Quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Hiram Reis e Silva

Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – XXXII


Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – XXXII - Gente de Opinião

Bagé, 07.02.2025

 

Continuando engarupado na memória:

 

 

Tribuna da Imprensa n° 4.294, Rio, RJ

Sábado, 07.03.1964 e Domingo, 08.03.1964

 

Arrais: Governo Federal é

Culpado Pela Agitação

 

 

O governador Miguel Arrais, ao responsabilizar “alguns escalões do Governo Federal” pela recente perturbação da ordem pública em Pernambuco, “que tudo fizeram para desmoralizá-lo e até liquidá-lo, se possível fosse”, confirmou à imprensa seu comparecimento ao comício do dia 13 na Central do Brasil, quando fará um relato do que até ocorrendo no seu Estado. Durante os 30 minutos que passou no aeroporto Santos Dumont, em trânsito para São Pauto, o governador pernambucano foi homenageado por um grupo de trabalhadores e reuniu-se com a alta esfera do CGT, traçando planos para sua permanência no Sul do País.

 

Origens

 

Referindo-se aos acontecimentos de Pernambuco, o governador Miguel Arrais afirmou que suas origens estão representadas na ação de:

 

Forças ocultas que se aliaram à pequena oposição do governo do Estado que, insufladas por elementos intimamente ligados ao governo federal, procuraram armar efeitos na população, tirando lucros políticos e visando, principalmente, a obter uma situação própria à que antecede a intervenção por forças federais.

 

Acentuou que, mais uma vez, contou com o apoio do povo pernambucano, que é, por índole pacífico e ordeiro, que soube repudiar os seus inimigos, aliando-se ao governo do Estado para que a paz pudesse voltar ao seio da população. Assinalou que, no seu entender, o presidente João Goulart não tem conhecimento das gestões de seus auxiliares contra Pernambuco, e não quis assegurar que o ministro Osvaldo Lima Filho, da Agricultura, tivesse participação ativa nos acontecimentos. Garantiu, porém, que vai agora elucidar tudo, apontando no final as responsabilidades, “doa a quem doer”.

 

Tribuna da Imprensa n° 4.295, Rio, RJ

Segunda-feira, 09.03.1964


Grupos de Guerrilhas Existem mas CSN Cala

(Elmo Lins)

 

Rumores insistentes no Ministério da Guerra, falam sobre dois ofícios do Conselho Nacional de Segurança [CSN], que teriam sido enviados à Polícia do Estado do Rio. Objetivo: averiguar denúncias sobre a existência de guerrilhas organizadas naquele Estado e que teriam seu QG na Fazenda Maria Paula, no Município de São Gonçalo. Ninguém sabe informar se a Polícia Fluminense respondeu a tais ofícios, mas o que se sabe com segurança é que as denúncias foram devidamente investigadas, apuradas e comprovadas, tendo sido, inclusive, apreendida uma bandeira vermelha com os dizeres: “2° Grupo de Guerrilhas”. E mais: Que o instrutor militar de tais bandos armados é um capitão [da Polícia Militar ou do Exército?] e que os camponeses possuem armas de guerra desviadas de unidades militares do Sul e da própria Guanabara. E que, pelo menos, 18 outros grupos de guerrilheiros estão organizados e em ação no território fluminense, sendo que um deles composto de 150 homens, acampa normalmente na fazenda Maria Paula. Mas nada disso é novidade para o CSN, que aguarda apenas ordens para agir, ordens que jamais virão, e desmontar tal dispositivo que é comandado, por trás dos bastidores, por um major “nacionalista” muito conhecido nas guarnições fluminenses como Mr. X. As ordens, obviamente terão que partir do general Assis Brasil.

 

Comitê Arrais

 

Em pleno funcionamento, aqui no Rio, um escritório e comitê pró-Arrais, integrado por intelectuais, jornalistas da esquerda e mesmo militares “nacionalistas”. Qualquer publicação contra Arrais é imediatamente respondida na forma de matéria paga, o dinheiro oficial em Pernambuco anda salto, ou inserida, graciosamente, por “idealistas nacionalistas” enquistados nas redações dos jornais cariocas. Rumores no Ministério da Guerra, entre oficiais ligados ao “general do povo” Osvino Ferreira Alves, de que a Petrobrás vai cobrar uma taxa de 15% sobre o preço do litro da gasolina para o fundo de expansão da empresa e para encampar as refinarias particulares. A minuta do decreto já teria sido enviada pelo “general do povo” ao CNP e a taxa seria cobrada a partir do mês de abril.

