Sexta-feira, 29 de setembro de 2023 - 07h25
Bagé, 29.09.2023
[...] abdicando então à terra, precedeu-se ao desembarque no
Bananal, antes do Sará e, desenvolvendo qualidades excepcionais de energia e
espírito de ordem, que de pronto lhe asseguraram as regalias de completa força
moral sobre aquela coluna de fugitivos, preparou-se para seguir pausadamente e
com toda cautela pelos pantanais de São Lourenço em direção à capital Cuiabá. O
que foi aquela terrível marcha durante quatro meses, por pauis quase
invadeáveis, em solo sempre encharcado, cortado de fundos corixos, na estação
mais rigorosa do ano, debaixo de contínuos aguaceiros, por lugares nunca
transitados, sem guia, vencendo enormes distâncias e rios caudalosos, que todos
deviam transpor, desde os mais fortes e impacientes até os mais débeis e
retardatários, passa os limites da descrição. Só mesmo alma de herói, empenhada
em sacrossanta missão. Sabia que, nada menos de 400 vidas, homens, mulheres,
crianças e velhos, dependiam só e unicamente da sua serenidade e coragem e
dessa convicção tirava recursos para encarar sem desfalecimento as mais cruéis
e desesperadoras conjecturas. Também severíssima e meticulosa disciplina
reinava naquela mísera coluna, a que se haviam juntado não poucos índios
Terenos, Laianos, Quiniquináos e Guanás; e os castigos não eram poupados ao
mais leve delito – caso de salvação pública. (TAUNAY, 1891)
(D. Francisco de Aquino Correia)
Quando, à frente do povo imenso e belo
De mulheres, crianças e anciões,
Que salvaras do exílio e do cutelo,
Através de cem léguas de sertões,
Entraste, como um Cid o mais singelo,
Na cidade a sorrir-te em mil festões,
A alma da Pátria sobre ti, ó Mello,
Vibrava em beijos, festas e canções.
Foi ela, pela mão de uma menina,
Quem, nessa fronte heroica e peregrina,
Pôs-te um nimbo de pétalas triunfais.
Mas, hoje, é a deusa rútila da Glória,
Que, do Panteão na cátedra marmórea,
Impõe-te a láurea em flor dos imortais!
***
Preza aos céus que o bom senso, e gratidão nacional, que hoje
colhe neste continente do Império os frutos de vossos suores, não só bendiga a
mão benéfica que lhe os liberta, como também recompense devidamente, um dia,
tão valiosos quão relevantes serviços!
(Dr. José da Costa Leite Falcão)
***
Não poderíamos deixar de exaltar a excepcional figura do
Tenente João de Oliveira Mello, destacando-se as qualidades de liderança,
coragem e desprendimento, demonstrados anteriormente, mas reafirmados da
desassombrada atitude, abandonando uma retirada segura, para reunir-se àqueles
que necessitavam dele e guiá-los a seu destino: jornadas pontilhadas de
tremendas dificuldades e perigos: imaginemos aquela marcha, através dos pantanais
de Corumbá, São Lourenço e Cuiabá.
(General Breno Borges Fortes)
O Comandante das Armas, Cel Carlos Augusto de Oliveira, apoiado
pelo seu Estado-maior, embarcou suas tropas no “Anhambahy”, no “Jaurú”,
na escuna argentina “Jacobina” e outras pequenas embarcações fugindo
para Cuiabá abandonando covardemente a população local e soldados
remanescentes à própria sorte.
O Tenente João de Oliveira Mello, se apresenta, então,
voluntariamente, para conduzir os desprotegidos para Cuiabá. Foi uma penosa
marcha de quatro meses, percorrendo quase 500 km, conduzindo militares, civis,
idosos, mulheres e crianças enfrentando todo o tipo de privações por uma rota
desconhecida e cheia de obstáculos. Quando Mello e sua maltrapilha e famélica
multidão chegaram à capital da Província foram recepcionados entusiasticamente
pelo Presidente da Província, diversas autoridades políticas e eclesiásticas e
uma considerável massa popular.
A Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso (IHGMT) N °14 reproduz, no ano de 1927 (Tomos XVII e XVIII) o Relatório do Tenente Mello:
RIHMT n° 14, 1927
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