Domingo, 8 de maio de 2016 - 22h25
Hiram Reis e Silva, Bagé, RS, 09 de maio de 2016.
Lagoa Mirim
(Jilnei Brasil Rodrigues)
O embalar das tuas águas
Murmurantes e tão calmas
São restos de lágrimas
De muitas restingas.
De arroios e sangas
para o Leste andantes [...]
S. Vitória do Palmar – Ponta Canoa (28.03.2016)
Felicíssima Páscoa
Coelhinho da Páscoa
Que trazes pra mim?
A queda da Dilma
E do Lula, enfim.
Coelhinho da Páscoa
Pra onde ele vai?
Direto pra cela do amigo Bumlai…
(Felipe Moura Brasil ‒ da Revista Veja, em São Paulo, SP, 28.03.2016)
Na noite de ontem, ao afirmar que precisávamos partir cedo, no dia seguinte, pois teria de remar 53 km até a Ponta Canoa, o Gustavo Rodrigues Gonzalez comentou, que a distância da casa de seus pais ficava a uns 6,5 km em linha reta do Porto e que, portanto, era possível que este trajeto fosse um pouco menor. A questão era apenas determinar se o alinhamento da morada dos seus progenitores ficava entre as Longitudes da Ponta Canoa (53°19’O) e do Porto (53°26’O) favorecendo esta expectativa ou, ao contrário, como verifiquei, em seguida, no Google Earth, ficava em uma Latitude bastante próxima da do Porto, exatamente a 1,6 km ao Sul dela. Precisávamos, consequentemente, sair cedo pois tinha um longo percurso a percorrer.
O Gustavo chegou, pontualmente, às 04h00, e, às 04h30, ele e o Renato (mais conhecido na cidade como Maçã) nos levaram até o Porto de Santa Vitória do Palmar onde encontramos o grande parceiro Carlos Moreira Cabreira. Os formidáveis companheiros nos ajudaram a aparelhar o veleiro e largamos, exatamente às 07h00, levando muita saudade no coração e guardando eternamente caras lembranças na garupa da memória.
A costa entre SVP e a Ponta dos Afogados não apresenta muitos atrativos e é, sem sombra de dúvida, a mais pobre em belezas cênicas, flora e fauna de toda a Mirim. Fiz duas paradas para me hidratar, uma delas à 300 m da margem, e, outra, às 13h00, quando chegamos à Ponta Sul da Ilha dos Afogados. Abandonamos a ideia de o Norberto conhecer o belo Arroio dos Afogados em virtude dos enormes bancos de areia que lhe bloqueavam o acesso pelo Sul, e contornamos, então, a Ilha pela margem Oeste.
Às 16h15, aportamos na baía da Ponta Canoa. Montamos acampamento, sob chuva, e fiz contato com os familiares do alto de um cômoro (duna) de onde avistei rastros e dejetos recentes de capivaras. Percorrêramos 52,7 km com ventos fracos de SO.
1° Perna Total = 349,1 km.
2° Perna Total = 322,2 km.
3° Perna Parcial = 52,7 km.
Total Parcial = 724,0 km.
Ponta Canoa ‒ Ponta Santiago (29.03.2016)
Lula e Dilma resolveram pintar dois Brasis que não existem em recentes entrevistas à imprensa internacional. [...] O fato é que a imprensa gringa não comprou nem o “golpe de Dilma” nem o “país das maravilhas” de Lula.
A “The Economist” pediu a renúncia da Presidente em sua capa.
(Vera Magalhães ‒ da Revista Veja, em São Paulo, SP, 29.03.2016)
Partimos da Ponta Canoa mais tarde, às 07h00, precisávamos recuperar o sono perdido, pois a madrugada anterior, em SVP, tinha sido muito curta. A partir das 09h00, alterei a rota original, que aproara para NE, buscando a segurança da costa, girando a proa para Boreste forçado por ondas de popa de quase 2 m. Redobrei a atenção na aproximação da margem, as ondas quebravam perigosamente e tive de evitar que levantassem, por demais, a popa e cravassem a proa no leito da Lagoa. Embora os ventos de SE não ultrapassassem os 6 nós o seu alinhamento com nossa rota e os enormes bancos de areia ao longo dela faziam-nas crescer desproporcionalmente.