 

Pérolas Gramaticais

 

O sr. João Goulart vai amanhã, na Escola Superior de Guerra, considerado um dos mais altos cenáculos da cultura brasileira, dar a aula inaugural do ano letivo de 1964. A expectativa sobre o que o sr. João Goulart vai ler é muito grande entre os civis e militares ali matriculados. Tanto mais que a maioria assistiu a um programa de televisão, no qual o sr. João Goulart, a semana passada, falando sabre os problemas nacionais brindou os telespectadores com pérolas gramaticais, tais como “Se o governo intervisse” ou então “Um livro mintregue pelo ministro da Educação”... etc. etc.

 

Tudo aos Militares

 

Amigos inconfidentes do sr. João Goulart afirmam que ouviram de S. Exª a seguinte frase, aliás repetida, várias vezes, no Palácio do Planalto por seus auxiliares imediatos:

 

Sinto que minha popularidade entre as massas está voltando rapidamente. Sobre este ponto não me arreceio de nada. Agora, vou me dedicar, intei­ramente, aos militares. Darei tudo a eles. Farei até 1966, pelo menos, mais uns 50 generais e, então, vamos examinar com calma a situação política do País.

 

O discurso pronunciado no 2° RI, o aumento dos militares, e a ida à Escola Superior de Guerra, fazem parte desse plano.

 

Arrais e o IV Exército

 

Nos momentos dramáticos vividos pelo povo pernambucano na última terça-feira, quando foi decretada a greve geral pelas classes conservadoras, não faltou quem incentivasse o sr. Arrais a enfrentar decididamente o “lockout”. Um deputado federal chegou a afirmar ao governador de Pernambuco que “jogaria dez mil camponeses no Recife para defender o governo”. Arrais, furioso com o gen Justino Alves Bastos, mas, muito matreiro e vivo, controlou-se e respondeu: “E esse povo vai lutar de cacete contra o IV Exército?”.

 

CPOS Inicia Rush do Comício Reformista

(Ayrton Gomes)

 

Com a fixação de 3 mil faixas nas principais ruas da cidade, centro e subúrbios, distribuição de 10 milhões de volantes nos pontos iniciais das linhas de transportes coletivos, pichamento das ruas e avenidas e comícios-relâmpagos às portas das fábricas e locais de trabalho, a Comissão Permanente das Organizações Sindicais [CPOS] e o Comando Geral dos Trabalhadores [CGT] iniciam o “rush” final para o comício reformista de sexta-feira, na praça Cristiano Otôni, perto da Central do Brasil e do Ministério da Guerra. [...]

 

Preço

 

O custeio do comício feito por vários órgãos governamentais, entre eles a Petrobrás, Rede Ferroviária Federal, Departamento Nacional de Estrada de Rodagem, Lóide Brasileiro, Empresa Nacional de Viação Costeira e a Comissão de Imposto Sindical, através da Comissão Técnica das Organizações Sindicais. Os gastos totais para o “meeting” reformista do sr. João Goulart estão orçados, inicialmente, em Cr$ 300 milhões. Essa importância será rateada pelas entidades governamentais acima citadas. [...]

 

 (*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;

 

Link: https://youtu.be/9JgW6ADHjis?feature=shared

 

Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989);

Ex-Vice-Presidente da Federação de Canoagem de Mato Grosso do Sul;

Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);

Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);

Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);

Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS);

Ex-Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);

Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);

Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);

Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO);

Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);

Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós (IHGTAP)

Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS);

Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG);

Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN);

E-mail: hiramrsilva@gmail.com

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

Gente de OpiniãoQuinta-feira, 20 de fevereiro de 2025 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – XXXVII

Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – XXXVII

Bagé, 19.02.2025 Continuando engarupado na memória:  Tribuna da Imprensa n° 4.302, Rio, RJTerça-feira, 17.03.1964 Oposição Articula-se em Contra-Ofe

Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – XXXV

Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – XXXV

Bagé, 14.02.2025 Continuando engarupado na memória:  Tribuna da Imprensa n° 4.300, Rio, RJ Sábado, 14.03.1964 e Domingo 15.03.1964 Lacerda Condena J

Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – XXXIV

Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – XXXIV

Bagé, 12.02.2025 Continuando engarupado na memória:  Tribuna da Imprensa n° 4.299, Rio, RJSexta-feira, 13.03.1964 Comício Serve Como Senha à Agitação

Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – XXXIII

Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – XXXIII

Bagé, 10.02.2025 Continuando engarupado na memória:  Tribuna da Imprensa n° 4.296, Rio, RJTerça-feira, 10.03.1964 Em Primeira Mão(Hélio Fernandes) 

Gente de Opinião Quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025 | Porto Velho (RO)