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Gente de Opinião

Hiram Reis e Silva

Santarém – Monte Alegre


  Santarém – Monte Alegre - Gente de Opinião


Hiram Reis e Silva (*), Santarém, PA,


Quando eu e o Coronel Flávio André Teixeira desembarcamos no aeroporto de Santarém, uma viatura do 8° Batalhão de Engenharia de Construção (8° BEC – Batalhão Rondon) aguardava-nos para conduzir-nos até o porto onde estava ancorada, além das embarcações fluviais do 8° BEC, a Delta, um pequeno barco regional de 14,0 m, de propriedade do ex-Cabo de Engenharia Mário Elder Guimarães Marinho que nos apoiaria em mais uma jornada pelos amazônicos caudais. O Sargento Adailson da Costa Branches nos recebeu com a costumeira cortesia dos discípulos de Vilagran Cabrita. Nossos pertences foram rapidamente levados para a embarcação de apoio onde conhecemos o Marcos Teixeira Guimarães, tio da companheira do Mário, que se revezaria com ele na condução da nau. Depois de um refrescante banho, fomos até o restaurante Raiana onde degustamos um pirarucu antes de nos recolhermos para o pernoite na balsa Rondon.

03.03.2015 (terça-feira) – Santarém – Comunidade Cueiras (Lago Grande de Monte Alegre)

Acordamos às 05h00 e partimos antes do alvorecer. A escuridão era total, por segurança coloquei minha lanterna de cabeça e fui margeando a costa santarena. Quando o Mário parou para comprar gelo, segui em frente procurando ganhar tempo. No meu planejamento eu calculara que sob condições ideais eu conseguiria vencer os 120 quilômetros que me separavam de Monte Alegre em apenas um dia.

Santarém, a perola do Tapajós, estava totalmente envolta pelo manto escuro da noite e embalada pelos braços preguiçosos do deus alado Morfeu. O cadenciar silente do remo rompendo a superfície das belas águas do Tapajós me extasiava e eu avistava entusiasmado as águas do Rio-mar à minha frente. Era difícil de crer mas eu estava, definitivamente, prestes a finalizar a maior e a mais desafiadora missão de minha vida, uma missão auto-atribuída engendrada em 2007 e que se iniciara em 1° de dezembro de 2008 em Tabatinga.


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Luar em Cueiras

 

A embarcação de apoio alcançou-me quando eu já singrava a águas tumultuárias do Rio das Amazonas. Os quinze quilômetros iniciais transcorreram sem qualquer inconveniente mas a partir daí as chuvas acompanhadas pelos fortes ventos alísios e ondas frontais que ameaçadoramente varriam o convés acompanharam-me sem dar trégua. A cheia submergira grande parte das praias e era necessário escolher cuidadosamente os locais de parada.

Os grandes pingos das torrenciais chuvas tropicais mais pareciam lágrimas de uma Amazônia que se despedia lamuriosa de seu dileto filho adotivo. Um lamento que percutia uma melancólica sinfonia no casco de minha frágil embarcação ao mesmo tempo que seus fluídos e mornos braços envolviam carinhosamente meu corpo fatigado pelo repetitivo esforço.

Por volta das 16h30 avisei à equipe de apoio que seria impossível alcançar Monte Alegre naquele mesmo dia e que deveríamos doravante ficar atentos e buscar um lugar seguro para ancorar a Delta e montar nosso acampamento.

Depois de remar por 85 km, aportamos na Comunidade de Cueiras em um braço de acesso ao Lago Grande de Monte Alegre. As águas do Amazonas afluíam velozmente para o interior do Lago. Enquanto tomava meu banho e lavava a roupa que usara durante o dia, o Mário e o Marcos foram pescar, sem sucesso. O pôr-do-Sol e a lua cheia deram um toque especial a este primeiro dia de nossa derradeira jornada.

O Lago Grande com aproximadamente 35 km de largura é um verdadeiro “Mar de Dentro”. Encontran-se ainda, na margem esquerda do Amazonas, os piscosos Lagos do Socoró, Acari, Panacun, Paituna e Jacaré da Capa.

04.03.2015 (quarta-feira) – Comunidade Cueiras (Lago Grande de Monte Alegre) - Monte Alegre, PA

Partimos cedo rumo a Monte Alegre. A viagem transcorreu sem incidentes, as praias, agora totalmente submersas, formavam rápidos (maresias, banzeiros) e as ondas brotando de todos os quadrantes chocavam-se contra o casco do caiaque Cabo Horn que as transpunha fleumatica e arrojadamente. As belas paisagens dos igapós, cenas de ribeirinhos pescando, navegando ou ocupando-se de sua faina diária sucediam-se humanizando e alegrando minha derradeira jornada.

