Segunda-feira, 27 de julho de 2015 - 16h50
Hiram Reis e Silva (*), Bagé, RS, 27 de julho de 2015.
Para mim, este heroísmo é bem mais nobre e bem mais difícil, demanda muito mais energia e tenacidade do que o heroísmo do momento, de duração efêmera, como o que requer o ataque de uma trincheira inimiga: a primeira é uma temeridade refletida; a segunda, uma temeridade que se incendeia como a pólvora negra, ao calor repentino do entusiasmo contagioso das massas, que arrastam o homem às maiores loucuras. Lá é o comandante que fascina a massa com o seu entusiasmo viril, aqui a massa que eletriza o comandante, envolvendo-o na onda magnética dos hurras comunicativos... (MAGALHÃES, 1942)
A têmpera dos heróis anônimos da Retirada da Laguna forjada na caserna e aperfeiçoada nos desafios impostos pela carreira das armas aproxima estes seres dos deuses das guerras e povoa o imaginário dos pueris mortais. Os heróis são homens de coragem, homens capazes de se imolar por uma causa; não são homens comuns. Vamos reproduzir, a seguir, a biografia de um deles publicada na Revista Trimestral do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil – Tomo LVI – Parte Segunda, editada em 1893, de autoria do Visconde de Taunay.
Coronel Antônio Florêncio Pereira do Lago
Apontamentos Biográficos
I
Filho legítimo de Gonçalo Garcia dos Reis nasceu Antônio Florêncio Pereira do Lago no dia 10.05.1825. Dá a sua fé de ofício o ano de 1827, sem indicar o mês; mas a outra data é a autêntica, por testemunho próprio muitas vezes confirmado. Foi-lhe berço a então Província do Rio Grande do Norte, em lugarejo ou sítio próximo, salvo engano, à cidade de Mossoró.
Após grandes dificuldades de vida na sua meninice e adolescência, chegado à idade de 18 anos, tomou por si a resolução de jurar bandeiras no exército e assentar praça de Soldado, o que realizou a 21.08.1843 e, incluído no depósito de recrutas, foi logo promovido a Cabo de Esquadra, sem dúvida por saber ler e escrever, mais ou menos corretamente.
Transferido para o Rio de Janeiro e classificado no 1° Batalhão de Fuzileiros, mereceu sucessivos acessos, na classe dos oficiais inferiores, aos postos de Furriel a 22.06.1846 e, menos de dois meses depois, a 08.08.1846, de 2° Sargento pelo comportamento exemplar, pelos hábitos de cuidadosa disciplina e ótimo desempenho de todas as suas obrigações.
Sempre igual e digno, mas sem arrogância, retraído, fugindo por instinto das más rodas, com tendências à melancolia despida de agruras e displicência, amigo do silêncio, trazendo os seus papéis e mapas diários em muita ordem, correto e justiceiro na sua esfera de mando, não tardou a granjear a estima e o respeito dos Soldados e a confiança dos Superiores, em cujo contato mais imediatamente se achava.
Conta-se, que nesse tempo de penosa iniciação militar, consigo mesmo estudava rudimentos de francês e aritmética, quando fazia o serviço de ordenança, levando constantemente na patrona (cartucheira) um livro, em que concentrava todos os esforços, mal tinha qualquer momento de lazer e folga. Que admirável exemplo e que proveitosa força de vontade! Habilitando-se assim, a pouco e pouco, nos preparatórios (e quanta energia para isso não se fazia precisa!) após quase seis anos de trabalho à formiga, assíduo, sem descanso e cada vez mais duro e complicado, conseguiu afinal o seu ardente objetivo, tendo, por Aviso do Ministério da Guerra de 08.01.1849, licença para estudar na Escola Militar o curso da arma a que pertencia e matriculando-se no primeiro ano, a 13.03.1849. Estava vencida a parte mais árdua e dolorosamente severa da sua existência, a tentar afanosamente libertar-se das sombras da ignorância e sair do círculo de inferioridade social, em que tanto se debatera e contra o qual desde o princípio se rebelara o seu espírito nobremente ambicioso.
Não lhe foram, contudo, imediatamente proveitosos esse grande favor e primeiro sorriso da sorte. Dispensado do serviço militar a fim de cursar as aulas, mas não podendo manter-se sobre si com os mais que escassos recursos pecuniários de que dispunha, teve que engajar-se por mais seis anos, muito embora a posição de simples Soldado Raso lhe trouxesse como aluno não poucos atritos desagradáveis e até pungentes com os companheiros de estudos, no geral Cadetes e Praças de posse de privilégios e regalias, que não lhe era dado gozar.
