Sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025 - 08h05
Bagé, 07.02.2025
Continuando
engarupado na memória:
Tribuna da Imprensa n° 4.294, Rio, RJ
Sábado, 07.03.1964 e Domingo, 08.03.1964
Arrais: Governo Federal é
Culpado Pela Agitação
O governador Miguel
Arrais, ao responsabilizar “alguns
escalões do Governo Federal” pela recente perturbação da ordem pública em
Pernambuco, “que tudo fizeram para
desmoralizá-lo e até liquidá-lo, se possível fosse”, confirmou à imprensa
seu comparecimento ao comício do dia 13 na Central do Brasil, quando fará um
relato do que até ocorrendo no seu Estado. Durante os 30 minutos que passou no
aeroporto Santos Dumont, em trânsito para São Pauto, o governador pernambucano
foi homenageado por um grupo de trabalhadores e reuniu-se com a alta esfera do
CGT, traçando planos para sua permanência no Sul do País.
Origens
Referindo-se aos
acontecimentos de Pernambuco, o governador Miguel Arrais afirmou que suas
origens estão representadas na ação de:
Forças ocultas que se aliaram à pequena oposição do
governo do Estado que, insufladas por elementos intimamente ligados ao governo
federal, procuraram armar efeitos na população, tirando lucros políticos e
visando, principalmente, a obter uma situação própria à que antecede a
intervenção por forças federais.
Acentuou que, mais uma
vez, contou com o apoio do povo pernambucano, que é, por índole pacífico e
ordeiro, que soube repudiar os seus inimigos, aliando-se ao governo do Estado
para que a paz pudesse voltar ao seio da população. Assinalou que, no seu
entender, o presidente João Goulart não tem conhecimento das gestões de seus
auxiliares contra Pernambuco, e não quis assegurar que o ministro Osvaldo Lima
Filho, da Agricultura, tivesse participação ativa nos acontecimentos. Garantiu,
porém, que vai agora elucidar tudo, apontando no final as responsabilidades, “doa a quem doer”.
Tribuna da Imprensa n° 4.295, Rio, RJ
Segunda-feira, 09.03.1964
Grupos de Guerrilhas Existem mas CSN Cala
(Elmo
Lins)
Rumores insistentes no
Ministério da Guerra, falam sobre dois ofícios do Conselho Nacional de
Segurança [CSN], que teriam sido enviados à Polícia do Estado do Rio. Objetivo:
averiguar denúncias sobre a existência de guerrilhas organizadas naquele Estado
e que teriam seu QG na Fazenda Maria Paula, no Município de São Gonçalo.
Ninguém sabe informar se a Polícia Fluminense respondeu a tais ofícios, mas o
que se sabe com segurança é que as denúncias foram devidamente investigadas,
apuradas e comprovadas, tendo sido, inclusive, apreendida uma bandeira vermelha
com os dizeres: “2° Grupo de Guerrilhas”.
E mais: Que o instrutor militar de tais bandos armados é um capitão [da Polícia
Militar ou do Exército?] e que os camponeses possuem armas de guerra desviadas
de unidades militares do Sul e da própria Guanabara. E que, pelo menos, 18
outros grupos de guerrilheiros estão organizados e em ação no território
fluminense, sendo que um deles composto de 150 homens, acampa normalmente na
fazenda Maria Paula. Mas nada disso é novidade para o CSN, que aguarda apenas
ordens para agir, ordens que jamais virão, e desmontar tal dispositivo que é
comandado, por trás dos bastidores, por um major “nacionalista” muito conhecido nas guarnições fluminenses como Mr.
X. As ordens, obviamente terão que partir do general Assis Brasil.
Comitê Arrais
Em pleno
funcionamento, aqui no Rio, um escritório e comitê pró-Arrais, integrado por
intelectuais, jornalistas da esquerda e mesmo militares “nacionalistas”. Qualquer publicação contra Arrais é imediatamente
respondida na forma de matéria paga, o dinheiro oficial em Pernambuco anda
salto, ou inserida, graciosamente, por “idealistas
nacionalistas” enquistados nas redações dos jornais cariocas. Rumores no
Ministério da Guerra, entre oficiais ligados ao “general do povo” Osvino Ferreira Alves, de que a Petrobrás vai
cobrar uma taxa de 15% sobre o preço do litro da gasolina para o fundo de
expansão da empresa e para encampar as refinarias particulares. A minuta do
decreto já teria sido enviada pelo “general
do povo” ao CNP e a taxa seria cobrada a partir do mês de abril.
