Quinta-feira, 24 de novembro de 2022 - 06h05
Bagé, 24.11.2022
É muito fácil ser socialista usufruindo das benesses
de um país capitalista e fazer a defesa da sua tese num barzinho sofisticado
saboreando bebidas caras.
Na América só o Equador e o Paraguai, até agora,
conseguiram escapar deste funesto flagelo.
A filosofia socialista é maravilhosa, mas o ser
humano ainda não está suficientemente evoluído para colocá-la em prática. Os
exemplos são por demais contundentes.
Entrevistei diversos refugiados venezuelanos em Boa
Vista, RR, e Manaus, AM, e as histórias são por demais macabras.
Só a alienação mental e o fanatismo podem levar um ser
“humano” enveredar por esta macabra
trilha. Convido a cada um destes desvairados seres a ler o que escrevo a partir
da página 89 do Tomo IV da coletânea “DESCENDO
O RIO BRANCO”.
Perguntaram-me, certa feita, se tinha amigos “Petralhas” e respondi e responderei
sempre – que não, que tinha apenas conhecidos. Não posso ser amigo de quem quer
transformar meu país em uma Venezuela, Argentina, Bolívia, Guatemala, Cuba...
Que o Grande Arquiteto do Universo vos abençoe
ilumine e guarde são os votos deste humilde Canoeiro eternamente em busca da
Terceira Margem.
DESCENDO O RIO BRANCO – TOMO IV
Crise Venezuelana
Origem da Crise Venezuelana
A Venezuela é detentora de uma das
maiores reservas petrolíferas do planeta ‒ uma benção concebida pelo Supremo
Arquiteto que a ambição desenfreada, endêmica corrupção e desídia humana
transformaram em uma praga maldita. Desde a 1ª Guerra Mundial a Venezuela foi
se tornando um dos países mais urbanizados da América Latina ao mesmo tempo em
que foi deixando de lado qualquer tipo de investimento em outras indústrias,
principalmente no agronegócio. O petróleo foi responsável, nas últimas duas
décadas, por um percentual que variou de 95% a 99% das exportações
venezuelanas.
O petróleo foi um investimento
confiável e seguro enquanto o preço do barril estava no pico. De 2004 a 2015,
no governo de Hugo Chávez e no início da gestão de Nicolás Maduro, a partir de
2013, o governo bolivariano navegava seguro nos mares dos “petrodólares” financiando paternalistas programas sociais e
importando praticamente tudo que era consumido no país.
Em 2008, o barril de petróleo tinha
alcançado um pico de US$ 138,54, em junho de 2014 ‒ US$ 114,92 e em dezembro,
do mesmo ano, ‒ US$ 62,15. No início do ano de 2015 chegou US$ 46,59. Além da
baixa cotação de seu principal produto de exportação, a produção também sofreu
uma queda significativa, enquanto nos idos de 1999, a Venezuela produzia mais
de 3 milhões de barris por dia, na atualidade este volume caiu em mais de 50%.
O péssimo desempenho das
Petrolíferas de Venezuela (PDVSA), comparável à sua coirmã brasileira
(PETROBRAS), ocorreu, também, em virtude da má gestão de seus dirigentes,
devassos e incapazes. Não foi realizado nenhum investimento na infraestrutura
da empresa minada por uma corrupção descomedida.
De 2017 até os dias de hoje, a
justiça venezuelana processou mais de 100 funcionários e dirigentes por
corrupção. Entre 2014 e 2015, houve um desviou US$ 1,2 bilhão.
Outra grande contribuição para a
deterioração das finanças da PDVSA foi a criação, pelo fanfarrão Hugo Chávez,
da PETROCARIBE, que fornecia petróleo a preços mais baixos para os países
caribenhos alinhados ao chavismo, com financiamentos a prazos por demais
estendidos.
Refugiados
Venezuelanos
Juiz Federal
Oswaldo José Ponce Pérez
[Baseado no Artigo da Brasil Norte Comunicação (BNC) de Israel Conte ‒
“Refugiado, Juiz Relata Perseguição
Política e Morte na Venezuela”]
São inúmeros casos de perseguidos
políticos e de esfomeados populares venezuelanos que procuraram refúgio
noutros países. Dados oficiais apontam para 2,3 milhões de refugiados, mas esse
número é consideravelmente maior.
Na Colômbia mais de 1 milhão
buscaram abrigo, no Peru mais de 400 mil, no Chile mais de 100 mil, Argentina
quase 100 mil e no Brasil quase 50.000.
Muitos
anônimos, outros, nem tanto, como é o caso do Juiz Federal venezuelano Oswaldo
José Ponce Pérez. Perseguido desde o governo de Hugo Chávez e agora por Nicolás
Maduro por ter se recusado a desapropriar famílias que possuíam legitimamente
terras em áreas de grande concentração de minérios. Relata-nos o juiz Ponce
Pérez:
Foi quando o governo [na época
Hugo Chávez] queria que eu me prestasse, junto com a Guarda Nacional e com o
Ministério Público e todo aquele esquema de corrupção institucionalizada, a
colocar 200 famílias na cadeia, simulando serem traficantes de drogas e de
armas, para tomar suas terras. Como não aceitei eles começaram a me atacar,
primeiro institucionalmente. Tentaram tomar meus bens, mas não conseguiram
porque estavam todos declarados. Logo depois, tentaram me prender por crime
militar, mesmo sem eu ser militar. Não conseguiram, pois tinham poder político,
mas não tinham o conhecimento jurídico.
O juiz refugiou-se no Brasil,
temendo por sua vida, depois de as forças bolivarianas terem incendiado seu
carro, e, em 2013, assassinado seu filho mais velho, de apenas 24 anos.
