Sexta-feira, 15 de dezembro de 2023 - 06h05
Bagé, 15.12.2023
Partida para a
Fazenda Flor da Praia (20.09.2011)
Os amigos ficaram aguardando a balsa
para transpor o Rio enquanto descíamos o Camaquã rumo à Casa Vermelha como a
professora Vera Regina identificara nosso próximo destino. O vento forte nos
fez procurar abrigo na margem esquerda do Rio e chegamos à Foz sem grandes
problemas. Iríamos enfrentar fortes ventos de proa, novamente, fiz uma parada
intermediária e aguardei o Hélio admirando e fotografando a vegetação do
entorno. Quando decidi seguir rumo à Ponta do Vitoriano, meu suporte do leme
partiu e comecei a sofrer problemas de navegação idênticos aos que, até então,
afligiam somente ao professor Hélio.
Aproei diretamente para o Oriente
forçando por demais a musculatura do braço e do ombro direito já que os ventos
de SO formavam ondas de través que golpeavam primeiramente a alheta de Boreste
([1])
arrastando, em consequência, a proa do caiaque para a direita. Para manter o
rumo eu precisava enterrar mais a pá direita do remo e aplicar uma força muito
maior com braço direito. Depois de tentar, durante algum tempo, impingir uma
rota fixa ao “Cabo Horn”, decidi
remar naturalmente. Permitia que o caiaque fizesse uma longa curva, para a
direita, na direção das ondas, afastando-me da margem e depois surfava até a
costa aproveitando a energia das ondas de popa, era um ziguezaguear constante
que, embora aumentasse a distância, me poupava o desgaste excessivo do braço
direito.
A meio caminho
entre a Foz do Camaquã e a Ponta do Vitoriano, avistamos uma boia de
sinalização encalhada e depois, na Ponta do Vitoriano, mais outras duas. O
Coronel Pastl me assegurou que, por mais de uma vez, havia reclamado às autoridades
competentes, mas que até hoje nenhuma providência havia sido tomada, deixando
os enormes e perigosos Bancos de Areia sem qualquer tipo de sinalização visual.
Da Ponta do Vitoriano, avistamos a chaminé de uma antiga instalação do IRGA
(31°12’03,08” S / 51°38’35,62” O) na Praia do Areal e, mais adiante, a tal Casa
Vermelha mencionada pela amiga Vera Regina. O Hélio seguiu costeando e eu
apontei a proa para a chaminé, surfando nas ondas de través, sem o leme, porém,
o “Cabo Horn” continuava adernando
lentamente para Boreste, dificultando um pouco a navegação.
Aportei nas
proximidades da chaminé, junto a um grupo de pescadores que retirava o fruto de
seu labor das redes. Estavam, já há algum tempo, instalados no complexo do IRGA
e, como a instalação tinha sido vendida, recentemente, a particulares, eles
teriam de abandonar o local. Combinei com o Hélio a próxima rota, diretamente
para a Casa Vermelha e parti.
Aportei na
Praia da tal Casa Vermelha ‒ Fazenda Flor da Praia (31°08’25,52” S /
51°37’06,92” O), e procurei alguém para me informar onde estariam meus
parceiros. As instalações da fazenda eram impressionantes e achei que desta
vez usufruiríamos de confortáveis acomodações para o pernoite.
Ledo engano! O capataz, devidamente
armado, apareceu muito tempo depois e nos informou que não recebera nenhuma
ordem no sentido de nos hospedar e que nossos amigos deveriam estar mais
adiante nas antigas instalações da fazenda onde acampavam, normalmente, os
pescadores. Nesta altura, o Hélio e eu, muito cansados e encarangados tivemos,
desolados, de nos resignar e continuar até a instalação indicada.
Acabei de falar com o Sr.