Voltou, pois, à vida dos quartéis e, transferido para o 13° de Infantaria, embarcou com destino ao Rio Grande do Sul, de onde seguiu a tomar parte na rápida e gloriosa campanha do Uruguai terminada a 04.06.1852, uma vez derrubado do poder na Batalha de Monte Caseros, a 03 de fevereiro desse ano, o ditador D. Juan Manuel de Rosas.
Apesar dos hábitos de absoluta e susceptível reserva que sempre mantinha acerca dos primeiros e dificílimos períodos da sua carreira, de vez em quando se referia ainda com angústia aos muitos sofrimentos suportados naquela campanha, obrigado como fora a marchar dia e noite, de pés no chão, por sóis ardentes com pesada arma ao ombro e enorme mochila às costas. Entrou no combate, ou antes, na escaramuça de Canelones e mereceu elogios pela firmeza com que levou a sua Companhia ao fogo.
Em 1853, vemo-lo de novo na Escola Militar, pedindo fossem averbadas as notas de habilitação em Aritmética, Geografia, Gramática e Francês e apresentando, afinal, a 24 de dezembro, atestado de haver sido aprovado plenamente no 1° ano do curso. Matriculado no 2°, seguiu, em janeiro de 1855, para a capital do Império e, tendo ali prestado com êxito os respectivos exames, foi, por decreto de 14 de abril, promovido ao posto de Alferes de infantaria.
Pequena e bem modesta era sem dúvida a posição alcançada aos 30 anos de idade, quando muitos outros mais felizes vão palmilhando brilhante estrada no mundo ou até já atingiram as culminações sociais, coroados dos louros de fácil triunfo; mas, assim mesmo, quanto caminho vencido, quanto obstáculo superado por aquele pobre filho de pequena e longínqua Província, desprotegido de todos e que só podia e devia contar consigo mesmo!
Em contraposição, porém àqueles afortunados do destino, quantos, nas condições de Pereira do Lago não teriam e não terão desanimado de vez nos primeiros degraus da desanimadora escada a galgar, afundando-se irremediavelmente nas trevas, de que haviam querido um dia emergir? E a sua promoção a deveu ele ao ínclito (ilustre) Duque de Caxias então Ministro da Guerra, a cujos olhares, atenção e sagacidade de ilustre chefe e perspicaz Capitão não escaparam a pertinácia e o nobilitante e esforçado empenho da simples praça de pret. (TAUNAY, 1893)
Praças de Pret: eram contratados por dias de trabalho (de pret) e os Oficiais por contratos de três anos. (Hiram Reis)
“Tenho toda a certeza, disse o glorioso militar ao novo Alferes no dia da apresentação, que essas suas divisas serão sempre honradas! O seu passado, de que me informei com o maior interesse e que conheço todo, por isto me responde”.
No ano seguinte teve ainda mais pronunciada recompensa da já menos obscura, mas sempre valente luta, vendo-se transferido, a 28.05.1856, para o Corpo do Estado Maior de 1ª Classe, livre afinal e para todo o futuro das canseiras e do ônus das armas arregimentadas. Enorme fora o passo para o recruta de 1843!
Rematriculando-se, em 1857, na Escola Militar do Rio de Janeiro, sita (localizada) já então na Praia Vermelha, ali concluiu o curso da sua especialidade, sendo promovido, a 14.03.1858, Tenente com antiguidade de 2 de dezembro do ano anterior, e ainda mais, dispensado do serviço para poder continuar em seus estudos e seguir as aulas de Engenharia Militar. Aprovado a 14.12.1858 plenamente no 4° ano e em geologia, pediu e com facilidade obteve licença para completar, na Escola Central, a sua educação de Engenheiro Civil e, a 10.12.1859, recebeu o grau de Bacharel em Matemáticas e Ciências Físicas.
Uma vez formado e de posse de tão honroso diploma, casou, a 12.05.1860, com D. Matilde Medina Coelho de Almeida, ano também em que foi nomeado engenheiro das obras públicas na Província do Rio de Janeiro. Nesse cargo se manteve até começos de 1866 e nele prestou os melhores serviços, deixando bem assinaladas a sua atividade e competência no traçado e execução de importantes vias de comunicação, nos planos e construção de próprios provinciais e, sobretudo, nos trabalhos de canalização das águas do Rio Vicência para abastecer de água a cidade de Niterói. Em muitos pontos do Rio de Janeiro ainda hoje se conserva bem viva a lembrança da laboriosidade e proficiência técnica do Engenheiro Lago, a par da escrupulosíssima honestidade, franqueza de gênio e lealdade de caráter, que por toda a parte lhe angariavam simpatias e amizades.
