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Hiram Reis e Silva

Os Waimiri-Atroari – Parte VII - Raimundo Pereira da Silva


Os Waimiri-Atroari – Parte VII - Raimundo Pereira da Silva - Gente de Opinião

Florianópolis, SC, 11.03.2019

 

As contradições em torno das declarações do ex-funcionário Raimundo Pereira da Silva, do 6° Batalhão de Engenharia de Construção, são enormes e só a tal da “Comissão ia ‘In’Verdade” é capaz de qualificá-lo como testemunha idônea. Raimundo foi admitido no dia 03.05.1974 e pediu demissão em 30.05.1974.

 

Relatório da Comissão Nacional da Verdade –

Anexo 2

 

Raimundo Pereira da Silva, ex-mateiro da Funai que trabalhou na abertura da BR-174, testemunhou a atuação do Batalhão de Infantaria na Selva [BIS] e informa como o desapare­cimento de muitos índios se relacionava diretamente com a atuação do batalhão:

 

Eu fiquei impressionado porque, antes do Exército entrar, a gente viu muito índio, muito índio. E eles saíam no barraco da gente, muito, muito, muito [...]. Depois que o 1° BIS entrou, nós não vimos mais índios [...]. Antes cansou de chegar 300, 400 índios no barraco da gente. ([1])

 

Relatório do Comitê Estadual da Verdade do Amazonas – Anexo 3

 

Estatística da FUNAI de 1972 refere que “na periferia do posto de atração do Alalau, à margem direita do Rio Alalau, moravam 300 indígenas. Além das aldeias dos capitães Nenen, Juani, Elsa e Comprido”. Informação confirmada por Raimundo Pereira da Silva, que trabalhou como mateiro na abertura da picada da rodovia, no grupo que seguia no sentido de Roraima, entre 1972 e 1977 ([2]):

Raimundo Pereira da Silva – Agora eu fiquei impressionado porque antes do Exército entrar, a gente via muito índio, muito índio.

Tiago Maiká Müller Schwade – é mesmo?

Raimundo Pereira da Silva – É, eles saiam no barraco da gente, muito, muito, muito. Eu tinha um bocado de coroa de ouro, eu. Eles eram doidos pra me levar pra lá, eles falavam: “maroca, maroca, maroca, vamo embora, maroca, maroca‟. Eu dizia “não, Manaus, Manaus, Manaus‟. Eles: “não, maroca, maroca”, pra me levar pra lá. Todos os dias esses vinham com aquela conversa.

Egydio Schwade – E quase todos os dias eles te encontravam?

Raimundo Pereira da Silva – Todo dia. [...]

Raimundo Pereira da Silva – Depois que o BIS [Batalhão de Infantaria na Selva] entrou, nós não vimos mais índios.

Egydio Schwade – Mas antes disso?

Raimundo Pereira da Silva – Antes cansou de chegar 300 – 400 índios no barraco da gente. É... Levavam tudo que a gente tinha. A gente tinha medo, sabe e esses índios aí não pediam não, tomavam. Era troca, troca, troca. Davam uma flecha, qualquer coisa deles.

 

Na mesma entrevista, o trabalhador ainda revela que, em 1976 (4), quando já haviam realizado a travessia do rio Alalau, o Exército encontrou um grupo de indígenas:

 

Raimundo Pereira da Silva – Eles acharam um grupo de índios, duns... uns 30 índios, o BIS. Aí trouxe pra cá, chegou, eles deram 600 tiros aberando os índios.

Egydio Schwade – Perto deles?

Raimundo Pereira da Silva – É, perto deles. Índio ficava com medo, medo. E eles empurravam eles na boca do pau, pra subir na caçamba. “Sobe na caçamba!”, empurravam na boca do pau. Rapaz índio ficavam assim ó, se tremendo.

Egydio Schwade – Depois dos tiros?

Raimundo Pereira da Silva – Depois dos tiros. Aí botavam na caçamba e iam deixar lá na estrada. Agora lá nós não íamos, os civis não iam. Só o Exército. Nós não sabe se eles matavam eles lá ou soltavam. Civil nenhum sabe.