Gabriel da Fazenda Flor da Praia, que nos autorizou a entrar na propriedade e
acampar na beira da Praia. Peguei também uma Carta na 1ª DL, que nos dá a
posição do local como: 31°07’42,27” S / 51°34’41,61” O. Há três prédios pela
vista da Carta [galpões bem junto à Praia]. Como referência é mais ou menos o
dobro da distância entre a raiz do Banco do Vitoriano e a chaminé do Engenho da
Praia do Areal. (E-mail do Coronel Pastl – 16.09.2011)
O último lance, de aproximadamente 4
km, foi complicado para o Hélio que virou por mais de uma vez o caiaque
golpeado pelas fortes ondas de través. Resolvi picar a voga para não virar
também e tentar conseguir um barco de resgate com algum pescador. Cheguei à
Praia (31°07’44,38” S/51°34’41,57” O) onde avistei os netos do Coronel Pastl,
que me informaram que só eles estavam ocupando as instalações, portanto não
havia nada a ser feito a não ser aguardar o Hélio chegar. O parceiro chegou a
pé, algum tempo depois, havia deixado o caiaque escondido em uma vala.
São Pedro de
Cafarnaum x Sr. Pedro de Camaquã
Por isso Eu te digo: tu és Pedro, e sobre esta pedra
construirei a minha Igreja, e o poder da morte nunca poderá vencê-la. (São
Mateus, 16, 18)
Até então São
Pedro de Cafarnaum ([2]),
o “Príncipe dos Apóstolos”,
conhecido também como “Porteiro do Céu”,
“Padroeiro dos Pescadores” e,
sobretudo, “Manda-chuva” tinha
imposto à nossa travessia todo o tipo de obstáculos e dificuldades.
Dificuldades essas que foram
amenizadas, em grande parte, com a chegada de seu xará, o Senhor Pedro de
Camaquã ([3]).
Os amigos brigadianos de Camaquã, comandados pelo Sargento PM Juliano Gajo,
atendendo ao pedido do Coronel Pastl que solicitara a indicação de um vaqueano
da região, conhecedor não somente dos locais de paragem ao longo da Laguna dos
Patos, mas que fosse prestativo e tivesse livre trânsito entre os moradores
locais, chegaram, finalmente, ao amigo Pedro graças à indicação de seu sobrinho
Josemar Rosa de Sousa. Raramente em minha seis décadas de vida tive a
oportunidade de conhecer uma pessoa mais afável, criativa e solícita.
O Mestre Pedro só sossegou depois de
resgatar o caiaque do Hélio que tinha ficado na margem. A operação, que se
estendeu noite adentro, enfrentou porteiras fechadas a cadeado e com isso a
equipe formada pelo Sr. Pedro, Professor Hélio, Coronel Pastl e seus dois netos
teve de carregar por quase três quilômetros, o caiaque até o reboque antes de
transportá-lo ao acantonamento. Em Porto Alegre, haviam adaptado um leme no
caiaque do Hélio que não estava sendo utilizado porque o tinham colocado
totalmente fora do alinhamento além de perfurarem o casco. O Pedro resolveu
então substituir o meu suporte do leme quebrado pelo do caiaque do Hélio e só
retornou à sua cidade depois de concretizar sua missão.
A colocação resolveria meu problema
de navegação, mas o professor Hélio continuaria enfrentando mais surpresas
pela frente. A noite foi longa, a residência não tinha portas nem janelas e o
vento frio castigou-nos durante toda a noite. O saco de dormir estendido
diretamente sobre o piso duro também não era nada confortável. Saímos depois
das sete horas para permitir que o Sol aquecesse um pouco o ambiente e secasse
nossas roupas de viagem. O Cel Pastl partiu com os netos prometendo deixar
acertado nosso pernoite nas instalações do destacamento da Brigada Militar de
Arambaré.
Partida da Fazenda Flor da Praia
(21.09.2011)
Indescritível
o cenário e a hospitalidade na Costa Oeste. Somente conhecendo o povo,
especialmente na Fazenda Flor da Praia e na Ilha do Camaquã, e os brigadianos
da região para aquilatar.
O tempo
atrasou nossos nautas entre o Laranjal e a Feitoria, que chegaram apenas
domingo à tarde em São Lourenço. Segunda-feira rumaram ao Camaquã, na Ilha
Santo Antônio, onde tivemos apoio do Sr. Pedro Auso e sua Senhora, Professora
Vera, pessoas de fino trato e robustas nas aventuras de caiaque pelas águas do
Rio Grande.
