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Gente de Opinião

Hiram Reis e Silva

Terceira Margem – Parte DCXLIV - Mello, o Bravo!!! – Parte II


RIHMG N° 25, 1941-1942 - Gente de Opinião
RIHMG N° 25, 1941-1942

Bagé, 02.10.2023 

 

Conforme

Joaquim Felicíssimo d’Almeida Louzada

A Guerra do Paraguai com uma Resenha Histórica do País e seus Habitantes (1869)

Tomada de Corumbá e de Alguns
Pontos da Província de Mato Grosso

[Jorge Thompson]

Extrato do Ofício da Presidência de Mato Grosso de 28 de fevereiro de 1865.

Já V. Exª deve estar ciente da desleal invasão que os paraguaios fizeram nesta Província, tendo atacado com grandes Forças o Forte de Coimbra no dia 27 de dezembro último, o qual resistindo até o dia 28, a sua Guarnição, à vista do número de inimigos, evacuou-o nessa noite. Desde então até hoje foram seguidos os desastres, em razão dos poucos meios de resistência que haviam na Província. No dia 2 de janeiro, o Coronel Comandante das Armas abandonou precipitadamente a florescente povoação de Corumbá, embarcando-se com o 2° Batalhão de Artilharia a pé no vapor “Anhambahy”, e vindo-se meter encurralado em um pantanal sem saída, no lugar denominado – Sará – sobre o Rio S. Lourenço, deixando em Corumbá em uma escuna particular, o Corpo de Artilharia da Província que se havia batido com bravura no Forte de Coimbra, e mais 40 praças do 2° Batalhão.

Em tais angústias o povo de Corumbá embarcou-se como pode e o que pode em diversas canoas e igarités e subiram pelo Rio Paraguai. O Corpo de Artilharia, guiado pelo denodado 2° Tenente José de Oliveira Mello, subiu como pode à espia até certa altura, de onde, distinguindo-se dois vapores para­guaios, fez o Tenente Mello desembarcar a gente, e com ela seguiu oito dias por dentro d’água pelos pantanais, e, depois de atravessar um braço do Paraguai, chegou com toda a gente salva em uma fazenda do interior, mas com cento e tantas pessoas doentes de fadigas, fome, etc.; aí mesmo, porém, foi essa gente dispersa pelos paraguaios, e ainda hoje se não sabe ao certo que é feito dela.

No dia 6 de janeiro, o vapor “Anhambahy”, que deixara o Comandante das Armas, com perto de 500 pessoas no Sará, e descia a auxiliar o resto da gente saída de Corumbá, foi batido e aprisionado por quatro vapores paraguaios. Depois disto os mesmos paraguaios arrasaram o estaleiro dos Dourados, onde, segundo as últimas notícias, dadas por alguma gente nossa deles escapada, têm eles hoje muito grande Força, e se estão fortificando.

O Comandante das Armas depois de estar algum tempo no Sará, passou o Rio São Lourenço para a margem esquerda, e dali se dirigiu pelos campos alagados em duas canoas com o seu Estado-maior e parte do 2° Batalhão de Artilharia a Pé em demanda do Rio Piquiri, deixando outra parte em uma fazenda. A parte que ficou foi dispersa pelos paraguaios, que aprisionaram algumas praças e oficiais, e do Comandante das Armas ainda se não tem outra notícia. Os paraguaios tem quatro vapores, em tudo superiores aos nossos, cruzando nos Rios Cuiabá e São Lourenço, e vão aprisionando toda a gente que busca a capital.

As fazendas de gado e mais estabelecimentos dos Rios Cuiabá, São Lourenço e Paraguai estão abando­nados, avaliando-se em mais de 100.000 o número de rezes das ditas fazendas.

Consta que um Tenente e o Capelão do Corpo de Cavalaria chegaram a uma fazenda do Rio Taquari, e dão a notícia de que o Distrito de Miranda fora atacado pelos paraguaios, com uma divisão de 6.000 homens de infantaria e 2.000 de cavalaria; que em Nioaque houvera grande mortandade, que desaparecera o Tenente-coronel José Antônio Dias da Silva, Comandante do Corpo de Cavalaria, e que a vila de Miranda, onde estava o casco do Batalhão de Caçadores, e 7° da Guarda Nacional, se rendera sem resistência.