II
Declarada a Guerra do Paraguai, não podia o brioso militar conservar-se retraído e em Comissão civil, quando tudo o impelia a ir servir a pátria nos pontos de mais perigo e assim pagar-lhe com usura (juros) todos os benefícios que dela havia recebido em proteção, auxílios e principalmente instrução, desde a primária até à superior.
Quebrando, pois, sem vacilação a doçura da vida de família, já com dois filhinhos a lhe alegrarem o lar doméstico, foi ao encontro de qualquer chamado e, apresentando-se ao Quartel General, teve a 09.03.1865, ordem de se pôr à disposição do Presidente Comandante das Armas da Província de Mato Grosso, então nomeado, Coronel Manoel Pedro Drago, a fim de seguir para aquela parte do Brasil invadida e ocupada em sua Zona Meridional pelos inimigos. Já no caráter de Ajudante da Comissão de Engenheiros, dirigida e cuidadosamente organizada pelo seu antigo Chefe no Rio de Janeiro e amigo, então Tenente-Coronel José de Miranda da Silva Reis. Anteriormente fora já, por decreto de 28.11.1863, promovido a Capitão, dois anos depois de concluído, com aprovações plenas, o Curso de Engenharia Civil, em 1861.
A 01.04.1865 partiu Pereira do Lago para a Expedição de Mato Grosso, que tantas inclemências teve que suportar, mal se afasta do litoral, internando-se no sertão. Após penosas e dilatadas marchas em que muito padeceu a coluna, já pela carência de víveres apurada até à fome, já por várias e mortíferas epidemias, viu todos os seus sofrimentos coroados pela terrível Retirada da Laguna hoje bem conhecida na história e citada com honra e como prova frisante do quanto podem, nas mais tremendas conjunturas, a constância, a coragem e o pundonor militar.
Durante interminável viagem pelo interior do Brasil baldo de recursos (dois anos para se chegar à Zona de Operações!) na economia interna das forças expedicionárias, no serviço diário dos acampamentos, nas explorações e, sobretudo, passagens de Rios vadeáveis ou não, nos reconhecimentos e combates e, acima de tudo, nos mais horrorosos trechos da Retirada, foi o Capitão Pereira do Lago inexcedível em resolução, sangue frio e serenidade, exemplo contínuo, sem o menor desfalecimento, a quantos quisessem dar cumprimento inteiro a deveres tornados então sacrifícios quase sobre-humanos.
Assistente do Ajudante-General, cargo de importância capital naquelas circunstâncias, pronto, além disso, para todos os serviços e para as mais arriscadas comissões, superior às maiores intempéries, a representarem legítima subversão da natureza mato-grossense, já de si áspera e selvática, sempre na frente de todos, nos postos mais perigosos, não houve elogios que dos Chefes e camaradas não alcançasse e não merecesse.
Por vezes foi a verdadeira alma, o Braço Forte da infeliz coluna em seu Movimento Retrógrado da linha do Apa a Nioaque, principalmente quando, em fins de junho de 1867, depois dos medonhos estragos do cholera morbus, o acúmulo e a agravação das misérias e desastres a quase todos haviam alquebrado o ânimo e a vontade de lutar e resistir.
Simples Capitão patenteou, nesses crudelíssimos e inesquecíveis dias, qualidades e temperamento de legítimo e prestigioso General, dependendo, em não poucas ocasiões, a salvação geral da sua pertinácia e inquebrantável calma.
“Se é preciso morrer ‒ costumava bradar aos tímidos e desconsolados ‒, pois bem morramos todos! Neste mundo ninguém fica para semente; disto podem ter certeza”.
