Sexta-feira, 31 de março de 2023 - 15h40
Bagé, 31.03.2023
Graças ao Ten Cel
Vandir Pereira Soares Júnior e o ST Luiz Mário Severo Ávila tive acesso, no dia
09.02.2019, à coletânea do Periódico “O
Pium”, criado em maio de 1974, pelo Sr. Ten Cel Eng QEMA João Tarcízio
Cartaxo Arruda, Comandante do 6° BEC, que relata o dia-a-dia da valorosa
família do “Batalhão Simón Bolívar”.
Reproduzirei um deles cujo conteúdo reflete muito bem o tenebroso momento histórico
que hoje vivenciamos e a aurora precursora que iluminou os horizontes da Pátria
novamente. Como disse o Gen Ex Maynard Marques de Santa Rosa:
Os
chefes militares da época não se omitiram de assumir os riscos inerentes ao
desafio, e agiram com coragem moral e decisão, afastando a ameaça.
O PIUM
ô Eu vi minha Pátria
Renascer – 31 de Março ô
Eu vi minha Pátria Renascer
esplêndida, majestosa, altaneira. Eu vi minha Pátria reviver em meio das
brigas, das lutas, do vendaval pavoroso da multidão enlouquecida. Era um
cenário rude, torpe, muito estranho. O respeito não mais distinguia os
ambientes de trabalho; o calor humano não tinha valor algum perante os
interesses materiais.
Só a baderna encontrava
destaque nos setores onde, frequentemente se alicerçava a discórdia. O quadro
apresentado nada mais era do que um cenário de indisciplina e desrespeito. Minha
Pátria queria sobreviver, impor a ordem, dignificar o respeito à criatura
humana.
Sentia o peso da
responsabilidade que lhe cabia de manter incólume as glórias de sua tradição;
de preservar a ação benemérita de seus antepassado, de defender o valioso
patrimônio histórico de suas glórias, conquistadas atreves dos tempos, em
longos anos de extremado sacrifício. O panorama da época se mostrava entristecedor.
Não se divisava entendimento. Eram feitos degradantes onde o ódio palmilhava
à risca sua trilha nefanda.
O princípio de autoridade
sucumbia de maneira deprimente, cedendo lugar aos abusos da ação licenciosa.
Era um verdadeiro tumulto. Minha Pátria esteve à beira do abismo, seduzida
sorrateiramente pelo engodo de falsos compatriotas, os famigerados do poder
que, no intuito de conquista-lo, se lançaram no mísero ridículo da hipocrisia. A
dignidade levianamente ia decrescendo de valor, subestimada em detrimento da
maldade, na preservação da imunda crueldade.
Só se falava em guerra, greve,
revolta, na luta dos direitos forjados como justificativa de toda desordem. A
ordem e a justiça eram ridicularizadas em plena via pública numa projeção
clamorosa que atingia as raias da traição. Era sem dúvida um quadro deprimente.
Minha Pátria dileta, cuja
bandeira tremula altaneira em nossos mastros, nos quartéis, nos navios, nas
escolas, nas Unidades de Fronteira, da mais próxima à mais distante, simboliza
em nossos corações o amor arraigado pela Terra que nos viu nascer.
E quando ameaçada em sua
soberania, nos estimula ao processo de uma réplica austera, como sinal de
resposta ao insulto provocado. O grupo da veleidade se constituía de pequena
facção e foi por isso que não teve condição de sobreviver, apesar da força
aparente que manifestava ter.
Em boa hora surgiu a Revolução
de 31 de março de 1964, que teve como sustentáculo básico a mão redentora da
Divina Providência, permitindo que as Forças Armadas, alicerçadas em homens de
bem e de caráter elevado, assumissem as rédeas do poder e salvaguardassem e
integridade de nossa Pátria, cuja soberania esteve seriamente comprometida.
São decorridos onze anos. Hoje,
em todos os quadrantes do Brasil, comemora-se esta maravilhosa data que
representa o repúdio e extermínio à essa grande chaga do totalitarismo que
tentarem lançar no coração da nossa sacrossanta Nação, batizada que foi com o
nome de Terra de Santa Cruz.
Brasileiros fieis que somos,
ainda miramos espantados os perigos porque passamos e nos rejubilamos com o
evento da grande data, que nos restituiu a paz, e confiança e a tranquilidade
de vivermos numa terra ordeira, onde se cultiva o amor, atributo legado de
nossos antepassados.
No momento preciso, saberemos
sempre nos defender com denodo, espírito da brasilidade e alma verdadeiramente
patriótica.
Ten Saraiva (O PIUM,
N°10)
Bibliografia
O PIUM, N°10. Eu
vi minha Pátria Renascer – 31 de Março – Brasil – Boa Vista, RR – Informativo
Mensal do 6° BEC, 20.03.1975.
(*)
Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas,
Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;
Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do
Sul (1989)
Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre
(CMPA);
Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura
do Exército (DECEx);
Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério
Militar – RS (IDMM – RS);
Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando
Militar do Sul (CMS)
Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia
Brasileira (SAMBRAS);
Membro da Academia de História Militar Terrestre do
Brasil – RS (AHIMTB – RS);
Membro do Instituto de História e Tradições do Rio
Grande do Sul (IHTRGS – RS);
Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia
(ACLER – RO)
Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio
Grande do Sul (AMLERS)
Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da
Escola Superior de Guerra (ADESG).
Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).
E-mail: hiramrsilva@gmail.com.
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