Domingo, 8 de setembro de 2024 - 07h05
Bagé,
06.09.2024
Mais uma vez tenho a hora de repercutir um
artigo de meu caro Amigo, Irmão e Mestre Higino Veiga Macedo.
Salve Sapador
(Higino Veiga Macedo)
Criação
Onde
haja dedos sensíveis, mãos habilidosas, braços fortes, pernas resistentes e
cérebros dinâmicos, haverá um conjunto criativo e haverá CRIAÇÃO. O’HIgin
Salve! a todos os SAPADORES!
Os de ontem como os de hoje, sois
nascidos com o alvorecer da humanidade; sois o ancestral, daquilo que os gregos
e romanos cunharam como ENGENHARIA - gen-/gne- “nascer, gerar”, presente tanto
no grego quanto no latim; a cognação grega inclui o verbo “gígnomai” – “nascer;
gerar, produzir”... [Houaiss na UOL]. E foi isso o que o sapador sempre fez:
criar modificando e transformando a geografia.
E o nome SAPADOR, tão antigo como
humanidade, tem origem onde? Tem origem tão antiga quanto o ofício: ferramenta
de SAPA...
Sapa – ferramenta que produzia como
máquina e mantém sua utilidade simples até nesses atuais dias – a velha e
sempre presente PÁ. E de relevante
importância como o foi ontem, desde sua origem, como o é relevante hoje, apesar
de aparente primitividade.
Socorro-me dos meios de buscas
moderníssimos de nosso tempo, onde encontro uma gama de definição com o étimo
atual, mas de mesmo valor pretérito.
As ferramentas de sapa são ferramentas
do trabalho com a terra: fazer escavações, permitir perfurações, retirar terra,
cobrir com terra, enterrar, esconder, mostrar, guardar, resguardar, sepultar...
São dezenas de ferramentas consideradas de sapa... Pode-se eleger as mais
importantes em combate, ataque e defesa: o facão, a machadinha, a pá, o serrote, o malho e o cinzel. (https://www.google.com.br)
Quantas qualificações!... Quantas
evoluções, oh! Pá: pá carregadeira, pá mecânica, pá escavadeiras; umas sobre
rodas, outras calçadas de esteira. Mas até hoje ainda és a mesma da origem
humana que cria, transforma, inventa, reproduz... Ainda te mantém fiel à
origem... ainda te mantem importante no mesmo nível dos foguetes cósmicos, dos
computadores velozes, dos laboratórios que trabalham com a velocidade da luz...
No mesmo nível? Sim... sem a pá e os parceiros picareta e enxada para lhes dar
alicerce, suas moradas não existiriam...
Oh! ferramenta de sapa... seu trabalho
é bíblico: Torre de Babel; Muralhas de Jericó; é histórico: Pirâmides do
Egito; é estradeira: Via Ápia dos romanos; e todas as sete maravilhas do mundo
antigo. E das modernas e moderníssimas maravilhas, também.
Como dito, até hoje, é especialista
importante na guerra. O trabalho de sapa ainda ecoa nas trincheiras; nos fossos
anticarros; nos espaldões da artilharia; nas construções de abrigos individuais
dos infantes; nos plainar das margens dos rios dos pontoneiros; no sepultar os
mortos; nas armadilhas e campos de minas, dos engenheiros! Aí uma “especialidade”: sapador mineiro. Seu
feito ainda ecoa nos enfrentamentos às fortificações das posições defensivas da
história com seu complemento moderno: os diferentes explosivos.
Sem tuas famílias ferramenteiras, hoje
tão evoluídas e potentes com motores, não há tropa que se desloque no, e para
o, combate sem uma estrada, um caminho, uma trilha... feitos pelo trabalho de
sapa. Quão antigo é isso, os estradeiros!!!
Desde Alexandre, o Grande, passando
por Ápio Cláudio Cego na na construção e pavimentação da Via Ápia, iniciada em
312 a.C., seguido por Júlio Cesar, Napoleão, Caxias, Paton e, atualmente o
general Oleksander Sirski da Ucrânia, estão usando o terreno... terreno este,
preparado, modificado, melhorado pelos trabalhos de sapa tal qual seus
ancestrais guerreiros. Mesmo agora com modernas máquinas que voam.
Em se falando em “especialidade”, em “Portugal têm estatuto de Sapadores Bombeiros
ou Bombeiros Sapadores os corpos de bombeiros de cariz [semelhança] totalmente
profissional, isto é, que não admitem voluntariado. Onde estes profissionais
estão soube a tutela das câmaras municipais do respetivo concelho pertencendo
assim à administração local” [ipsi literis]. (Bombeiros sapadores – Wikipedia)
A guerra para qual sempre me preparei,
orgulhosamente sempre fui mais combatente sapador que criador de engenhos.
Aprendi que um trabalho mal feito compromete qualquer combate e até a guerra. O
exemplo foi a tão endeusada Linha Maginot.
Aprendi que uma sapador NUNCA PODE
ERRAR!!! Os explosivos não dão segunda oportunidade. As minas, não perdoam os
desatentos. As armadilhas dizimam os curiosos. A estrada mal feita liquida um
deslocamento. A ponte mal fixada compromete uma batalha.
Desejar apenas um BOM DIA é desejar
muito pouco ao SAPADOR que, a todo momento, tem nas suas lides o arriscar a
vida.
Eis o motivo que saúdo os de minhas
lides com um solene: SALVE SAPADOR!!! [Salve – imperativo de salvēre no sentido
de “passar bem, ter saúde”].
Há tempo, SAPADOR, penso que mereces
um dia para ser saudado, cultuado, reconhecido. Fostes importantes no Passo da
Pátria, preparando espaldões para a invasão, trabalhando na Ilha de Redenção, a
partir de 05 de abril de 1866. A inolvidável TRAVESSIA DO GRÃ CHACO, deu início
com a abertura de picadas. Picadas foram abertas a facões e foices. Seis mil
toras de carandá aparelhadas para estivar 2.930 metros de charco. Colho da obra
do Coronel de Engenharia LUCIANO DA ROCHA SILVEIRA, de seu livro “História Fatos e Ícones”: “Caxias fez
passar para o lado do Chaco, cujo bivaque se consolidou em 12 de outubro” [...]
“1 ala do Batalhão de engenheiros sob o
comando do Tenente Coronel Tibúrcio” (Ipsis literis). “Este começou de imediato o reconhecimento da área”. Ano de 1868, o
titânico esforço.
Portanto, tanto 05 de abril quanto 12
de outubro, dias antecessores, mas de preparação para o combate, seriam datas
emblemáticas para se cultuar o DIA DO SAPADOR em suas moradas: Batalhões de
Engenharia.
Higino
(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de
Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor
e Colunista;
Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do
Sul (1989);
Ex-Vice-Presidente da Federação de Canoagem de Mato
Grosso do Sul;
Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre
(CMPA);
Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura
do Exército (DECEx);
Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério
Militar – RS (IDMM – RS);
Ex-Vice-Presidente da Federação de Canoagem de Mato
Grosso do Sul;
Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando
Militar do Sul (CMS);
Ex-Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia
Brasileira (SAMBRAS);
Membro da Academia de História Militar Terrestre do
Brasil – RS (AHIMTB – RS);
Membro do Instituto de História e Tradições do Rio
Grande do Sul (IHTRGS – RS);
Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia
(ACLER – RO);
Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio
Grande do Sul (AMLERS);
Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da
Escola Superior de Guerra (ADESG);
Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN);
Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós
(IHGTAP)
E-mail: hiramrsilva@gmail.com.
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