Quarta-feira, 13 de março de 2019 - 13h21
Florianópolis, SC, 11.03.2019
Jornal do Commercio,
n° 21.812
Manaus, AM ‒ Sábado, 22.03.1975
Expedição
de Apoena Segue Para
Contatos com os Atroari
Com uma
expedição de vinte homens, entre os quais seis índios Xavante e dois Suruí, o
sertanista Apoena Meireles segue hoje para a região onde se encontram os
silvícolas Atroari-Waimiri, a fim de com eles estabelecer contatos, dando
início à verdadeira fase de pacificação.
A informação
foi prestada ao Jornal do Comércio pelo Delegado Regional da Fundação Nacional
do Índio, Sr. Francisco Mont’Alverne, que a respeito do pseudo ataque sofrido
pelo avião que viajava o Presidente do órgão, General de Exército Ismarth de
Araújo Oliveira, esclareceu tratar-se de “fantasia”,
explicando que a única vez que os índios demonstraram hostilidade atirando
flechas, ocorreu há mais de um mês, num voo de reconhecimento de Apoena
Meireles.
Francisco
Mont’Alverne desmente as notícias a esse respeito com um telegrama enviado
ontem às 10 horas do Gabinete do Presidente Gen Ex Ismarth, em Roraima, sobre a
visita feita à região dos Waimiri-Atroari, nos dias 19 e 20 passados.
EXPEDIÇÃO
Durante a
visita feita ao Abonarí, o Presidente da FUNAI, Gen Ex Ismarth Oliveira,
conversou longamente com o sertanista Apoena Meireles, tendo este feito a
entrega de um relatório no qual pede a criação do Parque Waimiri-Atroari, entre
os Rios Curiaçu, Camanau, Jauaperí e Alalau.
Durante o
diálogo de Apoena com o Gen Ex Ismarth Oliveira, este tomou conhecimento dos
planos de pacificação a serem adotados pelo sertanista em relação aos índios
autores do massacre do Padre Calleri. A iniciativa de Apoena, em restabelecer
de imediato os contatos com os índios, foi plenamente aprovado pelo Presidente
da FUNAI.
ISMARTH VISITA
O comunicado
enviado ontem à Delegacia Regional da FUNAI da expedição do sertanista Apoena
Meireles e da visita do Presidente Ismarth Oliveira aos locais onde aconteceram
alguns massacres, inclusive o de Gilberto Pinto Figueredo, assinalado por
cruzes rústicas.
Em nenhum
momento, fala dos pseudos ataques sofridos pelo avião em que a comitiva
viajava. Eis na íntegra o comunicado:
[ABONARI] ‒ O
sertanista Apoena Meireles a frente de uma turma de 20 homens, entre os quais
figuram seis índios Xavante e dois Suruí, inicia no próximo sábado [hoje] uma
expedição visando restabelecer contato com os Waimiri-Atroari. Esta iniciativa
foi aprovada pelo Presidente da FUNAI após ouvir, no Posto Abonarí, uma
completa exposição da sertanista sobre a maneira como vai atuar para conseguir
o primeiro encontro com esses índios depois do massacre que vitimou Gilberto
Figueredo. O General Ismarth de Araújo Oliveira chegou no dia 19 ao Posso
Abonarí após navegar algumas horas de canoa pelo bonito Rio Abonarí, de águas
escuras e margeado de abundante vegetação, via preferida dos índios
Waimiri-Atroari. Apoena mostrou ao General Ismarth, na sede do posto, cs locais
onde verificou-se o massacre de dezembro último, assinalado por cruzes
rústicas. O aspecto do Posto e do próprio ambiente naquela parte ao Rio é
sombrio e de expectativa, pois acreditam os sertanistas num retorno dos índios,
que já estiveram aqui por diversas vezes. À tarde, o Presidente da FUNAI e seus
assessores seguiram em veículos cedidos pelo 6° BEC para uma visita ao
sub-posto do Alalau, alvo igualmente de ataques anteriores dos índios
Waimiri-Atroari. A viagem de 52 quilômetros foi realizada, em parte, de jipes,
pela Estrada Manaus-Caracaraí, nesta época lamacenta e com certos trechos
intransitáveis, ainda em trabalhos de terraplenagem.
