Terça-feira, 16 de abril de 2024 - 07h17
Bagé, 16.04.2024
Repercuto mais um belo e oportuno artigo de meu
caro Amigo, Irmão e Mestre Higino Veiga Macedo.
Poder Civil Não Ekxiste ([1])
(Higino Veiga Macedo)
É o Soldado...
É o soldado, não o Presidente, Quem nos dá democracia;
É o soldado, não o Congresso, Quem cuida de nós;
É o soldado, não jornalista, Quem nos garante a liberdade de
Imprensa;
É o soldado, não o Poeta, Quem nos desperta a liberdade de
expressão;
É o soldado, não os sindicatos, Quem nos garante a liberdade
de manifestação;
É o soldado quem cultua a Bandeira; Quem por ela se bate;
Quem acaba em um ataúde por ela coberto, Enquanto outros a ignoram e a maculam.
(Pe. Dennis O'Brien - Capelão do Corpo de
Fuzileiros Navais dos EUA).
Há um axioma, entre os Estados ditos
Republicanos e Democráticos, sobre o Poder Civil. Segundo o axioma, a
autoridade civil recebe, pelo voto, o poder da população (Nação) e com a
delegação comanda as demais autoridades, em nome daquela população; e comanda a
própria população, inclusive. Embora, e sempre, por autovalorização e por se
acharem ser o povo e a população, as autoridades civis eleitas se sentem com
poder quase ilimitado. Considerando que, num Estado Republicano, terão no
mínimo três poderes ADMINISTRATIVOS, cada um desses poderes se sente um
Imperador Romano entronado. Para melhor clareza, a autoridade civil toma para
si o poder da Nação e o exerce sobre o Estado.
Na verdade, o PODER CIVIL não existe. No
Estado, é virtual. Na Nação, meramente abstrato. Na Sociedade, apenas
convencional. O que existe são a Força Armada ([2]) da
Nação, Poder Nacional, à disposição do Estado, que dão respaldo concreto, de
força, ao prosaico Poder Civil administrador daquele. Poder Civil é algo, além
de virtual, temporário. Dura um mandato, é subordinado a um partido ideológico
e deveria formar a União, se forem unidos. Assim, o Estado Federal (União) tem
sua Força Armada e dá respaldo ao Presidente e aos outros chefes de poder,
SOLICITANDO ÀQUELE. Nos Estados federalizados, as Polícias Militares dão
respaldo aos chefes de poderes estaduais. E, ultimamente, alguns Prefeitos também
têm montado suas pequenas forças armadas denominadas de Guardas Municipais. Não
são militares, mas usam fardas, armas e recebem algum treinamento militar.
Antigamente eram chamados de guardas civis. É bom não confundir: no município
sãos guardas municipais (guardas civis antigas), nos Estados federados são Policiais
Civis.
Tais autoridades, sabendo de suas fragilidades,
usam de retórica para convencer a população de que a Constituição do Estado
deva ser santificada e, assim, tentam tirar a “abstratividade” de seu poder e dar-lhe, pelo discurso, a “concretibilidade” de que precisa. Ora, a
Constituição é um amontoado de vontades dos constituintes, e este nem sempre
representa a “vontade nacional”.
Todas as Constituições, assim como são aprovadas, são também desaprovadas,
modificadas, emendadas, rasuradas... Tudo que é escrito pode ser reescrito. Poucos
exemplos se têm de Constituição que traduz o valor moral de um povo.
E aí está a necessidade de os Estados educarem
seus militares de modo que nem eles se tornem tiranos e nem deixem que civis
também se tornem. Platão, em “A República”,
Livros II e III, quando montava seu Estado ideal, já definia como deveriam ser
educados os soldados.
Na Força Armada o poder é real, concreto,
físico. As máquinas de guerra, que fazem impor a vontade do Estado, estão com
ela. O que faz com que ela, Força Armada, respeite o poder virtual, subjetivo e
abstrato da Constituição, são a educação de seus quadros.
Portanto, a formação dos militares de uma Nação
tem que ser pela educação de seus Quadros. Quadros inclui Oficiais, Sargentos e
Cabos e Soldados com estabilidade assegurada. Profissionais e nunca
mercenários, temporários.
O fato de um dos poderes de Governo, o
judiciário, interpretar que a FA não é Poder Moderador
é balela. A lógica e a filosofia (Platão) conduz ao entendimento de que
cabe as F A não deixar nenhum dos poderes virtuais e abstratos se “apoderarem” do PODER NACIONAL em atos de
tirania, opressão, vilania... com ou sem Constituição. É a reserva moral da
Nação, não escrita. Apenas CONSUETUDINARIA.
Seria bom que o Exército reconhecesse tal ponto
de vista e revisasse seus planos de carreira, a formação, a especialização de
seus quadros. A quantidade de soldados já matriculados, em curso superior, é
grande. A quantidade de sargentos com curso superior nas escolas de formação é
muito grande. Há que se definir o que se quer: universitários, intelectuais,
políticos ou tropeiros vocacionados, voltados para o combate. Osório ou
Benjamin Constant; Rondon ou Juarez Távora?
Assim, o poder civil só é poder, pelo poder que
sua F A têm. Os quadros militares só podem reconhecer tal coisa, pela
aprimorada educação militar. Bom, disse Maquiavel:
As bases, de todo Estado,
são: boas leis e bons exércitos. Não pode haver boas leis se não há bons
exércitos e onde há bons exércitos convém haver boas leis (O Príncipe – Cap XII).
Encerro com a citação de Rui Barbosa:
Uma nação que confia mais em
seus direitos, em vez de confiar em seus soldados, engana-se a si mesmo e
prepara sua própria queda.
JP,
Quarta-feira, 5 de março de 2008 18:57:45
Atualizada
em sábado, 13 de abril de 2024
Higino
(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de
Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor
e Colunista;
Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do
Sul (1989);
Ex-Vice-Presidente da Federação de Canoagem de Mato Grosso
do Sul;
Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre
(CMPA);
Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura
do Exército (DECEx);
Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério
Militar – RS (IDMM – RS);
Ex-Vice-Presidente da Federação de Canoagem de Mato
Grosso do Sul;
Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando
Militar do Sul (CMS);
Ex-Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia
Brasileira (SAMBRAS);
Membro da Academia de História Militar Terrestre do
Brasil – RS (AHIMTB – RS);
Membro do Instituto de História e Tradições do Rio
Grande do Sul (IHTRGS – RS);
Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia
(ACLER – RO);
Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio Grande
do Sul (AMLERS);
Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da Escola
Superior de Guerra (ADESG);
Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN);
Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós
(IHGTAP)E-mail: hiramrsilva@gmail.com.
[1] Sotaque do então Padre Quevedo (Óscar González-Quevedo Bruzón –
1930- 2019).
[2] Força Armada – Quando passei à inatividade, percebi que já não se
tem mais Forças Armadas, com a abreviatura consagrada FFAA. Não faz mais
sentido. Tem-se Força Armada - FA - porque hoje se tem o Ministério da Defesa.
Por coerência, se se tem Força Terrestre composta de diferentes forças:
infantaria, cavalaria, engenharia... o mesmo se dá quando se junta Exército
Marinha e Aeronáutica. Força terrestre + força naval + força aérea = FA.
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