 

Relatório do Comitê Estadual da Verdade do Amazonas – Anexo 13 – Inquérito Civil Público
n° 13.000.001356/2012-07

Termo de Depoimento
Raimundo Pereira da Silva

 

No dia 02.06.2014, às 10h00, na Casa de Cultura Urubuí, [...] compareceu RAIMUNDO PEREIRA DA SILVA, [...] que prestou as seguintes declarações: [...]

 Havia muitos índios. Apareciam mais de cem. Fui até o final da picada, passei pela área indígena inteira. Sempre encontrei com muitos índios. A maior parte dos índios estavam da área que vai do Abonarí até 20 quilômetros depois do Alalau. Acho que havia uns 10 mil índios (???), em 28 malocas, pelo que o BEC falou. Vi apenas duas malocas. Uma no km 25, depois do Alalau, e a outra no km 28. O barracão ficava perto, uns cinquenta metros. Creio que havia de 500 a 600 índios em uma maloca ([3]). O André me disse uma vez que tinha seiscentos índios. Eles me convidavam para entrar na maloca. Comia anta, com o próprio couro. Eu me reunia com eles. [...]

 Lembro bem da morte do Gilberto Figueiredo. Foi em 29.12.1975 ([4]). Estávamos no acampamento do 6° BEC no Abonarí. Estávamos nos aprontando para entrar na região do Alalau. A estrada na região do Alalau ainda não estava pronta. No dia anterior, vi o Gilberto. Estava com os índios. O capitão Bonilla mandou deixá-los no Abonarí. Nós acompanhamos o Gilberto até a canoa, ele estava com os índios, daí ele foi para o posto. Os índios dormiram no posto da FUNAI, que ficava a 6 km dali. No dia seguinte, o Capitão Bonilla pegou o avião pra Manaus e viu, do alto, o Gilberto morto, daí voltou. [...]

Depois desse fato, voltamos ao acampamento no km 30. Ficamos lá uns 10, 15 dias. Um dia vi passando 43 carros do BIS, cheios de soldados [jipes, carros fechados, camuflados]. Eu lembro que eram 43, porque contei. Passaram dois aviões do BIS. Antes não havia avião do Exército. O avião passou por lá seis dias. O Exército dizia que o BIS ia fazer uma manobra para conhecer a região, poder entrar para trabalhar. Os carros voltaram depois de seis dias. [...]

Depois da morte do Gilberto, os únicos índios que vi eram uns 20 que foram empurrados por soldados do 1° BIS para o caminhão. Eles iam ser levados para o acampamento. Os índios tremiam. Ao chegarem no acampamento, deram 600 tiros para assustar os índios. Os índios saíram correndo. Nunca mais vi índios. [...] Não vi carro ou caminhão levando índios mortos em grande quantidade. Só sei dos casos em que íamos resgatar, e nesses casos levávamos até o avião.

 

As contradições numéricas quanto a estimativa populacional do Waimiri-Atroari são evidentes. Embora a Funai defenda que eram 3.000 segundo um alegado sobrevoo do Padre Calleri sobre a reserva, em 1968. Nenhum recenseador sério consideraria esses números corretos. Realizei dois sobrevoos na região, em 1982, acompanhado do Padre Giuseppe Craveiro, na época, Coordenador do Núcleo de Apoio Waimiri-Atroari, que me apontou algumas aldeias abandonadas e que lá de cima poderia se imaginar habitadas. Com a escassez de caça os WA migravam para outra Aldeia e às vezes retornavam aquela de origem. Não raras vezes a Aldeia tinha ser queimada em virtude da invasão de roedores e insetos ou mesmo em decorrência de surtos de sarampo ou gripe. Numa de minhas visitas às aldeias WA encontrei um senhor idoso conhecido como Capitão Tomáz. Tendo como intérprete o Craveiro, contei-lhe a respeito das doenças que minavam a saúde de seu povo e de nossa intenção de vaciná-los já que o atendimento da Funai se resumia em evacuá-los para Manaus. Tomáz emocio­nado, me confidenciou que o costume do WA de adotar crianças capturadas durante os ataques e o contato furtivo com brancos que os contatavam, sem autorização da Funai, para presenteá-los com diversos artefatos, e roupas usadas, tinha trazido uma terrível maldição para os WA. Muitos idosos e crianças morreram depois de sua chegada. Sem saber os WA trouxeram para dentro de suas Aldeias uma bomba bacteriológica implacável.

