Domingo, 5 de fevereiro de 2012 - 21h11
Hiram Reis e Silva,
Uricurituba, AM
Oh! Quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união. É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desce sobre a barba, a barba de Arão, e que desce à orla das suas vestes. Como o orvalho de Hermom, e como o que desce sobre os montes de Sião, porque ali o Senhor ordena a bênção e a vida para sempre. (Salmo 133, Bíblia Sagrada)
Consegui, no meu último dia de permanência em Manaus (27.01.2012), cumprimentar e agradecer ao meu caro amigo e ex-Cadete, General José Luiz de Paiva, Comandante do 2° Grupamento de Engenharia (2° Gpt E), que estava envolvido nas passagens de comando dos 5°, 6° e 7° Batalhões de Engenharia de Construção. O apoio do 2° Gpt E, nesta 4ª Fase do Projeto Desafiando o Rio-mar, assim como na 3ª, permitiu que levássemos a bom termo as visitas, pesquisas e entrevistas planejadas.
Dentre tantas surpresas agradáveis, que aconteceram durante minha permanência em Manaus, uma das mais gratas foi, sem dúvida, a de ter sido convidado pelos irmãos (Ir:.) Raimundo e Vilela, Coronéis do 2° Gpt E, para realizar duas palestras sobre o Projeto Desafiando o Rio-mar, uma no 2° Grupamento de Engenharia e outra na abertura dos trabalhos da Loja Maçônica Vitória Régia filiada ao Grande Oriente do Brasil (GOB), loja a que pertence o Coronel Flávio Teixeira, entusiasta participante da equipe de apoio das 2ª e 3ª Fases do Projeto. Depois da abertura, seguindo os procedimentos do “Rito Brasileiro”, os trabalhos foram interrompidos e fiz uma pequena apresentação do Projeto, desde a sua concepção, planejamento, treinamento e execução de cada uma das quatro fases. Após a sessão fomos brindados com uma ágape nas instalações da Loja e mais tarde o Coronel Vilela me conduziu até o Piquiatuba para iniciarmos o deslocamento até a Comunidade de Mauari, 23 quilômetros a montante da Foz do Madeira.
-Partida de Manaus (28.01.2012)
Partimos de Manaus por volta da uma hora da manhã, eu estava muito cansado e a jornada que se avizinhava exigiria um esforço muito grande, mas eu não podia perder a oportunidade de contemplar a cidade de Manaus e a bela Ponte do Rio Negro à noite. O Piquiatuba passou sob o monumental vão central, as luzes douradas iluminavam os cabos de sustentação da ponte pênsil enquanto fachos coloridos alternavam-se matizando o enorme pilar com as cores do arco-íris. Os dois vãos livres de 200 metros são suportados por cabos ancorados no marque central de 172 metros de altura, a partir do nível d’água, e vãos livres de 55 metros, no mínimo (período da cheia), de altura para a passagem de transatlânticos ou navios de grande porte. Meu filho, João Paulo, registrou a passagem com inúmeras fotografias.
A ponte foi uma iniciativa do Governo Estadual, cansado de esperar pelas promessas de verbas federais. A ponte faz parte do complexo rodoviário que unirá Porto Velho a Manaus através da BR 319 e que irá permitir, futuramente,depois de construída a ponte, em Manaquiri, ou sobre outro sítio no Solimões, a ligação do Brasil através da BR 174, até o Estado de Roraima e Venezuela. Infelizmente a Presidenta anunciou, recentemente, que o Governo Federal não irá construir a ponte sobre o Rio Solimões frustrando não apenas as expectativas das populações dos Estados do Amazonas e Roraima, mas do Brasil inteiro. Para completar o amargo pacote de decisões federais o Todo-poderoso IBAMA não liberou a construção do chamado trecho do meio da BR 319, que tem cerca de 400 quilômetros de extensão, apesar de todos os requisitos ambientais terem sido adequadamente cumpridos. As populações aolongo da BR 319 vivem marginalizadas enfrentando uma série de dificuldades, mas o IBAMA, alheio a tudo e a todos, está mais preocupado com cacos de cerâmica e pequenos detalhes na confecção de documentos do que com os brasileiros carentes e desassistidos.
Usei os binóculos ofertados por um grande mestre e amigo de Campinas para admirar a cidade que se afastava lentamente deixando em nossos corações e mentes belas lembranças de amizade e companheirismo.
