Terça-feira, 14 de abril de 2020 - 12h04
Bagé, 10.04.2020
Rio Aquidauana...
(Agenor Martinho Correa)
Sentado à margem do teu leito amigo,
Na paz que na cidade não consigo
Ante a balbúrdia de todos os
instantes,
Vejo passarem tuas águas murmurantes
Entoando doce canção levada ao vento,
Vejo tu desceres preguiçoso, lento,
Beijando as barrancas timidamente...
E a tua paz misteriosa, envolvente,
Faz-me esquecer dos conflitos meus.
[...]
O período de 1987 a 1889 que passei em Aquidauana, MS,
servindo no 9° Batalhão de Engenharia de Combate (9º BE Cmb) – Batalhão Carlos
Camisão, foi extremamente gratificante, e resolvi, por isso, programar, para
2015, a Descida dos Rios Aquidauana e Miranda, no Mato Grosso do Sul, em
setembro ou outubro período menos sujeito às chuvas e mais propício para
reportar as belas paisagens pantaneiras.
A ideia era ir acampando nas margens dos Rios, mas um
canoísta, que conhecera, em Aquidauana, na década de oitenta, sugeriu o mês de
julho com apoio de uma chalana que seria patrocinada, segundo ele, por
empresários locais. O propalado patrocínio não se concretizou forçando-me a
solicitar, mais uma vez, o apoio de meus fiéis amigos investidores do Projeto
Desafiando o Rio-mar.
Fiquei hospedado, antes de iniciar a Pantaneira
Jornada, nas instalações do 9° Batalhão de Engenharia de Combate, comandado
pelo Coronel de Engenharia José Diderot Fonseca Junior e, depois de concluí-la,
na residência de minha querida amiga Noise Resstel Correa Santos e de seus
filhos Mauro e Marco Túlio.
Nesta magnífica “Jornada
Pantaneira” tive a honra e o privilégio de ter como parceira a amiga Luiza
Duarte Cavallieri, uma criaturinha magnífica, singular mesmo, e excepcional
atleta. Esta descida, como todos as outras, tinha um forte vínculo histórico,
desta feita, seria uma justa homenagem a José Francisco Lopes, o Guia Lopes,
herói do Exército Brasileiro na Guerra do Paraguai que guiou as tropas
brasileiras durante a Retirada da Laguna.
Compulsado à uma quarentena indesejada, estava
revisando meu 24° livro – “Jornada
Pantaneira” quando esbarrei, ao traçar o perfil do asqueroso Francisco
Solano López, com uma “Ode” ao
abominável “Mariscal”. A poesia dedicada
Exm° Mariscal Presidente tinha sido publicada originalmente no Jornal “El Cabichuí” n° 47, no dia 16.10.1867, e,
mais tarde divulgada em todos os periódicos paraguaios.
El Cabichuí
O jornal “El
Cabichuí”, fundado por Juan Crisóstomo Centurión Y Marttínez, o Padre Fidel
Maíz e Natalício de Maria Talavera, seus redatores chefes, foi impresso, durante
a Guerra da Tríplice Aliança, no Quartel General Paraguaio de “Paso Pacú” pela “Imprensa Del Ejercito”. O periódico, de duas edições por semana, impresso
de 13.05.1867 a 20.08.1868, depois da 95° publicação foi extinto por falta de matéria
prima e pessoal especializado. Ricamente ilustrado, repercutia caricaturas satíricas
dos principais líderes políticos e militares envolvidos na conflagração. A redação
tinha a intenção premeditada, devidamente manipulada pelo “Mariscal”, de usando uma crítica mordaz denegrir a imagem dos seus
adversários taxando-os de pusilânimes e bárbaros e de exaltar o heroísmo e
determinação dos militares e povo paraguaio, ao mesmo tempo que transferia, sem
pejo, as ações criminosas do seu exército como se estas tivessem sido
promovidas pelos adversários.
Silveria
Espinosa de Rendón
Façamos, antes de tudo, uma pequena apresentação da
poetisa plagiada.
A poetisa Silveria Engracia Antonia de los Dolores,
nasceu, no dia 20.01.1815, na Hacienda Zamora, em Sopó, na antiga Nova Granada,
hoje município da Colômbia no Departamento de Cundinamarca, cuja sede municipal
está localizada 39 km ao norte de Bogotá. Silveria Espinosa faleceu em Bogotá
no dia 16.08.1886.
Sua família administrava “La Imprenta Granadina”, que, desde 1776, tinha sido designada
oficialmente, pelo Vice-rei Manuel Antonio Flórez, como “Impressora Real”.
Silveria Espinosa foi educada em uma atmosfera bastante
intelectual de Santa Fé, despertando nela, desde cedo, um interesse muito
especial pela literatura em geral e, em especial, pela poesia. Nos saraus de
que participava com os familiares e conhecidos recitava com entusiasmo invulgar
seus poemas e poesias que logo em seguida, incentivada pelos familiares, passou
a publicá-los.