 

Inquérito Civil Público
n° 1.13.000.001356/2012-07

Termo de Depoimento
José Porfirio Fontenele de Carvalho

 

No dia 20.03.2014, às 10h30min, na sede da Procuradoria da República no Amazonas, compareceu JOSÉ PORFIRIO FONTENELE DE CARVALHO, [...], que prestou as seguintes declarações: [...] Nesta época, tomávamos contato com os índios navegando pelos rios Camanau e Uatumã. Não nos era permitido entrar nas aldeias.

 

Em 1969, fizemos um voo pela área, eu e Gilberto, quando identificamos 15 malocas diferentes na região. Concluímos em 1971 um trabalho, oportunidade em que fizemos uma estimativa de que cada maloca possuía 100 indígenas, o que daria mais ou menos 1.500 indígenas. Neste ano de 1971 foi criada a reserva. [...] Sobre o relatório de Gilberto, que, em 1973, estimava a existência de 600 a 1.000 indígenas, tenho a impressão de que isso se deve ao que ele conhecia. Ele não levou em consideração os Atroari, o que se depreende das informações acerca dos rios que ele menciona. [...] Sobre o episódio em que houve o sobrevoo da maloca do Comprido, cuja foto está no livro, tenho certeza de que os índios mesmos queimaram a maloca. Não foi o Exército que a queimou. O próprio Mário Parwe confirma isso. Fizeram isso para se proteger. [...] Em 1977, houve uma epidemia de sarampo, que segundo a conta da FUNAI, teria atingido 21 indígenas. Deve ter morrido mais, pois houve fuga para dentro da mata.

 

Inquérito Civil Público
n° 13.000.001356/2012-07

Termo de Depoimento
Sebastião Amâncio da Costa

 

No dia 25.11.2014, às 09:00, na sede da Procuradoria da República no Amazonas, compareceu SEBASTIÃO AMÂNCIO DA COSTA, que prestou as seguintes declarações: [...]

Foi feita uma maquete da hidrelétrica, mas achamos que os índios não saberiam o alcance disso, então alguns índios foram a Tucuruí. Os líderes principais eram o Mário e o Viana. Explicamos o que seria Balbina e o que seria a estrada. [...]

Eram de praxe fazer reuniões com os líderes para evitar que se repetissem ataques. Foi o que ocorreu após o ataque a Gilberto. Conversei com os líderes Mário e Viana e passei as informações, eles retransmitiam aos demais, Cheguei a conhecer o Comprido, Maruaga era o líder principal. Eles também estavam. Foi uma conversa tranquila, os índios manifestavam preocupação com a existência de doenças. [...]

Viana tinha poucos anos nesta época e já despontava, assim como Mário, como líder natural. Conheciam toda a história da terra indígena. Sobre as mortes, estive meses no Rio Purus num momento posterior com Mário e Viana, tínhamos uma intimidade muito grande, eles nunca comentaram qualquer morte por parte da frente e do Exército. Sobre a morte de Comprido, nunca ouvi falar de qualquer suspeita de que Mário e Viana seriam responsáveis. A área Waimiri Atroari sempre foi um tabu para pessoas interessadas em obter recursos financeiros lá dentro. Sobre a alegação de que havia 6.000 índios lá, não era possível fazer censo, devido às dificuldades de contato, então não era possível estimar isso. [...]

Não havia entrega de presentes, nosso contato era de reciprocidade. Confiávamos na relação de amizade. Havia um convívio diário, com visitas às aldeias, em que buscávamos ser aceitos. Eu ia com alguns funcionários, como João Dionísio, Paulo e outros da equipe de João Dionísio. José Porfirio de Carvalho não trabalhava lá nesta época. Na época do Gilberto, ele ficava na retaguarda de apoio, era administrador regional, oferecia meios para que os trabalhos ocorressem: alimentação, combustível, viatura, armas [apenas para caça e pesca]. [...]

