Sexta-feira, 26 de abril de 2024 - 07h44
Bagé, 26.04.2024
Elogio
do Coronel Hiram Reis e Silva
Os
laços da família REIS E SILVA com esta inigualável Casa do saber, do respeito e
da cidadania, iniciaram-se na década de 30, através do querido e saudoso pai do
nosso homenageado, o Coronel Cassiano, que formou-se em 1939 na então Escola
Preparatória de Porto Alegre (EPPA).
Nas
décadas de 60 e de 70, o Coronel HIRAM e seus irmãos, LUIZ CARLOS e CARLOS
HENRIQUE, também estudaram no CMPA. Nos anos 90, suas filhas e filho ‒ VANESSA,
DANIELLE e JOÃO PAULO –, tiveram esse privilégio. Segundo as palavras do que
ora se despede:
Três gerações que guardaram com muito
carinho cada momento vivenciado e, principalmente, tiveram a rara oportunidade
de receber orientação na rota da honra, da disciplina e da dedicação.
O então
Capitão-aluno REIS, no ano de 1971, foi presidente da Legião de Honra,
integrante da Guarda-bandeira e Comandante do Curso de Infantaria, demonstrando
absoluta devoção aos estudos, à disciplina e à camaradagem, bem como laivos
significativos de liderança.
Filho
de pais amorosos, CASSIANO e MARIA, que souberam, através de primorosa educação,
mostrar a ele e aos seus irmãos o caminho da dignidade e do respeito, o então
menino, foi aos poucos retribuindo o carinho e os ensinamentos recebidos no lar
e orgulhando seus progenitores.
Anos e
anos se passaram, o que só fez aumentar no peito do militar e do cidadão
agradecido o amor à velha casa de ensino, verdadeiro templo de lídimas
tradições da nação brasileira e de culto ao civismo.
Quando
comandou o 3° Centro de Informática, pôde muito bem demonstrar um pouco da sua
gratidão ao Velho Casarão, estabelecendo o mesmo como prioridade para
treinamento de pessoal. Assim mais de cem profissionais do CMPA, militares e
civis, realizaram cursos no referido Centro.
Destacou pessoal para a manutenção de hardware, de software e
também transferiu vários equipamentos para o Colégio, tendo contribuído de
forma significativa nos passos iniciais da expansão da informática,
principalmente na área de ensino.
Já na reserva,
atendendo a uma indicação do Coronel GILBERTO, referendada pelo Cel MÁRMORA,
então Comandante e Diretor de Ensino, retornou a este Colégio como PTTC, em
julho de 2000, e exerceu a cátedra até 2012, como professor de Matemática e de
Desenho Geométrico, nos anos subsequentes, 2013, 2014, até o mês de abril de
2015, atuou como pesquisador do DECEx, ainda pertencendo ao efetivo do nosso
Colégio.
Foram
doze anos no exercício do magistério, nos quais sempre atendeu a seus alunos a
qualquer tempo, fosse através da internet ou pessoalmente, no contraturno, nos
finais de semana e nos feriados. Graças a essa disponibilidade, atenção e
carinho, partiu, dos próprios discentes, a solicitação de aulas às vésperas das
provas e, segundo as palavras do Coronel HIRAM, “pedido de aluno sempre foi e será uma ordem”. E assim ele cumpriu
essa rotina durante seis anos, que, de acordo com a manifestação e o sentimento
do insigne Mestre, foram:
de muito sucesso e grande recompensa
pessoal, para mim não era sacrifício, mas um gratificante dever.
Apesar
do retorno cognitivo ser comprovadamente positivo, houve a proibição de
continuidade dessas aulas nos fins de semana, no CMPA. A solução encontrada
pelo Coronel, sem descumprir a ordem recebida, foi atender em domicílio, o que
fez inclusive durante o período em que desempenhou a função de pesquisador.
