Terça-feira, 7 de setembro de 2010 - 16h21
Caro Irmão Maçom
Quero te saudar na simbologia
Do compasso entrelaçado por um esquadro
Fulgurado no centro pela invencível estrela flamejante.
De princípio, agradeço ao Grande Arquiteto do Universo
Por ter-nos criado Justos, Perfeitos e Iguais.
Somos filhos de uma mesma mãe: Fecunda, Generosa, Bondosa.
(Ir:. Henrique Jorge)
- A Independência do Brasil à Sombra da Acácia
O Brigadeiro Domingos Alves Branco Muniz Barreto, em uma sessão da Loja “Comércio e Artes”, propôs que se conferisse ao Príncipe D. Pedro I, o título de “Protetor e Defensor Perpétuo do Brasil”. D. Pedro aceitou o título, propondo apenas a supressão do termo “Protetor”. Os maçons, habilmente, arquitetaram o desenrolar do 7 de setembro de 1822, lançando a idéia da convocação de uma Constituinte. Gonçalves Ledo e Januário Barbosa redigiram o projeto e, no dia 3 de junho, foi publicado o Decreto convocando a Assembléia Geral Constituinte e Legislativa.
A proposta de admissão do Príncipe na Ordem, a 13 de julho de 1822, foi aprovada e a 2 de agosto, D. Pedro era iniciado na Loja “Comércio e Artes”, recebendo o nome de “Guatimozim”. Na tarde de 7 de setembro de 1822, às margens do Ipiranga, D. Pedro promulgou o que já fora resolvido a 20 de agosto no Grande Oriente do Brasil. D. Pedro atendeu às recomendações da Maçonaria e o grito, segundo Adelino de Figueiredo Lima, era a denominação de uma das “palestras” da sociedade secreta “Nobre Ordem dos Cavaleiros de Santa Cruz”, fundada por José Bonifácio.
- Um Gaudério na Irmandade
Léo Ribeiro de Souza
Meus senhores, permissão,
pra contar de um sucedido
que ha tempos passou comigo
em São Chico, meu rincão.
Afora esse meu jeitão
dizem que sou boa gente
e por isso, certamente,
um amigaço do peito
convidou esse sujeito
para um clube diferente.
Começou essa jornada
quando os Filhos de Hiram
estacionaram uma van
em frente a minha morada.
Dei um thau pra gurizada,
embarquei na condução,
que saiu na contramão,
meio rodando na pista,
depois me taparam as vistas,
virou tudo escuridão.
E levaram esse paisano,
meio as cegas, vê se pode,
pra um lugar que tinha bode
e um quartinho desumano.
Me chamavam de profano,
aprontaram umas judiarias,
porque deixaram essa cria
sentada por mais de hora
com um dos ombros de fora
no singrar da noite fria.
Depois de algumas caçoadas
m’entreveraram num jogo,
senti quentura de fogo
escutei umas trovoadas.
Até pelearam por nada
pois quando veio a visão
já tinha um morto no chão
num ambiente fumacento
e todo mundo ali dentro
com uma adaga na mão.
-Aonde estou? – Mas que diacho!
Era um salão sem janela!
O teto?! Uma gamela
assim, de boca pra baixo.
Passando os olhos, num facho,
vi que não era normal.
Não tinha prenda, e o pessoal
era “loco” por fogão
pois todos, sem exceção,
tinham, atado, um avental.
Pensei em “frouxá” o garrão,
em fugir, abrir o pala,
mas lá por fora da sala
tinha um outro guardião.
Devia ser garanhão
lhe chamavam o Cobridor.
Eu sentia o batedor
pulsando no peito aberto
e ainda tinha um Experto
se rindo do meu pavor.
Meu nome foi aprovado,
sentei e fiquei bombeando...
Um xiru entrou rengueando
tal qual tivesse baleado!
É que chegou atrasado
i’era esta a penitência.
Andejei por mil querências
e não vi nestas cruzadas
uma gente tão educada
e com tanta reverência.
E o Patrão “tava” elegante
com um brazão sobre o peito
e pra manter o respeito
tinha até dois Vigilantes.
Não gostei por uns instantes
dos cochichos que um fazia:
vinha do palco e trazia
pra um outro cochichador.
E o gaiteiro, o tocador,
era um Mestre de Harmonia.,
Um não parava sentado,
sempre palmeando uma lança,
outro vinha na esperança
de arrecadar uns trocados.
C’um saco, meio de lado,
em zigue-zague na sala.
Tudo apartado por alas
e cada qual em seu posto
e lhes digo: me deu gosto
de ouvir o Xiru das Falas.
Duas tronqueiras na entrada,
laço enosado por cima,
luz fraca de lamparina,
cadeira “tudo” estofada.
Eu senti que aquela indiada
mãos no joelhos, braços retos,
tinham um carinho, um afeto,
por aquela construção.
Quem estruturou o galpão
por certo é um Grande Arquiteto!
Eu fui ficando a vontade
porque vi neste ambiente
que o Olho Onividente
é um guia pra humanidade.
Ali eu vi que a igualdade
tem valor e tem sentido,
que homens esclarecidos
tendo força e união
podem estender a mão
pra este mundo sofrido.
Esta é a minha sociedade
de ritos, simbologias,
que busca no dia a dia
padrões de moralidade.
Não é qualquer entidade
que eu sou tratado de Irmão...
Onde raça ou religião
não é o que mais importa,
onde, com três batidas na porta
se encontra a luz da razão.
Fonte: Hiram Reis e Silva
Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA)
Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS)
Acadêmico da Academia de História Militar Terrestre do Brasil (AHIMTB)
Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS)
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