Sua poesia rompeu o círculo dos familiares e amigos quando
publicou nos periódicos colombianos como “La
Guirnalda”, “El Papel Periódico
Ilustrado”, “La Caridad” e “La Lira Granadina”.
Foi a primeira poetisa colombiana que teve suas obras
publicadas na Europa e defendeu veementemente o direito das outras mulheres se
tornarem escritoras.
Plágio
Sesquicentenário
Vejamos, a poesia original e depois o plágio do “El Cabichuí n° 47” de 16.10.1867:
Flores Del Jénio, 1864
Cochabamba, Bolivia – Abril de 1864
Para el Álbum de la Señorita M. Q.
(Silveria Espinosa de Rendón)
La hermosa flor que nace en la pradera
Y que embalsama el aura con su aliento,
¡Oh! siempre, Margarita, un pensamiento
De santa gratitud despierta en mí:
El mismo que me inspira tu sonrisa,
Tu gracia virginal, tu donosura ([1]);
Que si Dios, a las flores da hermosura,
Inocencia i candor te, ha dado a ti.
Si alguna vez, al despertar, escucho
Del canto de las aves la armonía,
Uno a sus ecos la plegaria mía
I es más férvida, entonces mi oración:
I si vibran, por dicha, en mis oídos
De tu voz los armónicos acentos,
Suben a Dios, también, mis pensamientos
De santa gratitud y admiración.
Más, algo admiro en ti, que es más hermoso
Que tus gracias y noble gentileza,
Que con mayor placer y más viveza
Arrebata mi mente hasta el Señor:
Algo que vale más que tu sonrisa,
Que tu precioso talle y que tu acento;
Algo que vale más que tu talento...
¿Sabes qué es, Margarita? – ¡Tu pudor!
¡Oh!
guarda, pues, mi candorosa amiga,
Ese santo y riquísimo tesoro,
Que es de una virgen la corona de oro
Y el blasón de su bella juventud:
Guárdalo, sí,
con todos los encantos
Que bondadoso te concede el cielo;
Y si brillas espléndida en el suelo,
No olvides que tu gloria es la virtud.
(FLORES DEL JÉNIO, 1864)
El Cabichuí n° 47
Paso Pacú, Paraguay – Miércoles [1],
16.10.1867
Poesía a Exm° Sr. Mariscal Presidente
La hermosa flor que nace en la pradera
Y que embalsama el aura con su aliento.
¡Oh! Siempre, Gran Guerrero, un
pensamiento
De santa gratitud despierta en mí;
El mismo que me inspiran tus bondades.
Tu coraje sin par y tu bravura;
Que si Dios a las flores dio hermosura
La clemencia y bondad te ha dado a
ti.
Si alguna vez, al despertar, escucho
Del canto de las aves la armonía,
Uno a sus ecos la plegaria mía,
Y es más férvida entonces mí oración:
Y si vibran por dicha en mis oídos
De tu voz paternal dulces acentos,
Suben a Dios, también, mis pensamientos
De santa gratitud y admiración.
Más, algo admiro en ti, que es más hermoso
Que tu bondad y noble gentileza,
Que con mayor placer y más viveza
Arrebata mi mente hasta el Criador:
Algo que vale más que regias pompas,
Que ese de esclavos terrorozo acento;
Algo que vale más que joyasciente:
Esta prenda, Señor, es
tu valor.
Hoy más que nunca reconoce el Pueblo
Ese santo y riquísimo tesoro,
Que es de esta Patria la corona de oro
Y de esclavos abyectos el terror.
Los ha mostrado Señor, en las victorias
Que bondadoso te concede el Cielo;
Y si brillas cual astro en el suelo,
Bibliografia:
EL CABICHUÍ
N° 47. Poesía a Exm° Sr. Mariscal
Presidente – Paraguay – Paso Pacú – El Cabichuí n° 47, 16.10.1867
EL CENTINELA
N° 28. Hermosa Poesia – Asunción,
Paraguay – El Centinela n° 28, 31.10.1867.
FLORES DEL
JÉNIO, 1864. Para el Álbum de la
Señorita M. Q. – Bolívia – Cochabamba – Imprenta Del Siglo – Flores del
Jénio – Tomo 1, Entrega 3ª, abril de 1864.
Solicito Publicação
(*) Hiram
Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas,
Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;
·
Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do
Sul (1989)
·
Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre
(CMPA);
·
Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura
do Exército (DECEx);
·
Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério
Militar – RS (IDMM – RS);
·
Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando
Militar do Sul (CMS)
·
Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia
Brasileira (SAMBRAS);
·
Membro da Academia de História Militar Terrestre do
Brasil – RS (AHIMTB – RS);
·
Membro do Instituto de História e Tradições do Rio
Grande do Sul (IHTRGS – RS);
·
Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia
(ACLER – RO)
·
Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
·
Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio
Grande do Sul (AMLERS)
·
Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da
Escola Superior de Guerra (ADESG).
·
Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).
·
E-mail: hiramrsilva@gmail.com.
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