Aportei para descansar às 10h20, e fui margeando a beira admirando a incrível avifauna local. Avistei o Norberto ao longe, desembarcado no meio da Lagoa, soube, mais tarde, que o veleiro fora inundado e ele parara no enorme Banco do Taquari para bombear a água do porão e convés. Fotografei e filmei, pela primeira vez, um grupo de quatro belos e serenos flamingos.
Aportamos na Ponta Santiago, às 14h12, e montamos o acampamento. Estava limpando alguns peixes quando uma pequena garça boiadeira (garça vaqueira ‒ Bubulcus ibis) pousou no caiaque e depois, cautelosamente, se aproximando para comer alguns bocados que lhe eram atirados. Fui, progressivamente, diminuindo a distância do arremesso dos petiscos até que o dócil animal veio, por fim, comer diretamente na minha mão. Como não havia previsão de ventos fortes não tínhamos buscado o abrigo da pequena baía chamada “Caldeirinha” o que nos economizaria alguns quilômetros de percurso. Tínhamos percorrido 41,6 km.
1° Perna Total = 349,1 km.
2° Perna Total = 322,2 km.
3° Perna Parcial = 94,3 km.
Total Parcial = 765,6 km.
Ponta Santiago ‒ Canal do Anselmo ou Curral Alto (30.03.2016)
Lula, Dilma, Jaques, sem-vergonhice da distribuição de cargos e a derrota do lobo. Jaques Wagner admitiu que o governo está fazendo leilão de cargos para impedir o impeachment, que ele voltou a chamar de “golpe”. [...] Trata-se de mais um crime de responsabilidade da Presidente Dilma. Aliás, ela os vem acumulando.
(Reinaldo Azevedo ‒ da Revista Veja, em São Paulo, SP, 30.03.2016)
Às 07h00, partimos da Ponta Santiago aproados para uma árvore isolada na costa oposta, a uns 14 km de distância, que mal e mal se vislumbrava no horizonte.
Às 09h00, aportamos para reverenciar minha centenária e querida amiga. Para mim esta figueira é a mais admirável e emblemática de toda a Lagoa Mirim. O monumento arbóreo permanece vivo e belo apesar de ter sido rudemente fustigado pelos ventos e pelas águas, seu tronco foi despedaçado por algum malévolo ciclone de outrora e as vagas foram-lhe solapando a terra que a sustentava e roendo suas raízes até tombarem-na, mas minha cara e estóica companheira continua lutando e apoiada nos seus rijos galhos sobrevive – uma imagem inspiradora para dois sexagenários atrevidos.
Galo de Rinha
(Jayme Caetano Braun)
Porque na rinha da vida
Já me bastava um empate!
Pois cheguei no arremate
Batido, sem bico e torto.
E só me resta o conforto
Como a ti, galo de rinha
Que se alguém me
dobrar-me a espinha
Há de ser depois de morto!
A imagem desta austera e inabalável figueira trouxe-me à memória, com uma nitidez incrível, a imagem de meu “Norte Verdadeiro” ‒ meu caro e saudoso pai Cassiano, carioca de nascimento e gaúcho de coração, me presenteando, no meu aniversário de sete anos, com a 1ª edição do livro “De Fogão em Fogão” de Jayme Caetano Braun. Li encantado cada verso, cada estrofe, cada poema, procurando sorver os ensinamentos do Jayme que, através de sua gaudéria poesia, mostrava-me a beleza da vida campeira, a altivez dos gaúchos, nossa história e tradições e outras tantas maravilhas da querência. Desde então a poesia do maior “Payador” de todos os tempos acompanham-me nas minhas rotas infindas e me inspiraram a colocar no logotipo do projeto “Desafiando o Rio Mar” a imagem do “Galo de Rinha”, minha poesia preferida. Pareceu-me, porém, que hoje em dia, o símbolo podia ser mal interpretado pelos talibãs do “politicamente correto”. O símbolo mostraria a garra do “guasca vestido de penas” e não pretendia, jamais, fazer apologia às bárbaras brigas de rinha. Identifico-me, por demais, com a última estrofe do “Galo de Rinha” e acho que esta poesia do “Andarengo” tem uma energia muito grande que eu gostaria de ter usado no meu projeto.