-Partida de Mauari (28.01.2012)
Chegamos a Mauari por volta das seis horas da manhã. A cheia do Amazonas tinha afogado a amiga Maria Mococa que tínhamos conhecido na véspera de natal do ano retrasado (2010). Ano passado quando aportamos na Foz do Igarapé Mauari avistamos formações rochosas de ambas as margens que se debruçavam sobre as águas do Rei dos Rios e no centro uma bela praia de areias brancas. Na ponta da laje de jusante existe uma formação que lembra um rosto feminino conhecido como Maria Mococa. As águas, hoje, estavam a mais de quatro metros acima do nível, do dia 24 de dezembro de 2010, submergindo todo o belo conjunto da foz do Mauari. Estacionamos alguns metros abaixo, embarquei no caiaque e parti, célere, rumo a Itacoatiara. Depois de remar uns doze quilômetros meu filho se juntou a mim e remamos vigorosamente até o 18° km quando parei para lhe mostrar a interessante ponte de ferro em arco sobre o Igarapé Nossa Senhora das Graças. Em 2010, não corria uma única gota d’água sob a ponte e tive de escalar o barranco para poder fotografá-la, hoje se podia acessar o Igarapé diretamente do Rio e havia muita água correndo sob a ponte.
A viagem transcorreu sem maiores transtornos, só avistamos os primeiros troncos de madeira depois de ultrapassarmos a Foz do Madeira. Estes troncos, tão temidos pelos ribeirinhos, já causaram e continuarão causando prejuízos pessoais e materiais porque contam com o incompreensível beneplácito das idiotizadas autoridades ambientais. Pelo menos dois projetos que pretendiam retirar estes perigosos obstáculos dos rios foram obstaculizados pelo IBAMA. Um deles, na Hidrelétrica de Santo Antônio foi vetado e o da HERMASA de Itacoatiara multado por estar aproveitando estes rejeitos arbóreos em suas caldeiras. Coisas de um Brasil cujas autoridades, coniventes, subservientes ou a soldo de parceiros estrangeiros se submetem aos seus interesses visando manter o seu monopólio prejudicando aqueles que produzem e geram emprego no nosso rico e pobre país. Rico quando se trata dos potenciais a serem explorados sejam minerais ou agrícolas, e pobre tendo em vista que pouco a pouco o controle destes recursos, antes administrados por empresas estatais ou privadas, estão passando para as mãos de oligopólios internacionais gerando enormes divisas para seus países e uns poucos “trocados” para os “brasileiros bonzinhos”. É uma nova versão do colonialismo que conta com a participação ativa de empresários nacionais omissos abençoados por uma política entreguista e desnacionalizadora.
Chegamos à Itacoatiara, às 11h12, depois de navegar 75 km em 5h15 a uma média de 14,3 km/h, e depois do almoço eu e a Rosângela nos instalamos em um pequeno hotel, próximo à praça com o intuito de buscar repouso reparador. Apesar de termos solicitado o último quarto, bem longe do movimentado “Passeio Público Jornalista Agnelo Oliveira”, conhecido como Orla Municipal, às margens do Rio Amazonas, em busca do almejado silêncio, hóspedes mal educados, porém, chegavam de madrugada falando alto e batendo as portas, além disso, o hotel não disponibilizou tolhas de banho sob a alegação de que não estavam secas, um serviço bastante medíocre para uma cidade como Itacoatiara. Em contrapartida, o Mestre José Holanda, com sua fidalguia peculiar, deixou-nos seu carro a disposição e tive que reaprender a dirigir utilizando os recursos da direção hidramática do sofisticado veículo, confesso que é muito mais fácil nos adaptarmos ao conforto e às coisas boas do que à carência e às dificuldades. Graças a isso conseguimos visitar os prédios históricos da cidade e fotografá-los.
-Itacoatiara (29.01.2012)
No domingo, Holanda nos proporcionou um belo almoço no Restaurante Panorama, de sua sobrinha, e à tarde concedeu, no Piquiatuba, uma entrevista, acompanhado de seu neto, contando sua origem e sua história de vida que, oportunamente, reproduziremos.
-Livro
O livro “Desafiando o Rio-Mar – Descendo o Solimões” está sendo comercializado, em Porto Alegre, na Livraria EDIPUCRS – PUCRS, na rede da Livraria Cultura (http://www.livrariacultura.com.br) e na Livraria Dinamic – Colégio Militar de Porto Alegre.
Para visualizar, parcialmente, o livro acesse o link:
http://books.google.com.br/books?id=6UV4DpCy_VYC&printsec=frontcover#v=onepage&q&f=false.
Fonte: Coronel de Engenharia Hiram Reis e Silva
Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);
Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);
Vice- Presidente da Academia de História Militar Terrestre do Brasil - RS (AHIMTB - RS);
Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS);
Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional.
Site: http://www.amazoniaenossaselva.com.br
E-mail: hiramrs@terra.com.br
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