Narra-nos o juiz Ponce Pérez:
Acabaram com a minha vida,
decidi abandonar meu país, porque o próximo passo deles seria me matar.
Nos dois anos que se seguiram
regularizou sua documentação, vendeu a mansão em que morava e todos os seus
bens para abandonar a Venezuela. Buscando refúgio no Brasil em virtude da crise
política, moral e econômica que ainda assola sua Pátria.
Depois de uma traumática
experiência como ajudante de mecânico de maus brasileiros, e este,
infelizmente, não é um caso isolado, em que se aproveitando da situação
desesperadora dos imigrantes usam de má fé fazendo-os trabalhar apenas em troca
de comida e abrigo ou pagando-lhes um valor inferior ao combinado.
Infelizmente ouvimos muito relatos
desses fatos em Boa Vista. Depois desta malograda tentativa o juiz resolveu
ganhar a vida como artista de rua, tocando o violão clássico e harpa,
instrumentos cuja técnica dominava há quase trinta anos. Conta-nos o juiz Ponce
Pérez:
Levo os instrumentos para as
ruas, praças e eventualmente festas ou aniversários. É uma maneira de pagar as
contas e me sustentar. A música é uma atividade espiritual, empreguei-a como
alternativa para suportar o trauma causado por esta mudança tão brusca, e ainda
levo alegria aos outros.
Ponce Pérez
espera revalidar seu diploma de advogado e atuar na área de direito no Brasil.
Sua expectativa é de um dia voltar à Venezuela. Diz-nos o juiz Ponce Pérez:
Sempre gostei do Brasil. Já tinha
vindo há muitos anos, como turista. É um povo hospitaleiro como nenhum outro do
mundo. Agradeço em meu nome e em nome de todos os venezuelanos que estão vindo
para cá. Claro que amo minha pátria, onde nasci, cresci e me formei. Gostaria
de voltar um dia quando as coisas melhorarem. Mas quero ter dupla cidadania e
uma residência aqui também.
(https://bncamazonas.com.br/poder/perseguicao-politica-venezuela-assassinato-brasil)
Engenheiro Jesus Luís Salazar
Perambulando por Boa Vista, RR, conheci Jesus Luís Salazar, um
simpático engenheiro venezuelano que ainda não conseguiu definir qual a melhor
alternativa a adotar. Vejamos a entrevista de Jesus:
Eu era engenheiro das “Petrolíferas
de Venezuela” (PDVSA) e levava uma vida normal, tranquila, até que, de
repente, a situação mudou drasticamente provocando uma mudança radical no modo
de vida de todo povo venezuelano. Minha irmã veio para Boa Vista (RR) e abriu
este negócio. Como ela está convalescendo de uma cirurgia eu vim substituí-la,
temporariamente, até que ela se recupere totalmente. Enquanto isso, estou
analisando alguns projetos que possam me levar a recuperar minha qualidade de
vida trabalhando como engenheiro.
Se encontrasse alguma proposta
renunciaria a qualquer possível indenização da PDVSA e partiria para um novo
desafio talvez em Santa Catarina ou Rio Grande do Sul ou mesmo no Chile. Para
isso preciso regressar à Venezuela e trazer meus documentos para dar entrada
com meu pedido de regularização no Brasil. Tive de sair da Venezuela porque lá
não se consegue comprar nada, há uma crise radical. Meus vencimentos são 1.000
bolívares e um frango custa 2.000 ([1]), o
quilo de arroz 3.000 ou mais. Diz Maduro que com as novas medidas tomadas a
economia irá se recuperar em seis meses, mas eu não creio que elas tenham o
sucesso almejado. A inflação venezuelana é algo incompreensível, a insegurança
é total.
No dia em que vinha para o Brasil, ao sair de minha casa, ao
tomar um táxi, dois motociclistas armados roubaram a minha maleta. Na Venezuela
quando vamos trabalhar, não sabemos se regressaremos vivos à nossa casa. Lá os
serviços públicos são baratos e a gasolina, em especial, também é, porém, o
salário mínimo é de 180 bolívares e um litro de óleo lubrificante 40.000, não é
absolutamente possível manter um veículo.
Enquanto isso o governo
e os grandes empresários, com ele alinhados, dispõem dos
melhores carros e em excelentes condições.
Apesar de tudo isto, o povo chavista continua glorificando o maldito governo
Maduro. (Jesus Luís Salazar)
Link do livro Descendo o Branco
– Tomo IV
https://www.ecoamazonia.org.br/wp-content/uploads/2022/05/23-Descendo-o-Branco-Tomo-IV-346-pg.pdf
(*)
Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas,
Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;
Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do
Sul (1989)
Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre
(CMPA);
Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura
do Exército (DECEx);
Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério
Militar – RS (IDMM – RS);
Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando
Militar do Sul (CMS)
Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira
(SAMBRAS);
Membro da Academia de História Militar Terrestre do
Brasil – RS (AHIMTB – RS);
Membro do Instituto de História e Tradições do Rio
Grande do Sul (IHTRGS – RS);
Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia
(ACLER – RO)
Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio
Grande do Sul (AMLERS)
Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da
Escola Superior de Guerra (ADESG).
Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).
E-mail: hiramrsilva@gmail.com.
[1] No dia
20.08.2018, o governo venezuelano, que enfrenta a maior inflação do mundo,
segundo o FMI chegaria este ano a 1.000.000%, criou uma nova moeda, o bolívar
soberano, com cinco zeros a menos.
(Hiram Reis)
Galeria de Imagens
* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – X
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Silva, Bagé, 11.12.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 224, Rio de Janeiro, RJ Quarta-feira, 25.09.1963 Lei das Selvas T
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