A gente dispersa pelas matos e pantanais dos Rios Paraguai e São Lourenço é regulada em mais de 2.000 pessoas, das quais tem chegado algumas a esta capital nuas e extenuadas de injúria e fadigas, de hoje até amanhã espera-se cento e tantas, gran­de parte tem morrido de fome, afogadas, de peste, etc., e outras têm sido aprisionadas.

Por esta descrição V. Exª vê que hoje não tem a Província um só Corpo de Linha.

A Força que a guarnece presentemente é de 970 Guardas Nacionais nesta capital, 805 no Melgaço [a 20 léguas da capital, onde é hoje a fronteira da Província], inclusive as 152 praças de linha, cento e tantas em Poconé e 581 em Villa Maria, inclusive 83 praças de linha.

Nesta Força não compreendo pequenos destaca­mentos dos sertões e do Distrito de Mato Grosso, nem a pequena flotilha. (THOMPSON)

A Esperança n° 13 – Recife, PE

Sábado, 01.04.1865

Correspondência Particular da Esperança

Rio, RJ, 23.03.1865

Temos datas de Mato Grosso de 12 de janeiro, que nada adiantam às notícias já sabidas sobre a esquadrilha paraguaia, ataque e heroica resistência do Forte de Coimbra de 27 de dezembro. Publicaram os jornais o ofício do Sr. Tenente-Coronel Herme­negildo de Albuquerque Porto-Carreiro, em que des­creve em resumo a ação. Por essa peça se avalia o furor do ataque e o valor da defesa oposta pelos nossos bravos soldados.

São credores de elogios e da atenção do Governo o valente Tenente-coronel Porto-Carreiro, o Primeiro Tenente Balduíno José Ferreira de Aguiar, coman­dante do vapor de guerra “Anhambahy”, o Segundo Tenente João de Oliveira Mello, os quais apresen­taram a mais vigorosa resistência com um pugilo ([1]) de bravos a um Exército de 700 praças e a uma Esquadrilha bem armada, até que por falta de cartuchame e bala, e de outros meios de defesa, resolveram abandonar o Forte.

É notável o abandono em que tem estado a pobre Província do Mato Grosso! Haviam no Forte somente dez mil cartuchos embalados e balas do adarme 17 ([2]), que se não acomodavam às espingardas à Minié.

Era tal a inépcia do Presidente que, ao constar do ataque do Forte, estava indeciso, não sabendo que providências dar. Diz-se que a Câmara Municipal o povo tentaram depô-lo para substituí-lo pelo Chefe de Divisão Augusto Leverger, e que abortara o plano por não ter querido este aceitar a presidência. (A ESPERANÇA N° 13)

Jornal do Recife n° 76, Recife, PE

Segunda-feira, 03.04.1865

Mato Grosso

[Documento Oficial]

Quartel do Comando do Distrito Militar em Corumbá, 30 de Dezembro de 1864

Ilm° e Exm° Sr. – Sob as mais gloriosas impressões de dois dias da mais vigorosa resistência feita pelo Corpo Artilharia do Mato Grosso, coadjuvado por dez Canindés da tribo do Capitão Lixagota, por quatro vigias do alfândega e por três ou quatro paisanos de Albuquerque, Distrito Militar do meu comando, aos ataques sucessivos e desesperados de escalada ao Forte de Coimbra pela Divisão Paraguaia em operações no Alto Paraguai, ao mando do Coronel Vicente Dappy, antecipo-me em levar ao conheci­mento de V. Exª, para os fins convenientes, que todos os oficiais do dito Corpo manifestaram e desenvolveram o mais pronunciado e entusiástico valor, sendo acompanhados nos mesmos sentimen­tos por todas as praças e mais indivíduos acima referidos.

Não posso deixar de fazer especial menção do 2° Tenente João de Oliveira Mello no comando da fuzilaria que defendia, nas seteiras da 2ª Bateria na gola da fortificação, os ataques de escalada a que acima me refiro, com 80 baionetas contra um Batalhão de Infantaria de 700 praças e duas bocas de fogo bem guarnecidas, que atacavam a dita retaguarda, chegando muitas vezes a porem a mão sobre o parapeito.