Verdade é, que a responsabilidade da marcha até à fronteira paraguaia e da invasão do território inimigo sobre ele cabia quase inteira, pois fora o seu voto preponderante no Conselho de Guerra em que se decidira a temerária aventura, era temerária, de fato; pois de 1.600 homens de guerra que transpuseram o Apa, só voltaram, trinta e cinco dias depois, 720! Dessas angustiosíssimas semanas, em que a coluna brasileira se arrastava por ínvios (impenetráveis) e imensos campos, tangida pelo desespero, cercada de incêndios diariamente renovados por ferozes perseguidores, buscando só e só salvar as suas bandeiras e os seus canhões ‒ isto é, a sua honra ‒ entregue a todas as contingências imagináveis da morte pela fome, pela peste e pelas balas, daquele período tão extraordinário diz concisamente a Fé de Ofício de Pereira do Lago o seguinte:
“Na parte que o Comandante do 17° de Voluntários da Pátria deu ao Comando das forças a 6 de maio, foi declarado que, tendo pedido para acompanhar aquele Batalhão, muito o coadjuvou, dando provas da maior coragem e marchando sempre na frente. Tomou parte na retirada das forças para o Forte paraguaio de Bela Vista a 8 e daí para Nioaque, onde chegou a 11 de junho. Assistiu aos combates de 6, 8, 9, saindo as forças do acampamento da Invernada e ao geral de 11, tudo do mês de maio, à margem direita do Rio Apa, e bem assim aos tiroteios contínuos de 14, 16, 18, 19, 23, 25 e 26 do dito mês de maio. Em virtude da nova organização dada, em Ordem do Dia do comando a 1° de Junho, à Comissão de Engenheiros, reduzindo-a a três membros e estes pertencentes à arma especial, deixou por isso o exercício da mesma Comissão. Na Ordem do dia do Comando em Chefe, n° 3, de 8 do mesmo mês, relatando as ocorrências nas marchas, contramarchas e combates foi seu nome contemplado várias vezes por ter-se portado sempre com bizarria e sangue frio, dignos de muito particular menção”. Com mais especificação e naturalmente menos secura (frieza) oficial, diz a historia da Retirada da Laguna em suas páginas 86 e 87, resumindo em breves traços o caráter do notável militar e mostrando a participação que tivera nas imprudências da coluna expedicionária e no resgate de todos os heróicos arrojamentos (confrontos):
“À testa dos mais entusiastas se via o Capitão Pereira do Lago, oficial tão atilado, quanto positivo e pertinaz, com uma coragem que facilmente se exalta e nunca desce do nível a que uma vez sobe. Cabe-lhe certamente o maior quinhão nas nossas temeridades; mas também, mais tarde, soube sempre nas jornadas mais difíceis da nossa retirada fazer frente a todas as necessidades do momento com a sua atividade, com a sua poderosa iniciativa e com a perspicácia do seu lance de vista, grandes dotes, ainda de mais a mais realçados pela sua lhaneza (lisura), amenidade e simplicidade de caráter”.
E, aludindo a fatos anteriores, acrescenta aquela narrativa:
“Há muito conhecíamos quanto dele se podia esperar. Mais de um ano antes, quando o desventurado General Galvão se viu em risco de morrer à fome com toda a sua gente no Coxim, coube à Comissão de Engenheiros ir reconhecer a possibilidade de passagem para o Sul, e os perigos dessa exploração, a caminhar-se para frente sem guia através das planícies inundadas que nos cercavam, eram tais e tão evidentes, que os engenheiros, com autorização do seu chefe, confiaram à sorte o apontar entre eles os dois oficiais que assim deviam arriscar-se. O primeiro nome que saiu da urna foi o de Taunay: a única probabilidade de salvação para ele em semelhante incumbência era ter por companheiro um homem como o Lago, e felizmente o segundo bilhete continha essa indicação. A satisfação foi geral; homenagem prestada ao mérito em uma dessas ocasiões em que só a verdade se manifesta”.
Acampadas afinal as forças expedicionárias no Porto Canuto, junto ao Rio Aquidauana, objetivo de todos os seus esforços durante a Retirada da Laguna pelo apoio que lhe davam os contrafortes da serra de Amambaí, também chamada Maracaju, e terminadas assim as operações de guerra, gloriosas de certo, mas totalmente infrutíferas, teve a coluna ordem de seguir, depois de conveniente descanso e reparação, para a capital Cuiabá. Com muita ordem e rapidez fez-se essa longa marcha de concentração, desenvolvendo nela o Capitão Lago, segundo reza a Ordem do dia de 19.10.1867:
“Constantes e nunca assaz (suficientemente) louvados zelo e inteligência e concorrendo para que tudo caminhasse sempre com a máxima regularidade e disciplina”.
Concluídas todas essas afanosas obrigações, pediu então para se reunir ao seu Corpo do Estado-Maior de 1ª Classe e partir para o Rio de Janeiro e na Ordem do dia de 21 de Novembro, ao deixar as funções de Assistente do Ajudante General, em que tanto se distinguira e tão alto se levantara no conceito de todos, colheu ainda os mais estrondosos elogios. Fez-se de viagem e, no dia 20.02.1868, apresentou-se na Corte ao seu Corpo.
Já então, pelos extraordinários feitos de Mato Grosso lhe brilhava no largo e leal peito o oficialato da Ordem da Rosa, além do hábito de Aviz conquistado por 20 anos de irrepreensíveis serviços e companheiro da medalha da campanha do Uruguai, que ganhara como simples Praça de Pret.