Na terça, chegaram os nautas,
com luta, quebra de leme, capotagens no “ventão”
até a Fazenda Flor da Praia, e hoje em Arambaré.
Amanhã irão a Tapes, onde haverá
pausa até sábado, quando partirão para a Ilha Barba Negra. Vamos contar com o
Major Vitor Hugo e o Major Nunes nesta perna da jornada. Breve mandaremos
relatos mais completos. Por enquanto, muito obrigado, vocês são mesmo pessoas
muito importantes e boas apoiando este Projeto. (Cel Pastl)
Iniciamos nossa remada até o Banco
da Dona Maria imprimindo um ritmo forte e constante de 4 nós (
As grandes Garças Mouras e um
descuidado João Grande pescavam despreocupadamente à margem da Lagoa, parecendo
não notar nossa presença. Continuamos costeando e admirando a mata nativa e as
belas figueiras encasteladas nas enormes dunas de areia. Um conjunto, em
especial, chamou-me a atenção e paramos para escalar as dunas e admirar as figueiras,
totalmente tomadas pelas bromélias e orquídeas (31°01’36,10” S / 51°29’08,72”
O). Os monumentos arbóreos (Fícus Organensis) tinham cravado suas raízes nas
voláteis e alvas areias tentando, em vão, equilibrar-se enquanto as areias
lenta, inexorável e criminosamente escoavam duna abaixo expondo mais e mais as
magníficas fundações das centenárias figueiras.
A beleza do entorno era fantástica,
infelizmente minha máquina fotográfica emperrara e eu não pude materializar a
bela paisagem que nos cercava. Partimos para Arambaré e topamos no caminho com
algumas lontras ariscas (Foz do Arroio do Brejo ‒ 30°57’08,06” S / 51°29’56,00”
O) que nadavam com muita graça em busca de suas presas e, logo adiante,
vislumbramos, ao longe, a chaminé do antigo complexo do Hotel e Engenho da
Família Cibils que, na década de 40 e 50, era o esteio da economia do
Município. Admiramos a bela Praia da Costa Doce de aproximadamente
Fizemos ainda um pequeno “tour” pela cidade para conhecer parte
das quase duzentas figueiras cadastradas no perímetro urbano (Capital das
Figueiras), e a maior figueira do estado ‒ a “Figueira da Paz” com uma copa de 50 m de raio, um tronco de 12 m de
circunferência, 140 m de perímetro e idade estimada entre 400 e 700 anos. Às
belas figueiras urbanas e domesticadas falta, no entanto, o encanto das
selvagens e fundamentalmente a magia da beleza agreste do seu entorno. A luta
constante contra as intempéries empresta àquelas um charme impregnado de poesia
e coragem que as suas irmãs citadinas ignoram.
À noite, o Sr. Pedro Auso apareceu
com o leme de seu caiaque para adaptá-lo no caiaque do professor Hélio.
Teríamos apenas que regulá-lo na margem de acordo com o ângulo de incidência
das ondas de través.
Histórico de
Arambaré
Inicialmente chamava-se “Barra do Velhaco”, por estar situada na
Foz do Arroio Velhaco. Em 1938, passou a denominar-se “Paraguassu” e, em 1945, adotou o nome de “Arambaré”, que quer dizer “o ascerdote
que espalha luz”. Nesta localidade, conhecida desde os tempos coloniais de
1714, moravam índios com costumes especiais ‒ pescadores e comerciantes de
peles que tinham mãos e pés bem desenvolvidos. Eram os índios Arachas, também
conhecidos como Arachanes ou Arachãs, que na língua
Tupi significa
“patos”
([4]). Por
volta de 1763, casais açorianos vindos para o Sul estabeleceram-se na margem
esquerda do estuário do Guaíba e na margem direita da Lagoa dos Patos,
fundando fazendas e charqueadas até o Rio Camaquã. Desde essa época, os
habitantes do então Distrito de Arambaré uniram-se na busca do desenvolvimento
através da agricultura, da pecuária e, sobretudo pelo grande potencial
turístico e pela beleza natural da localidade, emancipada em 20.03.1992 [...].