Todos os demais oficiais se tornam igualmente dignos da mesma menção, quanto à artilharia da 1ª Bateria, que jogou constantemente durante os dois dias contra duas baterias flutuantes de calibre 68, que se assestava, ora aqui, ora acolá, onde melhor lhe convinha; três baterias a cavalo raiada, que estavam assestadas na fralda do morro, em frente ao Forte, uma de foguetes à Congrève ([3]), à direita do Forte, e cinco vapores, que também jogavam com o calibre 68 e outros, não deixando também de se distinguirem por seu turno na fuzilaria das banque­tas, e quando coadjuvavam o referido 2° Tenente João de Oliveira Mello, na das seteiras.

Passando agora a detalhar em transunto, para o fazer extensamente em ocasião oportuna, o ataque e defesa do Forte de Coimbra, informarei que no dia 27 pelas 05h00, foram avistadas pelas sentinelas e vigias do Forte, ao levantar de uma forte cerração que houve no referido dia, diversas embarcações ao Norte, reconhecendo-se serem algumas a vapor, fundeadas proximamente, a uma légua, Rio abaixo; reunida toda a Guarnição do Forte e dispostas todas as coisas em ordem de combate com a única Força que dispunha, que apenas chegou para guarnecer cinco bocas de fogo com 35 homens, seis banquetas com 40 homens, as seteiras da 2ª Bateria com 80; aguardava que se aproximassem, quando às 08h30, dirigindo-se ao Forte, um escaler, procedente das embarcações acima referidas, conduzindo um oficial paraguaio, que entregou-me o ofício de que V. Exª já teve conhecimento, que me era dirigido pelo Chefe da referida Divisão paraguaia, declarando-me que eram 08h30 e que aguardava resposta até 09h30; feita a minha dita resposta, de que também V. Exª já teve conhecimento, uma hora passada, começaram a praticar desembarques às margens, direita e esquer­da do Rio.

Aqui cumpro um dever declarando que o vapor de guerra “Anhambahy”, ao mando do 1° Tenente Balduíno José Ferreira de Aguiar, começou a desem­penhar o mais brilhante papel, que efetivamente desempenhou durante os dois dias do ataque, fazendo-se até ousado muitas vezes, aproximando-se a umas e a outras baterias, que batiam o Forte, jogando habilmente com seus dois canhões de 32, e mesmo embaraçando por muitas vezes o passo ao inimigo que se dirigira à retaguarda do Forte pela fralda da montanha. Este vapor às 10h30, passando pela frente do Forte, dirigiu-se ao ponto do primeiro desembarque à direita do Rio e rompeu o fogo, dando 3 tiros sobre diversas colunas de infantaria e uma de artilharia a cavalo que já se achavam em marcha. No mesmo momento rompeu também fogo o inimigo com os seus vapores e baterias flutuantes de tão longe que seus projetis apenas alcançavam à meia distância. O Forte conservou-se à vista disso calado como se cumpria, até que o inimigo se aproximasse.

Às 14h00, pois, rompeu o dito Forte seu fogo de artilharia e na mesma ocasião o de fuzilaria das seteiras. Engajado assim o combate sem a menor interrupção, durou até às 19h30. O inimigo cessou o seu fogo, retirou as suas Forças e reembarcou-as. V. Exª sabe que no Forte de Coimbra só existiam 10.000 cartuchos embalados, os quais, reunidos a 2.000 que me foram fornecidos pelo vapor “Anham­bahy”, perfaziam o número de 12.000. Terminada a mais vigorosa resistência, de que venho de falar, aos ataques de escalada do dia 27, reconheci só existirem cerca de 2.500 cartuchos; tornou-se portanto mister que todas as mulheres que se achavam homiziadas no interior do Forte, em número de 70, fabricassem cartuchame para a infantaria, durante toda a noite, sem dormirem um só instante, visto não poderem os soldados deixar por um momento os parapeitos. Assim consegui para opor aos novos ataques do dia seguinte, 6.000 e tantos cartuchos, tendo-se tornado preciso transfor­mar as balas de adarme 17, machucando-as com pedras, a pequenos cilindros, para se acomodarem às espingardas a Minié.