Às 12h30, adentramos no Arroio Del Rey para fotografar o mastro do Itaqui, meu velho conhecido. Às 14h00, aportamos para o pernoite no Canal do Anselmo ou Curral Alto. Pesquei alguns peixes para o almoço. Curiosamente mais que sobras de comida ou farelos os lambaris são atraídos pela espuma do sabão ou do sabonete. Quando nos banhávamos estes ávidos animaizinhos pecilotérmicos beliscavam nossa pele em busca de alimento.
À noite, cansado e sonolento, ao revisar e excluir as fotos ruins da minha máquina fotográfica optei, acidentalmente, pela deleção de “TODAS” elas. O meu caro amigo Sargento Cláudio Cesar Carvalho de Carvalho conseguiu recuperar parte delas. Perdi algumas fotos e filmes importantes como a dos flamingos voando e a garcinha boiadeira comendo na minha mão que tirara nestes três últimos dias já que em Santa Vitória do Palmar meu caro amigo Gustavo Rodrigues Gonzalez tinha, felizmente, salvo todas as fotos da 1° e 2° Pernas no computador da Srª Nádima, sua querida mãe. Percorrêramos 41,2 km com ventos suaves e céu nublado.
1° Perna Total = 349,1 km.
2° Perna Total = 322,2 km.
3° Perna Parcial = 135,5 km.
Total Parcial = 806,8 km.
Curral Alto – Arroio Aguirre, Capilla (31.03.2016)
O dirigente de um dos principais partidos no Congresso Nacional avaliou que a Presidente Dilma Rousseff pode dar como certa a sua queda caso o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva continue mostrando desânimo e dúvidas sobre a possibilidade de derrotar o impeachment.
(Mônica Bergamo ‒ da Folha de S. Paulo, em São Paulo, SP, 31.03.2016)
I Circunavegação dos Mares de Dentro - Jornada Patriótica
Recebi centenas de e-mails e mensagens nas redes sociais indagando sobre a origem do nome de nossa Expedição ‒ Jornada Patriótica. Fiz um necessário suspense até a data de hoje ‒ data magna da Revolução Redentora de 31.03.1964 ‒ para revelar, finalmente, que o nome faz uma dupla homenagem, reverenciando a atitude dos jovens e heroicos juízes, capitaneados pelo Dr. Sérgio Moro, de hoje e aos heróis civis e militares de outrora que combateram os sicários terroristas, traidores da Pátria. A Operação “Lava a Jato”, desencadeada pela Polícia Federal, está prendendo hoje, curiosamente, os mesmos “inocentes” cidadãos que se diziam “injustamente perseguidos” pelo regime militar.
Os jovens e destemidos juízes hodiernos estão mostrando gabais aos vetustos membros do STF, de fala mansa, “discursos lindos e palavras vãs”, de que não se submetem a conchavos políticos e pressões de qualquer espécie.
Nossos denodados combatentes das FFAA enfrentaram naquela época uma escória mercenária que, a soldo de potencias alienígenas, tentavam implantar no Brasil uma “República Sindicalista e não titubeavam em assaltar, sequestar, matar e mutilar vítimas inocentes – os mesmos celerados que hoje se autointitulam “defensores da democracia”. Facínoras que ao serem vencidos pelas forças legais dominaram os meios de comunicação, aliciaram os formadores de opinião nas áreas da sociologia, história e filosofia adulterando criminosamente nosso passado.
Reproduzimos, na íntegra, texto relativo ao Contragolpe de 31 de março assinado pelo General de Brigada Paulo Chagas e pelo General de Brigada Rocha Paiva;
Há 52 anos!
Um fato histórico não pode ser apagado da memória da Pátria, muito menos da memória dos que o protagonizaram e dos que herdaram, institucionalmente, a responsabilidade e os ensinamentos dele decorrentes.
Vivemos, no momento atual, mais do que em qualquer outro, a necessidade de repensar o Brasil e de voltarmos os olhos para março de 1964 e fazer valer as lições aprendidas, apanágio da profissão que escolhemos pela vocação do amor à Pátria.