Durante esses quinze anos no Colégio dos Presidentes,
recebeu várias honrarias e homenagens, dentre elas as seguintes medalhas:
Legionário da Paz, Batalhão de Suez, Marechal Trompowsky, Centenário do CMPA e a do Mérito Histórico Militar Terrestre; também foi destacado
com os títulos de Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional e da
Associação dos Diplomados da ESG. É sócio Correspondente da Academia de Letras
de Rondônia, membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul e
da Academia de História Militar Terrestre do Brasil. Também é o atual Presidente
da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira e do Instituto dos Docentes do
Magistério Militar, RS.
Dentre todos esses merecidos prêmios, distinções e
comendas o que cala mais fundo em sua alma não é nenhum dos citados, mas sim o
de Professor Destaque de seu ano letivo, título que recebeu diversas vezes,
onde o eleitorado é constituído, exclusivamente, pelos alunos e alunas da
série.
Nossos pequenos discentes já enxergavam no Mestre
exemplos que iam muito além do tablado e da farda, exemplos do mais absoluto
amor pelo Brasil, visto e ouvido através de suas atitudes marcantes, de seu
civismo comprometido com os valores perenes da Pátria, de seus brados de “Selva”, que ainda ecoam retumbantes
nos corações e nas mentes de nossos jovens, de muitos significados, os quais
alguns ouso tentar traduzir: a Amazônia é
nossa; tudo por nossa terra e por
nossas águas; acordem meus caros
pupilos, pois o Gigante precisa de todos nós.
No momento em que o Colégio do Casarão da
Várzea deixava de contar com o talento de um dedicado e sábio professor com
exclusividade, em contrapartida, a essa aparente e parcial perda, o Brasil começava
a ter um novo bandeirante de seus rios e lagos, que, identicamente aos nossos
antigos desbravadores, tinha sede de riqueza, mas de maneira diferente dos
sertanistas que buscaram ouro e prata, pois o Coronel HIRAM procurou outros
tesouros. Enriqueceu nossos mapas, escreveu novas páginas da nossa História
recente através de oito livros, dentro do Projeto Rio-Mar, de inúmeros artigos,
de entrevistas (para a televisão, rádio, jornais e revistas) e de outros meios
da mídia.
Para buscar a História “in loquo”, precisou
pesquisar durante meses, planejar e montar a logística para suas expedições com
o mais absoluto esmero, dedicação e minúcia de detalhes, que ao longo das
jornadas deixaram de ser meros detalhes e se transformaram, dezenas de vezes,
em questões absolutamente vitais para o cumprimento dos objetivos. Seu preparo
físico e técnico merece ser destacado e enaltecido, pois em um momento da vida
em que a maioria das pessoas busca reduzir a intensidade e o volume de suas
atividades físicas, adequando-as ao novo momento, tendo em vista a natural
queda em suas valências de força e de resistência, esse militar brioso e
destemido, oficial da Arma de Engenharia e Guerreiro de Selva fez soar mais
alto em seu peito o sentimento da mais pura brasilidade, inspirado por vultos
históricos de elevada relevância nacional, dentre os quais PLÁCIDO DE CASTRO,
Marechal RONDON, General BELLARMINO MENDONÇA, Coronel RICARDO FRANCO, Dr.
JOAQUIM CAETANO DA SILVA ou de personalidades reconhecidas em âmbito regional,
como o Sargento MANOEL VICENTE DA PAIXÃO.
O Coronel HIRAM fez ecoar o grito de Selva de Norte a Sul do nosso país
para aqueles que têm ouvidos e mentes abertas e um coração patriótico. Seu
pequeno caiaque traçou novos rumos, conquistou populações esquecidas, redesenhou
novas curvas de rios e descobriu aldeias, corrigindo levantamentos
cartográficos. Uniu o conhecimento do professor de Desenho ao do militar de
Engenharia, o do historiador e o do escritor ao do desbravador. Teve que rever
e refazer muitas vezes o planejamento, pois nem sempre os apoios acordados
foram cumpridos, mas sempre contou com amigos fiéis em todas as suas longas e
causticantes jornadas.
Do soldado ao Coronel, do cozinheiro ao doutor, do quase
desconhecido ao filho amado, assim foram compostas as equipes de água e de
terra. Expedições de brasileiros e de
brasileiras, mas aberta aos estrangeiros. Peles de diferentes cores e tons, mas
todos unidos pelos elos fortes das remadas, pelo objetivo do cumprimento da
missão, pelo êxito da expedição, pelo verdadeiro espírito de aventura
patriótica, pelo BRASIL.