A partir do
sub-posto Abonarí a comitiva do Presidente da FUNAI seguiu a pé e, mais
adiante, entrou numa picada na selva, guiada pelo sertanista Apoena. Não
obstante a falta de hábito de caminhar na mata fechada, não foi difícil ao
grupo atingir as margens do Rio Alalau atravessando-o por meio de barco. O
retorno realizou-se da mesma maneira, mas desta vez diretamente para o
acampamento do 6° BEC, onde o Presidente da FUNAI e seus assessores
pernoitaram. Ontem [dia 20] pela manhã o General Ismarth Oliveira sobrevoou as
aldeias Waimiri-Atroari, ao mesmo tempo em que Apoena Meireles faz a a anotação
das mesmas num mapa, como planejamento de sua próxima expedição. As aldeias
distantes 25 quilômetros do Posto Alalau, e vários índios foram vistos saindo
das malocas para observar o avião. Apoena esclarece que não empregará métodos
novos de atração nessa missão junto aos Waimiri-Atroari. Sábado [hoje] rumará
para as proximidades das aldeias, levando consigo vários brindes e armará o seu
tapiri. Inicialmente o sertanista vai demorar-se por 10 dias no acampamento nas
proximidades das aldeias, regressando posteriormente para empreender nova
excursão."
Segundo o
comunicado, Apoena Meireles, não fez prognósticos sobre quando restabelecerá
contato com os silvícolas.
OS TRATORES
A respeito
dos tratores destruídos, esclareceu o sr. Mont'Alverne que quando ocorreu o
massacre de Gilberto Pinto Figueredo, em dezembro do ano passado, houve, logo a
seguir, evacuação do pessoal que se encontrava trabalhando naquela área. As
máquinas, então, foram abandonadas, do que se aproveitaram os silvícolas para
danificá-las. O mesmo aconteceu com o teto de alguns barracos que tiveram o
zinco perfurado por flechas. (JORNAL DO COMMERCIO, N° 21.812)
Jornal do Commercio,
n° 21.968
Manaus, AM ‒ Terça-feira, 30.09.1975
Nenhum
Atroari Apareceu
A expedição
do sertanista Apoena Meireles, encarregada de promover a pacificação dos índios
Waimiri-Atroari até o momento ainda não conseguiu ver sequer um silvícola nas
proximidades do local onde o 6° BEC faz o desmatamento para a BR-174. Ao que
parece os índios estão fugindo cada vez mais ao contato com os brancos,
dificultando os trabalhos de reaproximação do grupo. As notícias sobre a
expedição são escassas, embora o sertanista Apoena faça diariamente um
relatório à Divisão do Norte [da COAMA] em Manaus, chefiada pelo Major Saul
Lopes de Carvalho, ao contrário do que ocorria anteriormente, com as notícias
indo à Brasília. (JORNAL DO COMMERCIO, N° 21.968)
Jornal O Globo ‒ Rio de
Janeiro, RJ
Segunda-feira, 04.04.1977
De Manaus a Boa Vista,
Pelo Território dos Índios
Na
Margem do Rio, Local de dois Massacres
No trecho indígena a estrada tem o melhor piso de
todo o percurso, talvez intencionalmente, para evitar acidentes que poderiam provocar
encontros entre brancos e índios. É também um dos trechos mais bonitos, com
a floresta cerrada e Igarapés de águas limpas visíveis da pista. Às 13h00, o
ônibus chega ao Rio Alalau. É um Rio típico da região amazônica: superfície
calma, disfarçando a corrente que desce por uma cachoeira avistada ao longe;
margens cobertas de vegetação, com árvores esguias e altas que disputam um
pouco de Sol, no alto de suas copas.
Aqui, em
17.01.1973, os Waimiri-Atroari massacraram a golpes de borduna e terçado três
funcionários da FUNAI, Rafael Padilha, Ernesto Nascimento de Aguiar e Altamir
Aguiar. Em 02.10.1974, eles voltaram a atacar, matando mais seis funcionários
da Fundação. Um sobrevivente relatou a seus superiores o que acontecera no
Posto.
Sua história contribuiu para aumentar o desconcerto
dos sertanistas em relação aos Waimiri-Atroari. Ela também confirma o caráter
de “verdadeiros guerrilheiros” que o
sertanista Apoena Meirelles atribui aos índios da Amazônia ‒ Waimiri-Atroari.
Na manhã do dia 1° de outubro o sobrevivente Adão Vasconcellos recebeu, com
mais seis companheiros que estavam no Posto do Alalau, a visita de 13
Waimiri-Atroari, chefiados pelo Capitão Comprido. Eles pediram presentes e os
receberam.
À noite Adão notou que os cartuchos de sua
espingarda de caça tinham sido retirados. Um companheiro disse a ele que
Comprido estivera em seu alojamento durante a tarde. Na manhã seguinte um dos
índios aproximou-se dele e começou a alisar-lhe os cabelos. Era o sinal para o
ataque. O próprio Adão levou um golpe de facão que lhe quebrou um braço,
enquanto via seus colegas serem atacados. O cozinheiro teve a cabeça decepada
por um grupo de índios jovens. Adão conta que correu e mergulhou no Rio Alalau,
enquanto os índios disparavam flechas da margem. O Capitão Comprido ainda o
alcançou com uma canoa, mas quando ia matá-lo, Adão, lembrando da amizade do
Cacique com o Chefe do Posto, Gilberto Pinto de Figueiredo, gritou para o
índio: “Papai Gilberto”. A palavra,
segundo Adão, teve um efeito mágico sobre Comprido, que o deixou no Rio e
dirigiu a canoa até a margem, onde desferiu o golpe de misericórdia em um dos
colegas de Adão, que também ferido, tentava fugir. Três meses depois,
estranhamente, Comprido chefiou, com o Cacique Maroaga, o massacre em que o
próprio Gilberto Figueiredo – “o Papai
Gilberto” que os Waimiri-Atroari pareciam adorar – foi trucidado com mais
três companheiros no Posto Abonarí II.