O Amazonas na altura da Ilha de Gurupatuba, situada a Leste de Monte Alegre, atinge uma largura de 9.000 m em uma região pontilhada de ilhas e canais.

Por volta das 11h30 avistamos, desde o Amazonas, Monte Alegre que dominava sobranceira um outeiro ao longe e logo depois penetramos no sinuoso Rio Gurupatuba que margeia a altaneira povoação. Despachei a embarcação de apoio para que tivessem mais tempo de escolher um local para estacionar e o Coronel Teixeira pudesse contatar nossos amigos da Polícia Militar. Quando cheguei, o Mário já tinha aportado a Delta à jusante do Porto e o Coronel Teixeira já havia desembarcado. Imediatamente iniciei minha sistemática rotina – banho, lavar roupas, “almojantar” e baixar as fotos tiradas pelo Mário para o computador.

Tivemos muita sorte com o apoio da Polícia Militar em Monte Alegre, almoçamos, por volta da 14h00, com o Tenente-Coronel Emerson da Paixão Barbosa, Comandante do 18° BPM e o Sargento PM Edilson Antônio Bezerra do Nascimento, Comandante do Destacamento Policial da CANP. O Sargento Bezerra, devidamente autorizado pelo seu Comandante, prontificou-se a nos acompanhar nos reconhecimentos à Pedra e Gruta do Pilão. O Bezerra insistiu para que ficássemos alojados no quarto de hóspedes da sua confortável residência.

A total falta de apoio por parte do Comando Militar do Norte (CMN) foi sobejamente compensada pela cordialidade e hospitalidade demonstrada, mais uma vez, por nossos caros amigos da Polícia Militar do Estado do Pará. O Bezerra nos levou até a Secretaria de Turismo do Município onde pude conhecer pessoalmente o Roberto de Deus. Em julho do ano passado estabelecera contato com o Roberto que se prontificara em nos receber e mostrar as belezas naturais de sua cidade. O Roberto nos aguardara ontem no porto como havíamos combinado, mas como meu telefone celular havia entrado em pane em Santarém não pude, infelizmente, avisar-lhe do adiamento inevitável. Ficou combinado que amanhã, de manhã, iríamos no carro do Sargento Bezerra até o seu Destacamento na CANP e de lá, na viatura da PM, nos deslocaríamos até Serra do Pilão.

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Igreja de São Francisco de Assis, Monte Alegre, PA

CANP (Colônia Agrícola Nacional do Pará): O Distrito Inglês de Souza, instalado em 26.04.1928, em Monte Alegre, PA, e administrado pelo engenheiro agrônomo Álvaro Cavalcante de Albuquerque. Durante o Governo do Presidente Getúlio Vargas foi criado um grande projeto de integração nacional denominado “Marcha para o Oeste”. O projeto tinha por objetivo ocupar e desenvolver o interior do Brasil diminuindo os desequilíbrios regionais através da migração e estabelecia como metas: a reforma agrária, a criação de colônias agrícolas, a construção de estradas e o incentivo à produção agropecuária. A criação das Colônias Agrícolas Nacionais (CAN’s) foi uma das principais ações dessa política migratória. Em 30.01.1942, o Distrito Inglês de Souza foi transformado em Colônia Agrícola Nacional do Pará – CANP, permanecendo sob a administração de Álvaro C. de Albuquerque. O governo copiava a experiência bem sucedida da Companhia de Terras Norte do Paraná responsável pela colonização da região Oeste daquele Estado, nas décadas de 1920 e 1930, implantando pequenos loteamentos rurais. Na realidade o projeto alcançou sucesso na maior parte de suas propostas pois durante seus 40 anos de implantação fundou mais de 40 vilas e cidades, construiu 19 campos de pouso, contatou mais de 5 mil índios e percorreu mais de 1,5 mil quilômetros de picadas e rios. Em 1951, a CANP passou a subordinar‑e ao Instituto Nacional de Imigração e Colonização (INIC) com a denominação de Núcleo Colonial de Monte Allegre. (Hiram Reis)