Pérolas Gramaticais
O sr. João Goulart vai
amanhã, na Escola Superior de Guerra, considerado um dos mais altos cenáculos
da cultura brasileira, dar a aula inaugural do ano letivo de 1964. A
expectativa sobre o que o sr. João Goulart vai ler é muito grande entre os
civis e militares ali matriculados. Tanto mais que a maioria assistiu a um
programa de televisão, no qual o sr. João Goulart, a semana passada, falando
sabre os problemas nacionais brindou os telespectadores com pérolas
gramaticais, tais como “Se o governo intervisse” ou então “Um livro mintregue
pelo ministro da Educação”... etc. etc.
Tudo aos Militares
Amigos inconfidentes
do sr. João Goulart afirmam que ouviram de S. Exª a seguinte frase, aliás
repetida, várias vezes, no Palácio do Planalto por seus auxiliares imediatos:
Sinto que minha popularidade entre as massas está
voltando rapidamente. Sobre este ponto não me arreceio de nada. Agora, vou me
dedicar, inteiramente, aos militares. Darei tudo a eles. Farei até 1966, pelo
menos, mais uns 50 generais e, então, vamos examinar com calma a situação
política do País.
O discurso pronunciado
no 2° RI, o aumento dos militares, e a ida à Escola Superior de Guerra, fazem
parte desse plano.
Arrais e o IV Exército
Nos momentos
dramáticos vividos pelo povo pernambucano na última terça-feira, quando foi
decretada a greve geral pelas classes conservadoras, não faltou quem
incentivasse o sr. Arrais a enfrentar decididamente o “lockout”. Um deputado federal chegou a afirmar ao governador de
Pernambuco que “jogaria dez mil
camponeses no Recife para defender o governo”. Arrais, furioso com o gen
Justino Alves Bastos, mas, muito matreiro e vivo, controlou-se e respondeu: “E esse povo vai lutar de cacete contra o IV
Exército?”.
CPOS Inicia Rush do
Comício Reformista
(Ayrton Gomes)
Com a fixação de 3 mil
faixas nas principais ruas da cidade, centro e subúrbios, distribuição de 10
milhões de volantes nos pontos iniciais das linhas de transportes coletivos,
pichamento das ruas e avenidas e comícios-relâmpagos às portas das fábricas e locais
de trabalho, a Comissão Permanente das Organizações Sindicais [CPOS] e o
Comando Geral dos Trabalhadores [CGT] iniciam o “rush” final para o comício reformista de sexta-feira, na praça
Cristiano Otôni, perto da Central do Brasil e do Ministério da Guerra. [...]
Preço
O custeio do comício
feito por vários órgãos governamentais, entre eles a Petrobrás, Rede
Ferroviária Federal, Departamento Nacional de Estrada de Rodagem, Lóide
Brasileiro, Empresa Nacional de Viação Costeira e a Comissão de Imposto Sindical,
através da Comissão Técnica das Organizações Sindicais. Os gastos totais para o
“meeting” reformista do sr. João
Goulart estão orçados, inicialmente, em Cr$ 300 milhões. Essa importância será
rateada pelas entidades governamentais acima citadas. [...]
(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de
Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor
e Colunista;
Link: https://youtu.be/9JgW6ADHjis?feature=shared
Campeão do II
Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989);
Ex-Vice-Presidente
da Federação de Canoagem de Mato Grosso do Sul;
Ex-Professor do
Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);
Ex-Pesquisador do
Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);
Ex-Presidente do
Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);
Ex-Membro do 4°
Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS);
Ex-Presidente da
Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);
Membro da
Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);
Membro do
Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);
Membro da
Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO);
Membro da Academia
Vilhenense de Letras (AVL – RO);
Membro do
Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós (IHGTAP)
Comendador da
Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS);
Colaborador
Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG);
Colaborador
Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN);
E-mail: hiramrsilva@gmail.com
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – XXXVII
Bagé, 19.02.2025 Continuando engarupado na memória: Tribuna da Imprensa n° 4.302, Rio, RJTerça-feira, 17.03.1964 Oposição Articula-se em Contra-Ofe
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – XXXV
Bagé, 14.02.2025 Continuando engarupado na memória: Tribuna da Imprensa n° 4.300, Rio, RJ Sábado, 14.03.1964 e Domingo 15.03.1964 Lacerda Condena J
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – XXXIV
Bagé, 12.02.2025 Continuando engarupado na memória: Tribuna da Imprensa n° 4.299, Rio, RJSexta-feira, 13.03.1964 Comício Serve Como Senha à Agitação
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – XXXIII
Bagé, 10.02.2025 Continuando engarupado na memória: Tribuna da Imprensa n° 4.296, Rio, RJTerça-feira, 10.03.1964 Em Primeira Mão(Hélio Fernandes)