Sexta-feira, 3 de abril de 2015 - 07h44
Monte Alegre – Prainha
Hiram Reis e Silva (*), Porto Alegre, RS,
Tínhamos cumprido todas as metas propostas graças aos Ir\ Ten Cel PM Emerson e Sgt PM Bezerra e ao nosso caro amigo, o extremamente dinâmico e empreendedor, Roberto de Deus da Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Turismo de Monte Alegre.
O Bezerra levou-nos de sua residência até o local onde aportara a Delta. Nossa fiel e competente tripulação formada pelo Cb Mário e o Marcos estavam prontos para continuar a jornada, desta feita um pouco mais curta do que a de Santarém a Monte Alegre, seriam, desta vez, apenas 84 km até nosso destino permitindo-nos sair, sem pressa, depois da alvorada.
07.03.2015 (sábado) – Monte Alegre, PA – Prainha, PA
Os dois tripulantes colocaram o caiaque n’água, despedi-me do dileto amigo e Ir\ Bezerra, embarquei no meu veterano Cabo Horn e parti célere, às 07h45, rumo ao Amazonas. Naveguei a favor da correnteza no Rio Gurupatuba até o Amazonas onde a viagem transcorreu com tranquilidade e sem muita maresia (banzeiro). A etapa de Monte Alegre fora por demais produtiva e eu me sentia totalmente revigorado. Os banzeiros, no Pará chamados de maresias, provocados pelas praias ora submersas não eram páreo para o meu valoroso Cabo Horn.
O Mário ancorou, por volta das 16h45, à jusante do Porto em frente ao Destacamento da PM para onde o Teixeira se dirigiu imediatamente enquanto eu ingeria o meu “almojanta” preparado pelo nosso versátil Comandante. Procuro ingerir apenas frutas durante minhas remadas e só almoço e janto (almojanta) após o estacionamento definitivo. Eu tinha navegado durante nove horas incluindo os 40 minutos de paradas para descanso, uma viagem serena e bastante agradável.
Antes mesmo de partirmos de Monte Alegre o nosso bom amigo e Ir\ Sargento PM Bezerra já fizera contato com o Sargento PM Jean, Comandante do Destacamento da PM de Prainha, para que este conseguisse, junto à Prefeitura de Prainha apoio à nossa Expedição. Enquanto tomava banho e almoçava eu acompanhava, do barco, as tratativas do Teixeira com os PMs já que o Destacamento Policial estava localizado exatamente à frente de onde ancoráramos.
A Deth (Waldilza Aires Araújo), assessora da Prefeita Patrícia Barge Hage, acionada pelos PMs foi até o Destacamento e autorizou, sem maiores burocracias, nossa hospedagem no Hotel Ágape combinando conosco que uma viatura da Polícia Militar passaria mais tarde no Hotel para nos conduzir até a Danceteria do Iá onde a Prefeitura estava promovendo um evento em homenagem ao Dia da Mulher. Banho tomado e roupa trocada nossos prestativos policiais militares levaram-nos até a Danceteria onde fomos apresentados às senhoras presentes e tivemos a oportunidade de assistir a um alegre e movimentado show.
Mais tarde, pedimos licença à Deth para ir verificar aonde o Mário tinha estacionado a Delta tendo em vista que o Porto de Prainha era assolado pela forte correnteza. Verificamos que o Mário já tinha conseguido um local um pouco melhor à montante do porto e voltamos mais tranquilos para o evento onde acordamos com a Deth que o motorista de um ônibus fretado pela Prefeitura passaria no Hotel para nos pegar na manhã seguinte para participarmos de outro evento em homenagem ao Dia da mulher, desta feita em Vista Alegre do Cupim. Fomos, depois, para o Hotel descansar.
08.03.2015 (domingo) – Prainha – Vista Alegre do Cupim
Três horas depois do horário marcado, nosso conhecido TRA (“tempo de retardo amazônico”), partiu a comitiva, comandada pela Maria do Socorro Lima de Souza, Diretora de Cultura do Município. A Diretoria de Cultura está subordinada à Secretaria de Cultura, Turismo e Esporte capitaneada pela srª Oneide da Silva Farias que havia nos hipotecado total apoio. O séquito formado pelo pessoal da Prefeitura estava acrescido de cabeleireiros e manicures que iriam prestar um serviço gratuito às senhoras interessadas assim como acontecera, no dia anterior, na Danceteria.
O deslocamento foi alegre e descontraído com muita música e brincadeiras. A estrada corta um terreno arenoso que sofre por demais com a ação das chuvas do “inverno” amazônico exigindo muita perícia dos motoristas. A falta de manutenção constante e a despreocupação com a drenagem superficial canalizam as águas das enxurradas criando verdadeiros Igarapés que correm pelo leito da estrada comprometendo e até impedindo, em algumas ocasiões, o tráfego.