Com efeito, no segundo dia, 28 do corrente, dando o inimigo novas disposições às suas baterias flutuan­tes, mostrando claramente que pretendiam arrombar o portão principal com a sua artilharia de 68 e abrir brecha ao lado com as raiadas, entretive este fogo desde às 07h00 até às 14h00, e neste último momento carregou com a infantaria sobre as seteiras da 2ª Bateria, e com tal furor que bem se deixava ver que vinham animados na firme esperança de efe­tuarem o assalto. Cheguei ao ponto mais brilhante da minha exposição. O inimigo vinha a cada momento ao parapeito e era rechaçado com valor inaudito provocado pelos vivas do inimigo, e gritos desordenados de – rendam-se –, os quais eram correspondidos pelos nossos soldados de – vivas ao Imperador, aos brasileiros e ao corpo de Artilharia de Mato Grosso. Postos em retirada às 19h00, mandei sair duas sortidas, uma com o bravo Capitão Antônio José Augusto Conrado, e outra com o não menos bravo 2° Tenente João de Oliveira Mello, afim de recolherem todos os corpos semivivos para serem tratados com a humanidade que nos cumpre.

Foram, pois, recolhidos 18 nessas circunstâncias, dos quais um foi imediatamente amputado no braço esquerdo, outro morreu em seguida, e os demais foram convenientemente curados, as ditas sortidas recolheram ao Forte 85 armas dos que haviam falecido, muitos bonés, inclusive dois que pareciam de oficiais e outros muitos objetos encontrados de pouco valor no lugar do combate, informando-me que os mortos subiam de 100, e que ainda existiam muitos feridos por dentro do mato, onde se ouviam gemidos, mas que pela aproximação da noite se não podiam encontrar. Entre os espólios acima ditos, foi encontrada uma proclamação e algumas notas de dinheiro paraguaio, o que a esta acompanha que V. Exª lhes dê o conveniente destino.

No momento em que isso se dava, em que o Corpo de Artilharia de Mato Grosso, acabava da colher louros tão gloriosos, o de cobrir-se de tanto orgulho, ao passo que o inimigo rechaçado reembarcara como acima disse, reconhecem as sentinelas que desembarcaram novas Forças em número muito superior, frescas e que já se dirigiam para o Forte em massas de Infantaria, Cavalaria e quatro bocas de fogo puxadas a cavalos que se dirigiam à frente do portão à sombra dos tamarindeiros ([4]) que ali existem na distância de cerca de 660 metros.

Era, pois, evidente que, ou na mesma noite, ou ao amanhecer do seguinte dia 29, teríamos novos e precisamente mais desesperados ataques, para os quais, contudo, a Guarnição do Forte se achava sobejamente disposta a recebe-los e a repeli-los ainda uma vez.

Neste momento fatal, dirigindo-me ao comando do Forte para saber que cartuchame de infantaria nos restava para colhermos novos louros, fui informado que talvez não excedessem de mil, pois que cinco mil e tantos se haviam gasto naquela última tarde, e estes, dos feitos pelas mulheres.

Estas mulheres, que já há dois dias, como todos nós, não comiam, não podiam fazer novo cartuchame, por ser isto um esforço sobrenatural e mesmo invencível, tanto mais que em termo de comparação não se poderia contar gastar no dia seguinte menos do dobro do que se havia gasto naquela tarde.

À vista disto forçoso me foi reunir em conselho a todos os oficiais, inclusive o bravo comandante do vapor “Anhambahy”, e resolveu-se que, sendo a falta de cartuchame de infantaria uma razão de força maior e uma dificuldade invencível, pelas razões acima mencionadas acrescendo a de terem-se também acabado as balas de adarme 17 que serviam para a transformação acima referida, que abandonássemos o Forte para não serem sacrificadas tantas vidas, salvando-se assim sua Guarnição, e que isso se efetuasse sem perda de um instante, visto que o inimigo, já se achando nas posições novamente tomadas com Forças frescas podia engajar novo combate, e nós teríamos de cessar o fogo ao cabo de meia hora por total acabamento do cartuchame de infantaria, e o inimigo em todo o caso empossar-se do Forte, levando a efeito sua carnificina.

