras;
Brasil-Venezuela, Brasil-Guiana Britânica e Venezuela-Guiana Britânica.
Ouçamos:
O
planalto do cimo do Roraima, pela sua estrutura e ação mecânica da água e do
vento, apresenta enormes fendas que são verdadeiros abismos.S ão brechas de um
a muitos metros de largura e profundidades desconhecidas que impedem o caminho.
Nas proximidades das bordas do planalto as rochas são extremamente quebradas,
dificultando enormemente alcançar-se a orla dos precipícios, e que somente em
alguns casos se consegue. [...] A vida na chapada do alto Roraima é
excessivamente áspera. Raros são os momentos em que o Sol brilha, ou o Céu fica
estrelado. Na maior parte do tempo toda a região fica debaixo de chuva ou de
densos nevoeiros. O vento é forte e quase constante.
A esta paisagem lôbrega e fantástica, que tem qualquer
coisa de dantesco, o espectador não se mistura. Um pudor varonil detinha a pena
do escritor, evitando a rememoração do própria esforço. Sóbrio nesse
particular, ele não esconde a admiração pelos grandes espetáculos da Natureza.
Falando ainda do Roraima, escreveu:
Inúmeros
são os veios de água que correm em todas as direções e de grande altura se
projetam para as Bacias do Orenoco, Essequibo e Amazonas. É um espetáculo
maravilhoso quando, depois de uma grande chuva, o alto do Roraima se desanuvia
podem então apreciar-se as inúmeras quedas de água que se precipitam para
formar o Cotingo, o Arabopo, e Kukenan, o Palikwa e outros menores.
Irá um pouco mais longe, é certo, quando pode falar na
terceira pessoa:
As águas
que descem do Ueissipu, ora correndo à superfície, ora subterrâneas, formam um
solo onde se transita em verdadeiros exercícios de acrobacia. Em grandes
extensões, os engenheiros que faziam o levantamento topográfico marinhavam
sobre raízes para se deslocarem do uma estação à outra.
Além dessa memória, o Comandante Braz de Aguiar estava
promovendo a publicação duma obra vastíssima sobre os trabalhos da sua
Comissão: “A Série Histórica Sobre a
Demarcação da Amazônia”, entregue ao Professor Ferreira Reis E de que já
saiu a lume, o 1° volume; os Atlas das zonas fronteiras, segundo os
descobrimentos por vezes surpreendentes, das últimas explorações; “Anotações para o Dicionário Geográfico da
Amazônia” e “Roteiro Etnográfico”
repositório de notícias, com frequências, de mais alto interesse científico.
De todos os trabalhos aludidos, os de mais vivo interesse
são, a nosso ver, os relatórios, dirigidos ao Ministério das Relações
Exteriores, sobre os serviços de conjunto da Comissão.
E talvez mais que todos, o de 1945, em que ele narra as
operações combinadas, por terra e ar, que levaram, desde 1941, ao descobrimento
das fontes principais do Orenoco. Porque, saibam-no os leitores, só desde 1943,
e graças aos esforços conjuntos das Comissões Demarcadoras do Brasil e
Venezuela, começam a conhecer-se os manadeiros principais do Orenoco que
contravertem com os tributários de Catrimani [Rio Branco] e Demei [Rio Negro].
Essa vasta região da
serras e florestas, donde se despenham, em dois braços, as nascente do Orenoco,
conhece-se apenas pela fotografia aérea. Só agora se fez o levantamento de
Rios, como o Mariduu, afluente do Demi em território brasileiro ou do Tigre,
afluente do Uguete da Bacia do Orenoco em território venezuelano.
Nas páginas inéditas deste relatório, em que, aliás, o
relator transcreve, com frequência, as comunicações dos seus excelentes
colaboradores, sente-se palpitar conjuntamente a paixão do brasileiro e a do
homem de ciência, que está revelando um dos últimos e mais interessantes
enigmas de geografia do Planeta. Aí, melhor ainda caberiam as palavras com que
abre o seu trabalho “Nas Fronteiras da
Venezuela e Guiana Britânica e Neerlandesa”:
Obra de
legitima brasilidade, levada a bom termo por entre mil dificuldades, abre
perspectivas inteiramente novas a paisagem geográfica do continente, tanto mais
quanto a região percorrida e identificada interessa de certo modo aos próprios
destinos dos povos ligados a nós por vínculos de vizinhança e americanidade. A
Comissão Brasileira Demarcadora de Limites ‒ Primeira Divisão ‒ produzindo os
capítulos novos da Geografia Sul-americana, que estas páginas revelam, não
solicita louvores mas o reconhecimento do que ela tem rendido, sem medir
sacrifícios com o objetivo imediato de bem servir o Brasil, sendo útil,
igualmente, aos altos interesses da ciência.
A revelação das conexões, sobre o terreno, das nascentes
da Bacia do Orenoco com os tributários dos Rios Negro e Branco está em
andamento. Outro Moisés, também a Braz de Aguiar não foi dado conhecer
completamente e pesar essa terra prometida dos seus sonhos de criador de
geografia.
Homem benemérito, que trabalhava juntamente para a sua
Pátria e para a Humanidade, poucos mereceriam, como ele, essa coroa de glória
de haver alcançado plenamente um objetivo supremo.
Não sabemos se e quando o Ministério das Relações
Exteriores publicará algum ou alguns daqueles relatórios. Na parte a que
acabamos de aludir, como noutras, eles interessam em alto grau à geografia, e à
história da geografia do continente.