Para cruzar o Alalau, local destes dois massacres,
os passageiros, que são conduzidos com tantos cuidados até este ponto da
viagem, abandonam o ônibus e embarcam na balsacontrolada por um grupo de sete
homens a serviço do 6° BEC. No caso do ônibus da SOLTUR do dia 30 de março
passado, os passageiros chegaram a cruzar o Rio com outros carros, enquanto o
ônibus esperava uma nova viagem da balsa.
No Posto dos
Balseiros, Fuzis Mauser
Foi a este local que, na noite do dia 24 de março
passado, chegaram cerca de 120 Waimiri-Atroari. O funcionário que comanda a
operação da balsa tem a resposta esperada para a pergunta sobre a visita dos
índios:
− Eles só
queriam brindes.
Mas o responsável pela cozinha, que os companheiros
chamam de João do Rancho, tem uma história melhor para os curiosos:
− Eles estavam
a fim de matar a gente − garante ele − vieram com uma história de criança morta
na cachoeira para levar a gente para longe da base e do Posto da FUNAI [que
fica a 300 m da balsa]. Os primeiros que chegaram eram poucos e estavam
desarmados. Mas a gente descobriu que estava cheio de índios e que as flechas e
os arcos estavam todos ali na beira do Rio.
João do Rancho exibe com orgulho seu
companheiro inseparável, encostado ao fogão: um fuzil Mauser, militar. Com a
culatra aberta, apoiada a uma das traves do galpão que serve de cozinha, está
uma espingarda de caça. O Posto dos balseiros fica sobre estacas, com o
assoalho bem acima do chão. Entra-se no Posto por um alçapão que se alcança por
uma estaca móvel, para ser retirada à noite. No telhado do Posto uma placa: “Bem-vindo a Roraima”. Enquanto os
balseiros tratam de atravessar o ônibus, João do Rancho aproveita a plateia
interessada para mostrar sua valentia:
− Comigo não
tem conversa com índio. Ainda mais que a FUNAI não nos deixa fazer negócio com
os passarinhos que eles tentam trocar aqui. Eles nos chamam de marupá e de
peruanos quando falam com os funcionários da FUNAI. E por isso que a gente tem
que manter essa bichinha aqui [aponta para o fuzil Mauser].
João do Rancho talvez não conheça a história do
último diálogo que o Padre João Calleri teve com os Waimiri-Atroari antes de
ser trucidado com nove componentes de sua Expedição ao Posto indígena do Rio
Camanau, em 30.11.1968. Segundo o único sobrevivente do massacre, o Padre
Calleri viu índios tirando colheres do acampamento. De surpresa, o Padre
Calleri agarrou um índio e lhe disse:
− Aqui Padre
Marupá. Espingarda pô! [imitando o ruído de um tiro]. Índio morre.
Os índios abandonaram o acampamento e voltaram no
dia seguinte para dizimar a Expedição, com exceção de Álvaro Paulo da Silva,
que pressentiu o perigo dos métodos do Padre e abandonou o acamamento. [...]
(JORNAL O GLOBO, 04.04.1977)
Jornal do Commercio,
n° 22.432
Manaus, AM ‒ Domingo, 10.04.1977
Waimiri-Atroari
perguntaram pelo
“Papai Grande” (Presidente Geisel)
Índios
Reaparecem na BR-174
sem Arco e sem Flecha em Missão de Paz
A existência de branco entre os índios Waimiri-Atroari,
continua sendo afirmada por elementos que trabalham na Rodovia BR-174, confirmando o que disse Adão Vasconcelos, um dos sobreviventes do massacre do Posto
Indígena de Atração Alalau, que no seu depoimento salientou que:
Cansei de ir
na Aldeia deles com Gilberto e sempre fomos recebidos com muita alegria. A
única coisa que não podíamos fazer era entrar em certas malocas. Creio que
havia algum branco escondido nela, pois sempre ficavam dois índios na porta
para impedir a entrada dos elementos da FUNAI, que só podiam permanecer no
terreiro da Aldeia.
