“Fica decretado que o homem não precisará nunca mais duvidar do homem. Que o homem confiará no homem, como a palmeira confia no vento; como o vento confia no ar; como o ar confia no campo azul do céu”. (Thiago de Mello)
Estava distraído, selecionando alguns livros numa banca próxima ao Teatro Amazonas, quando fui surpreendido por uma imagem querida e conhecida. Todo de branco, ostentando uma bela e alva cabeleira coberta por chapéu igualmente branco, Thiago entrou na livraria com a suavidade de um anjo no paraíso. Fiquei boquiaberto e não confiando em minha percepção procurei confirmar minha expectativa com o coronel Teixeira. A expressão boquiaberta do Teixeira não deixava dúvidas, se tratava definitivamente de Thiago de Mello.
“Só se ama aquilo que se conhece e entende.
Só se defende o que se ama” (Thiago de Mello)
Cumprimentei-o e relatei minha profunda admiração pelo maior poeta do estado do Amazonas. Confirmei, com ele, as palavras que uso no fechamento de todas as minhas palestras e que ouvi em uma de suas entrevistas a uma rede de televisão - “Só se ama aquilo que se conhece e entende. Só se defende o que se ama”. Fiz um breve relato de nosso Projeto Aventura Desafiando o Rio-mar e o poeta se entusiasmou com a idéia. Pediu meu endereço em Porto Alegre para me enviar alguns de seus livros. O poeta mostrou-me algumas de suas obras nas prateleiras e fez um breve relato das motivações que o levam a criar determinadas poesias. Foi realmente um privilégio desfrutar, ainda que por alguns momentos, da convivência desta tão conhecida e amada personalidade amazonense.
- Amadeu Thiago de Mello
“Eu consagro a minha vida, a minha palavra falada e a minha palavra escrita, ao esforço diário de reduzir o abismo entre aqueles que comem três vezes ao dia e aqueles deserdados que desconhecem o cheiro do pão. Consagro a minha vida à união dos povos latinos. Eu fiz a opção entre o apocalipse e a utopia. Escolhi a utopia porque acredito que é possível construir uma sociedade mais justa e mais solidária”. (Thiago de Mello)
Thiago de Mello, poeta amazonense e ícone da literatura regional, nasceu em Bom-Socorro, município de Barreirinha a 30 de março de 1926. Estreou, na literatura, aos 25 anos com o livro de poemas ‘Silêncio e Palavra’. Foi Adido Cultural da Embaixada do Brasil no Chile, nos anos sessenta e durante a revolução de 1964, cumpriu seu período no exílio, residindo no Chile, Argentina, Portugal, França e Alemanha. Em 1978 voltou ao Brasil e teve suas obras publicadas pela Editora Civilização Brasileira. Seu poema mais conhecido é ‘Os Estatutos do Homem’. Em 1975, seu livro Poesia Comprometida com a Minha e a Tua Vida, foi premiado pela Associação Paulista dos Críticos de Arte tornando-o reconhecido internacionalmente como um intelectual engajado na luta pelos Direitos Humanos.
Em homenagem aos seus 80 anos, completados em 2006, foi lançado, pela Karmim, o CD comemorativo A Criação do Mundo, contendo poemas que o autor produziu nos últimos 55 anos, declamados por ele próprio e musicados pelo seu irmão, Gaudêncio Thiago de Mello.
Fonte: Coronel de Engenharia Hiram Reis e Silva
Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA)
Acadêmico da Academia de História Militar Terrestre do Brasil (AHIMTB)
Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS)
Domingo, 22 de dezembro de 2024 | Porto Velho (RO)