Segunda-feira, 20 de janeiro de 2025 - 07h55
Bagé, 20.01.2025
Continuando
engarupado na memória:
Tribuna da Imprensa n° 4.260, Rio, RJ
Sábado e Domingo, 25 e 26.01.1964
Generais Contra Decreto da SUPRA
Um
grupo de oficiais ligado os General Humberto de Alencar Castello Branco deverá
divulgar, até quinta-feira próxima, quando será assinado em Brasília o decreto
da SUPRA, um manifesto de repúdio ao convênio ontem assinado pelos ministros
militares para a execução do decreto.
Entendem
os Generais que com a assinatura do convênio, aparentemente inocente, o
presidente da República tenta envolver o Exército, a Marinha e Aeronáutica, em
matéria ainda cheia de controvérsias e pendente
de estudo no Congresso Nacional.
Outra
acusação é a de que com o convênio o sr. João Goulart tenta, antes de
uma palavra
definitiva do
Legislativo
pela força das armas, implantar uma reforma contra a qual já
se manifestaram as forças democráticas e que viola a própria Constituição da
República, uma vez que não respeita o direito de propriedade.
Manifestação
A manifestação dos
Generais contra o decreto da SUPRA deverá ser efetuada na próxima semana, sendo
que o documento já conta com 40 assinaturas. Na Marinha alguns Almirantes,
desde ontem, estão realizando reuniões informais para tomar conhecimento dos
termos do convênio firmado pela SUPRA. Na Aeronáutica alguns Oficiais também
estiveram examinando a situação criada com a assinatura do convênio.
Jair Atento
Alertado sobre as
possíveis manifestações contrárias, o ministro da Guerra está tomando
providências para punir com o máximo rigor os Oficiais que se pronunciarem
contra a medida.
Nos meios militares,
ontem mesmo com toda a cobertura dada pelo ministro da Guerra ao presidente da
República, a impressão dominante era a de que dentro de uma semana, ou no
máximo até quinta-feira, os acontecimentos já terão evoluído de tal maneira que
o convênio deixará de ser cumprido, sendo até mesmo possível a dissolução da
SUPRA pelo “Impeachment” do presidente
Goulart.
Tribuna da Imprensa n° 4.261, Rio, RJ
Segunda-feira, 27.01.1964
Petrobras: sai Albino vem Osvino e vai à CPI
O marechal Osvino
Alves é o novo presidente da Petrobrás, nomeado ontem pelo presidente João
Goulart, com o apoio total dos comunistas da empresa, que exigem, no entanto, a
permanência dos srs. Jairo Faria e Hugo Reis na diretoria. A demissão do
general Albino Silva encerra o primeiro capítulo da crise que abala a
Petrobras. O segundo capítulo começará ainda hoje, às 15h00, com a instalação
da CPI nomeada para desvendar todos os negócios ilícitos feitos à sombra do
monopólio estatal do petróleo. Os grupos comunistas, que aparentemente ganharam
o primeiro “round” da luta, estão no
entanto apreensivos e apavorados com o desenrolar dos acontecimentos. Foram
visivelmente apanhados em flagrante e dificilmente sairão ilesos do incidente.
Tudo era negociata na Petrobras. Albino, dominado pelo próprio negocismo; os
comunistas se escondendo atrás de um “nacionalismo”
que já não engana mais ninguém. Foram desmascarados, pilhados com a boca na
botija, e agora morrem de medo.
Bahia vai à Greve Para Manter Jairo
O Sindicato do
Petróleo, região de produção de Mataripe, na Bahia, anunciou ontem, em
telegrama enviado aos diretores da empresa no Rio, que seus associados já estão
mobilizados para uma greve geral caso o presidente da República, numa manobra
de conciliação, tente demitir também os Diretores Jairo Farias e Hugo Régis
Reis, por eles indicados para aqueles postos.
O telegrama enviado
pelo sindicato da Bahia informa ainda que toda a população de Salvador está
sendo alertada, por alto-falantes e comícios relâmpagos, sobre a manobra que o
general Albino Silva estava articulando com firmas estrangeiras de petróleo
para golpear a Petrobras. Afirma ainda o telegrama que, no caso de uma greve, é
possível que toda a Bahia pare, pois outros sindicatos de trabalhadores já
teriam anunciado que entrariam em greve de solidariedade caso os diretores
Jairo Faria e Hugo Reis venham a ser demitidos. Os dois diretores, nomeados por
indicação direta dos sindicatos comunistas, gozam da confiança dos ativistas do
sindicato. Mas este é dominado por uma minoria ínfima e é repudiado pela massa
de trabalhadores de fato.
A greve que está sendo
articulada pelos trabalhadores da Bahia visa também à recondução dos srs. Sá
Carvalho à superintendência da FRONA-PE; Stafan Prochinick à direção do
Escritório de Compra e engenheiro João Alberto Davis à direção de um dos
departamentos da empresa. Consideram os trabalhadores que esses funcionários
foram demitidos arbitrariamente pelo general Albino Silva, por se terem
insurgido contra a negociata de petróleo com o grupo Rockefeller.