Antes da
inauguração da Rodovia BR-174, um grupo de índios reapareceu nos acampamentos
do 6° BEC e da FUNAI. No dia da inauguração conversei com várias pessoas a
respeito da presença dos silvícolas.
PAPAI GRANDE
Um mecânico, cujo nome pediu-me que não revelasse com quem conversei
bastante tempo fez revelações que chegaram a me surpreender.
Na última visita, conforme narrou, os índios perguntaram pelo “Papai Grande”, o qual veria a ser o
Presidente da República Ernesto Geisel que inauguraria a Rodovia BR-174.
O mecânico
trabalha há quatro anos na Rodovia BR-174 e durante esse tempo, ele próprio
conversou com os índios, chegando mesmo a fazer trocas, nas quais sempre:
Eles levam
vantagem. O mais difícil é entender o que falam, no entanto, aprendem com facilidade o que a gente diz. Eles repetem
certo.
As palavras mais comuns que os índios dizem aos
brancos durante os encontros são “marupá”
que é homem mau; “maré-bom”, que é amigo e “non” que é não.
Para
confirmar a possível existência de branco entre os índios Waimiri-Atroari, eles
estão levando açúcar e sal. E como eles souberam da vinda do Presidente da
República, chegaram perguntando “Papai
Grande”.
VISITAS
O sertanista Otávio Pinheiro Cangussú, é outro que
acredita haver dedo de branco no meio dos ataques dos Waimiri-Atroari.
No seu
depoimento diz que “os massacres não
totalmente fora da ética e do padrão usado comumente pelos indos”. Explicou
que os índios ao trazerem suas mulheres e crianças dão provas de confiar nos
brancos.
O mecânico
me confirmou que de fato, os índios sempre trazem suas mulheres e crianças
quando visitam os postos:
Eles quando
visitam os postos, trazem carne moqueada, pupunhas cozidas e cruas, mandioca,
cana-caiana, biju. As mulheres trazem os paneiros nas costas com bananas,
abacaxis, para trocarem. Elas usam cabelos curtos e as vezes vem vestidas,
quando não, usam proteção no sexo, feito por elas mesmo. Os homens costumam vir
nus e trocam seus arcos e flechas por calças, camisas, calções, camisetas.
Quando encontram um branco barbado e cabeludo, eles agarram e puxam.
Quando chegam, os índios Waimiri-Atroari sempre procuram contatar com os homens do
6° BEC, que os tratam bem procurando trocar
objetos pelo que trazem. Os funcionários da FUNAI procuram evitar maiores
contatos.
No posto do
Alalau, os funcionários da FUNAI estão sempre de prontidão para receberem a
visita aos índios. É mantido um mateiro de plantão na trilha onde sempre saem
os índios, o qual dá o aviso. A farmácia permanece sempre aberta com bom
estoque de remédios para atender aos silvícolas doentes.
Quando os
funcionários da FUNAI ou do 6° BEC fornecem açúcar aos índios eles abrem e
comem ficando todos sujos e lambuzados. Já o sal, eles levam para a aldeia,
juntamente com as panelas, terçados, facões. Com estes fazem pontas de flechas
e das lanças para pescarem e caçarem. As lanças sempre são de cerca de dois
metros e a ponta de uns 30 centímetros.
Imagem 01 ‒
Jornal do Commercio ‒ n° 22.432, 10.04.1977
MARUAGA E COMPRIDO
Segundo
ainda O mecânico a população Waimiri-Atroari possui dois chefes. Maruaga,
chefia os Atroari enquanto o Capitão Comprido, os Waimiri.
Quem já viu
ambos, faz-me comentários dos mais diversos das personalidades de cada um.
Maruaga, por exemplo, possui feição de que não é mau.
“Na última visita que fez, o Capitão Comprido
trouxe dois filhos. Um de 13/14 anos e outro já rapaz, que por sinal, tem
feições de branco, principalmente por ser claro”, revela o mecânico que por
medida de segurança teve seu nome ausente da reportagem.
O atual
chefe da equipe de atração da tribo Waimiri-Atroari, Sebastião Firmo, é de opinião que a
causa do massacre praticado pelos índios contra Gilberto Pinto de Figueredo Costa, em 1974, seria uma discórdia entre os capitães Comprido e Maruaga. Explicou
que o Cacique Comprido matou um filho de Maruaga, numa luta intertribal e por
este motivo os dois se tornaram inimigos. Como
Gilberto era muito mais ligado a Maruaga, e
prevendo a queda do seu prestígio junto ao grupo tribal, Comprido procurou se unir novamente a Maruaga, e juntos realizaram o massacre no dia 29 de
dezembro.