As circunstâncias, hoje, são outras e só o são porque, no período que sucedeu a Revolução, as instituições que a promoveram não fugiram do dever de assumir o caos e de transformá-lo em ordem e progresso, conforme propõe o lema republicano, desde o advento do regime, em meio a sucessivas crises político-militares, que mantinham em suspensão os escombros da implosão súbita do Império.
Vivenciamos outra vez o caos político e econômico, agravado por um descalabro moral e ético jamais visto na história. O povo brasileiro, deixado à mercê de sua vontade, mas, “deseducado e iludido, elegeu uma classe política absurdamente corrupta, irresponsável e despreparada”. E “de repente, diante do caos, cresce o desejo de mudar esse cenário e muitos pedem que retornemos ao passado e limpemos o chiqueiro”.
Esta atitude é o testemunho incontestável do choque com a realidade e da desilusão que contamina todos os níveis da sociedade minimamente informada e que atesta, em regime de sofrimento e de falta de perspectivas, o quanto devemos aos heróis de 1964 que, abraçados aos interesses da Pátria, em meio às ameaças da Guerra Fria, espremidos entre dois poderosos blocos antagônicos, souberam interpretar a vontade nacional,identificar o perigo e tomar a iniciativa para neutralizá-lo.
É nesse contesto que devemos rememorar e enaltecer o contragolpe de 31 de março de 1964.
No início dos anos 60, o Brasil não tinha instituições maduras e fortes para sustentar a democracia, abalada por sucessivas crises político-militares. O progresso não proporcionava as necessidades básicas da maioria da população, o que facilitou a ocupação de espaços importantes pela esquerda radical infiltrada em sindicatos, no meio acadêmico, na mídia, nos órgãos de governo, na Igreja e até nas Forças Armadas.
A situação político-social prenunciava um conflito com potencial para desaguar numa guerra civil de cunho revolucionário. Luiz Carlos Prestes, declarara que seu partido já tinha o governo e só lhe faltava o poder.
Em 13.03.64, o Presidente João Goulart radicalizou o discurso, tentando, na lei ou na marra, intimidar as instituições, inclusive o Legislativo, visando aprovar medidas populistas e angariar o apoio ou a neutralidade da população face ao golpe em curso.
A quebra da hierarquia e da disciplina nas FFAA reforçava a crença na vitória. Jango juntara-se ao golpe comunista e os setores do governo, sindicatos e partidos de esquerda articulavam-se para implantar aqui uma República Sindicalista, pela qual o país ingressaria no bloco comunista, seguindo os passos de Cuba.
O “31 de Março” foi o desfecho de um movimento civil-militar que mobilizou toda nação e impulsionou as FFAA, sem dar condição de reação a um governo que perdera a autoridade moral e o respeito da nação. A Folha de São Paulo, de 27 de março de 1964 publicou: “Até quando as forças responsáveis deste país, as que encarnam os ideais e os princípios da democracia, assistirão passivamente ao sistemático, obstinado e agora já claramente declarado empenho capitaneado pelo Presidente de República de destruir as instituições democráticas?”.
Nos dias subsequentes, milhões de cidadãos comemoraram a vitória da democracia em todos os estados da Federação, como registrou a mídia em âmbito nacional. O insucesso da via pacífica levou,no entanto,a esquerda radical a deflagrar a luta armada. O Brasil, ao cortar o mal na raiz, escapou do destino infeliz que lhe desejavam os mesmos que hoje ocupam o poder pela via da mentira e da exploração das próprias vulnerabilidades da democracia.
Em 21 anos de regime militar, foram cerca de 500 mortos em confrontos nas áreas urbanas e rurais, sendo 400 militantes da esquerda armada aos quais, seguindo o exemplo magnânimo de Caxias, pediremos o perdão e o consolo divino, amanhã, na missa em memória dos mortos na luta armada. Um alto custo para poucos, mas muito baixo se comparado ao da impunidade e da criminalidade que hoje nos intimida.
É hipocrisia a condenação dos governos militares por excessos na reação àluta armada, feita por quem idolatra ditaduras e lideranças criminosas; concede asilo a terroristas estrangeiros condenados, mas devolve fugitivos da ditadura cubana; financia e confraterniza com ditos movimentos sociais, cujas ações resultam, impunemente, em invasões, destruições e mortes.
