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Gente de Opinião

Hiram Reis e Silva

Salve Sapador


Salve Sapador - Gente de Opinião

Bagé, 06.09.2024

 

Mais uma vez tenho a hora de repercutir um artigo de meu caro Amigo, Irmão e Mestre Higino Veiga Macedo.

 

Salve Sapador

(Higino Veiga Macedo)

 

Criação

Onde haja dedos sensíveis, mãos habilidosas, braços fortes, pernas resistentes e cérebros dinâmicos, haverá um conjunto criativo e haverá CRIAÇÃO.  O’HIgin

 

Salve! a todos os SAPADORES!

 

Os de ontem como os de hoje, sois nascidos com o alvorecer da humanidade; sois o ancestral, daquilo que os gregos e romanos cunharam como ENGENHARIA - gen-/gne- “nascer, gerar”, presente tanto no grego quanto no latim; a cognação grega inclui o verbo “gígnomai” – “nascer; gerar, produzir”... [Houaiss na UOL]. E foi isso o que o sapador sempre fez: criar modificando e transformando a geografia.

 

E o nome SAPADOR, tão antigo como humanidade, tem origem onde? Tem origem tão antiga quanto o ofício: ferramenta de SAPA...

 

Sapa – ferramenta que produzia como máquina e mantém sua utilidade simples até nesses atuais dias – a velha e sempre presente . E de relevante importância como o foi ontem, desde sua origem, como o é relevante hoje, apesar de aparente primitividade.

 

Socorro-me dos meios de buscas moderníssimos de nosso tempo, onde encontro uma gama de definição com o étimo atual, mas de mesmo valor pretérito.

 

As ferramentas de sapa são ferramentas do trabalho com a terra: fazer escavações, permitir perfurações, retirar terra, cobrir com terra, enterrar, esconder, mostrar, guardar, resguardar, sepultar... São dezenas de ferramentas consideradas de sapa... Pode-se eleger as mais importantes em combate, ataque e defesa: o facão, a machadinha, a , o serrote, o malho e o cinzel. (https://www.google.com.br)

 

Quantas qualificações!... Quantas evoluções, oh! Pá: pá carregadeira, pá mecânica, pá escavadeiras; umas sobre rodas, outras calçadas de esteira. Mas até hoje ainda és a mesma da origem humana que cria, transforma, inventa, reproduz... Ainda te mantém fiel à origem... ainda te mantem importante no mesmo nível dos foguetes cósmicos, dos computadores velozes, dos laboratórios que trabalham com a velocidade da luz... No mesmo nível? Sim... sem a pá e os parceiros picareta e enxada para lhes dar alicerce, suas moradas não existiriam...

 

Oh! ferramenta de sapa... seu trabalho é bíblico: Torre de Babel; Muralhas de Jericó; é histórico: Pirâmides do Egito; é estradeira: Via Ápia dos romanos; e todas as sete maravilhas do mundo antigo. E das modernas e moderníssimas maravilhas, também.

 

Como dito, até hoje, é especialista importante na guerra. O trabalho de sapa ainda ecoa nas trincheiras; nos fossos anticarros; nos espaldões da artilharia; nas construções de abrigos individuais dos infantes; nos plainar das margens dos rios dos pontoneiros; no sepultar os mortos; nas armadilhas e campos de minas, dos engenheiros! Aí uma “especialidade”: sapador mineiro. Seu feito ainda ecoa nos enfrentamentos às fortificações das posições defensivas da história com seu complemento moderno: os diferentes explosivos.

 

Sem tuas famílias ferramenteiras, hoje tão evoluídas e potentes com motores, não há tropa que se desloque no, e para o, combate sem uma estrada, um caminho, uma trilha... feitos pelo trabalho de sapa. Quão antigo é isso, os estradeiros!!!

 

Desde Alexandre, o Grande, passando por Ápio Cláudio Cego na na construção e pavimentação da Via Ápia, iniciada em 312 a.C., seguido por Júlio Cesar, Napoleão, Caxias, Paton e, atualmente o general Oleksander Sirski da Ucrânia, estão usando o terreno... terreno este, preparado, modificado, melhorado pelos trabalhos de sapa tal qual seus ancestrais guerreiros. Mesmo agora com modernas máquinas que voam.

 

Em se falando em “especialidade”, em “Portugal têm estatuto de Sapadores Bombeiros ou Bombeiros Sapadores os corpos de bombeiros de cariz [semelhança] totalmente profissional, isto é, que não admitem voluntariado. Onde estes profissionais estão soube a tutela das câmaras municipais do respetivo concelho pertencendo assim à administração local” [ipsi literis]. (Bombeiros sapadores – Wikipedia)

 

A guerra para qual sempre me preparei, orgulhosamente sempre fui mais combatente sapador que criador de engenhos. Aprendi que um trabalho mal feito compromete qualquer combate e até a guerra. O exemplo foi a tão endeusada Linha Maginot.

 

Aprendi que uma sapador NUNCA PODE ERRAR!!! Os explosivos não dão segunda oportunidade. As minas, não perdoam os desatentos. As armadilhas dizimam os curiosos. A estrada mal feita liquida um deslocamento. A ponte mal fixada compromete uma batalha.

 

Desejar apenas um BOM DIA é desejar muito pouco ao SAPADOR que, a todo momento, tem nas suas lides o arriscar a vida.

 

Eis o motivo que saúdo os de minhas lides com um solene: SALVE SAPADOR!!! [Salve – imperativo de salvēre no sentido de “passar bem, ter saúde”].

 

Há tempo, SAPADOR, penso que mereces um dia para ser saudado, cultuado, reconhecido. Fostes importantes no Passo da Pátria, preparando espaldões para a invasão, trabalhando na Ilha de Redenção, a partir de 05 de abril de 1866. A inolvidável TRAVESSIA DO GRÃ CHACO, deu início com a abertura de picadas. Picadas foram abertas a facões e foices. Seis mil toras de carandá aparelhadas para estivar 2.930 metros de charco. Colho da obra do Coronel de Engenharia LUCIANO DA ROCHA SILVEIRA, de seu livro “História Fatos e Ícones”: “Caxias fez passar para o lado do Chaco, cujo bivaque se consolidou em 12 de outubro” [...] “1 ala do Batalhão de engenheiros sob o comando do Tenente Coronel Tibúrcio” (Ipsis literis). “Este começou de imediato o reconhecimento da área”. Ano de 1868, o titânico esforço.

 

Portanto, tanto 05 de abril quanto 12 de outubro, dias antecessores, mas de preparação para o combate, seriam datas emblemáticas para se cultuar o DIA DO SAPADOR em suas moradas: Batalhões de Engenharia.

 

Higino

 

 

(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;

 

Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989);

Ex-Vice-Presidente da Federação de Canoagem de Mato Grosso do Sul;

Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);

Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);

Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);

Ex-Vice-Presidente da Federação de Canoagem de Mato Grosso do Sul;

Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS);

Ex-Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);

Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);

Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);

Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO);

Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);

Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS);

Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG);

Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN);

Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós (IHGTAP)

E-mail: hiramrsilva@gmail.com.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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