Paulino
Rondon, atualmente no Posto Indígena Abonarí II, conhece toda a região habitada
pelos Waimiri-Atroari, pois foi um dos primeiros a integrar a equipe de
Gilberto Pinto em 1957. Paulino era um dos homens de confiança do sertanista e
sempre o acompanhava quando visitava às Aldeias Waimiri-Atroari e disse no seu
depoimento para a FUNAI:
Visitei
inúmeras Aldeias com o “seu” Gilberto
mas os índios nunca permitiam visitarmos todas as malocas. Em algumas eles
imediatamente barravam a nossa entrada, não sei explicar porque. Isso vem
comprovar a possível existência de algum branco entre os índios que permanece
escondido com a presença de civilizados. Embora tenha vindo de muito tempo, o
pouco contato, com os brancos, os
Waimiri-Atroari dão claramente a entender que existe algum estranho na tribo,
não só pelo uso de açúcar, sal, bem como
da plantação que fazem como de banana, abacaxi,
cana, mandioca
e pupunha. Eles estão, até mesmo, já cozinhando sua alimentação, pois, sempre
que visitam os Postos, levam panelas. E se pergunta: quem
teria ensinado tudo, isso aos índios? Quem ensinou a chamar “Papai Grande”, ao
Presidente da República? Como eles saberiam da presença do Ministro dos
Transportes, com o qual tiveram um encontro?
O mecânico é
outro que crê na existência de branco entre os Waimiri-Atroari:
Logo que eles
aparecem não deixaram que a gente os fotografassem. Aos poucos foram
permitindo, escondendo o rosto. Agora não, quando se quer fotografá-lo basta um
ficar conversando para outro agir.
Conta mais,
que quando Gilberto estava vivo e à frente dos trabalhos de proteção na
construção da Rodovia BR-174, os índios deram demonstração de hostilidade,
deixando flechas cruzadas nas “picadas”
ou então, um animal morto com as flechas. Mesmo assim Gilberto, nunca teve
receio ou medo, indo aos encontros marcados até que foi morto, mesmo sendo
clamado de “papai”.
NOVE MESES
Os índios
Waimiri-Atroari depois do último massacre, no dia 29.12.1974, passaram nove meses sem manterem contatos com os
brancos. Eles abandonaram mesmo algumas malocas e somente em setembro do
ano seguinte foi que reapareceram na rodovia BR-174, e permaneceram calmos
procurando manter contatos constantes com os funcionários da FUNAI e
integrantes do 6° BEC de forma hospitaleira. Fazendo trocas ou mesmo procurando
remédios.
Tiago Coelho
da Silva, que escapou ao ataque dos Waimiri-Atroari ao Posto indígena do Rio
Camanau, em dezembro de 1946, diz que se encontrava sentado à mesa, onde tomava
café, quando teve início o massacre. Ao iniciá-lo, um “índio barbado” gritou ‒ “lá
vai flecha” ‒ em português.
Afirma que
nos dias anteriores, os Waimiri-Atroari haviam mantido atitude de cordialidade,
mas, que o “índio barbado” mantinha-se calado falando na gíria da língua
indígena.
Declarou
ainda que o grupo era chefiado por este “índio barbado".
Outro
importante depoimento a respeito da presença de branco entre os índios
Waimiri-Atroari é, de dona Cândida Pastana de Carvalho. Ela, também, não soube
a que atribuir a brusca atitude dos índios visto que todos mostravam-se amigos
do pessoal do posto, inclusive haviam até dançado no terreiro com o seu marido
Luiz Antônio de Carvalho. A presença do “índio barbado”
é assim narrada por D. Cândida:
Os índios
eram chefiados por um barbado, embora entre eles estivesse um Tuchaua Maruaga
‒ pois os índios
nada decidiam sem o consentimento do “índio barbado”, inclusive troca de
objetos. Quando se dirigia a ela fazia-o em português, às vezes misturado com a
gíria, sendo ele o mais calmo de todos, procurando sempre manter-se calado e
afastado, observando todos os pormenores
Afirma ainda
D. Cândida que “índio barbado”, quando das visitas nos dias anteriores, trouxe
sua família, constituída de mulher e três filhos, entre os quais, uma mocinha
de “feições delicadas”.
NOVA TRIBO
Nova Tribo
apareceu recentemente no Rio Alalau desconhecida dos funcionários da FUNAI e do
6° BEC, que já estão se acostumando com a presença dos Waimiri-Atroari. Segundo
o mecânico, tudo foi de surpresa:
Surgiu no Rio
Alalau, um grupo de índios, sob o comando do Capitão Abonarí. Eles então
pediram “tinta” [remédio], para um
menino que havia recebido um corte. Era filho do Capitão Abonarí. A linguagem
deles é diferente e são mais entendidos do que os Waimiri-Atroari.
Eles chegaram
chamando a gente de “colombianos”
vestidos de calções, os quais estavam bastante sujos. Eles passaram 4 a 5 dias
no Posto da FUNAI. Presume-se que esse grupo tribal já tenha mantido contatos
com brancos e que não foram brasileiros. A linguagem deles era meio enrolada.