De 1922 a 1964, houve cerca de duas dezenas de crises institucionais onde chefes militares, envolvidos na política partidária, arrastavam consigo parte da tropa em um Brasil ainda imaturo para a democracia. Havendo ou não honestidade de propósitos, ficavam prejudicados: o compromisso militar, que deve ser exclusivo com a nação; a dedicação, que deve ser integral à missão constitucional; e os princípios de hierarquia e disciplina, comprometendo a coesão nas FFAA e a própria unidade nacional. O regime de 1964 afastou as Forças e os militares da ativa da política partidária e criou condições para o fortalecimento das instituições. As crises políticas não tiveram mais o envolvimento militar e, hoje, são resolvidas nos foros apropriados.
Os Generais Presidentes reconheciam a excepcionalidade do regime e manifestavam permanentemente o objetivo de retorno à normalidade democrática, o que se cumpriu com a revogação do AI-5, a anistia e a abertura política logo após a derrota da luta armada e a aceitação pelos ex-guerrilheiros das regras do jogo democrático.
A redemocratização veio a partir de 1978, não por obra da esquerda revolucionária já desmantelada. É um engano considerá-la vitoriosa porque antigos militantes ocupam, hoje, posições importantes na sociedade. Eles não chegaram ao poder pela força das armas e sim como cidadãos com plenos direitos assegurados na anistia concedida pelo próprio regime em 1979.
Abandonaram a luta armada, derrotados, e se submeteram às normas democráticas, reintegrando-se à sociedade na forma da lei, em pleno regime militar e como exigiam a Nação e o Estado.
O Brasil tornou-se uma democracia, aspiração da sociedade, da oposição legal e dos governos militares, e não um país comunista escravizado por um partido único, objetivo permanente da esquerda revolucionária, hoje, outra vez, no poder, mas não no domínio das mentes e dos corações dos brasileiros que, em massa, retornaram às ruas, 52 anos depois do Comício da Central do Brasil, no último 13 de março, para dizer BASTA!
Basta à corrupção e ao enriquecimento ilícito! Basta à incompetência, à desonestidade, à luta de classes. Basta à política de gênero, à desvalorização do mérito, ao desrespeito à vida. Basta ao desemprego, à recessão, à inflação, aos impostos escorchantes e ao descaso para conosco que somos os verdadeiros donos deste País!
Os Marinheiros, Soldados e Aviadores, cidadãos fardados nunca apartados da sociedade a que servem e em nome da qual impunham suas armas, não estão alheios à conjuntura hostil ou descuidados do cumprimento do seu dever. Têm a motivá-los o exemplo histórico da Revolução Democrática de 1964 que não pode ser, nem nunca será, apagado da memória dos que amam com fé e orgulho este solo sagrado das Terras de Santa Cruz!
BRASIL, ACIMA DE TUDO!!!
Respondidas às indagações, continuemos a reportar nossa jornada nesse dia tão especial. Partimos, às 07h00, com um céu plúmbeo, pesado, que aos poucos foi desanuviando exatamente como aconteceu nos idos de 64. O Patrão Celestial, Senhor de todos os exércitos convenceu os deuses dos ventos e dos mares a proteger-nos neste dia abençoado e o que se viu foi uma Lagoa espelhada que refletia quase que perfeitamente a abóboda celeste. Eu tinha a nítida impressão de que meu caiaque ganhara asas e eu planava suavemente sobre as nuvens, sob o olhar atento do Capataz da Estância Divina.
Vozes d’África
(Castro Alves)
Deus! ó Deus! onde estás que não respondes?
Em que mundo, em qu’estrela tu t’escondes
Embuçado nos céus? [...]
Diversas culturas associam o Astro Rei ao olho do Supremo Arquiteto do Universo ‒ o olho onisciente. Para os gregos era o olho de Zeus, para os egípcios ‒ o olho de Hórus, para os indianos ‒ o olho de Varuna, para os povos de origem germânica ‒ o olho de Odin e para os muçulmanos ‒ o olho de Alá.
