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Hiram Reis e Silva

Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – XXIV


Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – XXIV - Gente de Opinião

Bagé, 20.01.2025

 

Continuando engarupado na memória:

 

 

Tribuna da Imprensa n° 4.260, Rio, RJ

 

Sábado e Domingo, 25 e 26.01.1964

 

Generais Contra Decreto da SUPRA

 

 

Um grupo de oficiais ligado os General Humberto de Alencar Castello Branco deverá divulgar, até quinta-feira próxima, quando será assinado em Brasília o decreto da SUPRA, um manifesto de repúdio ao convênio ontem assinado pelos ministros militares para a execução do decreto.

 

Entendem os Generais que com a assinatura do convênio, aparentemente inocente, o presidente da República tenta envolver o Exército, a Marinha e Aeronáutica, em matéria ainda cheia de controvérsias e pendente de estudo no Congresso Nacional.

 

Outra acusação é a de que com o convênio o sr. João Goulart tenta, antes de uma palavra definitiva do Legislativo pela força das armas, implantar uma reforma contra a qual já se manifestaram as forças democráticas e que viola a própria Constituição da República, uma vez que não respeita o direito de propriedade.

 

Manifestação

 

A manifestação dos Generais contra o decreto da SUPRA deverá ser efetuada na próxima semana, sendo que o documento já conta com 40 assinaturas. Na Marinha alguns Almirantes, desde ontem, estão realizando reuniões informais para tomar conhecimento dos termos do convênio firmado pela SUPRA. Na Aeronáutica alguns Oficiais também estiveram examinando a situação criada com a assinatura do convênio.

 

Jair Atento

 

Alertado sobre as possíveis manifestações contrárias, o ministro da Guerra está tomando providências para punir com o máximo rigor os Oficiais que se pronunciarem contra a medida.

 

Nos meios militares, ontem mesmo com toda a cobertura dada pelo ministro da Guerra ao presidente da República, a impressão dominante era a de que dentro de uma semana, ou no máximo até quinta-feira, os acontecimentos já terão evoluído de tal maneira que o convênio deixará de ser cumprido, sendo até mesmo possível a dissolução da SUPRA pelo “Impeachment” do presidente Goulart.

 

Tribuna da Imprensa n° 4.261, Rio, RJ


Segunda-feira, 27.01.1964


Petrobras: sai Albino vem Osvino e vai à CPI

 

O marechal Osvino Alves é o novo presidente da Petrobrás, nomeado ontem pelo presidente João Goulart, com o apoio total dos comunistas da empresa, que exigem, no entanto, a permanência dos srs. Jairo Faria e Hugo Reis na diretoria. A demissão do general Albino Silva encerra o primeiro capítulo da crise que abala a Petrobras. O segundo capítulo começará ainda hoje, às 15h00, com a instalação da CPI nomeada para desvendar todos os negócios ilícitos feitos à sombra do monopólio estatal do petróleo. Os grupos comunistas, que aparentemente ganharam o primeiro “round” da luta, estão no entanto apreensivos e apavorados com o desenrolar dos acontecimentos. Foram visivelmente apanhados em flagrante e dificilmente sairão ilesos do incidente. Tudo era negociata na Petrobras. Albino, dominado pelo próprio negocismo; os comunistas se escondendo atrás de um “nacionalismo” que já não engana mais ninguém. Foram desmascarados, pilhados com a boca na botija, e agora morrem de medo.

 

Bahia vai à Greve Para Manter Jairo

 

O Sindicato do Petróleo, região de produção de Mataripe, na Bahia, anunciou ontem, em telegrama enviado aos diretores da empresa no Rio, que seus associados já estão mobilizados para uma greve geral caso o presidente da República, numa manobra de conciliação, tente demitir também os Diretores Jairo Farias e Hugo Régis Reis, por eles indicados para aqueles postos.

 

O telegrama enviado pelo sindicato da Bahia informa ainda que toda a população de Salvador está sendo alertada, por alto-falantes e comícios relâmpagos, sobre a manobra que o general Albino Silva estava articulando com firmas estrangeiras de petróleo para golpear a Petrobras. Afirma ainda o telegrama que, no caso de uma greve, é possível que toda a Bahia pare, pois outros sindicatos de trabalhadores já teriam anunciado que entrariam em greve de solidariedade caso os diretores Jairo Faria e Hugo Reis venham a ser demitidos. Os dois diretores, nomeados por indicação direta dos sindicatos comunistas, gozam da confiança dos ativistas do sindicato. Mas este é dominado por uma minoria ínfima e é repudiado pela massa de trabalhadores de fato.