(Fonte: www.portalarambare.rs.gov.br)
Arachanes
Ninguém deve criminalizar o
historiador que merecer boa-fé, quando emprega todas as diligências para se
informar; mas merece grande censura aquele que por preguiça ou
por espírito de partido não relata, ou desfigura fatos verdadeiros em desabono de alguma corporação ou de qualquer
homem particular. (MATTOS)
Nas lagunares jornadas pelos “Mares de Dentro” tive a oportunidade de
conhecer a aprazível cidade de Arambaré, na costa Ocidental da Laguna dos
Patos, e desfrutar do carinho e da amizade de sua amável população. As
expedições permitem-me conhecer um pouco da história, costumes e lendas locais
colhendo informações “in loco” com
ribeirinhos e pesquisadores da região. Eventualmente encontramos algumas
distorções que procuramos corrigir a luz da ciência ou através do relato de
renomados historiadores pretéritos e foi o que aconteceu quando nos deparamos,
no site da Prefeitura de Arambaré, com um equivocado “Histórico” que afirma textualmente:
[...] Eram os índios Arachas,
também conhecidos como Arachanes ou Arachãs, que na língua Tupi significa “patos”. [...].
Valemo-nos da obra do insigne
sacerdote jesuíta peruano Antonio Ruiz de Montoya (1585 - 1652) notavel por
sua grande contribuição literária e importante trabalho missionário para
afirmar que:
Ipeg, Ypek. [îpek] [bate
n’água]: nadador; pato, vocábulo peg =
nadar, vocábulo pepeg = bater; este nome é dado
a aves diferentes, sempre nadadoras.
(MONTOYA)
O site da Prefeitura de Arambaré,
como tantos outros, demonstra como diversos pesquisadores desinformados teimam
em afirmar que “Arachanes”, na língua
Tupi, significa “Patos”, uma errônea
colocação sem qualquer fundamento linguístico ou antropológico. “Arachanes” significa “Povo Oriental”, “Povo da Alvorada”, “Povo do
Alvorecer”. Reforçando essa assertiva vamos reproduzir alguns parágrafos
de obras de historiadores consagrados desde o longínquo pretérito.
Relatos Pretéritos – Significado
de Arachanes
Ruy Díaz de Guzmán (1612)
Guzmán,
considerado o primeiro historiador da Região do Prata, nasceu em Assunção,
Paraguai, nos idos de 1558 a 1560, e faleceu, a 17.06.1629, na mêsma cidade.
Na obra intitulada “Historia Argentina
del Descubrimiento, Población y Conquista de las Provincias del Río de la Plata”,
editada em 1612, menciona uma etnia denominada Arachanes e o significado do
vocábulo:
Arachanes. Nombre de los Guaraníes
en el Río Grande; gente dispuesta y corpulenta; con el cabello revuelto y
encrespado por arriba; están en continua guerra con los Charrúas y los
Guayanás. [Esta nación ya no existe. Su nombre expresa el lugar que ocupaban
con respecto a los demás Guaraníes. Ara es día, y chane, el que vé ([5]). Así,
pues, Arachanes, es un pueblo que vé ([6]) asomar
el día, es decir un “Pueblo Oriental”.]
(GUZMÁN)
Pedro de Angelis (1836)
O historiador italiano Pedro de
Angelis, nasceu em Nápoles, Itália, a 29.06.1784, e faleceu em Buenos Aires,
Argentina, a 10.02.1859. De Angelis É considerado como uma das primeiras e
mais importantes figuras da historiografia argentina. Para reforçar nossa afirmação
a respeito do real significado do termo “Arachanes”
vamos reproduzir um parágrafo da sua obra “Colección
de Obras y Documentos Relativos a la Historia Antigua y Moderna de las
Provincias del Río de la Plata” (Buenos Aires, 1836):
Arachanes. Nombre de los
Guaraníes en el Río Grande; gente dispuesta y corpulenta; con el cabello
revuelto y encrespado por arriba; están en continua guerra con los Charruas y
los Guayanás. Esta nación ya no existe. Su nombre expresa el lugar que ocupaban
con respecto á los demás Guaraníes. “Ara”
es día, y “chane”, el que vé. Así
pues, Arachanes, es un pueblo que vé asomar
el día, es decir un “Pueblo Oriental”.
