Sexta-feira, 10 de maio de 2024 - 08h05
Bagé,
10.05.2024
Domingos de A. e Silva (1865)
Patos (Lagoa dos –). Grande lagoa, situada na costa do Oceano
Atlântico em um terreno arenoso, tendo 36 léguas de comprimento, a contar da
ponta de Itapoã até o Estreito, e 14 de largura, contadas entre a Ponta Negra e
o Saco de Cristovão Pereira; a sua profundidade varia no canal de Cangussu de
4½ a 8 braças, atingindo a 20 em Itapoã e descendo a 15 palmos no tempo das
secas no Estreito. É semeada de baixios, sendo os principais: o dos Desertos ([1]),
junto a Itapoã; o do Barba Negra, em frente a Itapoã; o de S. Simão, em frente
aos Tapes; o dos Desertores, fronteiro à Ponta de Cristovão Pereira; o de D.
Maria, que é o maior de todos, entre as Barras dos Arroios Velhaco e
Guaraxaim; o do Quilombo, perto da Barra do Rio Camaquã; o do Vitoriano, em
frente à ponta do Bojuru; e o da Feitoria, fronteiro à Ponta do Estreito: este
grande número de baixios, unidos a outros menores que se acham dispersos pelo
centro da Lagoa, torna a sua navegação difícil e perigosa. (SILVA)
Barquinho ‒ Canal da Fz Guarida (08.03.2016)
O Supremo
Tribunal Federal [STF] publicou o rito do impeachment, que valerá para o pedido
da oposição, contra a Presidente Dilma Rousseff. Com a publicação do resultado
do julgamento, o Supremo Tribunal Federal confirmou as regras estabelecidas
pela maioria dos Ministros no fim do ano passado. Eles definiram que cabe ao
Senado dar a palavra final, ou seja: confirmar, ou não, o
prosseguimento do processo de impeachment.
(Gioconda Brasil ‒ do G1,
Brasília, DF, 08.03.2016)
Partimos
às 07h00 e às 10h00 fizemos uma breve parada no Farol Cristóvão Pereira
(31°03’45,6” S / 51°09’56,7” O). A ausência de ventos facilitava a progressão,
a superfície espelhada das águas encrespava suavemente apenas quando acariciava
sensualmente os bancos de areia e embalava os esguios juncos. Aportamos, às
16h30, no canal de irrigação da Fazenda Guarida (31°14’15,5” S / 51°09’25,7”
O), onde fomos autorizados, pelo Sr. Roberto, a montar acampamento. Coloquei a
rede na boca do canal e fui tarrafear, guiado pelo Sr. Roberto.
Nas
proximidades de uma dessas bombas peguei mais de 130 lambaris com apenas uma
tarrafeada, um recorde até então. O acampamento era bastante agradável e limpo
e ficava a apenas 8,6 km do Farol Capão da Marca, onde eu originalmente
planejara acampar. As condicionantes relativas ao local onde o veleiro pode
aportar limitam bastante as opções de parada. Tínhamos navegado apenas 37,6 km,
totalizando 178,3 km de jornada.
Fazenda Guarida ‒ Barra Falsa (09.03.2016)
Nos últimos
dias, aliados de Lula e integrantes do primeiro escalão voltaram a defender que
o ex-Presidente assuma uma cadeira na Esplanada dos Ministérios para ganhar
novamente o foro privilegiado, que faria com que as investigações sobre o
suposto envolvimento dele na Lava Jato fossem transferidas de Curitiba para
Brasília.
(Gustavo Garcia ‒ G1, Brasília,
DF, 09.03.2016)
Partimos
depois das 08h00 e, às 09h30, aportei no Farol Capão da Marca (31°18’56,7” S /
51°09”49,4” O). O Farol, inaugurado em 25.03.1881, que apresentava, em
12.04.2011, excelente estado de conservação tinha sido arrombado e sua porta
metálica e equipamentos eletrônicos roubados, um retrato vivo do descaso e do
vandalismo que grassa impune em uma sociedade moral e espiritualmente derruída.
A outra parada, às 13h30, foi numa das falésias da Baía do Bojuru, onde os
criminosos ralis aceleram as erosões provocando a queda das belas e centenárias
figueiras.
Partimos,
às 14h20, aproados diretamente para as ruínas do Farol do Bojuru (31°29’09,56”
S / 51°25’14,24” O), a meio caminho surgiram, à bombordo, pesados “cumulonimbus” pressagiando mau tempo
forçando-me a picar a voga pois estávamos muito afastados da costa. Abandonei a
ideia de fazer uma breve parada no Farol e rumamos direto para a Barra Falsa,
passando incólumes pelas chuvas que assolavam todos os quadrantes. Passamos à
cavaleiro da bela Ponta do Bojuru, sem dúvida a região mais bela de toda Costa
Oriental da Laguna dos Patos, onde também tive de desistir de aportar.
