Quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024 - 07h14
Bagé, 21.02.2024
Aspectos Históricos
Divergem opiniões sobre o significado do
vocábulo “Jaguarão”. Para alguns,
segundo Alfredo de Carvalho, seria o aumentativo português da palavra Tupi “jaguar” = onça; segundo outros, a
corruptela da “jaguanharação” ou cão
bravo ou onça brava, certo é que teve suas origens em um acampamento militar,
como, aliás, o tiveram vários Municípios do Estado do Rio Grande do Sul.
Deve seu primitivo nome, Guarda da Lagoa e
do Cerrito, a um Posto fortificado dos espanhóis situado a seis quilômetros da
atual cidade de Jaguarão. Aí, em 1801, devido a questões militares entre
Portugal e Espanha, estabeleceram-se as forças do Coronel Marques de Sousa.
Ajustada a paz em virtude
de armistício, a coluna Marques de Sousa retirou-se, ficando apenas uma pequena
guarda de 200 homens sob o comando do tenente-coronel Jerônimo Xavier de
Azambuja. Foi o acampamento dessa guarda que, se estendendo até a eminência ([1])
em que hoje assenta a cidade, deu início ao povoado. Posteriormente, o terreno
ocupado pela nova povoação foi doado ao Governo pela Viscondessa de Majé, e
compreende a área situada entre o Arroio Lagões, a Oeste; Quartel Mestre a
Leste, Rio Jaguarão, ao Sul; e a linha reta que une os dois pontos situados a
meia légua de fundo contada da Foz daqueles Arroios.
Entre os homens ilustres
nascidos em Jaguarão, sobressai a figura de Joaquim Caetano da Silva, homem de
ciência e historiógrafo, que nasceu em 20.11.1810 e morreu no Estado do Rio de
Janeiro a 27.02.1873.
Formação Administrativa: pela Resolução
Régia, de 31.01.1812, foi a Povoação elevada a Freguesia, sob a denominação de
Divino Espírito Santo do Cerrito, e a Vila, pela Lei de 06.07.1832, com o nome
de Jaguarão. A Vila prosperou rapidamente, tornando-se Cidade pela Lei
Provincial n° 322, de 23.11.1855. Segundo o quadro administrativo do País,
vigente em 31.12.1954 [...]. A Comarca de Jaguarão, criada em 25.10.1872, é
atualmente de 2ª entrância, compreendendo os termos de Jaguarão e Arroio
Grande.
Jaguarão tomou parte destacada em diversos
acontecimentos militares de nossa História, entre os quais a Revolução
Farroupilha, em 1835, e a Invasão Uruguaia de 27.01.1865, quando 1.500
caudilhos “blancos” invadiram e saquearam
a cidade, chefiados por Basílio Munhoz.
Foi nesta oportunidade que Jaguarão conquistou o título honroso de “Cidade Heroica”, quando Coronel Manoel Pereira Vargas comandou a defesa da cidade. (Fonte: IBGE).
Relato Pretérito ‒ Jaguarão
Domingos de Araujo e Silva (1865)
Espírito Santo de Jaguarão: sobre a margem esquerda do Rio do mesmo nome, cinco léguas acima de sua Foz e na Latitude Sul de 32°24’S e Longitude Oeste do Meridiano do Observatório do Rio de Janeiro de 09°17’99”, demora ([2]) a florescente cidade de Jaguarão, muito importante não só pelo comércio com o Estado Oriental do Uruguai o com o interior da Província, como por ser ponto fronteiro e nele permanecerem constantemente aquartelados um Regimento de Cavalaria e um Batalhão de Infantaria; fica em frente à Vila Oriental de Artigas e a 82 léguas da Capital.
A Cidade está colocada sobre um terreno docemente acidentado, é formada de muitas ruas que se cortam perpendicularmente, e tem de um e outro lado dois pequenos córregos que atravessam, o primeiro as Ruas dos Pescadores e da Trincheira, e o segundo as da Matriz, Boa Vista, Portão e Flores.
Entre seus edifícios públicos notaremos como principais a Igreja Matriz na Praça do mesmo nome, a cadeia na esquina das Ruas da Ponte e Direita, a casa da Câmara na Rua das Praças, o mercado na Praça da Marinha e o Quartel em frente à Rua das Palmas.
Teve origem esta cidade nos postos avançados de artigos bélicos mandados construir, em 1763, pelo Coronel Ignácio Eloy de Madureira, e pelo estabelecimento dos colonos vindos do Funchal para povoar a Província; foi elevada à categoria de Paróquia por Ato Régio de 31.01.1812, à de Vila por Decreto de 06.07.1832, e à de Cidade pela Lei Provincial n° 322 de 23.11.1855.
O seu Município, que é formado das Freguesias do Espírito Santo de Jaguarão, São João Baptista do Herval e Arroio Grande, e que é habitado por 13.648 almas, sendo a população da Cidade de cerca de 4.000, pertence à Comarca de Piratini e ao segundo Distrito eleitoral: existe em seu terreno, além de outros minerais, grande abundância de carvão de pedra e de mármores, argila refratária e xistosa, ferro carbonatado, grés carbonífero, grosseiro e vermelho, seixos rolados, xisto betuminoso, etc. [...]
O seu comércio não é tão próspero como era de esperar em razão do contrabando de sua fronteira e da Lagoa Mirim; sua exportação consta de produtos bovinos, e a importação de diversas mercadorias.
Tem comunicação com as Cidades de Pelotas e do Rio Grande por meio de uma linha de vapores, e com o centro da Campanha por uma [linha] de diligências.
Descansa a 28 léguas de Porto Alegre, 32 da Cidade do Rio Grande, 29 de Pelotas, 26 de Piratini, 33 de Bagé, 50 de Caçapava, 59 de S. Gabriel, 60 de Santana do Livramento, 87 de Alegrete, 109 da Uruguaiana, 114 de São Borja, 111 de Itaqui, 100 da Cruz Alta e 69 de Rio Pardo. (SILVA)
Discurso de Posse I
(Presidente Emílio Garrastazu Médici)
Homem da fronteira, creio em um mundo sem fronteiras entre os homens.
Sinto por dentro aquele patriotismo aceso dos fronteiriços, que estende ponte aos vizinhos, mas não aceita injúrias nem desdéns e não se dobra na afirmação do interesse nacional.
Creio em um mundo sem fronteiras entre países e homens ricos e pobres.
E sinto que poderemos ter um mundo sem fronteiras ideológicas, onde cada povo respeite a forma de outros povos viverem, onde os avanços científicos fiquem na mão de todo homem, na mão de todas as nações, abrindo-se à humanidade a opção de uma sociedade aberta.
Fronteiriço, não sei, não vejo, não sinto, não aceito outra posição do Brasil no mundo que não seja a posição de altivez.
Bibliografia
SILVA, Domingos de Araújo e. Dicionário Histórico e Geográfico da Província de São Pedro ou Rio Grande do Sul ‒ Brasil ‒ Rio de Janeiro, RJ ‒ Casa dos Editores Eduardo & Henrique Laemmert, 1865.
(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;
Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989)
Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);
Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);
Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);
Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS)
Ex-Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);
Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);
Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);
Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO)
Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS)
Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG).
Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).
Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós (IHGTAP)E-mail: hiramrsilva@gmail.com.
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