(ANGELIS)
Alejandro M. Cervantes e Vega
(1852)
Cervantes e
Veja no livro “Celiar: Leyenda Americana
en Variedad de Metros” ratificam a colocação de Guzmán e Angelis:
Charruas. […] Esa
constancia con que han combatido à la par contra los españoles y sus
descendientes, y contra los Arachanes, induce á creer que los consideraban
como á un solo enemigo por la identidad del nombre: pues que “Arachan” en Guaraní significa pueblo que
vé asomar el día, es decir, “Pueblo
Oriental”. “Ara”, día, “Chane”, el
que vé. (CERVANTES & VEGA)
Relatos Pretéritos e Hodiernos –
Arachanes
O antropólogo e
escritor uruguaio Daniel Darío Vidart Bartzabal (nascido em Paysandú, Uruguai,
a 07.10.1920, entretanto, no seu “El
mundo de los Charruas” refuta a própria existência dos Arachanes:
Daniel Darío Vidart Bartzabal 1920
[...] los arachanes, que jamás poblaron otro territorio que
no fuera el de la imaginación, no son otra cosa que un ectoplasma histórico, o
sea un invento, como tantos otros, de Ruy Díaz de Guzmán.
Ruy Díaz de Guzmán (1612)
Guzmán, por sua vez:
Charruas. Indios del
territorio oriental; están en continua guerra con los Arachanes. […]
Guaraní. Guaraní. Una
de las naciones más grandes y belicosas del Nuevo Mundo. Había más de 20.000 en
las orillas del Río Grande. Donde se llamaban Arachanes;
hablan el mismo idioma, y traen el cabello revuelto y encrespado por arriba.
Es gente muy dispuesta y
corpulenta, que está en continua guerra con los Charrúas y los Guayanás. Más de
100.000 viven en las inmediaciones de la Laguna de los Patos; gente tratable y
amiga de los españoles. […]
Los Timbús, los Agaces, los
Caracarás, los Payaguás, eran ramas del mismo tronco, y cuyo idioma hablaban
los Carios y Arachanes en el Brasil; los
Chiquitos y Chiriguanos en el Perú. […]
Guayanas.
Indios de tierra adentro; están en continua guerra con los Arachanes. Nombre que se da a todos los que no son Guaraníes, y que
no tienen nombre propio. […] (GUZMÁN)
Padre Pedro Lozano (1753)
Lozano foi um historiador da Ordem
Jesuítica que nasceu na cidade de Madri, em 16.06.1697, e faleceu, a
08.02.1752, em Humahuaca (hoje norte da Argentina). O Padre Lozano no Tomo
Primeiro da “Historia de la Conquista del
Paraguay, Rio de la Plata y Tucuman” concorda com Guzmán corroborando a
tese da existência dos Arachanese:
En frente de su boca tiene
una isla pequeña que la encubre; pero en lo interior es seguro y anchuroso ([7]),
entendiéndose en forma de Lago, por lo cual algunos le llaman la Laguna. Fórmase
de dos grandes Ríos, llamados Cayyi é Igai, que corren de Norte á Sur, naciendo
de las sierras que llaman del Tapé ([8]),
y finalmente se vienen á encontrar en altura de treinta grados, después, de
haber discurrido largamente por lo interior del país y recogido en sí otros
Ríos de menos nombre.