Esse
acontecimento foi guardado paios funcionários da FUNAI só que o mecânico que
presenciou o surgimento dos índios chefiado pelo Capitão Abonarí, desconhecendo
a região que habitam.
Pelos
contatos que estão sendo mantidos, acreditasse que muito em breve, os
Waimiri-Atroari aceitem a presença do branco como amigo e possam se integrar à
civilização. (JORNAL DO COMMERCIO, N° 22.432)
Revista Manchete, n°
1.657
Rio de Janeiro, RJ ‒ Sábado, 21.01.1984
Há
Doze Anos, eles Eram 3 mil.
Hoje, Restam uns 400, Espalhados Pelas Aldeias
M |
as em todos
os postos da FUNAI também existe um quadro com a fotografia do Presidente da
República, a quem os índios já aprenderam a identificar como “Papai Grande João”. E o ronco do
caminhão solitário rompendo as últimas horas da madrugada é um indício
incontestável de uma realidade mais pacífica. O dia amanhece enevoado. Da
guarita sobre uma torre de madeira, no Núcleo de Apoio Waimiri-Atroari [NAWA],
da FUNAI, no quilômetro 255, a visibilidade é quase nenhuma. Uma bruma
esbranquiçada encobre a estrada e a mata, dando-lhes uma dimensão quase mágica.
Um
espetáculo bonito, mas que reflete lembranças aterradoras. O dia 29.12.1974
amanhecera com essa mesma névoa, que se estendia sobre as águas do Santo
Antônio do Abonarí, quando o sertanista Gilberto Pinto e três servidores da
FUNAI foram mortos a flechadas no posto de atração construído na margem direita
do Rio. Era o quarto massacre naquele ano dos arredios Waimiri-Atroari contra
os brancos que insistiam em amansá-los. O ataque indígena, divulgado na
imprensa nacional e internacional, acentuava o seu estigma de índios selvagens
e assassinos. O New York Times publicou uma reportagem abordando o
comportamento espantoso daquele povo primitivo que se rebelava contra seus
pacificadores e aterrorizava peões e soldados do Sexto Batalhão de Engenharia
de Construção do Exército Brasileiro, que construíam a rodovia invasora
cortando o habitat dos ferozes e imprevisíveis Waimiri-Atroari.
Era uma
barra. Após o ataque ao Posto de Atração no Rio Alalau em outubro de 1974,
comandantes militares e antigos dirigentes regionais da FUNAI da Amazônia se
reuniram no acampamento do 6° BEC, no Km 220, e baixaram algumas normas de
segurança para garantir a continuidade dos trabalhos de implantação da estrada.
Caso houvesse visitas dos índios, por exemplo, deveriam ser realizadas “pequenas demonstrações de força”,
mostrando os efeitos de uma rajada de metralhadora, de granadas defensivas e da
destruição pelo uso de dinamite. A reunião foi em novembro. Um mês depois, o
experiente e respeitado Papai Gilberto, sertanista antigo por quem os
Waimiri-Atroari tinham amizade e carinho, estava morto ‒ vítima do massacre no
Abonarí. Foi a última vez que os índios atacaram. A rodovia
Manaus-Caracaraí-Boa Vista, que ligaria o Brasil à Venezuela, era inaugurada a
06.04.1977.
No início do
trecho que corta a área indígena há um monumento, uma pedra enorme com duas
placas. Lá estão gravados os nomes dos 24 homens e das duas mulheres [da
expedição Padre Calleri ‒ 1968]. Uma homenagem aos que perderam a vida
pacificando os índios rebeldes. [...] O jovem Capitão, do 6° BEC, Hiram Reis e
Silva, acredita que os tempos mudaram:
Hoje existe
uma integração muito grande entre os Waimiri-Atroari, o Exército e a FUNAI.
Voltar ao passado para consertar as coisas é impossível. Houve erros imperdoáveis,
houve excessos ([1]),
houve matança. Importa o que se pode fazer agora: dar assistência médica, apoio
humano e tratar com respeito os índios.
A FUNAI é
convocada para atuar como frente de atração em áreas indígenas não contatadas,
em torno de cinco tópicos: mineração, hidrelétrica, estrada, colonização e polo
agropecuário. A reserva Waimiri-Atroari foi atingida pelos cinco. Ainda não se
sabe como será resolvido o problema da inundação de uma parte de suas terras,
na ocasião do fechamento das comportas da represa da hidrelétrica Balbina, para
formação do Lago, em 1987. O chefe da frente de atração na área, o técnico
indigenista Moiseniel Barbosa, explica que a fase atual é de consolidação de
contato.