Chegamos,
finalmente, à Barra Falsa (31°34’20” S / 51°27’37,32” O) acompanhados de uma
chuva fina e mais uma vez conseguimos abrigo, depois de contatar o Gerente da
Fazenda São Pedro, Sr. Ranir Cézar Goulart Barcellos, e o seu Chefe do
Escritório, Sr. Natanael Porto Santos, que já tinham sido alertados pelo
proprietário Sr. Paulo Santana atendendo pedido do Coronel Pastl. Tínhamos
navegado 57,6 km, totalizando 235,9 km de jornada.
Barra
Falsa (10 a 12.03.2016)
Na
quinta-feira, dia 10, os ventos de SE a 40 km/h e a garoa fina durante todo o
dia forçaram-nos a permanecer acantonados na Fazenda. Aproveitamos para pescar
e passear pelos arredores quando não estava chovendo. O simpático Sr. Erci
Rodrigues de Lima permitiu que fizéssemos uso de sua geladeira onde pude
acondicionar os peixes que havíamos pescado no canal da Fazenda Guarida.
Na
sexta-feira, dia 11, com a previsão de ventos de SO a 25 km/h e 26 mm de chuva,
o Norberto achou melhor permanecermos na Fazenda. Decidi, então, visitar a
Ponta do Bojuru, conhecida pelos “hablocs”
(habitantes locais) como Ilha do Bojuru. A vegetação nativa e, em particular,
as centenárias figueiras me encantam e eu não ia perder a oportunidade de
revê-las. Desta feita, passeei pelo local revendo velhas amigas, descobrindo
novas paisagens e novos ângulos. As cheias que assolaram o Rio Grande do Sul,
no segundo semestre de 2015, atingiram, no final do ano, impiedosamente os
Mares de Dentro causando enormes transtornos e prejuízos à população
ribeirinha, ao agronegócio e à pesca. Podemos afirmar que estes impactos foram
maximizados em virtude da construção de estradas e eclusas que alteram
significativamente a dinâmica das águas impedindo que estas sigam seu curso
normal.
Embora a
margem Oriental sofra menos impacto das ondas nestes períodos de cheias em
virtude da predominância dos ventos do quadrante Este (NE, ENE, Este, SE e SSE)
observamos na Ponta do Bojuru pequenos danos provocado pelas intempéries na
vegetação. Relata-nos Barbosa Lessa:
Hoje a gente sabe que as águas
que a Lagoa dos Patos lança ao oceano vêm de muito longe, desde os altos na
divisa de Santa Catarina [Rio das Antas], desde a fronteira de São Gabriel [Rio
Vacacaí], desde a fronteira de Bagé [Rio Camaquã], e isso sem falar no Rio
Jaguarão, na Lagoa Mirim e no Canal de São Gonçalo, que também tem só um lugar
de desaguar. Só o Rio Jacuí, com seus 750 km de extensão, já é um negócio muito
sério. E todo esse horror de água precisa sair ao Mar!
Acontece, porém, que o desnível é
mínimo desde a ponta de ltapuã ou desde a Lagoa Mirim – correspondendo à mesma
planície rasa que se vê do Mar – e em grande parte das vezes é o Oceano que
está entrando até metade da Lagoa. Massas de água salgada se atiram contra a
boca larga e rasa da barra, revolvendo areias.
Mas as águas da Lagoa voltam a
atirar as areias contra o Mar. Com a mudança dos ventos aumenta a confusão. Se
sopra o vento Sul numa hora de maré-cheia a Lagoa não consegue sair; e se, por
acaso, vence, vibra que nem pororoca botando escarcéu no ar. (LESSA, 1984)
Nesta
visita mágica à fantástica Ponta do Bojuru encontrei um grupo de Imbé acampado
sob uma figueira, visitei e documentei minhas belas, velhas e ancestrais amigas
arbóreas que me receberam com seu contumaz carinho. Retornei encantado ao nosso
acantonamento enfrentando uma garoa fria. Naveguei 10,0 km, totalizando 245,9
km de jornada.
No sábado
e domingo (12 e 13.03.2016), como a previsão de ventos de SE era de 35 km/h,
resolvemos permanecer na Barra Falsa.
Minha
memória engarupada na memória fez-me recordar a viagem de Saint-Hilaire, nos
idos de 1821, quando foi igualmente obrigado a permanecer ancorado nesta região
em decorrência dos ventos.
