Quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024 - 06h25
Bagé, 14.02.2024
Walter
Spalding, no seu livro “A Revolução Farroupilha”
relata os eventos ocorridos em 1836:
DIAS 7-8 [04.1836]: As forças revolucionárias,
comandadas por João Manuel de Lima e Silva – tio do mais tarde Duque de Caxias
–, entram em Pelotas após renhida batalha. Os imperiais, comandados pelo Major Manuel
Marques de Souza [mais tarde Conde de
Porto Alegre] resistiram até o fim, e só se renderam ao terem conhecimento da
derrota do Coronel Albano de Oliveira Bueno,
no “São Gonçalo”, pelas forças de
Neto que formava a retaguarda das de Lima e Silva. Nesse combate do “São Gonçalo”, depois de heroica
resistência, foi preso o Coronel Albano e, em viagem para Porto Alegre, cobardemente
assassinado por negros que, em seguida ao crime, fugiram, nunca mais se tendo
notícias deles. Na tomada de Pelotas ficou prisioneiro o Major Marques de
Souza, que foi enviado para Porto Alegre e metido na célebre “Presiganga” ([1]),
de onde, com a conivência do carcereiro e de colonos de São Leopoldo chefiados
pelo Dr. João Daniel Hillebrand, promoveria, em grande parte, a reação de 15 de
junho que restituiu a capital aos imperiais. Foi o seguinte o Termo de
Capitulação assinado por Marques de Souza:
A força que tenho a honra de comandar, querendo evitar
efusão de sangue de seus compatriotas, que necessariamente correrá se não lhe
admitirem uma capitulação honrosa, declara que deporá as armas, se o Comandante
da força que nos sitia garantir as vidas e todas as mais considerações com que
entre povos civilizados se costumam tratar os prisioneiros; protestando no
caso de se lhe negarem estas condições não as abandonar senão quando tenham
exalado o último suspiro; pois que prezam mais
a honra, que a vida sem ela.
Manuel Marques de Souza. Major Comandante Militar da cidade
de Pelotas.
O Comandante da força sitiante da cidade de Pelotas,
desejando evitar efusão de sangue brasileiro, que impreterivelmente haveria se
a força sitiada não depusesse as armas, declara que aos militares, e mais
indivíduos da força sitiada, serão garantidas as vidas; e todas as mais
considerações com que entre povos civilizados é costume tratar-se os
prisioneiros, e isto em toda a sua plenitude desde o momento em que eles
depuserem as armas.
Cidade de Pelotas, 07.04.1836. João Manuel de Lima e Silva, Cmt interino das Armas. (SPALDING)
Ernesto Ferreira França Filho (1870)
Em junho de 1801, chegando ao Rio Grande do Sul a notícia da guerra entre Portugal e a Espanha, cuidou logo o Tenente-General Sebastião Xavier da Veiga Cabral em tratar da defesa de todos os povos daquela Capitania. Estas medidas assustando o inimigo o fizeram abandonar todas as vertentes da Lagoa Mirim, ficando os nossos estabelecimentos cobertos pelo Rio Jaguarão. (FILHO)
04.01.1828 – LAGOA MIRIM, RS. Guerra da Cisplatina. O Iate-canhoneira “19 de Outubro” foi atacado por lanchões corsários argentinos da flotilha de Gerônimo Soriano, o conhecido guerrilheiro “Chantopé”. [...] O barco seria retomado três meses depois. [...]
05.01.1828 – LAGOA MIRIM, RS. Guerra da Cisplatina. Flotilha de lanchões corsários argentinos, sob o comando de Gerônimo Soriano, o “Chantopé”, ataca a canhoneira “Catalão”, do comando de Souza Junqueira. Enquanto combatia a canhoneira, outros lanchões apresaram dois iates mercantes que levavam provisões, sob escolta da “Catalão”. Um dos apresadores foi o iate-canhoneira “19 de Outubro”, ex-brasileiro, tomado na véspera pelos corsários. No dia 20, a “Catalão” foi visada outra vez pelo Chantopé. A tripulação, não a querendo em mãos inimigas, incendiou-a.
20.01.1828 – LAGOA MIRIM, RS. Guerra da Cisplatina. O iate-canhoneira “Catalão”, do comando do Tenente Souza Junqueira, foi abordado por cinco lanchões corsários. Ao fim de luta desesperançada, o Comandante ordenou o desembarque da tripulação e a queima do barco.
22(?).02.1836 – LAGOA MIRIM, RS. Guerra dos Farrapos. O iate Oceano, do Tenente Manuel Joaquim de Souza Junqueira, intima à rendição o cúter ([2]) Farroupilha “Minuano”. Seguiu-se combate, indo a pique o cúter, com o seu Comandante Tobias dos Santos Robalo e 18 marinheiros [...] (DONATO)
A 21 de outubro, aniversário de nascimento, o Brasil reverencia a memória do homem que traçou as grandes linhas do desenvolvimento do país: Irineu Evangelista de Souza ‒ Barão e Visconde de Mauá. Nasceu em 1813, no extremo Sul do País, Município de Arroio Grande, junto à Lagoa Mirim. De ascendência humilde, órfão de pai aos cinco anos, foi levado para o Rio de Janeiro em 1822 por um tio que era Capitão de navio. Aos onze anos empregou-se num armarinho como caixeiro.