III
Não se refez por longo tempo de tantas fadigas, nomeado como foi, a 4 de março, para ficar à disposição do Diretor do Arsenal de Guerra da Corte encarregado, a 16 de abril, das funções de 2° Ajudante, as mais trabalhosas sem dúvida, máxime (principalmente) naquela época, em que a Guerra do Paraguai tocava ao seu ponto culminante e exigia dos estabelecimentos militares todo o esforço, toda a dedicação. As oficinas nem se quer paravam o trabalho alta noite! Apesar de tão extraordinárias circunstâncias e da vigilância instante (veemente) e severa dos chefes, quanto era respeitado dos seus operários e entre eles popular o Capitão Lago! Também o seu nome, apesar da interposição dos muitos anos, é ainda hoje lembrado com saudade e reconhecimento. Condecorado por esses novos serviços com o Hábito de Cristo a 02.12.1870, foi, por convite do respectivo Ministro, posto a 05.09.1871, à disposição da Secretaria da Agricultura para ir estudar a zona encachoeirada dos Rios Araguaia e Tocantins, além de levar instruções de caráter militar no exame e inspeção das colônias e presídios dependentes do Ministério da Guerra e sitos (localizados) nos Rios Pará e Amazonas e seus afluentes.
As canseiras da vida do sertão, as viagens cortadas de perigos e grandes fadigas, outra vez atraíam o Capitão Pereira do Lago para o interior do Brasil, e de certo muito teve que vencer e superar naquela operosa Comissão em que gastou nada menos de quatro anos, 1872, 1873, 1874 e quase 1875, todo inteiro. Dos valiosíssimos e penosos trabalhos que executou em tão agreste e mal conhecida região, deixou importantes provas e documentos, não tanto no Relatório apresentado em agosto de 1875 e infelizmente demasiado resumido, como nos escrupulosíssimos e grandes mapas, secções, cortes e plantas daqueles dois Rios, na parte das cachoeiras e corredeiras, que neles impedem a franca e proveitosa navegação.
No terreno ainda ficaram melhores atestados da sua atividade, pois abriu entre a povoação de S. Vicente no Araguaia e a de Alcobaça no Tocantins uma estrada de 391 quilômetros e outras vias de comunicação que logo e até agora aproveitadas pelo comércio ligam para sempre o honrado nome de Pereira do Lago ao desenvolvimento e progresso dos belos e ubertosos (fecundos) vales do Araguaia e Tocantins.
Não se olvide o futuro da dívida de gratidão que está e, sem dúvida, por muito tempo estará em aberto! Promovido a Major por antiguidade a 26.06.1875, quando já fizera 50 anos, nem por isto se mostrava ele desanimado e descontente. Seu gênio se desanuviara, tornara-se até jovial, costumando dizer, apesar da consciência que tinha do seu valor moral, dos seus serviços e do muito que fizera: “Nunca pensei poder chegar ao que sou”; filosófica acomodação de espírito de muito alcance e elevado consolo.
Depois de pertencer à repartição do Arquivo Militar por ano e meio, teve do Ministério da Agricultura nova Comissão, sendo em maio de 1876; nomeado diretor do Serviço de Imigração e Colonização na Província de Santa Catarina, funções que acumulou com as de encarregado das obras militares.
Possuindo-se de entusiasmo pela magna questão entregue aos seus cuidados numa das mais interessantes e apropriadas zonas do Brasil, a imigração europeia e o estabelecimento da pequena propriedade em Santa Catarina, tudo quis ver por si, em continuas viagens, sempre embarcado ou a cavalo, a fiscalizar de perto o desembarque, primeiras acomodações e localização dos recém-chegados e a divisão pronta das terras e equitativa distribuição de lotes. Em todos esses assuntos era, antes de tudo, prático, preferindo deixar imigrantes bem colocados, contentes da situação presente e esperançados em próximo futuro, do que enviar pomposos ofícios e passar telegramas de efeito, desenhar bonitos mapas, que consomem sem proveito meses inteiros e preparar trabalhos de gabinete, cuja realidade, com os processos oficiais vigentes por tantos anos, tomava-se de todo ponto ilusório.
Para regularizar o serviço de recebimento, que ora se fazia com extraordinário atropelo, ora cessava absolutamente, conforme as remessas sem método, nem prudência do Rio de Janeiro, tomou providências adequadas, mas até certo ponto falhas, enquanto não fosse aprovada e não tivesse aplicação a série de medidas todas simples e intuitivas, que propôs e, infelizmente não mereceram a menor atenção por parte de quem as deverá ter logo adotado.
Estudado com o habitual afinco e consciência o difícil problema e compenetrando-se da sua missão toda de humanidade e cordura (educação), era de ver-se o carinho que o Major Pereira do Lago desenvolvia para com os infelizes imigrantes, a sua imensa compaixão pelo infortúnio daquela pobre gente, reduzida pelo desespero da vida na terra natal a sair dela, a deixá-la para sempre, atirando-se com a família inteira, velhos, mulheres e crianças, aos mil padecimentos de cruel azar, sem noção possível do destino com que teriam que arcar e das desgraças a que se iam submeter!