Relato Pretérito ‒ Bojuru
Auguste de Saint-Hilaire (1821)
SACO DO BOJURU, 22 de junho (1821). – Durante a
noite rompeu violenta tempestade. O iate balançou furiosamente sobre as âncoras
e parecia ameaçar de abrir-se ao meio ou naufragar. O patrão não sabia onde
estávamos e esperava impacientemente o dia raiar. Ao surgir o Sol ele
reconheceu que nos achávamos somente a uma légua de uma pequena enseada vizinha
da estância Bojuru e também chamada, por esse motivo Saco do Bojuru. Levantamos
âncora e viemos, malgrado a tempestade, procurar este abrigo. O vento se fazia
sentir com muito menos intensidade; ancoramos aqui e ainda estamos às 20h00.
Durante esse tempo, o vento se acalmou e espero que amanhã nos poderemos por em
marcha. Os passageiros foram obrigados a ajudar a equipagem, que se compõe de
cinco pessoas apenas, incluindo o patrão. [...]
SACO DO BOJURU, 23 de junho (1821). – O vento
permaneceu contrário o dia todo, e ficamos ancorados. O patrão enviou seus
negros para cortar lenha nas margens do Rio, e eu os acompanhei. Durante muito
tempo, passeei pelos terrenos que margeiam a Lagoa, encontrando-os arenosos e
entrecortados de pântanos e de poças d’água. Árvores raquíticas, como as
Myrsinaceaes e Myrtaceaes, entrelaçam-se sobre a praia, vendo-se sobre as
águas, ou em suas vizinhanças, numerosas aves aquáticas, como garças brancas,
gaivotas, baiacus (?) e cegonhas; os colimbos ([2]) e
diversas e diversas espécies de marrecos e patos selvagens. A vegetação
continua idêntica à que descrevi no ano passado, nessa mesma época.
O capim tem coloração amarelada e
apenas se percebe, de longe em longe, algumas flores que escaparam à má
estação.
Entre Porto Alegre e Itapuã,
encontram-se na Lagoa algumas balizas fincadas, aqui e ali, por patrões bem
intencionados. Contou-me o patrão do iate que, há cerca de dois anos, um
engenheiro oferecera ao comércio indicar o canal por meio de duas linhas de
balizas, à direita e à esquerda, mediante certas condições; mas eles recusaram.
É verdadeiramente inconcebível que o Governo não tenha tomado absolutamente,
até agora, nenhuma medida para tornar menos perigosa uma navegação tão útil e
que tanto contribui para a riqueza da Capitania.
Há alguns práticos, que se
encarregam de conduzir os barcos de Rio Grande, e vice-versa, mas não são
revestidos de nenhum caráter legal, correndo-se o risco de pegar algum
incompetente.
Além da enseada onde ancoramos,
as embarcações podem ainda achar abrigo junto a Cristóvão Pereira; aliás, não
existem outros, entre Itapuã e o Rio
(Canal) São Gonçalo. (HILAIRE)
Bibliografia
HILAIRE, Auguste de Saint-. Viagem ao Rio Grande do Sul – Brasil ‒ Rio de Janeiro, RJ ‒
Companhia Editora Nacional, 1939.
LESSA, Luiz Carlos Barbosa. Rio Grande do Sul, Prazer em Conhecê-lo ‒ Brasil ‒ Porto Alegre, RS
‒ AGE ‒ Assessoria Gráfica e Editorial, 1984.
(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de
Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor
e Colunista;
Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do
Sul (1989);
Ex-Vice-Presidente da Federação de Canoagem de Mato
Grosso do Sul;
Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre
(CMPA);
Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura
do Exército (DECEx);
Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério
Militar – RS (IDMM – RS);
Ex-Vice-Presidente da Federação de Canoagem de Mato
Grosso do Sul;
Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando
Militar do Sul (CMS);
Ex-Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia
Brasileira (SAMBRAS);
Membro da Academia de História Militar Terrestre do
Brasil – RS (AHIMTB – RS);
Membro do Instituto de História e Tradições do Rio
Grande do Sul (IHTRGS – RS);
Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia
(ACLER – RO);
Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio
Grande do Sul (AMLERS);
Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da
Escola Superior de Guerra (ADESG);
Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN);
Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós
(IHGTAP)
E-mail: hiramrsilva@gmail.com.
Galeria de Imagens
* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – II
Bagé, 29.11.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 174, Rio de Janeiro, RJSábado, 27.07.1963 Processo em Marcha O Chefe da
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – I
Bagé, 27.11.2024Nos parece que Alto Comando do Exército Brasileiro está agindo de forma politicamente persecutória […]. Os Oficiais Superiores, que
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Bagé, 06.09.2024 Mais uma vez tenho a hora de repercutir um artigo de meu caro Amigo, Irmão e Mestre Higino Veiga Macedo. Salve Sapador(Higino Veiga