 

A greve que está sendo articulada pelos trabalhadores da Bahia visa também à recondução dos srs. Sá Carvalho à superintendência da FRONA-PE; Stafan Prochinick à direção do Escritório de Compra e engenheiro João Alberto Davis à direção de um dos departamentos da empresa. Consideram os trabalhadores que esses funcionários foram demitidos arbitrariamente pelo general Albino Silva, por se terem insurgido contra a negociata de petróleo com o grupo Rockefeller.

 

Os diretores foram acusados pelo general e demitidos sem direito à defesa. Impressão geral na Bahia, em Brasília, no Rio e no resto do País: Albino, Regis e Jairo deviam ser demitidos sumariamente, pois de uma forma ou de outra trabalham contra os interesses e o conceito da empresa.

 

CPI Hoje

 

Instala-se hoje, no Palácio Tiradentes, a Comissão Parlamentar de Inquérito que investigará possíveis irregularidades nas importações de petróleo bruto pela Petrobrás. O general Albino Silva, que foi demitido, ontem, da presidência da empresa, começará a depor às 15h00, devendo reiterar as acusações estarrecedoras que fez aos diretores Jairo Farias e Hugo Regis Reis, assim como ao comandante Sá Carvalho, superintendente da FRONAPE, Stfan Prochinick, diretor do Escritório de Compras e ao engenheiro João Alberto Davis.

A CPI será presidida pelo deputado Antônio Carlos Magalhães, da UDN da Bahia. A CPI do petróleo, como já está sendo chamada, foi convocada por iniciativa de um grupo de deputados de várias tendências. Todos eles estão convencidos da culpa de todos os envolvidos. E a maioria acha que a negociata houve, mas foi explorada pelo governo e pelos comunistas para trazer Osvino, outra vez ao centro dos acontecimentos. Os diretores Jairo Farias e Hugo Regis Reis estão de posse de uma farta documentação que compromete seriamente o general Albino Silva e seu filho, tenente Luís Pimpão, numa série de negócios ilícitos dentro da Petrobrás, entre os quais a farta distribuição de verbas de publicidade, especialmente para o Paraná, onde o general é postulante a candidato do PTB ao governo do Estado. E Albino tem também documentação contra os dois diretores comunistas.

 

Osvino Assume a Petrobras Amanhã

 

O marechal Osvino Ferreira Alves será o novo presidente da Petrobrás, em substituição ao general Albino Silva, demitido pelo Presidente da República e sobre quem pesa a acusação de ter participado de uma negociata de compra de petróleo ao grupo Rockefeller. O marechal Osvino Ferreira Alves chegou ontem ao Rio, a chamado do presidente, com seu ato de nomeação praticamente pronto e deverá tomar posse amanhã, às 10h00.

 

Foi recebido no Galeão pelo general Assis Brasil, chefe da Casa Militar da Presidência da República, para casa de quem seguiu imediatamente a fim de reunir-se com líderes comunistas e um grupo de oficiais “nacionalistas” Estavam também no aeroporto os almirantes Araújo Suzano, Araújo Goiano e Cândido Aragão, coronéis Donato Ferreira, Alan Kardec e Osvaldo Loureiro, deputados Ferro Costa e Garcia Filho, além de estudantes, líderes sindicais e cerca de 200 trabalhadores da Refinaria de Caxias, enviados especialmente pela minoria comunista que domina a empresa. O marechal Osvino Alves recusou-se a falar sobre a crise que abala a Petrobrás, dizendo apenas que somente ao general Assis Brasil cabe a responsabilidade pelos fatos que ali têm ocorrido. Hoje, o marechal seguirá para Brasília, onde se avistará com o presidente João Goulart.

 

Nos círculos militares “nacionalistas” falava-se que o marechal Osvino Alves ocupará a presidência da Petrobras para evitar que a crise atinja a outros setores da empresa e provoque a sua paralisação total. O lugar reservado, pelo sr. João Goulart a Osvino, segundo se falava, é o Ministério da Guerra. Aí então o gen Crisanto é que iria para a Petrobras. Era incerta ainda a posição dos diretores comunistas da empresa, que ficaram em posição insustentável. Jango também foi bastante atingido pelo escândalo, pois é o único responsável pelas nomeações na Petrobras. A sua saída de dizer que dois diretores comunistas foram nomeadas pelos sindicatos, não passa de mais uma mistificação de S. Exª, e não convenceu a ninguém.

 

(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;

 

Link: https://youtu.be/9JgW6ADHjis?feature=shared

 

Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989);

Ex-Vice-Presidente da Federação de Canoagem de Mato Grosso do Sul;

Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);

Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);

Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);

Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS);

Ex-Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);

Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);

Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);

Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO);

Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);

Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS);

Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG);

Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN);

Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós (IHGTAP)

E-mail: hiramrsilva@gmail.com

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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