Reclamava, protestava contra o desbarato dos dinheiros públicos, muito mais pela desordem e desorganização dos serviços, do que por outra qualquer causa, dinheiros que, melhor aplicados, poderiam suavizar e estar atenuado um sem número de misérias e angústias e ao mesmo tempo frutificando para o Estado de modo pasmoso e admirável; mas não era atendido, e o sistema da repartição central dirigente, vicioso, rotineiro, esbanjador e comodista aos hábitos de desídia (desleixo) e inércia, continuava a florescer e a se impor sem nenhuma modificação, nem alteração sensível.
Durante dois anos arcou o incansável serventuário com insuperáveis dificuldades e sempre renascentes tropeços. Afinal, desalentado e verificando que as raízes do mal não podiam, de tão fundas e arraigadas, ser extirpadas, pediu a 31.05.1878 dispensa daquela desanimadora comissão e recolheu-se ao Rio de Janeiro.
“Ninguém neste mundo mais teimoso do que eu – disse ele como resumo de todo aquele período –, mas, confesso, não pude vencer tantos erros e vícios acumulados e inabaláveis, como se constituíssem um código de leis perfeitas e sem retoque possível”.
IV
Adido ao Arquivo Militar, mal desfrutara um ano de mais sossego, viu-se, por ordem do Ministério da Guerra, a 24.05.1879, compelido a voltar à vida dos sertões e aturar-lhe as agras (duras) peripécias, encarregado de ir fundar a Colônia do Alto Uruguai, nas Missões brasileiras, empenho particular, longos anos bafejado, do Marquês do Herval, o lendário Osório, então na pasta da Guerra. Sem alegar o cansaço que já sentia em si, partiu a 27.06.1879 daquele ano; nem lhe era possível objetar cousa alguma, pois levava, como sinal da pleníssima confiança do governo instruções que davam margem para em tudo agir como melhor lhe parecesse e decidir conforme entendesse útil e conveniente.
Passaram-se os anos de 1880 e 1881 nessa Comissão que teve o mais cabal desempenho depois de zeloso e particular estudo de larga região, para escolha definitiva do local que reunisse, pelas suas condições topográficas, proximidade do grande Rio, feracidade (fecundidade) das terras, e mais circunstâncias favoráveis, todos os elementos de natural prosperidade e rápido incremento, uma vez fecundados e estimulados pela presença do homem. E, com efeito, esse centro Colonial, em boa hora criado, mostrou logo grande progresso, que se vai mantendo cada vez mais acentuado.
Tantas canseiras, porém, haviam, por força de ter repercussão no organismo valentíssimo é certo, do Major Pereira do Lago, mas já pesado não tanto pelos anos, como pelo abuso de forças a que se vira sempre sujeito e por esse desenrolar incessante de trabalhos gravosos (pesados) e em plena natureza bruta.
Na Colônia do Alto Uruguai caiu perigosamente doente, agravando-se a bronquite asmática, de que sofria desde a campanha do Uruguai, com violenta inflamação do fígado. Esteve muitos e muitos dias entre a vida e a morte, e assim mesmo em tão precária situação, do seu leito de quase agonia dava ordens e dirigia os serviços da nascente povoação.
“Momentos houve ‒ dizia depois ‒, em que me supus chegado aos últimos momentos; mas a ninguém dei sinal da crença firme em que estava. A todos respondia que me sentia muito melhor quase bom!”
Se a moléstia foi grave, tomou-se a convalescença melindrosíssima, durando mais de três meses. E para ajudá-la, era obrigado a mandar vir de S. Gabriel, e ainda além, garrafas de água de Vichy, que lhe custavam 10$000, cada uma!
Dando, afinal, por finda a sua incumbência, a 04.10.1882, apresentou-se de volta do Rio Grande do Sul, ao Quartel-General, indo novamente servir no Arquivo Militar. Teve, porém, que regressar aquela Província, nomeado, a 24.12.1883, para inspecionar a invernada de Saican e outras, propondo as reformas de que careciam e oferecendo à consideração do governo o plano de um estabelecimento modelo.