Esse trabalho
já está bem sedimentado, não acredito que haja possibilidade de uma retroação
com referência ao clima de segurança. Os Waimiri-Atroari estão mais receptivos
e aceitando espontaneamente os costumes dos civilizados. Eles são muito
inteligentes, é nítido que desejam conquistar uma certa igualdade de condições
em relação aos brancos.
Na verdade,
a FUNAI nunca se dedicou com tanto cuidado a um grupo indígena como atualmente
aos Waimiri-Atroari. São 57 servidores distribuídos nos oito postos existentes
dentro dos 1.850.000 hectares que correspondem à área interditada
temporariamente como “Terra Presumível
Indígena Waimiri-Atroari”. Sem interferir diretamente no comportamento dos
índios, os indigenistas procuram influenciá-los através do exemplo, como nos
hábitos básicos de higiene, alimentação mais nutritiva, cultivo de pomar,
criação de galinhas, porcos e carneiros.
Assim, os
índios usam roupas sabendo que é necessário lavá-las com sabão. Estão fortes e
bonitos e até agora não adquiriram maus costumes civilizados. Não bebem, não
fumam, não mexem nem tiram nada da bagagem de ninguém. Curiosos, observadores
procuram apenas saber para que serve e como funciona tudo. Poucos já falam
português, os que sabem servem de intérpretes. Desconhecem o valor do dinheiro
e não têm acesso às armas de fogo. São meigos e extremamente altivos. Mas, nos
olhos amendoados, ainda há vestígios de desconfiança. (REVISTA MANCHETE, N°
1.657)
Revista Manchete, n°
1.935
Rio de Janeiro, RJ ‒ Sábado, 20.05.1989
Balbina
é Irreversível.
E o Brasil já Pensa no Terceiro Milênio
[...] No
caso de Balbina, a reserva dos índios Waimiri-Atroari foi que sofreu com a
barragem. A terça parte dessa nação teve que ser transferida para outra área,
pois o Lago atingiu todo o Sudeste de seu território, onde ficavam as aldeias
Taquari e Tapupunã. A primeira foi alagada e a outra precisou ser remanejada
porque a cabeceira do Rio Uatumã, que fornecia água e pescado para os
silvícolas, ficou contaminada.
No entanto,
os Waimiri-Atroari tiveram melhor sorte do que os caboclos ribeirinhos. Foi
dada, aparentemente, uma atenção maior aos índios e estes, de um modo geral, se
mostram satisfeitos. A partir do final da década de 60, com o início da
construção da BR-174 [Manaus-Boa Vista], que cortou a reserva ao meio, os
choques e a decadência desses índios começaram. A população, estimada, na
época, em 3.000 pessoas, foi reduzida por epidemias e atritos que chegaram a
extinguir aldeias inteiras.
D |
iante desses
fatores foi criado o Programa Waimiri-Atroari, custeado pela ELETRONORTE e
gerenciada pela FUNAI, que estabelece uma linha de ações de assistência e apoio
às comunidades indígenas, afetadas direta ou indiretamente pela construção da
usina, nos próximos 25 anos. A base do programa é criar alternativas para a
sobrevivência dos índios e minimizar os efeitos do impacto ambiental.
A
ELETRONORTE faz questão de esclarecer que foram os próprios líderes das aldeias
deslocadas que escolheram os novos locais de moradia. E mais: que a empresa
indenizou os índios pelos serviços das novas roças, com base na área utilizada
para plantações das antigas aldeias. Esse montante foi depositado em caderneta
de poupança para cada uma comunidade: 442.500 cruzados novos para Tapupunã, que
agora se chama Sumauma, com uma população total de 35 índios; e 1.250.000
cruzados novos para Taquari, atual Manauma com 72 pessoas. Mas, há quem
discorde do programa. É o caso de Egydio Schwade, membro do MAREWA ‒ Movimento
de Apoio à Resistência Waimiri-Atroari. Para ele, a transferência obrigatória
dos indígenas de suas terras, além de violentar suas relações com o
meio-ambiente, pode desencadear, também, uma espécie de desordem social
motivada por um longo período de readaptação à nova área.
O que tem
agradado mais aos índios nessa história toda é o atendimento médico constante
que vêm recebendo da ELETRONORTE, em convênio com o Hospital de Medicina
Tropical. Existem registros de que uma epidemia de sarampo chegou a matar 21
índios de uma só vez em 1981. “Meu povo
quer viver em paz, com saúde e com terra, e isso nós conseguimos”, fala
Tomás, o principal líder da aldeia Manauma. “Balbina matou sim, mas é pau”, completa o índio, referindo-se à
floresta alagada. De acordo com o sertanista e gerente do Programa
Waimiri-Atroari, Raimundo Nonato Correia, a população dessa reserva em 1986 era
de 397 pessoas. Hoje, cresceu para 446.