Las riberas fértiles de este
gran Río las poblaban, antes de las invasiones de los mamelucos, más de veinte
mil indios Guaraníes que llamaban Arachanes,
no porque en las costumbres e idioma se diferenciasen de los demás de aquella
nación, sino porque traían revuelto y encrespado el cabello: era gente bien
dispuesta, corpulenta y muy belicosa, ejercitando de continuo las armas con la
nación de los Charrúas que poblaban las costas del Río de la Plata, y con los
Guayarás de tierra adentro. (LOZANO)
O Cônego João Pedro Gay na sua “História da República Jesuítica do Paraguai”, editada em 1862, reporta-nos, baseado no
livro de Ruy Díaz de Guzmán:
Capítulo
XXIII – Geografia das Missões Jesuíticas do Paraguai
Artigo II – & 8° – Descrição das referidas Bacias e de seus territórios
extraída de um livro que foi escrito no ano de 1612, onde se vê o que eram as
Províncias do Rio Grande do Sul, de Santo Catarina, de Mato Grosso etc. [...]
[...] O segundo é o Rio Grande que dista sessenta léguas do Rio da Prata.
Sua entrada oferece dificuldades por causa da grande correnteza com que este
Rio entra no mar, mas tendo-se entrado nele é seguro e grande e se estende como
um Lago; sua entrada é escondida por uma ilha que a encobre.
Em suas margens estão estabelecidos mais de vinte mil índios Guaranis, que
em aquela terra chamam Arachanes, não
porque em seus usos, costumes e linguagem se diferenciem dos índios da nação
Guarani, senão porque trazem o cabelo alçado, encrespado para cima. É gente
corpulenta e bem parecida que tem frequentemente guerra com os Charruas do Rio
da Prata, e com outros índios que moram no interior chamados Guayanás, se bem
que este nome se dá à todos os índios que não são Guaranis o que não tem nome
próprio. (GAY)
Ángel Juan Zanón (1998)
Zanón em “Pueblos
y culturas aborígenes del Uruguay: Charrúas, Minuanes, Chanáes, Guaraníes”
confirma a existência dos Arachanes:
Los Tapuyas
antropológicamente eran más altos que los Guaraníes, de piel más oscura y
constituían una etnia sumamente numerosa. El mestizaje generado por los
Guaraníes con los Tapuyas según estudios históricos y arqueológicos dejan
entrever que los Arachanes presumiblemente
sean sus descendientes. (ZANÓN)
Imaginário Arachane
Si nos llamamos descendientes de los Charrúas sin poseer
generalizados rastros de aquella etnia es porque el mito, asumido por buena
parte del pueblo uruguayo, se remite a un paradigma simbólico y
no a un antepasado fáctico. (Daniel
Vidart)
O consultor e escritor Hugo W. Arostegui, escreveu em seu Blog
(hugoaros.blogspot.com.br), no dia 04.06.2016, o artigo “Los Arachanes”, do qual extraímos uma parte interessante
intitulada “Imaginario Popular Uruguayo
sobre los Arachanes”:
Cierta leyenda habla de un
grupo de personas que habiendo cruzado el océano Pacífico, 2000 años antes de
Cristo, llegaron a las costas del Atlántico, después de peregrinar desde los
Andes en Chile.
El punto final del viaje se
halla en las inmediaciones de la Fortaleza de Santa Teresa, en el lugar
conocido como Cerro Verde. En base a Díaz de Guzmán y a los hallazgos ([9])
en los cerritos de indios se supone que los Arachanes
se diferenciaron siempre de las demás tribus de la región, por su aspecto
corpulento y alta estatura, que eran sedentarios y construyeron casas
circulares de piedras con techos ([10])
de madera y paja ([11]),
auténticos quinchos sobre túmulos artificiales.
Los edificios comunitarios o públicos, poseían una estructura
cuadrada o rectangular doble. También se suele denominar “Arachanes” a los habitantes del departamento de Cerro Largo. (AROSTEGUI)
Bibliografia:
AROSTEGUI, Hugo W. Los Arachanes – Uruguai – Rivera – Blog: hugoaros.blogspot.com.br/2016/06/los-arachanes.html
– 04.06.2016.
CERVANTES
& VEGA, Alejandro Magariños & Ventura de la. Celiar: Leyenda Americana en Variedad de Metros ‒ Espanha ‒ Madri ‒
Establecimiento Tipográfico de D. F. de P. Mellado, 1852.
