Segunda-feira, 2 de dezembro de 2024 - 07h20
Bagé,
02.12.2024
Continuando
engarupado na memória:
Jornal do Brasil n° 177, Rio de Janeiro, RJ
Quarta-feira, 31.07.1963
JB na Mira
O
jornalista Hélio Fernandes, no contato que manteve com os seus advogados em
Brasília, disse que as perguntas do General Crisanto de Figueiredo, durante seu
depoimento, versaram quase sempre sobre a situação da Tribuna da Imprensa e se
encaminharam no sentido de obter do depoente uma declaração comprometendo o
Governador Carlos Lacerda na revelação dos documentos secretos. Sentiu o
jornalista, no interrogatório a que foi submetido, o empenho do Gen Crisanto de
Figueiredo em apurar ligações suas, seja com O Governador Carlos Lacerda, seja
com o Sr. Nascimento Brito, Diretor do Jornal do Brasil.
Confirmado Objetivo: Governo Procura Golpe
(Carlos Castello Branco)
Brasília
– O jornalista Hélio Fernandes confirmou, em Brasília, para o Sr. Sobral Pinto
e para o Sr. Adauto Cardoso (que o visitou na qualidade de advogado), ter sido
interrogado pelo encarregado do inquérito policial-militar menos sobre as
circulares secretas (a respeito houve apenas perguntas no final do
interrogatório) do que sobre a situação da Tribuna da Imprensa, principalmente
sobre a transação da qual resultou a transferência do controle do jornal para
as suas mãos, sobre compromissos assumidos para tal fim e sobre influências que
possam persistir na referida organização.
Trata-se, evidentemente, de apurar uma hipótese que parece ser o centro dos trabalhos do inquérito policial-militar: a serviço de que forças ou de que grupos estaria o jornalista, na sua campanha oposicionista, e a que objetivos estaria servindo. Em outras palavras, o Gen Crisanto Figueiredo tenta identificar, através da ação do Diretor da Tribuna da Imprensa, a existência de um movimento conspiratório e procura, desde logo, encaminhar o processo de responsabilidade pessoal no rumo de poderosos adversários do Governo.
Como
se sabe, o Governo está na convicção, tática ou verdadeira, de que existe uma
articulação golpista e se esforça por destruí-la ou por torná-la crível. O
inquérito em torno da publicação de circulares secretas pela Tribuna da
Imprensa é uma peça nesse processo intentado e outras peças estão sendo
movimentadas, também na área militar, com igual objetivo. O Sr. João Goulart
tem dado ciência das suas apreensões e das suas suspeitas a políticos e outras
pessoas que com ele conversaram nas últimas semanas, quando se mostrou disposto
não só a adotar providências repressivas como até mesmo ofensivas, se
considerar útil ou conveniente.
Uma Hipótese e uma Suspeição
O
jornalista Hélio Fernandes continua preso incomunicável. Embora seus advogados
aqui em Brasília tenham tido autorização de conversar com ele. Está à
disposição do Supremo Tribunal, que julgará hoje á tarde o pedido de
habeas-corpus em seu favor. Admite-se, nos meios políticos, que o Ministro da
Guerra mande soltá-lo algumas horas antes do habeas-corpus, no pressuposto de
que a decisão da Justiça favorecerá o jornalista e obviamente para poupar-se ao
constrangimento de uma condenação pela mais alta Corte de Justiça do País. Nos
mesmos círculos insinua-se que o Ministro Hermes Lima poderá dar-se por suspeito
por ter sido vítima de pertinaz campanha do jornalista, não há muito tempo.
Novo Rumo Para a Reforma Agrária
Por iniciativa do Deputado Aniz Badra e com o apoio da maioria da bancada do PDC, um novo projeto de lei de reforma agrária estará sendo coordenado, na base de solução política de harmonia, com a eventual cooperação do PSD, de parte importante da bancada do PTB, do PSP e até mesmo da UDN.
Propõe o Sr. Badra que, para salvar o prestígio do Legislativo, vítima de continuada campanha de desmoralização, os deputados superem suas divergências e votem um projeto de lei que defina o desejo do Congresso de promover a reforma agrária. Inviável, como se tornou, a aprovação de uma emenda constitucional, nem por isso estaria impedido o Congresso de afirmar sua posição através de uma lei que dê ao Executivo os instrumentos para iniciar uma política agrária revisionista e objetiva.
Os objetivos do movimento foram comunicados pelo autor do projeto ao Líder Tancredo Neves e já ontem, com a colaboração do Sr. Afonso Celso, do PTB, se iniciavam gestões que pareciam exercer forte atração sobre a maioria do PSD, desejosa de sair do impasse em que as negociações infindáveis entre trabalhistas e pessedistas colocaram a Câmara dos Deputados.
Em princípio admite-se que apenas o grupo radical da frente parlamentar nacionalista resista à iniciativa, mas até mesmo alguns grupos da esquerda ideológica a examinam como um início de solução realista, que atenderia à opinião média da Câmara e ajudaria a demarcar as soluções que tem como definitivas.
O
Deputado Aniz Badra, que foi representante de São Paulo na Câmara fechada em
1937, diz-se impressionado seja com o desânimo provocado no interior de seu
Estado pelas notícias em torno da reforma agrária, as quais vão paralisando
toda iniciativa rural, seja com a estranha similitude entre a atual situação do
País e a daquele ano inesquecível. Na UDN, considera-se como séria a iniciativa
do Deputado do PDC, a qual poderá adquirir grande profundidade nas próximas
horas.
Batendo na Cangalha
O Senador Benedito Valadares, comentando a recusa do Exército de quebrar a incomunicabilidade do jornalista Hélio Fernandes, disse que isso é:
O mesmo que bater na cangalha para o burro entender.
(*)
Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas,
Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;
Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989);
Ex-Vice-Presidente
da Federação de Canoagem de Mato Grosso do Sul;
Ex-Professor
do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);
Ex-Pesquisador
do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);
Ex-Presidente
do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);
Ex-Membro
do 4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS);
Ex-Presidente
da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);
Membro
da Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);
Membro
do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);
Membro
da Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO);
Membro
da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
Comendador
da Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS);
Colaborador
Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG);
Colaborador
Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN);
Membro
do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós (IHGTAP)
E-mail:
hiramrsilva@gmail.com
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – VI
Silva, Bagé, 11.12.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 224, Rio de Janeiro, RJ Quarta-feira, 25.09.1963 Lei das Selvas T
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – IV
Bagé, 06.12.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 186, Rio de Janeiro, RJSábado, 10.08.1963 Lacerda diz na CPI que Pressõessã
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – II
Bagé, 29.11.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 174, Rio de Janeiro, RJSábado, 27.07.1963 Processo em Marcha O Chefe da
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – I
Bagé, 27.11.2024Nos parece que Alto Comando do Exército Brasileiro está agindo de forma politicamente persecutória […]. Os Oficiais Superiores, que