05.03.2015 (quinta-feira) – Monte Alegre, PA

Depois de saborear um delicioso desjejum preparado pela sra. Marlene Janaina Nunes do Nascimento, mais conhecida como Branca, esposa do nosso caro amigo e Ir\ Bezerra, acompanhado por seus amáveis filhos João e Antônio fomos buscar o Roberto de Deus e o Cb Mário Élder antes de partirmos para a CANP. No deslocamento para a CANP, podíamos observar os curiosos “Campos de Monte Alegre” onde a típica vegetação de cerrado apresenta variações características regionais variando conforme o relevo e o tipo de solo. A vegetação predominante é formada por arbustos e gramíneas, o solo é arenoso e o relevo muito plano. Estávamos percorrendo a região conhecida como o “Domo de Monte Alegre”.

Domo de Monte Alegre: O Domo de Monte Alegre consiste de uma estrutura elipsóide com diâmetros que oscilam de 15 a 25 km e altitudes que vão dos 50 m chegando a ultrapassar, eventualmente, os 400 m. O Domo é formado por serras isoladas como a do Ererê, Itauajurí, Maxirá e Paituna e apresenta duas falhas, uma ao Norte – Serra do Itauajuri, e outra a Sul – Serras do Ererê e Paituna. Os pontos culminantes da área de várzea do Rio Amazonas estão localizados nas serras do Ererê e Paituna. (Hiram Reis)

O Roberto de Deus mencionou, durante a viagem, algo sobre as águas sulfurosas que procuramos aqui ampliar através de um artigo publicado, em 30.01.2015, no site tcnnews.com.br (Portal de Notícias Tribunada Calha Norte).

Projeto Prevê a Revitalização da Sulfurosa em Monte Alegre

Uma equipe da Defesa Civil juntamente com a Secretaria de Turismo do Município de Monte Alegre realizaram um levantamento topográfico em toda a área do terreno da Sulfurosa, distante cerca de 13 km da cidade de Monte Alegre. As medições topográficas servirão para avaliar os custos de uma futura revitalização da Sulfurosa, para poder voltar a funcionar como ponto turístico e medicinal no Município de Monte Alegre. A Sulfurosa fica localizada na planície do Ererê, distante cerca de 13 km da cidade, é uma área onde se detectou a presença de uma fenda da crosta terrestre que expele águas termais. O local é de fácil acesso pela rodovia PA 255, hoje asfaltada. [...] (tcnnews.com.br)

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Pedra do Pilão

No Destacamento, por volta das 10h00, embarcamos na viatura policial, conduzida pelo Soldado PM Porfírio, com destino à Serra do Pilão. No deslocamento fizemos algumas paradas providenciais para admirar as curiosas formações rochosas e dentre elas uma em especial – a Pedra da Tartaruga. Uma árvore caída forçou-nos a buscar um caminho alternativo, felizmente o Roberto conhecia a região como a palma de sua mão e logo chegamos ao pé da Serra onde está localizada a Pedra do Pilão.

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A íngreme subida forçava-nos a realizar algumas paradas estratégicas para descansar e admirar a beleza invulgar da paisagem. A Pedra do Pilão, é o monumento natural mais característico do Município e a visão do gigantesco monólito é imediatamente associada à cidade de Monte Alegre. Independentemente do ponto de vista do observador, seja inferior, lateral ou superior, de qualquer quadrante sua magnífica imagem não perde a imponência ou a beleza.

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Guariba


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Da Pedra do Pilão fomos para a Gruta do Pilão. Desde a estrada de acesso verifica-e o descaso de alguns populares com este fantástico patrimônio cultural da humanidade. O lixo e o vandalismo patrocinado por motoqueiros irresponsáveis comprometem seriamente este cenário histórico. As marcas de derrapagem dos pneus traseiros das motos podem ser encontradas inclusive no interior da gruta bem como restos de fogueiras que cobrem de fuligem as seculares pinturas rupestres. Felizmente o Roberto vem fazendo visitas periódicas com crianças da rede escolar para que as mesmas tenham condições de aquilatar e valorizar este patrimônio que transcende as fronteiras nacionais. Quando adultas elas certamente lutarão para preservá-lo e respeitá-lo. Apesar disso a Gruta também é magnífica, documentei algumas de suas inscrições, fotografei as raízes de fícus que se lançam desde as fissuras superiores como verdadeiras cortinas temporais e seus colossais salões, observei assustados morcegos que se mantêm curiosamente dependurados no teto da caverna apoiados, além das patas traseiras, também pelas garras das asas. Retornamos à cidade plenamente satisfeitos e recompensados com a visita.

