Segunda-feira, 4 de dezembro de 2023 - 06h15
Bagé, 04.12.2023
Durante o voo, o maguari ([1])
e alguns outros pernaltas esticam o pescoço em linha reta. As grandes garças,
ao contrário, inclinam o longo pescoço para trás numa belíssima curva, de
maneira que a cabeça fica bem próxima das espáduas. (Theodore Roosevelt)
Desde pequeno, as Maguaris, Garças
Mouras ou Socós Grandes (Ardea cocoi) me fascinam e parece que, volta e meia,
as circunstâncias nos envolvem numa bela e emocionante trama. Às vésperas de
minha jornada pela Margem Ocidental da Laguna dos Patos, eu precisava
encontrar, em Bagé, um lugar adequado para treinar e que não ficasse muito
longe da cidade. Minha querida companheira Rosângela sugeriu que solicitássemos
à família Schiefelbein o uso de sua bela barragem, na Granja do Valente.
A recepção não poderia ser mais
cordial e os amigos prontamente aquiesceram. Ao contrário do pequeno Rio Negro,
em Bagé, aqui eu podia desenvolver meu treinamento mais adequadamente e com
mais rigor.
A volta pelo perímetro da represa,
incluindo a entrada por um canal de tomada d’água para a lavoura, de
propriedade da Cabanha Maya, era vencida entre 40 e 50 minutos o que facilitava
meu controle e me permitia desenvolver uma velocidade similar à que vou imprimir
na Laguna dos Patos.
A montante da barragem, as árvores
parcialmente submersas exibiam, em seus galhos secos, aproximadamente 50
ninhos das formidáveis Maguaris. Foi a primeira vez que eu tive a oportunidade
de admirar de perto um ninhal de tal envergadura.
Já observara inúmeros ninhais de
outras espécies, no Pantanal Mato-grossense e na Amazônia, mas nenhum de
Maguaris.
A navegação a cada volta ganhava um
momento mágico que era o de poder admirar minhas caras amigas de perto e de
lambuja um ninho, à altura de meus olhos, de um João Grande (Ciconia maguari)
com quatro grandes ovos.
Graças aos Schiefelbein, tive a
oportunidade de rever, nestes poucos dias em que permaneci em Bagé, a ave de
meus encantos juvenis.
Ardea cocoi
A garça-moura é uma ave ciconiiforme
da família Ardeidae. É a maior das garças do Brasil, atingindo
Nos seus deslocamentos médios ou
longos, encolhem graciosamente o pescoço ao mesmo tempo em que esticam as
pernas completamente, apenas em voos curtos mantém o pescoço distendido em linha
reta, como menciona Roosevelt quando se refere especificamente ao João Grande.
Fora do período reprodutivo, vive solitária e, mesmo nessa época, a maioria
mantém-se isolada durante a alimentação.
Permanece pousada nas margens dos
mananciais, em meio à vegetação, pescando peixes, rãs, pererecas, crustáceos,
moluscos e pequenos répteis. Graças às suas longas pernas e pescoço, consegue
capturar presas maiores em locais mais profundos do que as demais garças.
Possui um longo período de
acasalamento e nidificação que se estende de janeiro a outubro quando então se
reúnem em ninhais. Os grandes ninhos construídos com gravetos e forrados com
gramíneas são construídos na parte superior e externa das árvores de maneira a
permitir a aproximação das grandes aves. O casal se reveza desde o período do
choco até a alimentação dos 3 ou 4 filhotes de sua ninhada. O ninhal favorece a
segurança contra os principais predadores, nesta fase, que são os carcarás e
urubus, que tentam comer os ovos e os filhotes destes formidáveis
pelecaniformes.
Neste período, a plumagem dos pais
torna-se mais vistosa. A base do pescoço ganha um pequeno tufo de leves penas
brancas, a tonalidade das penas acinzentadas e negras torna-se mais viva, o
mesmo acontecendo com as penugens ao redor dos olhos que ficam mais azuladas e
o bico que ganha um amarelo mais vivo. Os filhotes ostentam a mesma padronagem
de cores dos pais, embora um pouco mais esmaecida e sem a listra negra do
pescoço e do ventre.
(*)
Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas,
Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;
Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do
Sul (1989)
Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre
(CMPA);
Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura
do Exército (DECEx);
Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério
Militar – RS (IDMM – RS);
Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando
Militar do Sul (CMS)
Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira
(SAMBRAS);
Membro da Academia de História Militar Terrestre do
Brasil – RS (AHIMTB – RS);
Membro do Instituto de História e Tradições do Rio
Grande do Sul (IHTRGS – RS);
Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia
(ACLER – RO)
Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio
Grande do Sul (AMLERS)
Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da
Escola Superior de Guerra (ADESG).
Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).
E-mail: hiramrsilva@gmail.com.
Galeria de Imagens
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