No deslocamento cruzamos por uma tropa de gado nelore que estava sendo levada pelos vaqueiros desde a várzea para a terra firme. Esta rotatividade é realizada tendo em vista que o pasto na terra firme, normalmente não consegue suprir a necessidade do rebanho. Quando inicia o período da vazante o gado é levado novamente, então, para a várzea, onde engorda ingerindo o pasto que cresceu durante a cheia.
Na escolinha do “Cupim” a equipe rapidamente iniciou os preparativos para a confraternização, a decoração foi providenciada, as cadeiras para a assistência arrumadas, o local do tratamento de beleza montado e na cozinha foram tomadas as providencias para a confecção dos lanches e refeições, que seriam servidas aos participantes da festa e organizadores.
A animação era contagiante, eu e o Teixeira estávamos assistindo a tudo entusiasmados e curiosos quando fomos convidados a participar de um churrasco promovido por alguns gaúchos em um bar próximo. Foi muito bom encontrar alguns destemidos e valorosos conterrâneos em tão longínquas plagas. Capitaneados pelo Jorge Luís o alegre grupo, formado também por paraenses, saboreava um delicioso porco assado que era servido, quase que ritualisticamente, pelo Ministro católico Elcimar Rodrigues da Silva.
As histórias de vida de cada um eram análogas às de seus bravos antepassados que cruzaram corajosamente o Atlântico para marcar sua viril presença na América. A gentileza dos novos amigos nos emocionava e fomos aos poucos nos sentindo em casa. Nossa querida amiga Maria do Socorro veio nos chamar avisando que a Prefeita Patrícia Hage iria fazer um pronunciamento e queria nos apresentar às damas de Vista Alegre do Cupim. A simpatia da Prefeita era contagiante e nos encantou. Feitas as devidas apresentações agradecemos à Prefeita a calorosa acolhida em Prainha e voltamos, mais tarde, ao churrasco deixando que a festa dedicada exclusivamente às mulheres transcorresse sem a intervenção masculina.
O Sol já começava a deitar-se no horizonte quando retornamos a Prainha. Passando por Jatuarana a Maria do Socorro determinou uma parada estratégica para contatar um guia que nos levaria, no dia seguinte, até as gravações do Sítio Arqueológico de Jatuarana.
09.03.2015 (segunda-feira) – Prainha – Jatuarana
De manhã, por volta das 10h00, embarcamos na viatura da Prefeitura, dirigida pelo Marquinho (Marco Antônio Otoni Bento), com a amiga Maria do Socorro rumo ao Sítio Arqueológico de Jatuarana mencionado pela arqueóloga Edithe Pereira. Apanhamos, em Prainha, o Sr. Nivaldo Furtado da Silva e nos dirigimos à Vila de Jatuarana onde embarcou, também o guia Mário César Barroso Marreiros. Como a viatura estivesse lotada fui para a caçamba acompanhado do nosso guia Mário Cesar. O sítio fica relativamente próximo a Vila, estacionamos sob uma torre de alta tensão próxima a uma ponte sobre o Igarapé Jatuarana e o Mário César seguiu por uma trilha em busca do local.
O Mário César tinha visitado a região quando esta era ainda formada por pasto e agora a mata secundária, que tomara conta de tudo, dificultava sua orientação. Permanecemos em um local designado por ele enquanto o mesmo tentava achar o sítio. Depois de algum tempo o Mário César apareceu sorridente, ele havia encontrado, finalmente, o Sítio Arqueológico de Jatuarana. A Grande pedra estava totalmente tomada pelas interessantes gravações.
Seu fácil acesso deveria ser levado em conta pela Prefeitura que deveria demarcar-lhe a trilha de acesso, tombar a área, cercá-la, eliminar a vegetação que compromete sua integridade e promover visitações dos estudantes à área, assim como faz nosso bom amigo Roberto de Deus em Monte Alegre. O conhecimento e a valorização da cultura ancestral certamente estimularão as crianças a preservar o histórico patrimônio. No nosso encontro com a Prefeita Patrícia Hage relatamos-lhe nossa preocupação com a degradação da área e ela assentiu que iria colocar em prática as providências sugeridas.
Após a visitação tomamos um banho no Igarapé Jatuarana e fomos depois conhecer o belo Lago Geral encerrando, temporariamente, nossa passagem por Prainha.
(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;
Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);
Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);
Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);
Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM - RS);
Sócio Correspondente da Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER)
Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);
Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS);
Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG).
Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).
E-mail: hiramrsilva@gmail.com;
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