Homenagem à uma Valquíria

Hiram Reis e Silva (*),
Porto Alegre, RS, 10 de maio de 2015

As Valquírias eram jovens deusas guerreiras que alimentavam Odin e os espíritos dos mais valorosos guerreiros cuidadosamente selecionados para compor a guarda pessoal do deus nórdico. As Valquírias determinavam o vencedor das pelejas, cuidavam dos feridos nos campos de batalha, escoltavam as almas dos mortos, em combate, para os salões de Valhalla, supervisionavam as contendas e protegiam seus guerreiros favoritos.

‒  Dia das Mães

Veterano

(Leopoldo Rassier)

Está findando meu tempo,

A tarde encerra mais cedo,

Meu mundo ficou pequeno

E eu sou menor do que penso.(...)

Quando chegar meu inverno,

Que me vem branqueando o cerro,

Vai me encontrar venta-aberta

De coração estreleiro. (...)

A idade além de pratear nossos cabelos, enfraquecer nossos músculos e congelar nosso peito, parece que vai, aos poucos, minando nossa coragem, nossa vontade, nossa determinação. Confesso que me acovardei e fugi, mais uma vez, do Dia das Mães, me entrincheirando em mais uma de minhas jornadas pelo Mar de Dentro. Minha mãe, que Deus a tenha, há muito já se foi e a imagem de minha esposa aferrada ao catre nestes últimos onze anos quebrou-me a espinha definitivamente.

Deveria ter ficado em Porto Alegre para, pelo menos, cumprimentar minhas queridas filhas Vanessa, futura mamãe, a Danielle, mamãe do Gabriel e minha nora Danessa, mamãe da Sofia, e abraçar meus netos. Filhos Desculpem minha pusilanimidade. Se, ao digitar este texto, derramo copiosas lágrimas imaginem o fiasco que faria neste sublime dia.

Trago ainda bem vivas na memória a imagem e as palavras da mãe de vocês em um breve momento em que apresentou sinais de melhora desde sua AVC em janeiro de 2004. A Danielle, na oportunidade, conversava com ela comentando como certas coisas eram difíceis de serem resolvidas e ela sorrindo ternamente disse:

–   Filha nada é tão difícil que não possa ser superado com muita determinação.

Afastei-me das duas e busquei um canto para engolir teimosas lágrimas que marejavam meus olhos. A Neiva tinha plena consciência, na época, das dificuldades que o futuro lhe reservava e de que não havia nenhuma garantia de sua plena recuperação e, mesmo assim, ainda encontrava forças para orientar nossa filha.

Esta formidável Valquíria que dera sobejas mostras de ser uma guerreira acompanhando um jovem oficial de engenharia aos rincões mais ermos e carentes da terra brasilis, sem jamais reclamar, encontrava forças para estimular aqueles que dela careciam. O corpo afligido pela moléstia não conseguia minar a vontade e a determinação desta formidável mulher que faria inveja à mais valorosa das Valquírias.

Que o Grande Arquiteto do Universo te abençoe, ilumine e guarde minha querida sejam quais forem os desígnios Dele para ti e desculpe minha cobardia de espírito. Este reles soldado sempre soube que nunca seria capaz de igualar-te em valor minha eterna deusa guerreira.

‒  Dia das Mães e Aniversário da Neiva

Dia 18 próximo comemoras teu sexagésimo aniversário minha adorada esposa. Que posso desejar-te no Dia das Mães e no dia do teu natalício que se avizinha minha querida? Apenas um milagre!

Fonte: (*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;

Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);

Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);

Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);

Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM - RS);

Sócio Correspondente da Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER)

Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);

Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS);

Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG).

Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).

E-mail: hiramrsilva@gmail.com;

Blog: desafiandooriomar.blogspot.com.br