Em 1830, passou a trabalhar na firma importadora Ricardo Carruthers, onde aprendeu contabilidade, inglês e a arte de comerciar. Sete anos depois tornou-se sócio-gerente da firma que lhe foi entregue em 1839, quando Carruthers retornou à Inglaterra. No mesmo ano, Mauá mandou buscar sua mãe, uma irmã e a sobrinha Maria Joaquina de Souza Machado, com quem se casou em 1841, depois de sua primeira viagem à Europa. O comércio era no Brasil, mais que alhures, uma posição inferior. Nenhum rapaz de boa família pensava a ele se dedicar; só procurado por portugueses pobres e nacionais analfabetos. Contudo, Mauá impôs-se solitário. Ergueu-se porque o seu merecimento era excepcional e pode fascinar um patrão inteligente. Sem esse inglês, Ricardo Carruthers, talvez Irineu não tivesse aparecido no cenário superior do Brasil, como grande industrial, banqueiro, empresário de grandes obras, realizador no Brasil, diplomata na América do Sul.
Com o pioneirismo como sua característica principal, Mauá foi um entusiasta dos meios de transporte, especialmente das ferrovias. Foi quem primeiramente assentou trilhos no solo do Brasil: Estrada de Ferro Mauá, ligando Rio de Janeiro a Petrópolis. (BUCHMANN)
A Estação Ecológica do Taim é área de suma importância para o ecossistema do Sul do Brasil e de todo nosso continente americano. O Taim consiste em estreita faixa de terra entre a Lagoa Mirim, a Lagoa Mangueira e o Oceano Atlântico, onde centenas de espécies de aves de várias partes do mundo se encontram para acasalamento e reprodução.
Vivem ali também alguns mamíferos roedores nativos, como preás, pacas e capivaras. E mais peixes e répteis, como jacarés, cobras e outros pequenos animais característicos das áreas de banhados. Essa área esteve ameaçada pela exploração econômica com lavouras de arroz e criação de gado. São 33.000 ha de proteção ambiental que estão sendo expandidos para 100.000 ha se as autoridades nacionais pensarem primeiro na humanidade. Desde a cidade de Rio Grande, a paisagem, ao longo da BR 471, é praticamente a mesma. São uns 200 km até o Chuí, e à medida que se mergulha em direção ao Extremo Sul do país, os efeitos da presença do homem vão ficando mais e mais escassos. Veem-se campos, banhados e Lagoas de ambos os lados da estrada, e raros capões de mata nativa. A fauna é fantástica e ajuda a quebrar a monotonia da paisagem. Aves de todas as espécies e de todos os lugares do continente circulam por ali. Porém, estávamos em abril, e só a partir de agosto é que o cenário se torna riquíssimo. A Estação Ecológica, em si, ocupa quase vinte quilômetros de reta sem nenhum socorro e com animais de toda espécie cruzando a pista. (OSÓRIO)
Bibliografia:
BUCHMANN, Armando José. O Estranho Perfil Do Rio Descoberto: Ensaios ‒ Brasil ‒ Brasília, DF ‒ Editora Thesaurus, 2001.
DONATO, Hernani. Dicionário das Batalhas Brasileiras – Brasil – São Paulo, SP – IBRASA, 1987.
FILHO, Ernesto Ferreira França. Apontamentos Diplomáticos Sobre os Limites do Brasil – Brasil ‒ Rio de Janeiro, RJ – Revista Trimensal do Instituto Histórico Geográfico e Etnográfico do Brasil – Tomo 33, Parte Segunda – 4° Trimestre, 1870.
OSÓRIO, Paulo. O Portal ‒ Brasil ‒ Porto Alegre, RS ‒ Editora Age Ltda, 2005.
SPALDING, Walter. A Revolução Farroupilha – Brasil – São Paulo, SP – Companhia Editora Nacional, 1939.
(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;
Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989)
Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);
Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);
Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);
Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS)
Ex-Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);
Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);
Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);
Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO)
Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS)
Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG).
Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).
Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós (IHGTAP)E-mail: hiramrsilva@gmail.com.
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – X
Bagé, 20.12.2024 Continuando engarupado na memória: Tribuna da Imprensa n° 3.184, Rio, RJSexta-feira, 25.10.1963 Sindicâncias do Sequestro dão e
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – VI
Silva, Bagé, 11.12.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 224, Rio de Janeiro, RJ Quarta-feira, 25.09.1963 Lei das Selvas T
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – IV
Bagé, 06.12.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 186, Rio de Janeiro, RJSábado, 10.08.1963 Lacerda diz na CPI que Pressõessã
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – III
Bagé, 02.12.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 177, Rio de Janeiro, RJQuarta-feira, 31.07.1963 JB na Mira O jornalista H