O astrônomo Nicolau Copérnico afirmava poéticamente que “A Lua, era o olho da noite e o Sol, o olho do dia”. O poeta nacional da Inglaterra, o “Bardo do Avon” ‒ William Shakespeare ‒ menospreza o Sol, que aparece embuçado, esmaecido, nas brumosas tardes inglesas, dizendo que “aquele ponto acinzentado não é o olho do dia...”. O escritor maçom Ir:. João Ivo Girardi, no seu “Vade-Mécum Maçônico”, menciona que o “Olho que Tudo vê”: “Na Loja Maçônica representa a onisciência do Grande Arquiteto do Universo. O Olho que jamais dorme. O Olho simboliza, no plano físico, o Sol visível, de onde emana a Vida e a Luz; no plano intermediário ou astral, o Verbo, o Logos, o Princípio Criador; no plano espiritual ou divino, o Grande Arquiteto do Universo.”
O Supremo Arquiteto escondia-se, portanto, por trás das nuvens e acompanhava-nos diligentemente, vez por outra, porém, mirava-nos brevemente com seu fulgente olhar. Depois de cientificar-se de os deuses estavam cumprindo fielmente suas ordens e sentindo que nossos corpos estavam suficientemente aquecidos, ocultava-se novamente.
Chegamos ao Taim às 13h20 e como não conseguimos adentrar no Canal (32°31’08,4”S / 52°34’52,2”O), em decorrência dos bancos de areia, seguimos direto para o Arroio Aguirre, lindeiro à Vila do Taim (Capilla). O Geminiano, um prestativo pescador, deu carona ao Norberto até a cidade para que ele efetuasse algumas compras. Percorremos 49,6 km. Trocando o número 4 de posição obtemos 964, curiosas artimanhas da Numerologia Cabalística do Grande Arquiteto do Universo em homenagem à histórica data.
1° Perna Total = 349,1 km.
2° Perna Total = 322,2 km.
3° Perna Parcial = 185,1 km.
Total Parcial = 856,4 km.
Arroio Aguirre, Capilla – Ilha Grande (01.04.2016)
O humilhante fim da era Lula. A soberba, a arrogância, a certeza de que nada poderia dar errado fizeram com que Lula colocasse no poder Dilma Rousseff, a mais incapacitada Presidente da história.
(Hugo Cilo ‒ da Istoé Dinheiro, em São Paulo, SP, 1°.04.2016)
Às 06h25, partimos do Arroio Aguirre (Capilla). Ganhei, no caminho alguns peixes do Sr. Edgar e esposa que pescavam nas proximidades da Capilla, o amável casal recusou-se a receber pagamento pelos mesmos. Uma brisa fresca e céu limpo nos acompanharam até às 10h00 quando fiz uma parada de 20 minutos nas proximidades da Ponta do Salso num banco de areia a 500 m da praia, onde o Norberto, literalmente, enredou-se numa rede.
A partir dessa parada o vento de proa (NE) começou a aumentar chegando aos 6 nós quando adentramos na Boca Sul do Canal S Gonçalo às 14h00. Paramos em Santa Isabel para realizar algumas compras e seguimos para região da Ilha Grande onde aportamos as 16h35. Percorremos 64,7 km.
1° Perna Total = 349,1 km.
2° Perna Total = 322,2 km.
3° Perna Parcial = 249,8 km.
Total Parcial = 921,1 km.
Ilha Grande – Veleiros Saldanha da Gama (02 a 03.04.2016)
A Presidente Dilma Rousseff (PT) perdeu as condições de governar o país.
(Editorial ‒ da Folha de S. Paulo, em São Paulo, SP, 02.04.2016)
“Jamais renunciarei”, disse a Presidente Dilma Rousseff,
em sua página oficial no Facebook, neste domingo.
(Paula Soprana e Marcelo Moura ‒ da Revista Época, em São Paulo, SP, 03.04.2016)
Acordamos às 05h00, o Norberto precisava chegar à Eclusa até as 11h00, senão ele teria de aguardar até as 15h00 para realizar a transposição. Partimos do “Portinho”, região de Ilha Grande, às 05h41, exatamente uma hora antes do Sol nascer. O Canal São Gonçalo estava a uns 20 cm acima da cota em que o encontráramos quando adentramos na Mirim. A viagem foi tranquila e por volta das 10h30 transpus uma das comportas da Eclusa sem qualquer dificuldade. Aportei no Veleiros Saldanha da Gama (VSG), às 13h10, onde fui recebido festivamente pelo Comodoro Dr. João Carlos Hosni.
