Segunda-feira, 21 de agosto de 2023 - 06h25
Bagé, 21.08.2023
DE
PÉ! – Quando o inimigo o solo invade
Ergue-se o povo inteiro; e
a espada em punho
É
como um raio vingador dos livres!
* * *
Que espetáculo é este! – Um
grito apenas
Bastou para acordar do sono
o império!
Era o grito das vítimas. No
leito,
Em que a pusera Deus, o
vasto corpo
Ergue a imensa nação.
Fulmíneos ([1]) olhos
Lança em torno de si: – lúgubre
aspecto
A terra patenteia; o sangue
puro,
O sangue de seus filhos
corre em ondas
Que dos rios gigantes da
floresta
Tingem as turvas,
assustadas águas.
Talam seus campos legiões
de ingratos.
Como um cortejo fúnebre, a
desonra
E a morte as vão seguindo,
e as vão guiando,
Ante a espada dos bárbaros,
não vale
A coroa dos velhos; a
inocência
Debalde aperta ao seio as
vestes brancas...
É preciso cair. Pudor,
velhice,
Não nos conhecem eles. Nos
altares
Daquele
gente, imola-se a virtude!
* * *
O Império estremeceu. A
liberdade
Passou-lhe às mãos o gládio
sacrossanto,
O gládio de Camilo. O novo
Breno
Já pisa o chão da Pátria.
Avante! avante!
Leva de um golpe aquela
turba infrene!
É preciso vencer! Manda a
justiça,
Manda a honra lavar com
sangue as culpas
De um punhado de escravos.
Ai daquele
Que a face maculou da terra
livre!
Cada palmo do chão vomita
um homem!
E do Norte, e do Sul, como
esses rios
Que vão, sulcando a terra,
encher os mares,
À
falange comum os bravos correm!
* * *
Então [nobre espetáculo, só
próprio
De almas livres!] então
rompem-se os elos
De homens a homens.
Coração, família,
Abafam-se, aniquilam-se:
perdura
Uma ideia, a da Pátria. As
mães sorrindo
Armam os filhos,
beijam-nos; outrora
Não faziam melhor as mães
de Esparta.
Deixa o tálamo o esposo; a
própria esposa
É quem lhe cinge a espada
vingadora.
Tu, brioso mancebo, às aras
foges,
Onde himeneu te espera; a
noiva aguarda
Cingir mais tarde na
virgínea fronte
Rosas
de esposa ou crepe de viúva.
* * *
E vão todos, não pérfidos
soldados
Como esses que a traição
lançou nos campos;
Vão como homens. A flama
que os alenta
É o ideal esplêndido da
Pátria.
Não os move um senhor; a
veneranda
Imagem do dever é que os
domina.
Esta bandeira é símbolo;
não cobre,
Como a deles, um túmulo de
vivos.
Hão de vencer! Atônito,
confuso,
O covarde inimigo há de
abater-se;
E da opressa Assunção
transpondo os muros
Terá
por prêmio a sorte dos vencidos.
* * *
Basta isso? Ainda não. Se o
império é fogo,
Também é luz: abrasa, mas
aclara.
Onde levar a flama da
justiça,
Deixa um raio de nova
liberdade.
Não lhe basta escrever uma
vitória,
Lá, onde a tirania oprime
um povo;
Outra, tão grande, lhe
desperta os brios;
Vença uma vez no campo,
outra nas almas;
Quebre as duras algemas que
roxeiam
Pulsos
de escravos. Faça-os homens.
* * *
Treme, opressor, da cólera
do Império!
Longo há que às tuas mãos a
liberdade
Sufocada soluça. A escura
noite
Cobre de há muito o teu
domínio estreito;
Tu mesmo abriste as portas
do Oriente;
Rompe a luz; foge ao dia! O
Deus dos justos
Os soluços ouviu dos teus
escravos,
E
os olhos te cegou para perder-te!
* * *
O povo um dia cobrirá de
flores,
A imagem do Brasil. A
liberdade
Unirá como um elo estes
duos povos.
A mão, que a audácia
castigou de ingratos,
Apertará somente a mão de
amigos.
E a túnica farpada do tirano,
Que inda os quebrados
ânimos assusta,
Será, aos olhos da nação
remida,
A severa lição de extintos tempos!
(*) Hiram Reis e Silva é Canoeiro, Coronel de
Engenharia, Analista de Sistemas, Professor, Palestrante, Historiador, Escritor
e Colunista;
Campeão do II Circuito de Canoagem do Mato Grosso do
Sul (1989)
Ex-Professor do Colégio Militar de Porto Alegre
(CMPA);
Ex-Pesquisador do Departamento de Educação e Cultura
do Exército (DECEx);
Ex-Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério
Militar – RS (IDMM – RS);
Ex-Membro do 4° Grupamento de Engenharia do Comando
Militar do Sul (CMS)
Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira
(SAMBRAS);
Membro da Academia de História Militar Terrestre do
Brasil – RS (AHIMTB – RS);
Membro do Instituto de História e Tradições do Rio
Grande do Sul (IHTRGS – RS);
Membro da Academia de Letras do Estado de Rondônia
(ACLER – RO)
Membro da Academia Vilhenense de Letras (AVL – RO);
Comendador da Academia Maçônica de Letras do Rio
Grande do Sul (AMLERS)
Colaborador Emérito da Associação dos Diplomados da
Escola Superior de Guerra (ADESG).
Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional (LDN).
E-mail: hiramrsilva@gmail.com.
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