Embarquei, pois, com toda a Guarnição debaixo de todas as precauções, prevalecendo-me da escuridão da noite, e dirigi-me a este ponto, onde apresen­tando-me a V. Exª fico aguardando suas ordens; restando-me a maior satisfação em declarar a V. Exª que nenhuma sua praça da Guarnição do dito Forte, nem mesmo daqueles cidadãos que coadjuvavam, sofreu o mais leve ferimento.

Deus guarde a V. Exª – Ilm° e Exm° Sr. Coronel Carlos Augusto de Oliveira, Comandante das Armas da Província. (JORNAL DO RECIFE N° 76)

Diário de Pernambuco n° 184 – Recife, PE

Sábado, 12.08.1865

Cartas

Lê-se em uma carta de Cuiabá de 12 de abril próximo passado:

A imagem de Nossa Senhora do Carmo, padroeira do Forte de Coimbra, tendo sido salva pela sua Guarnição quando os paraguaios o atacaram, foi recebida no porto da capital pelo prelado diocesano, acompanhado de todo o clero, povo e tropa, conduzi­da em procissão solene até a Sé, e ali colocada no altar-mor.

O Sr. Bispo fez um voto à Nossa Senhora de ir pessoalmente colocá-la de novo na sua capela, logo que seja retomado o Forte, e de fazer-lhe ali uma pomposa festa e adoração.

Outra carta de 3 de maio diz:

Quando no dia 2 de janeiro deste ano o Coronel Comandante das Armas retirou-se de Corumbá dei­xou como abandonado na praia o Corpo de Artilharia da Província, que se havia batido heroicamente no Forte de Coimbra, fazendo embarcar somente os oficiais no vapor “Anhambahy”.

As praças do Corpo assim abandonadas gritaram pelo 2° Tenente João de Oliveira Mello, que em Coimbra havia feito prodígios de valor, e ele, saltando imediatamente do vapor, foi à terra, tomou conta da tropa e de mais 200 pessoas entre paisa­nos, mulheres e crianças, arranjou como pôde algum mantimento, e subiu com esta caravana Rio acima em uma escuna à espia.

Logo no seguinte dia, vendo que chegavam a Corumbá os vapores paraguaios, desembarcou a gente na ilha do Paraguai-mirim, e por pântanos invadeáveis, na estação mais rigorosa que temos visto, por lugares nunca trilhados, transpondo enor­mes distâncias e caudalosos Rios, salvou e conduziu esse povo até esta capital, onde chegou no dia 30 do mês próximo passado, com toda a gente quase nua, depois de quatro meses da mais penosa peregri­nação; e de sofrimentos sem conta, conservando sempre a maior ordem e disciplina em toda a comitiva.

Teve nesta cidade um recebimento estrondoso e tocante; foi todo o povo encontrá-lo no Coxipó; houve diferentes discursos e felicitações, um arco de triunfo e uma coroa de flores; o nosso venerando Bispo desceu e veio abraçá-lo à porta da Sé, disse missa, que foi ouvida com o maior recolhimento por essas infelizes vítimas da invasão dos bárbaros, e entoou logo depois o “Te-deum Laudamus” lindo o qual foi todo o povo acompanhar o Tenente Oliveira Mello, até o Quartel.

Este distinto oficial, de cujo tino, valor e dedicação mal se pode dar ideia por palavras, deve encontrar a merecida recompensa na admiração, estima e simpatia de todas as almas generosas, e na munificência do Imperador. (DIÁRIO DE PERNAMBUCO N° 184)

Gazeta Oficial do Estado do Mato Grosso n° 17

Cuiabá, MT

Sábado, 14.06.1890

13 de junho de 1867

Quartel do Comando do 1° Batalhão Provisório do 2° Corpo em Operação ao sul da Província, na Vila de Corumbá, 14 de junho de 1867.