Os diretores foram
acusados pelo general e demitidos sem direito à defesa. Impressão geral na
Bahia, em Brasília, no Rio e no resto do País: Albino, Regis e Jairo deviam ser
demitidos sumariamente, pois de uma forma ou de outra trabalham contra os
interesses e o conceito da empresa.
CPI Hoje
Instala-se hoje, no
Palácio Tiradentes, a Comissão Parlamentar de Inquérito que investigará
possíveis irregularidades nas importações de petróleo bruto pela Petrobrás. O
general Albino Silva, que foi demitido, ontem, da presidência da empresa,
começará a depor às 15h00, devendo reiterar as acusações estarrecedoras que fez
aos diretores Jairo Farias e Hugo Regis Reis, assim como ao comandante Sá
Carvalho, superintendente da FRONAPE, Stfan Prochinick, diretor do Escritório
de Compras e ao engenheiro João Alberto Davis.
A CPI será presidida
pelo deputado Antônio Carlos Magalhães, da UDN da Bahia. A CPI do petróleo,
como já está sendo chamada, foi convocada por iniciativa de um grupo de
deputados de várias tendências. Todos eles estão convencidos da culpa de todos
os envolvidos. E a maioria acha que a negociata houve, mas foi explorada pelo
governo e pelos comunistas para trazer Osvino, outra vez ao centro dos
acontecimentos. Os diretores Jairo Farias e Hugo Regis Reis estão de posse de
uma farta documentação que compromete seriamente o general Albino Silva e seu
filho, tenente Luís Pimpão, numa série de negócios ilícitos dentro da
Petrobrás, entre os quais a farta distribuição de verbas de publicidade,
especialmente para o Paraná, onde o general é postulante a candidato do PTB ao
governo do Estado. E Albino tem também documentação contra os dois diretores
comunistas.
Osvino Assume a Petrobras Amanhã
O marechal Osvino
Ferreira Alves será o novo presidente da Petrobrás, em substituição ao general
Albino Silva, demitido pelo Presidente da República e sobre quem pesa a
acusação de ter participado de uma negociata de compra de petróleo ao grupo
Rockefeller. O marechal Osvino Ferreira Alves chegou ontem ao Rio, a chamado do
presidente, com seu ato de nomeação praticamente pronto e deverá tomar posse
amanhã, às 10h00.
Foi recebido no Galeão
pelo general Assis Brasil, chefe da Casa Militar da Presidência da República,
para casa de quem seguiu imediatamente a fim de reunir-se com líderes
comunistas e um grupo de oficiais “nacionalistas”
Estavam também no aeroporto os almirantes Araújo Suzano, Araújo Goiano e
Cândido Aragão, coronéis Donato Ferreira, Alan Kardec e Osvaldo Loureiro,
deputados Ferro Costa e Garcia Filho, além de estudantes, líderes sindicais e
cerca de 200 trabalhadores da Refinaria de Caxias, enviados especialmente pela
minoria comunista que domina a empresa. O marechal Osvino Alves recusou-se a
falar sobre a crise que abala a Petrobrás, dizendo apenas que somente ao
general Assis Brasil cabe a responsabilidade pelos fatos que ali têm ocorrido.
Hoje, o marechal seguirá para Brasília, onde se avistará com o presidente João
Goulart.
Nos círculos militares
“nacionalistas” falava-se que o
marechal Osvino Alves ocupará a presidência da Petrobras para evitar que a
crise atinja a outros setores da empresa e provoque a sua paralisação total. O
lugar reservado, pelo sr. João Goulart a Osvino, segundo se falava, é o
Ministério da Guerra. Aí então o gen Crisanto é que iria para a Petrobras. Era
incerta ainda a posição dos diretores comunistas da empresa, que ficaram em
posição insustentável. Jango também foi bastante atingido pelo escândalo, pois
é o único responsável pelas nomeações na Petrobras. A sua saída de dizer que
dois diretores comunistas foram nomeadas pelos sindicatos, não passa de mais
uma mistificação de S. Exª, e não convenceu a ninguém.
(*) Hiram Reis e
Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas, Professor,
Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;
Link: https://youtu.be/9JgW6ADHjis?feature=shared
Campeão do II
Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989);
Ex-Vice-Presidente
da Federação de Canoagem de Mato Grosso do Sul;
Ex-Professor do
Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);
Ex-Pesquisador do
Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);
Ex-Presidente do
Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);
Ex-Membro do 4°
Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS);
Ex-Presidente da
Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);
Membro da
Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);
Membro do
Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);
Membro da
Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO);
Membro da
Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
Comendador da
Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS);
Colaborador
Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG);
Colaborador
Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN);
Membro do
Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós (IHGTAP)
E-mail: hiramrsilva@gmail.com
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