E |
sses dados
não são suficientes para convencer alguns indigenistas e ecologistas da boa
intenção da ELETRONORTE/FUNAI. Francisco Guinter é um dos que acham isso tudo
uma agressão à cultura indígena. Ele afirma: “Até que ponto, em nome do progresso, homens podem se apropriar de
terras que têm dono e mexer com toda uma tradição milenar de uma raça, só
porque pode pagar, indenizar, ressarcir os prejudicados por isso? Será que não
existiria outra forma de desenvolver o país sem ser preciso destruir tantas
coisas?”
Para o
presidente do INPA, o biólogo e economista Herbert Schubart, uma forma de
minimizar o impacto ambiental causado pelas grandes hidrelétricas seria
substitui-las por uma série de represas menores: “É uma alternativa que pode causar menos danos no seu conjunto, mas,
também, custará bem mais caro”. Outros cientistas entendem que seria menos
desastrosa uma termelétrica alimentada a lenha ou a construção de um gasoduto,
ligando o campo de Juruá a Manaus, ou ainda a construção de linhas de
transmissão desde Tucuruí. [...] (REVISTA MANCHETE, N° 1.935)
Estado Ilhado
O fechamento da
BR-174 prejudica, sensivelmente, o Estado de Roraima. O Estado fica ilhado à
noite, via terrestre, porque a reserva, cortada pela BR-174, única rodovia que
liga Roraima ao resto do Brasil, fecha às 18h00 e só reabre às 06h00. O Estado
de Roraima está lutando na Justiça para desbloquear a BR e liberar o tráfego 24
horas por dia.
(Fernando Pessoa)
Se tudo o que há é mentira
É mentira tudo o que há.
De nada nada se tira,
A nada nada se dá.
Se tanto faz que eu suponha
Uma coisa ou não com fé,
Suponho-a se ela é risonha,
Se não é, suponho que é.
Que o grande jeito da vida
É pôr a vida com jeito.
Fana a rosa não colhida
Como a rosa posta ao peito.
Mais vale é o mais valer,
Que o resto urtigas o cobrem
E só se cumpra o dever
Para que as palavras sobrem.
Fontes:
JORNAL DO COMMERCIO, N° 21.812. Expedição
de Apoena Segue Para Contatos com os Atroari ‒ Brasil ‒ Manaus, AM ‒ Jornal
do Commercio, n° 21.812, - 22.03.1975.
JORNAL DO COMMERCIO, N° 21.968. Nenhum
Atroari Apareceu ‒ Brasil ‒ Manaus, AM ‒ Jornal do Commercio, n° 21.968,
30.09.1975.
JORNAL DO COMMERCIO, N° 22.432. Índios
Aparecem na BR-174 sem Arco e sem Flecha em Missão de Paz ‒ Brasil ‒
Manaus, AM ‒ Jornal do Commercio, n° 21.432, 10.04.1977.
JORNAL O GLOBO, 04.04.1977. De
Manaus a Boa Vista, pelo Território dos Índios ‒ Brasil ‒ Rio de Janeiro,
RJ ‒ Jornal o Globo, 04.04.1977.
REVISTA MANCHETE, N° 1.657. Há
Doze Anos, eles Eram 3 mil. Hoje, Restam uns 400, Espalhados Pelas Aldeias
‒ Brasil ‒ Rio de Janeiro, RJ ‒ Revista Manchete, n° 1.657, 21.01.1984.
REVISTA MANCHETE, N° 1.935. Balbina
é Irreversível. E o Brasil já Pensa no Terceiro Milênio ‒ Brasil ‒ Rio de
Janeiro, RJ ‒ Revista Manchete, n° 1.935, 20.05.1989.
Solicito publicação:
(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de
Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor
e Colunista;
Campeão
do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989)
Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre
(CMPA);
Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura
do Exército (DECEx);
Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério
Militar – RS (IDMM – RS);
Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando
Militar do Sul (CMS)
Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia
Brasileira (SAMBRAS);
Membro da Academia de História Militar Terrestre do
Brasil – RS (AHIMTB – RS);
Membro do Instituto de História e Tradições do Rio
Grande do Sul (IHTRGS – RS);
Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia
(ACLER – RO)
Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio
Grande do Sul (AMLERS)
Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da
Escola Superior de Guerra (ADESG).
Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).
E-mail: hiramrsilva@gmail.com;
Blog: desafiandooriomar.blogspot.com.br
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Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – VI
Silva, Bagé, 11.12.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 224, Rio de Janeiro, RJ Quarta-feira, 25.09.1963 Lei das Selvas T
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Bagé, 06.12.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 186, Rio de Janeiro, RJSábado, 10.08.1963 Lacerda diz na CPI que Pressõessã
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – III
Bagé, 02.12.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 177, Rio de Janeiro, RJQuarta-feira, 31.07.1963 JB na Mira O jornalista H