Ordem do Dia N° 7

O Tenente Coronel Comandante, congratulando-se com os. Srs. oficiais e praças do Batalhão pelo triunfo alcançado ontem, ao pôr do sol, na tomada obstinada da praça fortificado, desta vila, guarnecida por seis bocas de fogo e fuzilaria, é com a maior satisfação que, louvando esse feito d'armas, elogia: [...] O Sr. Capitão da 5ª Companhia João de Oliveira Mello, comandante de uma grande Divisão encar­regada de debelar a Guarnição dos vapores “Anhambahy” e “Apa”, deu prova da sua reconhecida bravura e perícia militar pelo que se tornou credor de elogios. (GAZETA N° 17)

A Imprensa n° 56 – Rio de Janeiro, RJ

Terça-feira, 29.11.1898

Notícias Diversas

Está lavrado o Decreto ([5]) do Presidente da República, mandando que a reforma do General de Brigada graduado João de Oliveira Mello seja considerada efetiva nesse posto com a graduação de General de Divisão. (A IMPRENSA N° 56)

Correio Paulistano n° 12.810 – São Paulo, SP

Quarta-feira, 03.05.1899

Serviço Especial do “Correio Paulistano”

Cuiabá, 2 – Faleceu afogado no rio Cuiabá o General reformado João de Oliveira Mello. (CORREIO PAULISTANO N° 12.810)

 

Bibliografia

 

A ESPERANÇA N° 13. Correspondência Particular da Esperança – Brasil – Rio de Janeiro, RJ – A Esperança n° 13, 23.03.1865.

 

A IMPRENSA N° 56. Notícias Diversas – Brasil – Rio de Janeiro, RJ – A Imprensa n° 56, 29.11.1898.

 

CORREIO DA MANHÃ N° 13.541. Resgata-se uma Dívida de Gratidão – Uma Síntese Histórica da Bravura de Antônio João ... – Brasil – Rio de Janeiro, RJ – Correio da Manhã n° 13.541, 29.12.1938.

 

CORREIO PAULISTANO N° 12.810. Telegramas – Brasil – São Paulo, SP – Correio Paulistano n° 12.810, 03.05.1899.

 

DIÁRIO DE PERNAMBUCO N° 184. Cartas – Brasil – Recife, PE – Diário de Pernambuco n° 184, 12.08.1865.

 

GAZETA N° 17. 13 de Junho de 1867 – Brasil – Cuiabá, MT – Gazeta Official do Estado do Matto Grosso n° 17, 14.04.1890.

 

JORNAL DO RECIFE N° 76. Mato Grosso (Documentos Oficiais) – Brasil – Recife, PE – Jornal do Recife n° 76, 03.04.1865.

 

THOMPSON, Jorge. A Guerra do Paraguai com uma Resenha Histórica do País e seus Habitantes – Brasil – Rio de Janeiro, RJ – Eduardo & Henrique Laemmert, 1869.

 

 

(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor e Colunista;

 

Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do Sul (1989)

Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA);

Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx);

Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério Militar – RS (IDMM – RS);

Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Sul (CMS)

Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS);

Membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil – RS (AHIMTB – RS);

Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS – RS);

Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia (ACLER – RO)

Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);

Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio Grande do Sul (AMLERS)

Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG).

Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).

E-mail: hiramrsilva@gmail.com.



[1]    Pugilo: punhado. (Hiram Reis)

[2]    Adarme é uma unidade de peso arcaica, equivalente a meia oitava ou seja, 1,793 gramas. Em armas de fogo portáteis, o termo era usado para indicar o calibre da arma em relação ao número de projéteis esféricos de chumbo que podiam ser fabricados por cada libra de chumbo. Assim, uma arma de adarme [ou calibre] 12, disparava um bala de 38 gramas [459g/12 = 38,25g]. Desta forma, quanto maior o adarme, menor o calibre: adarme 12 = 19 mm, adarme 17 = 17,5 mm e assim por diante. Este sistema de medição de calibres ainda é usado em armas de caça de cano liso. (fortalezas.org)

     Adarme 17 ou “granadeira”: espingarda adotada pelas Forças brasileiras, nos idos de 1833, e que tornou-se obsoleta a partir de 1857, quando foi substituída pela Minié raiada. (Hiram Reis)

[3]    Foguetes à Congrève: foguetes incendiários. (Hiram Reis)

[4]    Tamarindo (Tamarindus indica): tambarino, tamarindeiro, tamarineira, tamarineiro, tamarina ou jubaí. (Hiram Reis)

[5]    Decreto n° 524, de 26 de novembro de 1898. (Hiram Reis)

D. do Maranhão N° 7.706, 09.05.1899 - Gente de Opinião
D. do Maranhão N° 7.706, 09.05.1899

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