A falta de notícias sobre a presença dos indígenas após 75 deve-se ao fruto de nosso trabalho. As áreas são muito extensas, eles fazem visitas uns aos outros, possuem a caça e a pesca. Com relação à falta de documentos da época, o serviço de comunicação da FUNAI possui informações diárias sobre a atuação. Eu não fazia relatórios periódicos, apenas quando havia algum fato a ser informado à FUNAI de Brasília. [...]

 

MINISTÉRIO DO INTERIOR

FUNDAÇÃO NACIONAL DO ÍNDIO - FUNAI

 

Of. N° 19/74 – 1ª DR

Do: Subcoordenador Manaus, 02.07.1974

Ao: Sr. Comandante do 6° BEC

Boa Vista – Roraima

Senhor Comandante,

Agradecemos a honrosa visita que nos foi feita pelo Subcomandante desse Batalhão de Construção, Major Kuhner, quando nos trouxe os cumprimentos desse Comando nos comunicando a reabertura dos trabalhos na Estrada BR-174, Manaus ‒ Boa Vista, a cargo desse comando, apresentamos na oportunidade os nossos cumprimentos, enviando votos de êxitos na missão confiada a V. Sª e seus comandados.

Como e do conhecimento de V. Sª a estrada BR-174 ‒ cruza a reserva Indígena dos índios Waimiri-Atroari, sob jurisdição desta Subcoordenação e, pelo fato merece que levemos ao conhecimento desse comando, o seguinte. Os índios Waimiri-Atroari, do grupo Karib, com população estimada na área compreendida entre os rios Santo Antônio do Abonarí, Jauaperí e seus afluentes da margem esquerda [Rio Alalau e Branquinho] e Rio Uatumã, de 1.200 indivíduos encontram-se ainda em estado primitivo e arredios com contatos isolados, exigindo assim de nossa sociedade, cuidados especiais para que não sejam ultrajados os seus costumes e ritos, assim como não lhes sejam impostos novas necessidades e males.

Os principais males que as sociedades, ditas civilizadas, tem levado aos povos primitivos, são as doenças que atingem em cheio, seu físico totalmente desprovido das resistências contra as nossas doenças:

Baseados em experiências em outras áreas onde foram realizados trabalhos semelhantes, estrada Transamazônica, e outras, ainda nos termos do Estatuto do Índio e visando ainda salvaguardar a integridade física e social dos silvícolas habitantes na citada área, tomamos a liberdade de solicitar a V. Sª a observação das seguintes recomendações, para serem observadas pois as pessoas que irão trabalhar e circular dentro da área habitada pelos índios:

a) Evitar, até segunda recomendação, a presença de pessoas do sexo feminino no trecho de reserva Waimiri-Atroari. [...]

 

RAIMUNDO PEREIRA, EGYDIO SCHWADE E A COMISSÃO DA VERDADE MENTEM!!!

 

 

Solicito publicação:

 

(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;

Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989)

Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);

Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);

Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);

Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS)

Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);

Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);

Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);

Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO)

Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);

Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS)

Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG).

Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).

E-mail: hiramrsilva@gmail.com;



[1]    SCHWADE, Egydio; SCHWADE, Tiago Maiká Müller (Orgs.). Entrevista com Raimundo Pereira da Silva sobre a construção da BR-174. 11.10.2012.

[2]     Raimundo Pereira da Silva serviu no 6° BEC, na época da abertura da estrada:

      CPF 027876012-00; Identidade: 11298/RR;

      Filiação: Florência Pereira da Silva; Nascimento: 25.05.1951, Vitória, Maranhão;

      Foi admitido em: 03.05.1974; Demissão a pedido: 30.05.1974.

      Trabalhou 27 dias apenas e não era mais funcionário do 6° BEC em 1975.

[3]    Os sertanistas estimavam um máximo de 100 índios em cada Aldeia.

[4]    Demissão a pedido: 30.05.1974.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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