Quase um ano depois, a 10.12.1884, entregou circunstanciado relatório das inspeções a que procedera, apontando todas as providências que deviam ser tomadas a bem da regular organização de uma Coudelaria (estabelecimento que visa o melhoramento genético dos equinos) de Estado e indicando com a maior franqueza e decisão todas as causas, culposas ou não, que concorriam para que o estabelecimento do Saican fosse fonte de mero e escandaloso desperdício dos dinheiros do Tesouro e do descrédito da administração pública. Meses depois de ultimada aquela Comissão, outra lhe coube bem mais séria e difícil, encarregado como foi, a 31.10.1885, do Comando Geral do Corpo Militar de Polícia da Corte, cargo em cujo exercício entrou a 05.11.1885, data da sua promoção a Tenente-Coronel por merecimento.
As circunstâncias delicadas da política, quando a questão abolicionista havia atingido o ponto critico, com toda a sua exaltação e as irregularidades inerentes a mais ardente propaganda, a identificação absoluta, por efeito de intangível lealdade e espírito de intransigente disciplina, com o Chefe de Polícia de então, acentuadamente reacionário, o choque de longos hábitos militares com inúmeras condescendências da época e ao sabor dos que buscavam tirar daquela vasta e perigosa agitação todos os proventos possíveis e outras contingências da ocasião fizeram com que o Tenente-Coronel Pereira do Lago não pudesse, como das mais vezes, desempenhar-se das suas funções rodeado do aplauso e das simpatias a que estava, desde tanto tempo e com tanta justiça, acostumado.
Hábil e acremente hostilizado por uma parte da imprensa do Rio de Janeiro, cujos intuitos iam além da abolição, não teve a exigida maleabilidade e continuou a cumprir à risca as ordens recebidas e a fazer frente a todos os temporais, crescendo as dificuldades com que tinha de arcar nos fins de 1886 e começos de 1887.
O triste incidente Leite Lobo, tão explorado pelo jornalismo interessado em avivar ódios e que trouxe os mais graves conflitos entre a marinhagem dos navios de guerra e agente da polícia, provocou, em breve, a queda do Ministério Cotegipe e sua substituição, a 11.03.1888, pelo gabinete João Alfredo.
Embora do mesmo credo político, sempre seguido desde os primeiros tempos da Academia, julgou o Tenente-Coronel Lago de restrito dever retirar-se logo e logo da Comissão que exercia, o que fez a 19.03.1888, apresentando-se ao Quartel-General, onde ficou adido.
Era tempo de descansar, já pela idade, já pelo muito que trabalhara, já pelos achaques (males) mais e mais acentuados; disso, porém não curava o infatigável servidor do Estado.
“Enquanto tiver um bocadinho de forças, dizia com firmeza, declaro-me pronto para todo o serviço”.
E, com efeito, consultado se aceitaria o lugar de Diretor do Arsenal de Guerra de Pernambuco, nem pensou em recusar a incumbência que o obrigava a novas viagens e deslocamentos sempre duros a um chefe de família, cujas economias, a custo ajuntadas, eram bem modestas, bem reduzidas, ainda que tivessem sido com certa largueza, retribuídas as Comissões alheias à pasta da Guerra e, pelas suas mãos de Chefe, houvessem passado centenas e centenas de contos de réis.
Nomeado a 11.07.1888, partiu para o Norte a 10.08.1888 e tomou posse do cargo a 17 do mesmo mês.
A 16.03.1889, após tranquilos meses de direção do estabelecimento confiado aos seus cuidados passou em virtude de telegrama do Ministério da Guerra, a exercer o elevado posto de Comandante das Armas interino da Província de Pernambuco, cargo que ocupou até 20.06.1889, quando foi no mesmo caráter, mas aí com efetividade, transferido para o longínquo Amazonas.
Havia se dado, a 6 de Junho, no Rio de Janeiro a inversão da política geral, caindo o Partido Conservador e sendo chamado ao poder o Liberal, na pessoa do Visconde de Ouro Preto, Presidente do Conselho de Ministros.
Pereira do Lago vacilou em aceitar a nomeação que tão espontaneamente fora feita pelo governo, quando eram bem conhecidas as suas opiniões políticas, professadas sem exageração (exagero), mas com a firmeza que punha em todos os seus atos. Além disto, não tinha mais confiança na sua saúde que considerava perdida e fundamente atacada. Salteado pelo terrível beribéri, mal chegara ao Norte, sentia as pernas trôpegas, frouxas, exacerbando se as sufocações produzidas pela bronquite asmática, ou talvez já pela asma cardíaca.
Muito embora todas as dúvidas, a 21.07.1889, um mês depois de nomeado, assumia o cargo que devia preencher, em Manaus, onde contra a expectação (grande expectativa) de todos melhorou singularmente dos seus incômodos. Foi aí que o encontrou o inesperado e inacreditável sucesso de 15.11.1889, que derribou as belas instituições monárquicas do Brasil, transformando-o em República de Estados Confederados.