Reuni-los é sumariá-los, nas suas páginas mais vivas, nas
de maior interesse humano e científico, seria porventura, a melhor homenagem a
prestar a esse, como a outros pioneiros, e do mesmo passo oferecer à mocidade
brasileira uma admirável lição e exemplo.
Que esplêndida série de estudos, entre biografia e
revelação da terra e do indígena brasileiro, haveria a escrever, neste sentido.
Por nossa parte, sentíamo-nos no dever de prestar aqui esta pequena, homenagem
ao Bandeirante, ao Homem de Ciência e ao amigo, tanto mais quanto o seu grande
mérito se rebuçava ([2])
voluntariamente na capa da modéstia.
Era daqueles que preferem ser esquecidos ou mal avaliados
a soprar na tuba da própria fama. A este homem, tão grande e tão simples,
afligiram males horríveis nos últimos meses da sua vida. Acompanha-nos com
mágoa, e dia a dia, as notícias do seu fim. E ainda hoje não podemos furtar-nos
a um misto de assombro, de amargura e de queixa.
Perante esse espetáculo das piores dores, que tantas vezes
escolheu para vítimas os mais justos. (CORTESÃO)
Revista Marítima
Brasileira, Volume 153
Rio de Janeiro, RJ ‒
jan./fev. /mar, 1949
Sessão Solene a 08.10.1948, no Salão de Conferências do Palácio Itamarati
Senhores! Os beneméritos da
Pátria têm, para perpetuar-lhes a memória, um monumento na praça pública. Braz
de Aguiar, em vez, tem centenas de monumentos construídos por ele mesmo e
construídos para a eternidade. Contra eles nenhuma ação tem a erosão das águas
e dos séculos.
Estendidos em fileiras, ao
longo de nossas raias, nos mais longínquos rincões da Pátria, esses monumentos
falam a linguagem do sangue que os fez nascer em terreno fértil, numa terra
abençoada.
Sua voz vai misturada com o
sibilar dos ventos que não param nunca lá nos cimos da Serra Parima. O
estrangeiro que deles se aproximar ouvirá que eles repetem, com a regularidade
de um metrônomo: “Atenção! Deste lado é a
Terra de Santa Cruz”.
Braz de Aguiar ‒ Tu deixaste
na história de demarcação de nossas fronteiras o teu nome aureolado e no
coração de cada brasileiro uma saudade. Tua tarefa, porém, não terminou,
porque não terminaram, ainda, as demarcações.
Aquele que tu colocaste à
frente da 1ª Divisão Demarcadora conta com a tua ajuda para continuar tua obra.
E os trabalhos continuam lá nos cimos da Serra Parima. (QUARTIN)
Bibliografia:
A
BATALHA, N° 4.425. Atacados e Cercados
Pelos Índios os Membros da Comissão de Limites – Surpreendidos e Cercados
Quando Dormiam Foram Todos Feridos por Flechas Envenenadas ‒ Brasil ‒ Rio
de Janeiro ‒ A Batalha, N° 4.425, 14.01.1941.
A
NOITE, N° 11.599. Encerrando uma
Divergência Secular - O Acordo Final de Limites Entre o Peru e o Equador ‒
Brasil ‒ Rio de Janeiro ‒ A Noite, N° 11.599, 29.05.1944.
A
NOITE, N° 11.876. A Questão de Limites
Entre o Peru e o Equador ‒ Brasil ‒ Rio de Janeiro ‒ A Noite, N° 11.876,
07.03.1945.
CORTESÃO,
Jaime. Introdução à História das
Bandeiras – Morre um Bandeirante – Brasil – Acre – O Acre, 18.01.1948.
O
ACRE, N° 855. Introdução à História das
Bandeiras – Brasil – Rio Branco – O Acre, n° 855, 18.01.1948.
QUARTIN,
Adriano de Souza. Sessão Solene a
08.10.1948, no Salão de Conferências do Palácio Itamaraty – Brasil – Rio de
Janeiro – Imprensa Naval – Revista Marítima Brasileira Edição 153, N° 7, 8 e 9
– jan, fev, mar, 1949.
Solicito Publicação
(*) Hiram Reis
e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas, Professor,
Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;
· Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato
Grosso do Sul (1989)
· Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre
(CMPA);
· Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e
Cultura do Exército (DECEx);
· Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do
Magistério Militar – RS (IDMM – RS);
· Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do
Comando Militar do Sul (CMS)
· Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia
Brasileira (SAMBRAS);
· Membro da Academia de História Militar
Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);
· Membro do Instituto de História e Tradições do
Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);
· Membro da Academia de Letras do Estado de
Rondônia (ACLER – RO)
· Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL –
RO);
· Comendador da Academia Maçônica de Letras do
Rio Grande do Sul (AMLERS)
· Colaborador Emérito da Associação dos
Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG).
· Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional
(LDN).
· E-mail: hiramrsilva@gmail.com.
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – X
Bagé, 20.12.2024 Continuando engarupado na memória: Tribuna da Imprensa n° 3.184, Rio, RJSexta-feira, 25.10.1963 Sindicâncias do Sequestro dão e
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – VI
Silva, Bagé, 11.12.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 224, Rio de Janeiro, RJ Quarta-feira, 25.09.1963 Lei das Selvas T
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – IV
Bagé, 06.12.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 186, Rio de Janeiro, RJSábado, 10.08.1963 Lacerda diz na CPI que Pressõessã
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – III
Bagé, 02.12.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 177, Rio de Janeiro, RJQuarta-feira, 31.07.1963 JB na Mira O jornalista H