Nada se diz melhor do que citando as palavras de quem as
proferiu. O Coronel HIRAM assim escreveu:
Foi neste mesmo
salão, que teve início o Projeto Desafiando o Rio-Mar, que contou, desde o seu
início, em 2008, com a participação ativa do corpo docente e discente. O Projeto
encerrou-se em março deste ano no estado do Amapá depois de termos percorrido
11.399 km.
Sobre a apresentação do Projeto neste Salão Brasil, o TC
CARNEIRO assim se manifestou:
Afirmo, com o
sentimento de quem aqui estava presente naquele momento, que parecia um Projeto
idílico, daqueles que acontecem mercê do sonho de um idealista, que se inicia
mas não termina. Mesmo sendo amigo, conhecedor e admirador das virtudes do
ilustre oficial a grandiosidade do Projeto era amazônica e o apoio,
considerando a dimensão e a abrangência de tais excursões, parecia ser
insuficiente. Creio que minhas conclusões estavam quase todas certas, porém um
único equívoco de apreciação eu cometi, graças a Deus, refiro-me às qualidades
do Coronel. Não basta apenas ser um forte física e psicologicamente, é
necessário possuir uma força interior inquebrantável, uma fé inabalável e um
propósito que só os homens dotados de um verdadeiro e insuperável amor pela
pátria possuem. Só alguém assim para não esmorecer em cada uma das sete
descidas e da navegação do Tapajós, para levar avante um Projeto com apoio
insipiente, para prosseguir pelos Mares de Dentro (Laguna dos Patos e Lagoa
Mirim), contemplando as águas gaúchas, nas quais se preparou para suas
excursões pelas águas do Norte. Por mais aplausos, palavras elogiosas e prêmios
que receba, jamais haverá agradecimento à altura deste BRASILEIRO com todas as
letras maiúsculas, um verdadeiro herói.
Felizes aqueles que tiveram ouvidos para ouvir e que bem
souberam valorizar o convívio com esse desbravador de rios, de lagos e de
outras águas, mas principalmente de cérebros. Soube como poucos aguçar e
instigar a curiosidade pelo saber, através de suas retas e planos, com as armas
da paz: régua, esquadros, transferidor e compasso. O professor dos traços e das
figuras desenhou com giz em nossos quadros, mas seus ensinamentos jamais se
apagarão, pois os belos exemplos se perpetuam.
O Coronel HIRAM sempre teve a postura de um paladino dos
menos favorecidos intelectualmente, de um defensor da razão com doses
magnânimas de amor, foi também o colega à disposição, o amigo que não sabia
dizer não às causas justas, o Mestre sempre com tempo para dirimir dúvidas,
elucidar problemas, estimular a agudeza de raciocínio, passar confiança,
especialmente aos quase descrentes, e instigar e encorajar para a magnífica
carreira das Armas. Procurou, a cada momento, aprender, acreditando sempre
naqueles que têm desejo de saber, apesar das dificuldades que se apresentem. A
crença na força da juventude, o amor à cátedra, o respeito aos limites de cada
pessoa, sem descurar de exigência adequada e atitude exemplar, fizeram-no
merecedor da admiração, do carinho e da veneração de seus pupilos. Sua liderança é calcada no exemplo, no conhecimento, na arguta
inteligência e especialmente na sabedoria de compartilhar essas qualidades com
seus colegas de cátedra. Para seus colegas de ano, assim como para os de
disciplina, sempre demonstrou total prontidão para auxiliar na solução dos mais
diversos problemas didático-pedagógicos, compartilhando experiências de vida.
Tornou-se por seus dotes inatos e atributos forjados ao longo da existência,
como a paciência, a lucidez, a ponderação e o equilíbrio, um sábio orientador.