Na agitação política que se produziu na Capital do Amazonas, organizando-se uma junta governamental de três membros, foi o Tenente-Coronel Pereira do Lago aclamado Presidente e em boa hora, pois todos os seus esforços tenderam em garantir a ordem, reprimir vinganças e ódios pequenos e salvar os cofres provinciais de vertiginosa dilapidação. Aliás, por bem pouco tempo, durou a sua benéfica ação; pois, a contragosto na posição que o ocupava, com prazer obedeceu ao chamado do Governo Central e, em começos de 1890, se achava já no Rio de Janeiro.
A 03.02.1890 viu-se compulsoriamente reformado no posto de Coronel. Estava finda a sua carreira, em que nunca poupara sacrifícios, por maiores que fossem, para bem servir à pátria.
Passou o ano de 1891 sempre doente e buscando empecer (impedir) os progressos do beribéri, complicado com assustadoras perturbações cardíacas, ano, portanto, triste e melancólico, no qual, contudo teve a suprema alegria de casar a estremecida (muito amada) filha com um homem digno e que lhe merecia toda a confiança.
Caiu, afinal, no leito de morte e, na segunda hora do dia 01.01.1892, cerrou os olhos à luz terrena e exalou o último suspiro. Tinha 66 anos, 7 meses e 21 dias.
Era o Coronel Antônio Florêncio Pereira do Lago de estatura elevada, bem proporcionado de membros, ainda que com disposição à gordura, sobretudo no período dos 40 aos 50 anos. Cabeça pequena e redonda com cabelos cortados sempre à escovinha, tinha o rosto cheio, tez morena olhos pequenos e vivos, nariz regular, barba rente em forma de coleira, feições que denunciavam energia e força de vontade e maneiras francas e despretensiosas que provocavam imediatas simpatias.
Legitimamente ufano da sua competência e prática nos trabalhos de engenharia, não ocultava as pêas (dificuldades) que, no seguimento da sua carreira, haviam provindo da falta de sólida educação secundária e da posse imperfeita das matérias que constituem o curso de humanidades.
Nas belíssimas qualidades morais que o distinguiram não há que insistir, porquanto bem se salientaram em todas as fases da vida que acaba de ser narrada; mas não deixaremos, por dever de gratidão pessoal em olvido (esquecimento) o culto que dedicava à amizade. Impossíveis mais afetuosidade, maiores extremos, delicadeza e constância nas doces e comovedoras relações com aqueles poucos a quem considerava amigos.
A sua força capital, no penoso afã de abrir um lugar para si na sociedade, a sua alavanca, foi a pertinácia. Acostumando-se a nunca fazer grandes e fascinadores cálculos e planos e visar longe demais, uma vez alcançado o objetivo que a princípio colimara (visara), olhava sempre para diante, além, mais além, não parando nunca em suas aspirações de nobilitante conquista, em que punha todo o esforço de que era capaz, sempre a seguir linha reta, inflexível, sem atalhos, nem tergiversações.
Era da raça desses valentes caráteres, de que tão belamente disse o poeta Lucano: “Nil actum reputans si quid superesset agendum”. (TAUNAY, 1893)
Marco Aneu Lucano (Marcus Annaeus Lucanus): poeta romano autor poema “Bellum Civile”, conhecido como Farsália, um épico da guerra civil entre os Generais romanos Caio Júlio César e Pompeu o Grande. Lucano atribuiu a Júlio César, no livro 2, verso 658, de sua obra, o lema: “Nil actum reputans si quid superesset agendum” ‒ Considerar que nada foi feito se algo resta a fazer. (Hiram Reis)
Também, no seu tumulo de belíssimo e impertérrito (destemido) Soldado, na sua lápide funerária de intemerato e incansável servidor do Brasil, bem condirão (condiz), como epitáfio, estas singelas palavras, resumo de toda a sua agitada existência: “Por si só conseguiu o que foi, sem jamais se desviar da honra e do dever”.
Visconde de Taunay.
Petrópolis, 20 de Outubro de 1892.
Fontes:
TAUNAY, Alfredo de Escragnolle. Coronel Antônio Florêncio Pereira do Lago– Brasil – Rio de Janeiro – Revista Trimestral do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil – Tomo LVI – Parte Segunda – Companhia Tipografia do Brasil, 1893.
MAGALHÃES, Amílcar Armando Botelho de. Impressões da Comissão Rondon (1942) – Brasil – Rio de Janeiro – Companhia Editora Nacional, 1942.
Fonte:
(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;
Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);
Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);
Assessor do Comando Militar do Sul (CMS);
Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);
Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM - RS);
Sócio Correspondente da Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER)
Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);
Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS);
Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG).
Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).
E-mail: hiramrsilva@gmail.com;
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