Quarta-feira, 15 de maio de 2024 - 08h10
Bagé,15.05.2024
Veleiros
Saldanha da Gama ‒ S. Vitória do Palmar
(Roberto Burgos Benedetti)
El
Sol de la tarde
Destella
en las ondas,
Dorando
la arena
Con
su resplandor [...]
Enormes
bandadas
De
ibises y patos,
Que
vuelven al nido
Desde
el arrozal. [...]
Más
tarde la noche
Lo
cubre de estrellas,
Bañando
de plata
Mi
Lago Merín.
VSG – Ilha Grande (15.03.2016)
Os 4 milhões
de manifestantes que foram às ruas no domingo protestar contra o governo e o PT
pesaram na decisão do ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que deve aceitar
se tornar Ministro da Presidente Dilma Rousseff. (Paulo de Tarso Lyra ‒ Correio Braziliense, Brasília, DF, 15.03.2016)
Partimos
do Veleiros Saldanha da Gama (VSG), Pelotas, RS, às 06h20. Minha preocupação
quanto à velocidade das águas do Canal São Gonçalo tinha-se desvanecido durante
o percurso que realizei desde a Foz do Canal na Lagoa dos Patos até o VSG onde
mantive uma média superior a 6,5 km/h o que, seguramente, me permitiria
alcançar, ainda hoje, a Ilha Grande.
O
bombeamento contínuo das águas da Lagoa Mirim para as lavouras de arroz e soja,
neste período, provoca um sensível rebaixamento do nível das águas e, em
consequência, da correnteza do São Gonçalo. Cheguei à eclusa, às 07h40, depois
de navegar quase 9 km desde o VSG. Tentei ultrapassar a remo uma das três
comportas abertas, mas, apesar de conseguir emparelhar o alinhamento do cockpit
do caiaque com a barragem, deixei-me, depois de alguns segundos, arrastar pela
força da torrente. Talvez conseguisse transpor aquele obstáculo, mas seria um
esforço demasiado que poderia comprometer minha já extenuada musculatura. Subi,
então, em uma das comportas fechadas, icei o caiaque e fiquei aguardando o
veleiro do Norberto aproximar-se da eclusa.
Prossegui,
às 08h00, logo que ele acercou-se da barragem. Soube, mais tarde por alguns
pescadores, que o tinham rebocado até ali, que novamente o motor de popa do
veleiro tinha apresentado problemas. O dia agradável, a temperatura amena e sem
vento, a correnteza fraca do São Gonçalo, tudo conspirava a meu favor e eu
tinha certeza de que pernoitaríamos no aprazível acampamento à margem direita da
Ilha Grande caso o Norberto reparasse a pane do motor.
Aguardei
meu parceiro por mais de uma hora, no Canal Adutor de Abastecimento de água da
cidade de Rio Grande (32°02’26,2” S / 52°24’35,0” O), a partir das 12h00,
depois de navegar mais 30 km.
Em 1979,
o engenheiro José Portella, então Presidente da Construtora SULTEPA S.A., deu
início à construção deste Canal de 24 km. Na oportunidade, pela primeira vez no
Brasil, foi empregado um trem na execução de um canal chegando-se a marca de
400 metros de extensão por dia.
O
jornalista Moacir Rodrigues, do Jornal Agora, de Rio Grande, reportou, no dia
21.08.2011, a reportagem intitulada “Dívida
de Gratidão” que reproduzimos:
Em ato marcado para as 11h00
deste domingo, 21, a Prefeitura Municipal estará colocando a pedra fundamental
no monumento que será erigido em homenagem ao General Golbery do Couto e Silva,
rio-grandino de nascimento e que, em sua vida militar ou como Ministro Chefe da
Casa Civil, no período da ditadura, nunca esqueceu o seu torrão natal,
constituindo-se em importante elo de influência para que a “Noiva do Mar” chegasse ao estágio de
desenvolvimento que hoje estamos vivendo.
Este domingo ‒ 21.08.2011 ‒
assinala o centenário de nascimento de Golbery que, na condição de homem
público, foi apoiador de iniciativas como a transferência para Rio Grande da
sede do 5° Distrito Naval, considerando a posição estratégica do Município ‒ o
5° DN tinha como sede o Estado de Santa Catarina ‒ e tinha a visão de que o
porto marítimo da “Noiva do Mar”
seria o grande porto do MERCOSUL e que, por isso, teria de contar com o
respaldo de uma força naval de primeira grandeza, como prova o trabalho que vem
sendo realizado pelo Distrito Naval aqui instalado.