A Major ENEIDA MADER se
referiu ao homenageado com o seguinte título ‒ Um personagem desafio, chamado
HIRAM ‒, proferindo as seguintes palavras:
O Hiram-escritor é um
personagem à parte. Aqueles que o conhecem sabem que ele se tornou um
narrador-personagem de suas publicações e dos diários de bordo que elabora com
sua escrita peculiar, fruto das viagens-desafio que perfaz pelas matas e rios
nos quais se embrenha com seu caiaque, de ponta a ponta deste Brasil.
Em seus textos,
sempre a navegar, remando incansável, ora por águas calmas, ora revoltas, o
Hiram navegador incorporou legitimamente aquele personagem do conto ‘A terceira
margem’, de Guimarães Rosa, cuja narrativa ficcional apresenta a figura de um
homem sertanejo que decide, para a surpresa de todos de sua aldeia, adotar a
postura corajosa de viver o resto de seus dias a bordo de uma canoa, remando de
uma margem à outra, privado de tudo. É criticado por todos – filhos, esposa,
vizinhos e amigos ‒, mas não desiste de
lutar por seu ideal.
O desafio tem sido,
sim, o fiel escudeiro do Coronel Hiram, haja vista as adversidades que o nobre
militar têm enfrentado ao longo destes anos: os rios caudalosos que percorre,
os perigos das matas selvagens. Mas Guimarães Rosa o protege, de certa forma,
pois homenageia o personagem do grandioso escritor.
Através de seus
relatos de viagem, o Coronel Hiram vem refazendo o percurso de heróis e vultos
insignes de um passado histórico, sempre conectado às comunidades ribeirinhas,
aos indígenas e aos militares de todo o Brasil.
As trajetórias
culturais, geográficas, literárias e históricas revisitadas através da produção
escrita do Coronel Hiram nos conduzem como leitores, através de sua canoa
migrante pelos confins deste Brasil plural”.
Nada que acontece em
nossas vidas é obra do acaso, por isso creio que a dor causada pela enfermidade
de Dona NEIVA, sua esposa, despertou o sertanista e desbravador das vestes do
professor desta augusta e conceituada Casa do Saber. A partir de então, o
jaleco deu lugar ao remo do canoísta, aos documentos e às fontes do
historiador, à lupa do pesquisador, às cartas do geógrafo, à caneta e ao papel
do escritor. Dias, semanas e meses de preparo para enfrentar essa misteriosa,
gigantesca e nova sala de aula, habitada pela mais diversa fauna do planeta,
por aborígenes de origem multissecular, repleta de perigos a cada palmo e ao
mesmo tempo encantadora, bela e de microrregiões quase intocadas pelo dito
homem civilizado.
Jamais os olhares, ora
de contemplação, ora de espanto, mas sempre instigantes, de suas alunas e de
seus alunos saíram de seu pensamento, por isso toda vez que solicitado,
encontrando-se em nossa Porto Alegre, ia ao encontro desses pupilos e lhes
prestava o apoio necessário, ministrando aulas de Desenho. Atenuava, a um só
tempo e de forma magnânima, pois assim é a sua essência, as saudades de um passado
recente, que na verdade jamais passará, pois faz parte de sua vida “ad æternum”. O pretérito será sempre
presente e continuará a fazer parte de sua vida, caro Coronel HIRAM, no que diz
respeito ao Colégio do Casarão da Várzea, até que os deuses da selva o chamem
para morar em suas matas.
Em sua canoa muitas
pessoas navegaram, nas águas, nas quais singrou, milhares de olhos o
acompanharam, nas margens que deixou para trás nós estávamos e, em cada parada
ribeirinha, nos povoados, nos vilarejos e nas pequenas cidades nós ombreamos
com as populações locais e em uníssono lhe aplaudimos em pé. Estávamos no
lançamento do seu livro Navegando o Rio
Mar/Descendo o Solimões e prosseguiremos a acompanhá-lo seja aonde for,
pois o senhor é muito além de um ícone, é um cavalheiro, um colega de
qualidades raras, um amigo das horas difíceis, um professor amável e amado.