Embora o Comodoro tenha gentilmente permitido que acampássemos na área do Clube, tendo em vista que as instalações das churrasqueiras já estavam reservadas a um evento social, preferimos buscar apoio no Corpo de Bombeiros local tendo em vista as péssimas condições de mau tempo previstas. Mais uma vez, valemo-nos do nosso caro amigo Coronel PM Sérgio Pastl que entrou em contato com o Comandante do 3° Comando Regional de Bombeiros (CRB) ‒ 2° Subgrupamento de Combate a Incêndio (SGCI) o Sr. Capitão PM Pablo Laco Madruga que autorizou que pernoitássemos no seu aquartelamento. Nosso caro amigo, o 1° Sargento PM Vagner Antonio Weber Gonzáles, levou-nos prontamente ao quartel dos bombeiros onde usamos os varais para estender nosso material de acampamento e roupas molhadas. O alojamento dos oficiais era bastante confortável e podíamos desfrutar de banho quente. O Coronel Pastl, embora tenha nos acompanhado fisicamente apenas nos dois primeiros dias da Jornada Patriótica, presta-nos um apoio cerrado à distância ‒ estabelecendo contatos extremamente úteis nos pontos de parada, enviando boletins do tempo e apresentando sugestões técnicas de alta valia. Um grande amigo que tive a honra e a ventura de conhecer graças aos seus dois caros filhos e meus ex-alunos do CMPA Guilherme e Emanuel. À tarde, enquanto degustávamos um saboroso sorvete, caiu uma chuva torrencial sobre a cidade de Pelotas. Felizmente não tínhamos acampado no Saldanha da Gama, o local onde pretendíamos montar as barracas ficou totalmente alagado.
Tínhamos percorrido neste dia 49,5 km.
1° Perna Total = 349,1 km.
2° Perna Total = 322,2 km.
3° Perna Total = 299,3 km.
Total Parcial = 970,6 km.
Na manhã seguinte (03.04.2016), o Norberto serviu de guia para mostra-me os belos e centenários pontos turísticos do Centro da cidade. Iniciamos o tour pela Catedral do Redentor.
Catedral do Redentor
Catedral da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, conhecida como a Igreja Cabeluda, apresenta a característica de ser coberta por uma hera que muda de cor, de acordo com as estações do ano.
Na primavera fica de um tom verde claro muito bonito; no verão perde as folhas e aparecem somente as raízes em tom cinza; em maio muda para o rosa-avermelhado, partindo para o grená e, a seguir, o marrom. Construída em estilo gótico-céltico, abriu suas portas ao público em 1892.
Sua torre possui 27 metros de altura. Os vitrais vieram de Nova York, apresentando motivos com símbolos e textos bíblicos. Sua construção foi possibilitada através de fundos angariados em campanhas pelos paroquianos.
A elevação a catedral ocorreu em 1988 . Seu coral, que leva o nome de Eunice Lamego, uma de suas maiores regentes, é considerado como muito expressivo. A Igreja do Redentor dispõe de um órgão elétrico de rara beleza. (www.pelotasvip.com.br)
Concluímos nosso périplo na fantástica Catedral Metropolitana São Francisco de Paula.
Um pouco da história
A história do mais importante edifício religioso de Pelotas pode ser dividida em, pelos menos, três fases. A primeira foi com a construção da capela em 1813, por iniciativa do Padre Felício da Costa Pereira, que foi seu autor, projetou e executou a obra, pequeno santuário, construído em alvenaria com duas águas e telhas de barro. Era constituído de uma nave de 6,6 m x 13,20 m (incluindo a capela-mor), sem torres e sacristia.
A Catedral abriga, desde os primeiros tempos, a imagem de São Francisco de Paula, de origem artística desconhecida, tendo sido trazida da Colônia do Sacramento.