Golbery foi, também, um dos
responsáveis pela construção do Canal Adutor da
Corsan para a captação de água do São Gonçalo, fato que permitiu ao Rio
Grande, além do tranquilo abastecimento à população, preparar o Município para
receber grandes indústrias e fortalecer o complexo portuário que hoje vemos,
com orgulho, surgir nas areias da 4ª Seção da Barra. Ele responde também pela
pavimentação da Av. Buarque de Macedo e de tantas outras ruas do bairro Cidade
Nova, pelo apoio a projetos que eram levados a Brasília pelo então Prefeito
Rubens Emil Correa, assim como pela construção de estradas e pontes e por
verbas para a complementação do sistema de iluminação pública e de pavimentação
para vários bairros.
Golbery, nascido em casa
localizada na Rua Paissandu [hoje Napoleão Laureano], em 1911, foi um dos
brilhantes alunos do Colégio Lemos Junior e, mercê da sua inteligência,
deslocou-se para o Rio de Janeiro, onde foi cursar a Escola Militar do
Realengo. Já como oficial do Exército, retornou ao Sul para servir no Regimento
de Infantaria de Pelotas. A última visita à sua terra natal aconteceu em agosto
de 1976, acompanhando o General Ernesto Geisel, então Presidente da República.
Golbery faleceu em 18.09.1987,
acometido de câncer.
Por integrar a equipe que
governou o País nos anos da ditadura militar, a figura de Golbery não é
apreciada por muitos e, por isso, em duas oportunidades, a Câmara Municipal do
Rio Grande negou homenageá-lo com nome de Rua. Agora, no entanto, a Prefeitura,
através do ato marcado para este domingo, resgatará a dívida de gratidão que a
comunidade rio-grandina tem para com seu conterrâneo. (JORNAL AGORA)
Aportamos
na margem direita do São Gonçalo em uma área frontal à Ilha Grande às 15h10,
depois de navegar mais 10,6 km.
Acampamos
nas proximidades de uma centenária figueira, parceira de nossa primeira
Circunavegação pela Lagoa Mirim e um local bastante procurado por campistas e
caçadores furtivos.
Navegamos
hoje 49,6 km.
² 1° Perna Total = 349,1 km.
² 2° Perna Parcial = 49,6 km.
² Total Parcial = 398,7 km.
Ilha Grande ‒ Ponta Alegre (16.03.2016)
Alvo de uma
denúncia por lavagem de dinheiro e falsidade ideológica e na mira da Operação
Lava Jato, o ex-Presidente Lula da Silva decidiu, nesta quarta-feira, assumir o
Ministério da Casa Civil do governo Dilma Rousseff. A manobra garante ao
petista foro privilegiado ‒ e o livra das mãos do Juiz Federal Sergio Moro, que
conduz as ações da Lava Jato em Curitiba. (Laryssa B.e Marcela M. ‒ Revista Veja, Brasília, DF, 16.03.2016)
Partimos
às 06h15 e aportamos em Santa Isabel às 08h20 para complementar o rancho.
Infelizmente, o pequeno armazém não tinha “Frukito”
no seu estoque, meu companheiro inseparável nas jornadas gaúchas, e o
refrigerante gaseificado, rico em açúcar e cafeína era uma péssima alternativa.
Eu estabelecera como 1ª opção acampar no Farol da Ponta Alegre e, em caso de
mau tempo, pernoitar na Ponta Alegre.
A
progressão foi tranquila e aportei, por volta das 12h30, nas proximidades da
Foz do Arroio Chasqueiro, que fica a uns 8 km ao Norte da Foz do Arroio Grande.
No dia
26.11.1844, aconteceu, nos arredores do Arroio Chasqueiro, a Batalha de Arroio
Grande, último embate da Guerra dos Farrapos em território riograndense, no
então Curato ([1])
de Nossa Senhora da Graça do Arroio Grande, que na época integrava Jaguarão.