É necessário destacar
aqueles que estiveram ao seu lado, presencialmente, nessas longas e difíceis
jornadas, assim procedo citando apenas alguns, mas enaltecendo a todos: Professor HÉLIO e Coronel ANGONESE, ambos
integrantes do nosso CMPA, Coronel PASTL, pai de ex-alunos deste
estabelecimento de ensino, canoísta JOÃO
PAULO, filho do ilustre Coronel, que com ele participou da quarta travessia, a
descida do rio Madeira, em homenagem ao centenário deste modelar Colégio
Militar. Eles não foram meros coadjuvantes, mas sim testemunhas da história já
contada, ou por contar, bem como ajudaram a escrever páginas dessa fantástica
narrativa, agora concluída.
Cabe
dar ênfase ao nome de MARC ANDRÉ MEYERS, o Dr. Marc é Professor
Distinto de Ciência dos Materiais na Universidade da Califórnia, San Diego,
EUA, e já realizou extensas investigações sobre espécimes biológicos do Brasil
e dele partiu o convite ao Coronel HIRAM de juntos realizarem uma homenagem à Expedição Científica Roosevelt-Rondon,
comemorando o seu centenário.
Sobre essa expedição o nosso Coronel
pesquisador assim se manifestou:
O Dr. Marc
homenageou o ex-presidente norte-americano THEODORE ROOSEVELT e eu o maior
brasileiro de todos os tempos, CÂNDIDO MARIANO DA SILVA RONDON, o nosso
valoroso Marechal da Paz.
Nos prefácios de seus oito livros, bem como nas
mensagens neles postadas, é possível perceber com absoluta nitidez a exata
dimensão de sua obra para os dias atuais e futuros, bem como o alerta em
relação ao meio-ambiente e à soberania nacional.
Dentre esses prefaciadores temos ilustres nomes
como o do ex-ministro JARBAS PASSARINHO, o dos Generais AVENA e TIBÉRIO KIMMEL,
o do, já citado, Dr. MARC, bem como os de importantes pratas da casa como o Coronel
ARAÚJO e o Professor SÉRGIO MINÚSCOLLI.
Ao ter a indicação pessoal do Comandante Militar do Sul para
Prestador de Tarefa por Tempo Certo e sua nomeação publicada no Diário Oficial
da União, a contar do dia primeiro de maio deste ano, para exercer a tarefa de
assessor para acompanhamento de obras da Seção de Patrimônio, Obras e Meio
Ambiente do 4° Gpt E, pelo prazo de 36 meses, a partir de primeiro de maio de
2015, pode-se perceber a importância da permanência do Coronel HIRAM nas
fileiras do Exército Brasileiro. O General de Exército MOURÃO, mais alta
autoridade militar do Sul do País, clara e explicitamente atestou a capacidade
do nosso homenageado e endossou o seu trabalho como pesquisador, historiador e
escritor, manifestando a grandiosidade de sua obra.
O treinamento físico para remar uma média de trinta e cinco
quilômetros diários, durante semanas, a fim de realizar as travessias é árduo,
progressivo, contínuo, planejado e requer a disposição e o sacrifício de um
atleta profissional. Não há espaço para vacilos ou fraquezas, pois
significariam a dor da derrota. Mas muito mais estafantes, difíceis e perigosas
são as descidas, propriamente ditas. Incontáveis noites dormindo em locais sem nenhum
conforto, convivendo com inúmeros imprevistos, onde o risco de vida é real e o
de contrair doenças é uma constante, tendo como hábitat a selva Amazônica, com
seus rios e fauna acordados e vigilantes durante as vinte e quatro horas do
dia, com seus perigos infindáveis rondando por todos os lados.
Por mais que releia os relatos, por mais que me perca nas páginas de
seus livros e artigos, escritos com minúcias de detalhes e requintes de pura
emoção, nunca terei a noção exata e, sequer aproximada, da coragem e da bravura
do canoeiro HIRAM. O caríssimo Coronel é um homem de singulares apanágios,
dentre esses destaco seu amor à Pátria. A sua Brasilidade sem limites cruzou as
fronteiras do nosso Torrão Auriverde, enalteceu a arma de Engenharia, o militar
do Exército Brasileiro, os historiadores que carregam o país em seus corações,
enfim as mulheres e os homens que, verdadeiramente, amam este chão e por ele
dariam a própria vida.