Em 1826, após ter sido destruída por um raio, foram iniciadas as obras de um “novo templo”, pelo lado de fora do primitivo. Em 1846, o Imperador D. Pedro II, lança, na Praça da Regeneração (hoje Cel. Pedro Osório), a pedra fundamental para a construção de uma nova catedral, no entorno da praça.
Em meados do século XIX, a Catedral já apresentava a fachada atual, com seu pórtico e terraço, com seu jogo de ordens superpostas (dóricas no térreo, jônicas no primeiro pavimento e coríntias nas torres) com sua platibanda e pequeno frontão; com duas torres sineiros e com suas duas cúpulas características. Era ainda muito primitiva: nave única, tribunas laterais, altar-mor ao fundo e duas bases nas torres.
Em 1915, sofreu uma ampliação: um prédio de dois pavimentos é anexado para servir de salão paroquial. Em 1933, uma nova reforma ampliou sua capacidade para 1700 pessoas. O altar-mor foi recuado para o fundo, a sacristia ocupou o pavimento térreo do salão paroquial, eliminaram-se as tribunas. As janelas laterais foram retiradas e substituídas por vitrais com passagens bíblicas. Os vitrais foram doados por famílias pelotenses.
A Catedral só veio assumir sua configuração atual entre 1947 e 1948, quando foram construídas a cripta e a grandiosa cúpula (desenho do arquiteto Roberto Offer, de 1847), pelo arquiteto Victorino Zani. Para completar seu trabalho, vieram da Itália os artistas Aldo Locatelli e Emílio Sessa, que se encarregaram da decoração interna do templo, a convite de Dom Antonio Zattera. A pintura mural foi realizada com têmpera sobre reboco seco. A tinta resulta da mistura de pigmentos com aglutinantes solúveis em água, que podem ser cola, ovo, caseína, etc.
Composição figurativa, estruturada sobre uma base geométrica, onde se pode sentir unidade, harmonia e equilíbrio. A combinação de cores determina a oposição entre os claros e escuros, o artista modela e produz texturas por meio da cor. Vários estilos foram utilizados pelo pintor Aldo Locatelli: renascentista, na composição, perspectiva, “sfumato” (sombreados), maneirista, complexidade das posturas, graça, forma serpentinada, variedade dos aspectos do corpo, barroco, força na ação, combinação de luminosidade e dramaticidade, iluminação em diagonal.
Aldo Locatelli ficou conhecido pelo seu magnífico trabalho. Foi contratado depois para pintar a Catedral de Porto Alegre, o Palácio Piratini e a Igreja de Caxias do Sul. Mas sua obra maior está na Catedral de São Francisco de Paula, que originou sua vinda diretamente da Itália a fim de executá-la. (www.pelotasvip.com.br)
Depois do almoço em uma padaria local retornamos ao Saldanha da Gama para preparar as embarcações para a 4ª e última Perna pela Laguna dos Patos. Encontrei uma pequena lontra (Lontra longicaudis) que agonizava no cais e consegui, graças ao Sargento Vagner, acionar a Patrulha Ambiental. Infelizmente quando os atenciosos patrulheiros chegaram o animalzinho já tinha falecido. O corpo foi levado para ser entregue à UFPEL. Pernoitamos, confortavelmente, nas instalações das churrasqueiras
Nossa programação para amanhã (04.04.2016) é acampar na Fazenda Soteia (Ponta da Feitoria) e no dia seguinte (05.04.2016) aportar no Iate Clube São Lourenço do Sul.
(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;
Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS)
Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);
Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);
Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);
Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM - RS);
Sócio Correspondente da Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER)
Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);
Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS);
Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG).
Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).
E-mail: hiramrsilva@gmail.com;
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – X
Bagé, 20.12.2024 Continuando engarupado na memória: Tribuna da Imprensa n° 3.184, Rio, RJSexta-feira, 25.10.1963 Sindicâncias do Sequestro dão e
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – VI
Silva, Bagé, 11.12.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 224, Rio de Janeiro, RJ Quarta-feira, 25.09.1963 Lei das Selvas T
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – IV
Bagé, 06.12.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 186, Rio de Janeiro, RJSábado, 10.08.1963 Lacerda diz na CPI que Pressõessã
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – III
Bagé, 02.12.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 177, Rio de Janeiro, RJQuarta-feira, 31.07.1963 JB na Mira O jornalista H