GAY, João Pedro. História
da República Jesuítica do Paraguai – Brasil – Rio de Janeiro, RJ – Revista
Trimensal do Instituto Histórico Geográfico e Etnográfico do Brasil – Tomo XXVI
– Tipografia de D. Luiz dos Santos, 1863.
GUZMÁN,
Ruy Díaz de. Historia Argentina del
Descubrimiento, Población y Conquista de las Provincias del Río de la Plata
(1612) – Argentina – Buenos Aires – Imprenta Del Estado, 1835.
LOZANO,
Padre Pedro. Historia de la Conquista
del Paraguay, Rio de la Plata y Tucuman ‒ Tomo Primeiro ‒ Argentina ‒
Buenos Aires ‒ Casa Editora Imprenta Popular, 1874.
MATTOS, Marechal Raymundo José da Cunha. Dissertação Acerca do Sistema de Escrever a
História Antiga e Moderna do Império do Brasil ‒ Brasil ‒ Rio de Janeiro,
RJ ‒ Revista Trimensal do Instituto Histórico Geográfico e Etnográfico do
Brasil ‒ Tomo XXVI ‒ Tipografia de D. Luiz dos Santos, 1863.
MONTOYA, Padre Antonio Ruiz de. Vocabulário das Palavras Guaranis Usadas pelo Traductor da Conquista
Espiritual – Brasil – Rio de Janeiro, RJ – Annaes da Bibliotheca Nacional
do Rio de Janeiro (1879/1880) – Vol. VII – Typ. Leuzinger & Filhos, 1879.
ZANÓN, Ángel Juan. Pueblos y Culturas Aborígenes del Uruguay: Charrúas, Minuanes, Chanáes,
Guaraníes – Uruguai – Montevidéu – Rosebud Ediciones, 1998.
(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de
Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor
e Colunista;
Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do
Sul (1989)
Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre
(CMPA);
Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura
do Exército (DECEx);
Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério
Militar – RS (IDMM – RS);
Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando
Militar do Sul (CMS)
Ex-Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia
Brasileira (SAMBRAS);
Membro da Academia de História Militar Terrestre do
Brasil – RS (AHIMTB – RS);
Membro do Instituto de História e Tradições do Rio
Grande do Sul (IHTRGS – RS);
Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia
(ACLER – RO)
Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio
Grande do Sul (AMLERS)
Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da
Escola Superior de Guerra (ADESG).
Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).
E-mail: hiramrsilva@gmail.com.
[1] Alheta de
Boreste: popa de Boreste (lado direito). (Hiram Reis)
[2] Cafarnaum: Aldeia
de Naum. (Hiram Reis)
[3] Camaquã: Rio
Correntoso. (Hiram Reis)
[4] Patos: pato em
Tupi é ipeg. (Hiram Reis)
[5] El que vê: o
que vê. (Hiram Reis)
[6] Pueblo que vê:
pessoas que vêem. (Hiram Reis)
[7] Anchuroso:
amplo. (Hiram Reis)
[8] Tapé: Tapes. (Hiram
Reis)
[9] Hallazgos:
achados. (Hiram Reis)
[10] Techos:
telhados. (Hiram Reis)
[11] Paja: palha. (Hiram
Reis)
Galeria de Imagens
* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – X
Bagé, 20.12.2024 Continuando engarupado na memória: Tribuna da Imprensa n° 3.184, Rio, RJSexta-feira, 25.10.1963 Sindicâncias do Sequestro dão e
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – VI
Silva, Bagé, 11.12.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 224, Rio de Janeiro, RJ Quarta-feira, 25.09.1963 Lei das Selvas T
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – IV
Bagé, 06.12.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 186, Rio de Janeiro, RJSábado, 10.08.1963 Lacerda diz na CPI que Pressõessã
Qualquer Semelhança não é Mera Coincidência – III
Bagé, 02.12.2024 Continuando engarupado na memória: Jornal do Brasil n° 177, Rio de Janeiro, RJQuarta-feira, 31.07.1963 JB na Mira O jornalista H