Orgulhosos são os que podem chamá-lo de colega ou de companheiro.
Felizes os que desfrutam de sua amizade, pois sabem que sempre está presente,
mesmo quando a distância tenta ser um obstáculo. Uso as palavras do filósofo,
diplomata e escritor Benjamin Franklin para tentar reproduzir o seu tratamento
dispensado aos amigos e às amigas:
“Um
irmão pode não ser um amigo, mas um amigo será sempre um irmão”.
Na apresentação do seu livro,
Descendo o Solimões, consta essa preciosidade, proferida por THEODORE ROOSEVELT:
“É muito melhor arriscar coisas grandiosas,
alcançar triunfos e glórias, mesmo expondo-se à derrota, do que formar fila com
os pobres de espírito, que nem gozam muito, nem sofrem muito, porque vivem
nessa penumbra cinzenta que não conhece vitória nem derrota”.
Assim o senhor
pauta a sua vida, correndo riscos que valham a pena, por isso,
independentemente do resultado já seria um vitorioso. Mas como os objetivos
foram atingidos o senhor foi além da vitória, chegou ao ápice da trajetória que
um homem pode almejar.
Parabéns pelo cumprimento
irretocável das nobres missões de professor e de pesquisador, as quais o senhor
soube muito bem mostrar que estão unidas de forma umbilical. Continue com esse
entusiasmo que contagiou aos nossos discentes, a nós seus colegas de cátedra e
a todos os brasileiros que puderam acompanhar de perto ou de longe seus feitos
quase heróicos, através dos seus livros, artigos, entrevistas e de outros
meios, divulgados por inúmeros veículos de comunicação.
Caro ex-aluno do Colégio dos
Presidentes, estimado ex-professor, eterno Mestre e, para sempre,
irrepreensível educador: o profundo agradecimento do Colégio Militar de Porto
Alegre ao senhor, por cujas mãos passaram milhares de jovens alunos e alunas,
extensivo à sua dedicada e amada família.
Desejamos-lhe muita saúde, paz
e felicidades na nova função, sabendo que seu grito de brasilidade continuará a
ecoar pelos nossos rincões gaúchos e também nos demais torrões da nossa Pátria.
Que Deus continue a iluminá-lo, bem como aos seus queridos e digníssimos
familiares.
Selva!
Salve o Brasil! CMPA, CMPA!
Genessi Sá
Junior ‒ Cel
Cmt e
Diretor de Ensino dDo CMPA
(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de
Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor
e Colunista;
Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do
Sul (1989);
Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre
(CMPA);
Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura
do Exército (DECEx);
Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério
Militar – RS (IDMM – RS);
Ex-Vice-Presidente da Federação de Canoagem de Mato
Grosso do Sul;
Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando
Militar do Sul (CMS);
Ex-Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia
Brasileira (SAMBRAS);
Membro da Academia de História Militar Terrestre do
Brasil – RS (AHIMTB – RS);
Membro do Instituto de História e Tradições do Rio
Grande do Sul (IHTRGS – RS);
Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia
(ACLER – RO);
Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio
Grande do Sul (AMLERS);
Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da Escola
Superior de Guerra (ADESG);
Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN);
Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós
(IHGTAP)E-mail: hiramrsilva@gmail.com.
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – II
Bagé, 29.11.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 174, Rio de Janeiro, RJSábado, 27.07.1963 Processo em Marcha O Chefe da
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – I
Bagé, 27.11.2024Nos parece que Alto Comando do Exército Brasileiro está agindo de forma politicamente persecutória […]. Os Oficiais Superiores, que
Estado - Entendendo a Definição
Bagé, 18.11.2024Repercuto mais um artigo de meu caro Amigo, Irmão e Mestre Coronel de Engenharia Higino Veiga Macedo. Estado - Entendendo a Definição
Bagé, 06.09.2024 Mais uma vez tenho a hora de repercutir um artigo de meu caro Amigo, Irmão e Mestre Higino Veiga Macedo. Salve Sapador(Higino Veiga