Engarupado
na anca da história veio-me à memória a imagem heroica do Cel Joaquim Teixeira
Nunes que foi, nessa peleja, ferido e degolado pelos imperiais. Conta-nos João
Máximo Lopes na sua obra “Habilidades
Campeiras nas Guerras do Sul”:
O Coronel Joaquim Teixeira Nunes,
farroupilha, foi uma das lanças mais temíveis e respeitadas de seu tempo; com o
corpo de lanceiros a seu mando alongava-se do exército para operar sobre si em
qualquer parte que o inimigo aparecesse. Onde carregava o corpo de lanceiros
denunciava-se a vitória. Humano, durante a peleja, matava para vencer, mas
depois da vitória não morria um só prisioneiro. Um soldado da estatura do
Coronel Joaquim Teixeira Nunes, não teve a morte que merecia, logo ele, tão
guapo quanto generoso com os vencidos, perdeu a vida numa ação militar
inglória. Sua fama de heroísmo vinha das campanhas platinas, onde se
distinguira, e assombrou um dia Garibaldi pela temeridade com que se empenhava
na luta. Como uma ironia do destino, caiu mortalmente, transpassado por uma
lança, no combate do Arroio Grande ([2]),
em 28.11.1844, frente às forças mais numerosas e também aguerridas ao mando, do
Coronel Francisco Pedro de Abreu, Chico Pedro – o Moringue.
O
inimigo carregou sobre a força de Teixeira que não podendo resistir às cargas consecutivas
de cavalaria foi derrotado e perseguido de morte. No entrevero da retirada, o
bravo farroupilha distribuía lançassos em todos os quadrantes quando caiu,
irremediavelmente, nas mãos de seus verdugos, ao lograrem aprisionar o seu
cavalo, com um certeiro arremesso de boleadeiras e, mesmo assim, Teixeira,
seguiu defendendo-se, mas também foi boleado com dita lança e quando chegaram
os que mais de perto lhe seguiam, deram-lhe um tiro na coxa que o arrebatou do
cavalo. Nesse instante, passava Chico Pedro, a quem apelou com um gesto de
humanidade: “Coronel, não me deixe matar”
e, fazendo um sinal de socorro, deu seu último suspiro. Assim, perdeu a vida um
dos soldados mais brilhantes das hostes farroupilhas. (LOPES)
Logo
depois desta parada, ventos de 15 km/h, e rajadas de 20 forçaram-nos a acampar
na Ponta Alegre, 6 km aquém do Farol. A costa do Farol não permite a ancoragem
segura do veleiro. Percorrêramos 49,3 km.
² 1° Perna Total = 349,1 km.
² 2° Perna Parcial = 98,9 km.
² Total Parcial = 448,0 km.
Bibliografia
LOPES, João Máximo.
Habilidades Campeiras nas Guerras do Sul – Brasil – Camaquã, RS – Núcleo de
Pesquisas Históricas de Camaquã, 2012.
JORNAL AGORA. Dívida
de Gratidão (Moacir Rodrigues) – Brasil – Rio Grande, RS – Jornal Agora, 21.08.2011.
(*) Hiram Reis e Silva é
Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante,
Historiador, Escritor e Colunista;
Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do
Sul (1989);
Ex-Vice-Presidente da Federação de Canoagem de Mato
Grosso do Sul;
Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre
(CMPA);
Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura
do Exército (DECEx);
Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério
Militar – RS (IDMM – RS);
Ex-Vice-Presidente da Federação de Canoagem de Mato
Grosso do Sul;
Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando
Militar do Sul (CMS);
Ex-Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia
Brasileira (SAMBRAS);
Membro da Academia de História Militar Terrestre do
Brasil – RS (AHIMTB – RS);
Membro do Instituto de História e Tradições do Rio
Grande do Sul (IHTRGS – RS);
Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia
(ACLER – RO);
Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio
Grande do Sul (AMLERS);
Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da
Escola Superior de Guerra (ADESG);
Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN);
Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós
(IHGTAP)
E-mail: hiramrsilva@gmail.com.
Galeria de Imagens
* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – II
Bagé, 29.11.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 174, Rio de Janeiro, RJSábado, 27.07.1963 Processo em Marcha O Chefe da
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – I
Bagé, 27.11.2024Nos parece que Alto Comando do Exército Brasileiro está agindo de forma politicamente persecutória […]. Os Oficiais Superiores, que
Estado - Entendendo a Definição
Bagé, 18.11.2024Repercuto mais um artigo de meu caro Amigo, Irmão e Mestre Coronel de Engenharia Higino Veiga Macedo. Estado - Entendendo a Definição
Bagé, 06.09.2024 Mais uma vez tenho a hora de repercutir um artigo de meu caro Amigo, Irmão e Mestre Higino Veiga Macedo. Salve Sapador(Higino Veiga