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06.03.2015 (sexta-feira) – Monte Alegre, PA

No dia seguinte, pela manhã participamos de uma confraternização em homenagem ao dia da mulher no 18° BPM que incluía, também, uma referência aos aniversariantes do mês e à despedida de uma das policiais militares. A parte mais hilária da alegre comemoração foi a despedida da Sargento PM Dolores em forma de verso:

Dolores

(2° Sgt PM Jorlando da Conceição Alves)



Hoje nos reunimos aqui

Para uma pessoa homenagear

Uma grande profissional

Que em breve vai nos deixar.



Nascida na Vila da CANP

Na humildade do seu lar

Sétima filha querida

Na família exemplar.



Caiu no mundo bem cedo

Em Rurópolis foi morar

Foi professora primária

Pra sua família ajudar.



Desempenhou suas atividades

Utilizando de maestria

Fez de tudo nessa vida

Até escrivã de delegacia.



Lá conheceu o amor de sua vida

Seu Chico foi seu namorado

Mas o destino lhe pregou uma peça

O homem fugiu meio cismado

Mas a morena é muito forte

E aqui achou o refugiado.



Mas seu Chico é cabra da peste

Sempre agiu com sinceridade

Justificou sua repentina saída

Que se tratou de uma fatalidade

E a morena eu atrapalhou

Custando-lhe a virgindade.



Fez parte das nossas fileiras

No ano de noventa e quatro

Já no seio da Força

Pegou seu Chico no ato

Casaram-se e vivem felizes

Agora no fino trato.



O casal é muito feliz

A tropa lhes tem afeição

Tiveram uma linda filha

E a amam de coração.



Daíla é o nome da jovem

Que solicita o seu calor

Titubeia seu jeito forte

E abala o seu amor.



Dividimos com ela um dilema

Enxaqueca que quase a deixa louca

E depois de muitos exames

Era só um dente torto na boca.



Entrou na Força Soldado

Foi Cabo com condição

Hoje é Sargento PM

Com fibra e galardão

Carinhosamente conhecida

Ministra da Educação.



A mulher é um estouro

De postura e coisa e tal

Trata todos com respeito

Ma que não lhe faltem a moral

Porque se pisarem seu calo

Ouve do Soldado ao General.



Sentiremos sua falta

Mas sabemos que seria assim

Vivemos vários momentos

Pena que vai ter fim

Seja feliz na sua vida.

Para que não fiquem dúvidas

E não paire errados odores

Estamos aqui falando

Da nossa Sargento Dolores.

Depois dos eventos patrocinados pelo 10° BPM, fomos até a Escola de Educação Infantil e Ensino Fundamental Cristã Paz cuja diretora Ivanilde Cordeiro Lobato proporcionou-nos a oportunidade de apresentar aos pequeninos um pouco de nossa saga amazônica e responder a algumas de suas indagações. Foi uma experiência extremamente gratificante, embora lecione desde julho de 2000 para crianças do 7° ao 9° ano no Colégio Militar de Porto Alegre, a espontaneidade, curiosidade e afetividade das crianças sempre me surpreendem e encantam. A escola faz parte do Projeto do Roberto de visitação aos sítios arqueológicos.

No final da tarde, acompanhados pela família Bezerra e do Roberto fomos de barco visitar o Museu e Biblioteca Professora Sinhazinha administrado por Mary Lins e José Lins. No Museu particular encontramos um pouco da história e diversos artefatos antigos que pertenceram aos cidadãos da cidade. Fomos brindados ao final da visita com generosas e deliciosas porções de sorvetes de frutas regionais.

A visita em Monte Alegre foi coroada de êxito graças ao apoio irrestrito do amigo e Ir\ maçom Sargento Bezerra e do Roberto de Deus. Infelizmente a Prefeitura passa por sérias dificuldades que culminaram com a cassação do ex-Prefeito e não nos pode apoiar substancialmente.

Guardaremos, para o resto de nossas vidas, o carinho e atenção da família Bezerra que, quem sabe, possamos retribuir nas plagas sulistas.


Fonte: (*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;

Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);

Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);

Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);

Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM - RS);

Sócio Correspondente da Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER)

Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);

Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS);

Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG).

Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).

E-mail: hiramrsilva@gmail.com;

Blog: desafiandooriomar.blogspot.com.br

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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